Livro em PDF - Racionalismo Cristão

Monsenhor Moreira - 05/04/1930
Os temas são velhos, mas os decifradores são novos; e embora velhos os temas e
novos os decifradores, poucos são aqueles que raciocinam e procuram decifrar, tomando
para si a parte que lhes compete, e deixando a outra para aqueles a quem lhes diz respeito.
Todos se dizem muito bons, muito puros, mas nós de palavras e de pureza aparente
não queremos saber, queremos obras e fatos.
Os ataques à Doutrina recrudescem dia a dia e têm de recrudescer, porque assim é
necessário; quanto mais em evidência ela se tornar, mais atacada será; porém, mais
satisfeitos nos sentiremos, porque, então, constatam que, de fato, ela exerce a influência e é
o que nós desejamos. Mas, para enfrentar os ataques das criaturas despeitadas, vaidosas,
prepotentes e tolas, é preciso que estejais calmos, que saibais raciocinar como esclarecidos,
que saibais o que dizer, por que viveis, e o que fazeis com referência à Doutrina, para,
quando interrogados, responder à altura dos vossos cargos, à altura dos vossos lugares, à
altura, enfim, do praticante de uma Doutrina, que é a honradez personificada; e não podem
falar de fronte erguida aqueles que têm faltas, que não têm qualidades, obras morais, valor,
trabalho e sobretudo o espírito de justiça.
Deveis fazer justiça ao vosso próprio inimigo, contra toda e qualquer calúnia e
mentira atacada sobre vós. Deveis sempre falar a verdade embora em vosso desabono;
como apóstolos da Verdade, deveis dizê-la sempre, sempre, mesmo que essa verdade vos
vá ferir se praticastes faltas; se sois admoestados, o vosso dever é saber fazer justiça a vós
próprios.
Não é demais quando vos aconselhamos a que estudais, estudando-vos também a
vós próprios, esclarecendo-vos e instruindo-vos cada vez mais, não só na leitura das nossas
obras, como na de autores importantes, de algum valor. Essa instrução é-vos necessária,
para que possais em todo e qualquer tempo, em toda e qualquer parte, saber o que dizeis e
como deveis agir. É preciso que nunca caiais em contradição, porque é uma má
recomendação, é uma prova de que não estais bem firmados na Doutrina, não conheceis
bem os seus Princípios e, portanto, aqueles que vos ouvem e que já estão de prevenção,
sagazes e fiéis instrumentos do astral inferior, vêem nas vossas dúvidas, nas vossas
contradições, um pretexto para censura e uma prova para as suas maldades.
Parti destes Princípios: a Doutrina é uma e única; os seus Princípios são únicos;
para defendê-la é preciso basear-vos nos seus Princípios, dentro deles tudo podeis dizer,
fora deles não caiais na tolice de dizer coisa alguma, porque errais, e errando, é certo que
não podeis sair bem.
Esclarecei-vos, portanto; as nossas obras aí estão, passam pelas vossas mãos muitas
vezes, e, no entanto, o que elas encerram, poucos compreendem; não é preciso estardes
com elas o dia inteiro nas mãos, a ler, a ler, folhear, folhear, mas sem compreender coisa
alguma. Lede quando livres da vida material, procurando gravar bem, compreender
melhor, discernir com acerto, pois assim é que é ler; agora, ler sem procurardes
compreender o que estais lendo, repetir, por vezes, palavras que não compreendeis, não é
ler, não é saber ler, nem tampouco saber raciocinar.
Nós queremos criaturas raciocinadoras, esclarecidas de fato; queremos criaturas
leais e sinceras, e só podem ser leais e sinceros aqueles que compreendem e sabem
discernir com acerto os Princípios da Doutrina.