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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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ivais, em especial, sob o ponto de vista patronal, as Chinesas 14 . Complementarmente, a<br />

maioria das “soluções” formuladas sob os auspícios <strong>do</strong> sistema FIRJAN, <strong>do</strong> SEBRAE e <strong>do</strong><br />

referi<strong>do</strong> Ministério, conforme tentarei demonstrar ao longo deste trabalho, coadunam-se<br />

com as novas formas de organização pós-fordista (Budgen, 2000: 151) <strong>do</strong> trabalho. Por<br />

conseguinte, nos deparamos com noções como “trabalho em equipe”, “polivalência”, etc.<br />

Parte destas estratégias supõe um processo de <strong>do</strong>utrinação <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res no senti<strong>do</strong> de<br />

que estes, a despeito das reais relações de exploração a que são diariamente submeti<strong>do</strong>s, se<br />

sintam parte de uma equipe que é a empresa. Nesse senti<strong>do</strong>, os diversos consultores<br />

forma<strong>do</strong>s pelo PEIEx freqüentemente são contrata<strong>do</strong>s pelas fábricas de lingerie da região<br />

para ministrar “palestras motivacionais” para os operários. A estes últimos é sugeri<strong>do</strong> que<br />

participem <strong>do</strong>s processos de “controle de qualidade”, de “gerenciamento participativo” –<br />

que, no caso das costureiras se resume a uma inspeção mútua sobre os trabalhos das colegas<br />

– de “integração de tarefas”. A respeito destas novas “soluções” para as dificuldades da<br />

empresa (isto é, dispositivos de reestruturação produtiva, que no caso das fábricas de<br />

lingerie foram batiza<strong>do</strong>s com o nome de sistema de “célula”), eu pude registrar a seguinte<br />

declaração em uma entrevista com uma destas consultoras:<br />

“Então tem este esquema de célula que você premia o grupo.<br />

Então pra mim é importante que o pedi<strong>do</strong> da loja Líder esteja pronto. Não<br />

me interessa se alguma costureira não foi bem, eu quero que to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

se esforce no mesmo limite. Então assim: umas a<strong>do</strong>ram; outras detestam.<br />

Porque aquela que ganhava cento e vinte por cento de produção, ela era<br />

acima da média, ela não gosta. Porque ela teve que diminuir o ritmo dela<br />

pra ajudar a companheira que não era tão boa quanto ela, né. Então existe<br />

uns atritos assim. Mas depende também de como se implementa este<br />

processo, né. É uma mudança muito grande na vida dessa costureira, né.<br />

Ela tem uma rotina e, de uma hora para a outra, passa a trabalhar em<br />

grupo. Então depende de quem implanta isso, de fazer um trabalho<br />

motivacional, que eu vou trabalhar com minha companheira, pensar no<br />

14 O discurso crítico acerca da exploração da mão de obra barata <strong>do</strong>s operários chineses é, com freqüência,<br />

instrumentaliza<strong>do</strong> pela classe patronal, como forma de formular uma justificação (Boltanski, 1990) para<br />

rebaixar os salários das costureiras friburguenses. Uma versão local <strong>do</strong> “Novo espírito <strong>do</strong> capitalismo”<br />

(Boltanski e Chiapello, 2002.) Voltarei a este ponto, na conclusão deste trabalho.<br />

14

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