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“Cônicas e suas Aplicações” - Departamento de Matemática

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS<br />

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS<br />

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA<br />

Cônicas e Aplicações<br />

Por<br />

Eric Wan<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Souza


2008<br />

2


Cônicas e Aplicações<br />

Por<br />

Eric Wan<strong>de</strong>rley <strong>de</strong> Souza<br />

Monografia conclusiva do Curso <strong>de</strong> Especialização em<br />

<strong>Matemática</strong> para Professores que confere, ao autor, o grau <strong>de</strong><br />

Especialista em <strong>Matemática</strong>, com ênfase em Geometria, pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Orientador: Professor Paulo Antônio Fonseca Machado, Dr.<br />

Belo Horizonte – Brasil<br />

2008<br />

3


AGRADECIMENTOS<br />

Quero agra<strong>de</strong>cer a todos que <strong>de</strong> forma direta ou indireta contribuíram para a<br />

realização <strong>de</strong>ste trabalho que marcou uma nova etapa <strong>de</strong> minha vida, representando a<br />

capacida<strong>de</strong> inerente do homem em vencer <strong>de</strong>safios.<br />

Em primeiro lugar à minha amada esposa Erika, presente nos maiores e<br />

melhores momentos que eu já vivi, me presenteando com seu amor, apoio<br />

incondicional, companheirismo e cumplicida<strong>de</strong>.<br />

À minha filha Izabel, que com sua vinda tornou a nossa vida mais bela,<br />

alegre e significativa, ela foi realmente um presente <strong>de</strong> Deus.<br />

Aos professores e colegas que tive o prazer <strong>de</strong> conviver durante este<br />

período, em especial ao Professor Paulo Antônio, meu orientador, com seu bom-humor<br />

e sabedoria constantes (ainda existem gran<strong>de</strong>s e especiais pessoas neste mundo!!).<br />

Aos meus pais, meus primeiros orientadores nessa vida, ensinando-me<br />

valores éticos e morais, e por terem me dado carinho, amor e <strong>de</strong>dicação, que hoje<br />

repasso na educação <strong>de</strong> minha filha.<br />

E é claro a Deus, por nos dar a opção <strong>de</strong> diariamente fazermos nossas<br />

escolhas, e assim construirmos nossas vidas em comunhão com nossos semelhantes.<br />

4


SUMÁRIO<br />

Introdução........................................................................................................................<br />

6<br />

Capítulo 1 -A Elipse.......................................................................................................<br />

10<br />

Capítulo 2 – A ParÁbola................................................................................................<br />

19<br />

Capítulo 3 – A Hipérbole<br />

............................................................................................... 29<br />

CONCLUSÃO.................................................................................................................<br />

38<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

........................................................................................................... 39<br />

5


INTRODUÇÃO<br />

O curso <strong>de</strong> especialização em Geometria serviu-me como fonte <strong>de</strong> inspiração e<br />

conhecimento para que pu<strong>de</strong>sse escolher o assunto cônicas como tema <strong>de</strong> minha<br />

monografia.<br />

Este tema chamou-me a atenção pelo fato <strong>de</strong> estar tão ligado e presente em nossa<br />

realida<strong>de</strong> cotidiana, que, para encontrá-lo, basta termos os olhos atentos.<br />

As curvas planas conhecidas como Cônicas são três curvas obtidas à partir <strong>de</strong><br />

intersecções <strong>de</strong> um plano com um cone reto.<br />

Uma das origens do estudo <strong>de</strong> cônicas está no livro <strong>de</strong> Apolônio <strong>de</strong> Perga<br />

(c.261a.C.), intitulado Cônicas, no qual se estudam as figuras que po<strong>de</strong>m ser obtidas ao<br />

se cortar um cone com ângulo do vértice reto por diversos planos. Anteriormente a este<br />

trabalho existiam estudos elementares sobre <strong>de</strong>terminadas interseções <strong>de</strong> planos<br />

perpendiculares às geratrizes <strong>de</strong> um cone, obtendo-se elipses, parábolas e hipérboles,<br />

conforme o ângulo do corte fosse agudo, reto ou obtuso, respectivamente (fig.1).<br />

Fonte: www.soko.com.ar (2006)<br />

Figura 1: seções cônicas por um plano.<br />

Se bem que nessa época, não se dispunha da geometria analítica; Apolônio faz<br />

um tratamento das mesmas que se aproxima muito daquela. Os resultados obtidos por<br />

ele foram os únicos que existiram até que Fermat (1601-1665) e Descartes (1596-1650),<br />

em uma das primeiras aplicações da geometria analítica, retomaram o problema<br />

estudando-o quase completamente, mesmo não manejando coor<strong>de</strong>nadas negativas, com<br />

as restrições que isto impõe.<br />

6


Quanto ao aparecimento das cônicas em nosso dia-a-dia, este é vasto. Falaremos<br />

sobre isto começando pela elipse.<br />

A primeira Lei <strong>de</strong> Kepler (1571-1630) sobre movimento dos planetas no nosso<br />

