You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O nome de Dora<br />
Nos jornais, as manchetes estampavam: “Presa<br />
suspeita de envenenar mais de vinte homens”.<br />
Na sala, além de Dora e o investigador, a fumaça<br />
dos cigarros e a intriga se beijavam. Fumaça de um maço<br />
onde restavam seis marlboros vermelhos. Para o investigador<br />
não havia dúvida: “Dora foi responsável pelo assassinato<br />
de vinte e três homens”. Como, era a intriga. Dora fora<br />
prostituta e sua bunda tão empinada quanto seus peitos era<br />
desejo de qualquer homem são.<br />
“Cuspo em ti, sim, seu investigador de merda!” -<br />
“Vagabunda!”, revida. “Continua, quero saber como matou<br />
esses pobres coitados”. A mulher ignora. Marcas em seu<br />
rosto, pescoço e braços deixam claro que o investigador<br />
Dutra estaria perdendo a paciência. De repente fosse a hora<br />
dela por em prática seu plano. Dora calcula, decide e abre<br />
a boca. Certa do que precisa, solta uma frase tão maliciosa<br />
quanto o investigador jamais poderia perceber. “Gato, façamos<br />
um trato! Assim: não te digo, te mostro. Porém, tu me<br />
amarás agora e aqui”.<br />
Duas idéias se passavam na cabeça de Dutra e<br />
achara ele que só poderia ser um presente divino, desvendar<br />
esse abacaxi e ainda por cima traçar a gostosa da<br />
acusada. Eu, que escrevo, somo a isso três elementos para<br />
11