Sistema Solar diz que os mesmos seguem trajetórias elípticas, no qual o Sol encontra-se<br />

posicionado em um <strong>de</strong> seus focos. Também para que Isaac Newton (1643-1727)<br />

pu<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>senvolver sua famosa Lei <strong>de</strong> Gravitação Universal seu conhecimento sobre<br />

cônicas com certeza era bem vasto.<br />

A elipse também está presente na área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> humana, on<strong>de</strong> os espelhos<br />

refletores usados pelos <strong>de</strong>ntistas tem formato elíptico assim como os aparelhos<br />

utilizados em tratamentos radioterápicos, principalmente contra o câncer.<br />

Fonte: www.google.com.br (2007)<br />

Figura 2: Consultório odontológico:Espelho Elíptico<br />

Finalmente, também encontraremos a elipse em certos museus <strong>de</strong> ciência e nos<br />

castelos <strong>de</strong> alguns monarcas europeus excêntricos, na forma <strong>de</strong> “salas <strong>de</strong> sussurros”.<br />

Em segundo lugar falaremos da parábola.<br />

Para alunos do Ensino Fundamental a mesma é bastante explorada no tema<br />

funções, pois esta representa o gráfico <strong>de</strong> uma função polinomial <strong>de</strong> segundo grau.<br />

Quando vamos à algum bebedouro público, a água que jorra <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>screve uma curva<br />

parabólica, assim como qualquer objeto lançado <strong>de</strong> forma oblíqua em uma região com<br />

algum campo gravitacional, como por exemplo a nossa superfície terrestre.<br />

Tem-se também aplicações ligada a engenharia <strong>de</strong> telecomunicações com as<br />

antenas parabólicas; automobilística no formato dos faróis dos carros; e arquitetônica<br />

7


amplamente utilizada por alguns arquitetos e engenheiros, como o centenário Oscar<br />

Niemeyer, no projeto da “Igrejinha” da Pampulha (fig.2)<br />

.<br />

Fonte: www.google.com.br (2007)<br />

Figura 3: Igreja <strong>de</strong> São Francisco (Belo Horizonte- Minas Gerais-Brasil)<br />

Por último falaremos da hipérbole.<br />

Para alunos do Ensino Médio, no assunto funções, ligado ao comportamento dos<br />

gases, a Lei que rege a variação do seu volume quando varia sua pressão,<br />

isotermicamente, <strong>de</strong>screve no seu gráfico um dos ramos da hipérbole.<br />

Além disso, a hipérbole tem importante aplicação na tecnologia dos telescópios.<br />

O primeiro cientista a construir um foi Galileu Galileu (1564-1642) (telescópio refrator)<br />

, mo<strong>de</strong>lo aperfeiçoado por Isaac Newton e finalmente com a tecnologia do espelho<br />

hiperbólico, em 1672, pelo astrônomo francês Cassegrain (1629-1693) chegou a sua<br />

forma atual (telescópio refletor). Destacamos o famoso telescópio óptico do<br />

obsertvatório <strong>de</strong> Monte Palomar, nos Estados Unidos, que utiliza várias montagens do<br />

tipo Cassegrain (fig.3).<br />

8


Fonte: www.google.com.br (2007)<br />

Figura 4: Observatório Monte Palomar (EUA)<br />

Nas páginas seguintes daremos a <strong>de</strong>finição geométrica e analítica das cônicas,<br />

proporemos ativida<strong>de</strong>s práticas, que servirão como sugestão para o professor utilizar em<br />

sala <strong>de</strong> aula, e finalmente explicaremos sucintamente os mecanismos que explicam o<br />

funcionamento dos exemplos citados nesta introdução.<br />

9


CAPÍTULO 1 -A ELIPSE<br />

Definição: Elipse é o lugar geométrico dos pontos do plano cuja soma das<br />

distâncias a dois pontos fixos, chamados focos da elipse, é constante; e essa constante é<br />

maior que a distância entre os focos.<br />

Fonte: www.soko.com.ar (2006)<br />

Figura 5: Seção Cônica elíptica.<br />

Observe a figura abaixo, on<strong>de</strong> d(F1,T) + d(F2,T)=k on<strong>de</strong> F1 e F2 são<br />

chamados focos da elipse, d(A,B) é a distância do ponto A ao ponto B, k é uma constante<br />

e E a elipse.<br />

Figura 6: A Elipse.<br />

Vamos agora apresentar uma construção com régua e compasso que <strong>de</strong>termina<br />

qualquer ponto <strong>de</strong> uma elipse dados os focos e a constante k.<br />

Sejam F1 e F2, pontos distintos do plano, focos da elipse E. Tracemos uma<br />

circunferência C1 <strong>de</strong> centro F1, e raio k (k>d(F1,F2) .Tomemos um ponto P, qualquer,<br />

sobre C1.<br />

P e F1.<br />

Unimos P a F2 por um segmento <strong>de</strong> reta. Tracemos então a reta r passando por<br />

Finalmente tracemos a mediatriz m, <strong>de</strong> PF 2 ;<br />

10


Notemos que r ∩ m = T é ponto <strong>de</strong> E, pois:<br />

e,<br />

portanto,<br />

F 1 T + TP = k (constante = raio <strong>de</strong> C1)<br />

TP = TF 2 ⇒ F1T<br />

+ F2T<br />

= k (por construção)<br />

T ∈ E .<br />

Figura 7: Ilustração da proprieda<strong>de</strong> da elipse.<br />

Essa construção po<strong>de</strong> perfeitamente ser feita com o auxílio <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senho geométrico como o Z.u.L.. A vantagem <strong>de</strong>ste programa é o recurso <strong>de</strong> trilhar a<br />

trajetória <strong>de</strong> um ponto quando outro ponto escolhido se movimenta. O <strong>de</strong>senho acima,<br />

então, adquiriu o seguinte aspecto:<br />

11


Figura 8: Esboço da trajetória do ponto genérico T formando a elipse.<br />

Temos o ponto T trilhando sua trajetória, e o ponto P <strong>de</strong>slocando-se ao longo <strong>de</strong><br />

C1. Eis que surge E.<br />

Agora faremos a <strong>de</strong>monstração analítica da equação que <strong>de</strong>fine a elipse; para<br />

simplificar vamos supor a elipse centrada na origem e disposta simetricamente em<br />

relação a cada um dos eixos coor<strong>de</strong>nados, <strong>de</strong> forma que o eixo Ox seja coinci<strong>de</strong>nte com<br />

OF (fig.8).<br />

Fonte: www.soko.com.ar (2006)<br />

Figura 9: Parametrização da Elipse.<br />

Sejam a e c números reais positivos tais que a>c, e coloquemos os focos sobre<br />

o eixo das abscissas, situados nos pontos F(c,0) e F’(-c,0). Tomemos um ponto<br />

qualquer P da elipse, cujas coor<strong>de</strong>nadas são (x,y) (fig.9). Seja a soma das distâncias<br />

d(P,F)+d(P,F’) igual a 2ª, ou seja, d(P,F)+d(P,F’)=2a. A quantida<strong>de</strong> a é chamado<br />

raio maior da elipse.<br />

12


Fonte: www.soko.com.ar (2006)<br />

Figura 10: Escolha <strong>de</strong> um ponto genérico P da elipse.<br />

Aplicando a equação das distâncias entre pontos <strong>de</strong> ℜ 2 teremos que:<br />

( x + c)²<br />

+ ( y − 0)²<br />

+ ( x − c)²<br />

+ ( y − 0)²<br />

= 2a<br />

Para eliminar os radicais, elevamos ambos os membros <strong>de</strong>ssa equação ao<br />

quadrado, don<strong>de</strong> resulta:<br />

− = 4a²<br />

( x + c)²<br />

+ y²<br />

+ ( x − c)²<br />

+ y²<br />

+ 2 ( x + c)²<br />

+ y²<br />

( x c)²<br />

+ y²<br />

Ou ainda, após simplificações:<br />

( x² + c²<br />

+ y²<br />

+ 2cx)(<br />

x²<br />

+ c²<br />

+ y²<br />

− 2cx)<br />

= 2a² − x²<br />

− c²<br />

− y²<br />

Eliminamos em seguida o radical com uma nova elevação ao quadrado:<br />

( x ² + c²<br />

+ y²)²<br />

− 4c²<br />

x²<br />

= [ 2a²<br />

− ( x²<br />

+ c²<br />

+ y²)]²<br />

,<br />

Ou seja,<br />

4<br />

− 4c<br />

² x²<br />

= 4a<br />

− 4a²(<br />

x²<br />

+ y²<br />

+ c²),<br />

Que é equivalente à,<br />

( a² − c²)<br />

x²<br />

+ a²<br />

y²<br />

= a²(<br />

a²<br />

− c²)<br />

(1)<br />

Observemos que,<br />

a > c ; logo, pondo b a²<br />

− c²<br />

membros <strong>de</strong> (1) por a ²b²<br />

, obtemos finalmente a expressão:<br />

13<br />

= e dividindo ambos os


translação:<br />

x²<br />

y²<br />

+ = 1<br />

a²<br />

b²<br />

Se a elipse estivesse centrada no ponto<br />

( x − p)²<br />

( y − q)²<br />

+<br />

= 1<br />

a²<br />

b²<br />

Se <strong>de</strong>senvolvermos os quadrados teremos:<br />

b²<br />

x²<br />

+ a²<br />

y²<br />

− 2xpb²<br />

− 2yqa²<br />

+ p²<br />

b²<br />

+ q²<br />

a²<br />

− a²<br />

b²<br />

=<br />

A = b²<br />

B = a²<br />

C = − 2 pb²<br />

Se fizermos:<br />

D = − 2qa²<br />

E = p²<br />

b²<br />

+ q²<br />

a²<br />

− a²<br />

b²<br />

Teremos a equação:<br />

( p , q)<br />

a equação passaria a ser, por<br />

0<br />

Ax ² + By²<br />

+ Cx + Dy + E = 0 , on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos comprovar<br />

que é semelhante à da circunferência exceto pelos termos A e B não necessariamente<br />

iguais.<br />

Exemplo:<br />

Seja a equação<br />

Então teremos que:<br />

4 x²<br />

+ 9y²<br />

+ 24x<br />

− 54y<br />

+ 81 =<br />

A = 4 ⇒ 4 = b²<br />

⇒ b = ± 2;<br />

B = 9 ⇒ 9 = a²<br />

⇒ a = ± 3<br />

Os dois raios da elipse são: sobre o eixo Ox, a = 3; sobre o eixo Oy , b = 2.<br />

Encontremos o centro (p, q).<br />

14<br />

0


C = 24 ⇒ 24 = − 2 pb²<br />

⇒ p = − 3<br />

D = − 54 ⇒ − 54 = 2qa²<br />

⇒ q =<br />

3<br />

O centro é, então, (p,q) = (-3,3). Para verificarmos que se trata <strong>de</strong> uma elipse<br />

calculemos E que <strong>de</strong>verá ter o valor <strong>de</strong> 81.<br />

A equação da elipse fica afinal:<br />

( x + 3)²<br />

( y − 3)²<br />

+<br />

= 1<br />

9 4<br />

E = p²<br />

b²<br />

+ q²<br />

a²<br />

− a²<br />

b²<br />

= 81<br />

A <strong>de</strong>finição da elipse po<strong>de</strong> ser utilizada para traçá-la <strong>de</strong> maneira concreta como<br />

<strong>de</strong>screvemos a seguir:<br />

Material: 01(uma) folha <strong>de</strong> papel A4, 02 (duas) tarraxas, um pedaço <strong>de</strong> barbante,<br />

um plano <strong>de</strong> isopor, ma<strong>de</strong>ira macia ou papelão e lápis colorido.<br />

Colocamos a folha <strong>de</strong> papel A4 sobre o isopor, aproximadamente no centro da<br />

folha fixamos as duas tarraxas a uma distância <strong>de</strong> aproximadamente 13 cm, amarramos<br />

as duas pontas do barbante com 18 cm, uma em cada tarraxa, e mantendo o barbante<br />

esticado com o lápis colorido traçamos a elipse. Estas medidas propostas são<br />

interessantes para que o <strong>de</strong>senho não fuja do tamanho do papel e para que a elipse tenha<br />

um formato bem oval, nem muito redondo nem muito achatado.<br />

Bem, <strong>de</strong>ssa forma traçamos uma elipse. Aproveitaremos este <strong>de</strong>senho para<br />

realizarmos uma ativida<strong>de</strong> bastante interessante que é a construção <strong>de</strong> um brinquedo, a<br />

“mesa mágica <strong>de</strong> bilhar”. Com a forma da elipse <strong>de</strong>senhada no papel, procuramos um<br />

marceneiro para a construção da mesa mágica. Pegamos um compensado ou<br />

aglomerado <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, tipo MDF, cobrimos com um pano <strong>de</strong> algodão ver<strong>de</strong>, como os<br />

das mesas <strong>de</strong> bilhar, e também com o MDF fazemos, em volta <strong>de</strong>sta, uma pare<strong>de</strong> na<br />

forma da elipse. Depois com ajuda <strong>de</strong> uma fura<strong>de</strong>ira, na posição <strong>de</strong> uma das tarraxas<br />

faremos uma caçapa, e na outra apenas marcamos o local com tinta. Está pronta a mesa<br />

mágica. Para testá-la colocamos uma bola <strong>de</strong> gu<strong>de</strong> no foco marcado a tinta e com um<br />

taco lançamos a bola em qualquer direção contra a pare<strong>de</strong>, e a mesma seguirá em<br />

direção ao outro foco, on<strong>de</strong> está a caçapa, e é lá que sempre a bola irá cair.<br />

15


O comportamento da bola observado nesta construção serve <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para<br />

chegarmos à explicação <strong>de</strong> por que a elipse é usada na construção das salas <strong>de</strong><br />

sussurros, nos espelhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntistas, aparelhos <strong>de</strong> radioterapia e outros. Para tanto<br />

iremos nos valer das “proprieda<strong>de</strong>s refletora e bissetora das elipses”.<br />

Graças a estas proprieda<strong>de</strong>s, no espelho dos <strong>de</strong>ntistas, a forma elíptica faz com<br />

que os raios <strong>de</strong> luz se concentrem no <strong>de</strong>nte a ser tratado, facilitando a visualização pelo<br />

odontólogo e evitando o <strong>de</strong>sconforto <strong>de</strong> ser ofuscado, pelo feixe <strong>de</strong> luz, o paciente.<br />

Por sua vez, nos tratamentos radioterápicos, células doentes são eliminadas<br />

enquanto células sadias ao seu redor não são afetadas.<br />

Já nas “salas <strong>de</strong> sussurros”, duas pessoas posicionadas nos focos da sala <strong>de</strong><br />

formato elíptico comunicam-se por voz sussurrada, visto que o formato oval da sala, faz<br />

com que todas as ondas sonoras que saem <strong>de</strong> um dos focos, em todas as direções,<br />

percorram a mesma distância e cheguem ao mesmo tempo no outro foco, ampliando<br />

sobremaneira o som inaudível no restante da sala.<br />

A proprieda<strong>de</strong> refletora nada mais é que a explicação <strong>de</strong> uma característica das<br />

elipses, que diz que a soma das distâncias a cada um dos focos a qualquer ponto<br />

localizado na superfície da elipse é constante. Isto faz com que todas as ondas, sonoras<br />

ou luminosas, percorram a mesma distância e por tanto gastem o mesmo intervalo <strong>de</strong><br />

tempo para saírem <strong>de</strong> um foco e chegarem ao mesmo tempo ao outro,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da direção tomada, além da segunda proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>scrita seguir.<br />

Agora iremos analisar a segunda proprieda<strong>de</strong>, a bissetora das elipses. Para tanto<br />

iremos nos lembrar e utilizar duas leis da física sobre a reflexão; a primeira nos diz que<br />

o ângulo <strong>de</strong> incidência e reflexão são iguais em um plano, e a segunda nos diz que a<br />

reflexão em cada ponto <strong>de</strong> uma superfície se comporta como se fosse no plano tangente<br />

à superfície, no respectivo ponto.<br />

Teorema1.1<br />

(Proprieda<strong>de</strong> bissetora da elipse): Seja uma elipse E <strong>de</strong> focos F1 e<br />

F2 e seja T um ponto <strong>de</strong> E. Então a reta r tangente a E em T, forma ângulos iguais a1 e<br />

a2 com os raios focais F1T e F2T.<br />

16


Figura 11: Reta tangente à elipse.<br />

Demonstração: Lembramos que tal como uma circunferência, teremos uma reta<br />

tangente à elipse se esta a toca em apenas um, e somente um ponto, o ponto <strong>de</strong><br />

tangência.<br />

Denotando a distância entre dois pontos R e S por d (R,S) e <strong>de</strong>fimos a elipse E<br />

como o lugar geométrico dos pontos X que satisfazem a proprieda<strong>de</strong> métrica:<br />

d (X, F1) + d (X, F2) = k (constante)<br />

Concluímos que um ponto A não pertence à elipse se, e somente se:<br />

d(A,F1) + d (A,F2) ≠ k<br />

Portanto, uma reta r será tangente à elipse E em um ponto T se, e somente se,<br />

tocar E unicamente em T ( pela tangência), e para um outro ponto qualquer <strong>de</strong> r, A,<br />

tenha-se T ≠ A, ou seja:<br />

d(A,F1) + d(A,F2) ≠ d(T,F1) + d(T,F2)<br />

Seja, agora, um ponto T na elipse E e tomemos uma reta s (bissetriz <strong>de</strong> um dos<br />

ângulos formados pelas retas F1T e F2T) <strong>de</strong> modo que o ângulo entre F1T e s seja igual<br />

17


ao ângulo entre F2T e s. Se mostrarmos que s é tangente a E em T, teremos mostrado a<br />

proprieda<strong>de</strong> bissetora, <strong>de</strong>vido à unicida<strong>de</strong> da tangente à elipse por um <strong>de</strong> seus pontos.<br />

Seja T um ponto <strong>de</strong> E. Então d(T,F1) + d(T,F2)=k, on<strong>de</strong> k é uma constante.<br />

Tomemos sobre s um ponto A ≠ T e consi<strong>de</strong>remos o ponto F1’, simétrico <strong>de</strong> F1 em<br />

relação a s.<br />

Figura 12: Prova da unicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> T.<br />

A reta s é então mediatriz <strong>de</strong> F1F1’. Logo, d(T,F1)=d(T,F1’) e também<br />

d(A,F1)=d(A,F1’). Por construção, a reta s faz ângulos iguais com TF1 e TF2(a2 e a1<br />

respectivamente) e, pela simetria, os ângulos a2 e a3 são também iguais. Daí, os<br />

segmentos F2T e TF1’ fazem ângulos iguais com s e, portanto, os pontos F1’, T e F2<br />

são colineares. Segue-se então, pela <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> triangular, que:<br />

k = d(T,F1) + d(T,F2) = d(T, F1’) + d(T,F2) = d(F1’,F2) < d(A,F1’) + d(A,F2)<br />

= d(A,F1) + d(A,F2)<br />

Como d(A,F1) + d(A,F2) > k , concluímos que T é o único ponto <strong>de</strong> s que<br />

pertence à elipse, o que mostra que a reta s é tangente a E em T, c.q.d..<br />

A constante k também po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada como 2a que é o comprimento do<br />

eixo maior da elipse, imaginando uma reta ligando os dois focos, a intersecção <strong>de</strong>sta<br />

reta com a elipse <strong>de</strong>termina dois pontos, chamemos <strong>de</strong> A e B, logo d(A,B)=2a.<br />

18


CAPÍTULO 2 – A PARÁBOLA<br />

19


Na língua portuguesa, a parábola é uma figura <strong>de</strong> linguagem <strong>de</strong> uma narração<br />

alegórica que encerra uma doutrina moral; é interessante ver que para todas as cônicas<br />

(elipse, parábola e hipérbole) existe um ente lingüístico associado a elas. A elipse, por<br />

exemplo, representa a omissão <strong>de</strong> uma ou mais palavras que se subenten<strong>de</strong>m, ao passo<br />

que a hipérbole é a figura <strong>de</strong> linguagem que engran<strong>de</strong>ce ou diminui exageradamente a<br />

verda<strong>de</strong> das coisas.<br />

Definição: a parábola é o lugar geométrico dos pontos que eqüidistam <strong>de</strong> um<br />

ponto fixo chamado <strong>de</strong> foco, e <strong>de</strong> uma reta também fixa chamada diretriz (ponto não<br />

pertencente à reta).<br />

Fonte: www.soko.com.ar (2006)<br />

Figura 13: Seção Cônica parabólica.<br />

Seja F o foco e d a diretriz, na figura abaixo, se PD=PF, então P é um ponto da<br />

parábola <strong>de</strong> foco F e diretriz d.<br />

20


Figura 14: Característica da Parábola.<br />

Para obter diversos pontos <strong>de</strong> uma parábola, com régua e compasso, dados o<br />

foco F e a diretriz d, seguimos os seguintes passos:<br />

Trace por F uma reta r perpendicular a d, e seja D = r ∩ d ;<br />

O segmento DF chama-se parâmetro da parábola, e o ponto V, médio <strong>de</strong> DF, é<br />

chamado <strong>de</strong> vértice da parábola;<br />

Para cada ponto A da semi-reta VF, trace a reta s, perpendicular a r;<br />

A circunferência <strong>de</strong> centro F e raio AD corta s nos pontos P e P’, que pertencem<br />

à parábola, pois:<br />

PF=P’F=AD (por construção)<br />

Figura 15: Construção da Parábola.<br />

Novamente com auxílio do Z.u.L. po<strong>de</strong>mos trilhar o ponto P ao movimentar A<br />

sobre r, observe o traçado da parábola:<br />

21


Figura 16: Esboço da Parábola.<br />

A construção da parábola também po<strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong> maneira concreta com<br />

materiais simples e um pouco <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senhar.<br />

Material:<br />

Prancheta <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou emborrachado <strong>de</strong>, aproximadamente, 40 cm <strong>de</strong><br />

comprimento, por 30 cm <strong>de</strong> largura e 2cm <strong>de</strong> espessura com um suporte na extremida<strong>de</strong><br />

inferior <strong>de</strong> aproximadamente, 2 cm <strong>de</strong> largura, colado na parte inferior da prancheta;<br />

esquadro, barbante fino ou linha grossa, lápis, papel, tesoura, percevejo e fita crepe.<br />

ângulo reto;<br />

I<strong>de</strong>ntifique os vértices do esquadro com os vértices do triângulo ABC, sendo B o<br />

Corte um pedaço <strong>de</strong> barbante com tamanho um pouco maior que o cateto BC;<br />

Dê um nó em uma das pontas do barbante;<br />

No vértice C, fixe com fita crepe a extremida<strong>de</strong> sem o nó, <strong>de</strong> maneira que o<br />

comprimento do barbante entre o nó e o vértice C seja exatamente igual a BC.<br />

22


Figura 17: Esquadro e linha.<br />

Coloque uma folha <strong>de</strong> papel sobre a prancheta. Um dos lados da folha <strong>de</strong>ve ficar<br />

rente ao suporte <strong>de</strong>ssa prancheta;<br />

Fixe com um percevejo, o nó da extremida<strong>de</strong> livre do fio em um ponto F<br />

qualquer do papel, fora da reta suporte d. Sugestão: escolha o ponto F próximo ao<br />

centro da folha.<br />

Coloque o cateto AB apoiado no suporte da prancheta;<br />

Com a ponta <strong>de</strong> um lápis encostada no lado BC do esquadro, estique o barbante<br />

(figura abaixo);<br />

Figura 18: Mecanismo para <strong>de</strong>senho da Parábola.<br />

23


Deslize ao mesmo tempo sobre o papel a ponta do lápis (sempre encostada no<br />

esquadro, <strong>de</strong> maneira que o fio se mantenha sempre esticado), e o esquadro (ao longo da<br />

reta suporte).<br />

Desse modo, à medida que o esquadro <strong>de</strong>sliza ao longo da reta suporte, o lápis<br />

irá <strong>de</strong>senhar uma curva no papel, uma parábola.<br />

Uma forma simples <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r porque esta construção funciona é perceber que,<br />

consi<strong>de</strong>rando a ponta do lápis como o ponto P, a distância PB será sempre igual a PF,<br />

visto que:<br />

Mas,<br />

Então,<br />

PC + PF = BC (comprimento do barbante),<br />

PC + BP = BC (cateto <strong>de</strong> ABC),<br />

PF =<br />

Portanto, P pertence à parábola.<br />

Equação da Parábola:<br />

BC<br />

Em um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas, escolhemos a<strong>de</strong>quadamente o foco<br />

a diretriz como<br />

y = − p (p número real positivo):<br />

24<br />

F = ( 0,<br />

p)<br />

e


Figura 19: Parametrização da Parábola.<br />

Se<br />

P = ( x,<br />

y)<br />

é tal que PF = PD , temos:<br />

x ² + ( y − p)²<br />

= y + p .<br />

Elevando ao quadrado e cancelando os termos iguais dos dois lados, obtemos:<br />

1<br />

x² = 4 py ou y = x²<br />

,<br />

4 p<br />

O que mostra que a equação <strong>de</strong> uma parábola é da forma<br />

do segundo grau). Reciprocamente, dada uma função da forma<br />

y = ax²<br />

(uma função<br />

y = ax²<br />

, é fácil provar<br />

⎛ 1 ⎞<br />

que qualquer um <strong>de</strong> seus pontos possui distância ao ponto ⎜ 0 , ⎟ igual à distância a<br />

⎝ 4a<br />

⎠<br />

reta<br />

1<br />

y = − , o que mostra que o gráfico <strong>de</strong> y = ax²<br />

é uma parábola. (As passagens<br />

4a<br />

são todas equivalentes, também na elipse e na hipérbole).<br />

Agora iremos <strong>de</strong>monstrar por que a parábola é a melhor forma para construirmos<br />

antenas parabólicas e espelhos dos faróis <strong>de</strong> automóveis, por exemplo.<br />

25


A princípio, a forma parabólica é i<strong>de</strong>al, pois no caso das antenas parabólicas as<br />

ondas <strong>de</strong> rádio que se originam do espaço são muito fracas, <strong>de</strong>vido à sua distância e,<br />

portanto, a parábola capta estas ondas em uma superfície relativamente gran<strong>de</strong> e<br />

concentra em um único ponto (o foco). Desta forma os sinais (raios paralelos vindos do<br />

espaço) são amplificados.<br />

Nos faróis dos carros e motos, o foco da parábola muda <strong>de</strong> funcionamento, com<br />

relação às antenas parabólicas (receptora), passando a ser origem dos raios luminosos.<br />

Os raios <strong>de</strong> luz então saem <strong>de</strong> forma paralela uns dos outros iluminando a região logo a<br />

frente dos automóveis.<br />

Para enten<strong>de</strong>rmos por que isto ocorre falaremos <strong>de</strong> duas proprieda<strong>de</strong>s:<br />

Primeira Proprieda<strong>de</strong><br />

Observando o <strong>de</strong>senho a seguir (fig.20) po<strong>de</strong>mos perceber que a parábola<br />

<strong>de</strong>limita dois espaços. Em um <strong>de</strong>les <strong>de</strong>finimos pontos tais que a distância ao foco(F) é<br />

menor que a distância à diretriz(d), chamada região interior da parábola, ao passo que a<br />

outra região tem <strong>de</strong>finição oposta, ou seja, que a distância ao foco é maior que a<br />

distância à diretriz, chamada região exterior.<br />

Figura 20: Região interna e externa à Parábola.<br />

Nesta figura temos uma parábola <strong>de</strong> foco F e diretriz d e uma reta r paralela a d<br />

cortando a curva em P e P1. Se o ponto P’ da reta r é interior ao segmento PP1, então<br />

P’F


ponto da reta r exterior ao segmento PP1, então P’’F>PF=PD=P’’D’’ e P’’ é exterior<br />

à parábola.<br />

Segunda Proprieda<strong>de</strong><br />

Para um observador na terra os raios <strong>de</strong> luz e as ondas <strong>de</strong> rádio propagam-se no<br />

espaço em linha reta. Quando estes são refletidos em um ponto <strong>de</strong> uma superfície, esta<br />

se comporta como um espelho plano tangente à superfície naquele ponto e obe<strong>de</strong>ce à<br />

famosa Lei da Física: “o ângulo <strong>de</strong> incidência é igual ao ângulo <strong>de</strong> reflexão”.<br />

Teorema2.1<br />

(Ângulo <strong>de</strong> incidência e reflexão): Tomemos agora um ponto P<br />

qualquer da parábola <strong>de</strong> foco F e diretriz d, e a reta t, bissetriz do ângulo FPD. Vamos<br />

mostrar geometricamente que t é tangente à parábola.<br />

Figura 21: Reta tangente à parábola.<br />

No triângulo PFD, como PF=PD, a reta t, bissetriz do ângulo FPD, é também<br />

mediana e altura. Ou seja, a reta t é mediatriz do segmento FD. Seja agora Q, um ponto<br />

qualquer da reta t, distinto <strong>de</strong> P. Se D’ é a projeção <strong>de</strong> Q sobre d, temos:<br />

QF=QD>QD’<br />

27


Portanto Q é exterior à parábola. Ora, o ponto P da reta t pertence à parábola e<br />

todos os outros pontos <strong>de</strong> t não pertencem a ela. Logo, t é tangente à parábola em P.<br />

Figura 22: Proprieda<strong>de</strong> da parábola.<br />

Observe no <strong>de</strong>senho acima, a semi-reta PY, prolongamento do segmento DP,<br />

representa a direção dos raios inci<strong>de</strong>ntes. Como a tangente à parábola em P é bissetriz<br />

do ângulo FPD temos que PY e PF fazem ângulos iguais com esta tangente (a2=a3).<br />

Portanto, todo sinal recebido na direção do eixo da parábola toma direção do foco após<br />

reflexão (antenas), e todo sinal originado do foco ao refletir na superfície da parábola<br />

toma o sentido paralelo ao eixo <strong>de</strong>sta (faróis).<br />

28


CAPÍTULO 3 – A HIPÉRBOLE<br />

Definição: Hipérbole é o lugar geométrico dos pontos do plano cujo módulo da<br />

diferença das distâncias entre dois pontos fixos, chamados focos da hipérbole, é<br />

constante. Esta constante é menor que a distância entre os focos.<br />

Fonte: www.google.com.br (2006)<br />

Figura 23: Corte hiperbólico do cone.<br />

Esboço da construção da hipérbole: Iremos notar uma gran<strong>de</strong> semelhança na<br />

construção da hipérbole com a da elipse visto que no caso <strong>de</strong>sta a soma das distâncias<br />

aos focos era constante e daquela passa a ser a diferença das distâncias. Observe o<br />

<strong>de</strong>senho abaixo:<br />

29


Figura 24: Definição da hipérbole..<br />

Nele temos que, se T é ponto da hipérbole, então<br />

d ( F1,<br />

T ) − d(<br />

F 2,<br />

T ) = k .<br />

Passemos agora para construção da hipérbole com régua e compasso:<br />

Temos os mesmos elementos da construção da elipse: os focos F1 e F2,<br />

quaisquer do plano, o círculo C1 <strong>de</strong> centro F1, o ponto P, escolhido aleatoriamente<br />

sobre C1, a reta r unindo F1 a P, a reta m, mediatriz do segmento PF2 e o ponto T,<br />

r ∩ m . Seja H a hipérbole procurada.<br />

Notemos que na construção da elipse o segundo foco localizava-se interiormente<br />

a C1, ao passo que agora está posicionado fora <strong>de</strong> C1. Isto faz toda a diferença, gerando<br />

as seguintes equações:<br />

F 1 T − TP = k (constante = raio <strong>de</strong> C1)<br />

e,<br />

portanto,<br />

TP = TF 2 ⇒ F1T<br />

− F2T<br />

= k (por construção)<br />

T ∈ H . (veja figura 25).<br />

30


Figura 25: Proprieda<strong>de</strong> da hipérbole..<br />

Gerando o movimento <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>senho no Z.u.L. ele adquire o seguinte aspecto:<br />

Figura 26: Esboço da hipérbole.<br />

Observe a formação dos dois ramos da hipérbole H.<br />

Equação da hipérbole: novamente coloquemos os focos sobre o eixo Ox, F =<br />

(c,0) e F' = (– c,0), e tomemos um ponto qualquer P = (x, y) da hipérbole.<br />

31


Fonte: www.soko.com.ar (2006)<br />

Figura 27: Parametrização da hipérbole.<br />

Neste caso, a diferença das distâncias entre PF e PF' é igual ao dobro da<br />

distância que há entre o centro das coor<strong>de</strong>nadas e a intersecção da hipérbole com o eixo<br />

x. Então teremos que:<br />

PF − PF'<br />

= 2a, ou seja:<br />

Elevando ao quadrado ambos os membros e proce<strong>de</strong>ndo a simplificações<br />

cabíveis po<strong>de</strong>mos chegar à expressão:<br />

( c ² − a²).<br />

x²<br />

− a²<br />

y²<br />

− ( c²<br />

− a²).<br />

a²<br />

= 0 (os<br />

cálculos <strong>de</strong>ixo-os por conta do leitor, que po<strong>de</strong> se guiar pelo feito anteriormente na<br />

elipse). Novamente à partir do <strong>de</strong>senho e calculando a distância entre os pontos<br />

po<strong>de</strong>mos obter que c 2 = a 2 + b 2 e portanto a equação nos dá: b 2 x 2 – a 2 y 2 = a 2 b 2 .<br />

Dividindo cada termo por a 2 b 2 obtemos:<br />

ser:<br />

Se a hipérbole estivesse centrada em um ponto qualquer (p, q) a equação <strong>de</strong>veria<br />

Se <strong>de</strong>senvolvermos os quadrados obterá que:<br />

32


2 x 2 – a 2 y 2 – 2xpb 2 + 2yqa 2 + p 2 b 2 – q 2 a 2 – a 2 b 2 = 0<br />

Se fizermos:<br />

A = b 2<br />

B = – a 2<br />

C = – 2pb 2<br />

D = 2qa 2<br />

E = p 2 b 2 – q 2 a 2 – a 2 b 2<br />

Teremos a equação: Ax 2 – By 2 + Cx + Dy + E = 0, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos comprovar<br />

que é igual a da circunferência, ou <strong>de</strong> uma elipse, exceto que os termos A e B serem<br />

iguais.<br />

A <strong>de</strong>finição da hipérbole po<strong>de</strong> ser utilizada para construí-la <strong>de</strong> forma concreta, o<br />

que <strong>de</strong>screvemos a seguir:<br />

Material: Prancheta <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou emborrachado <strong>de</strong>, aproximadamente, 40 cm<br />

<strong>de</strong> comprimento por 30 cm <strong>de</strong> largura e 2 cm <strong>de</strong> espessura, palito <strong>de</strong> picolé ou vareta <strong>de</strong><br />

bambu <strong>de</strong>, no máximo, 15 cm, dois percevejos, barbante fino ou linha grossa, papel e<br />

lápis.<br />

Fazemos um pequeno furo em cada uma das extremida<strong>de</strong>s do palito ou da vareta.<br />

Cortamos o barbante com comprimento menor que o do palito. Damos um nó em uma<br />

das extremida<strong>de</strong>s do barbante. Amarramos a extremida<strong>de</strong> sem o nó do barbante em uma<br />

das extremida<strong>de</strong>s do palito. Pren<strong>de</strong>mos a outra extremida<strong>de</strong> do palito, com um dos<br />

percevejos (no furo), em um ponto F do papel. Fixamos a outra extremida<strong>de</strong> livre do<br />

barbante em outro ponto F’(diferente do ponto F) do papel. Esticamos o barbante com o<br />

lápis que <strong>de</strong>verá ser mantido rente ao palito. Girar o palito mantendo o barbante sempre<br />

esticado. Invertendo a posição <strong>de</strong>ste aparato <strong>de</strong> F e F’, temos a outra “perna” da curva,<br />

os dois arcos da hipérbole.<br />

Agora iremos tratar <strong>de</strong> uma utilida<strong>de</strong> prática para a proprieda<strong>de</strong> observada nas<br />

hipérboles e que tem utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância nos estudos astronômicos: a<br />

construção dos telescópios refletores.<br />

33


Os telescópios refletores são a evolução dos primeiros telescópios criados, que se<br />

utilizavam <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> lentes (refratores). Estas geram dois efeitos in<strong>de</strong>sejáveis<br />

que é a <strong>de</strong>formação das imagens e as aberrações cromáticas, pois as lentes acabam<br />

funcionando como prismas, <strong>de</strong>compondo a luz branca.<br />

O mais interessante que chega neste momento do trabalho on<strong>de</strong> vamos observar<br />

uma associação curiosa <strong>de</strong> duas cônicas, um espelho parabólico e outro hiperbólico para<br />

a concepção do telescópio refletor.<br />

Já sabemos que os raios <strong>de</strong> luz vindos do espaço chegam à terra por feixes<br />

paralelos, e que um espelho parabólico direciona estes raios para o seu foco (Teorema<br />

2.1, pág.26).<br />

Figura 28: Comportamento do espelho parabólico.<br />

Isto, no entanto, gerou um problema pelo fato <strong>de</strong> que para observar a imagem<br />

formada no foco, o olho do observador teria que estar posicionado sobre ele, o que na<br />

prática se torna impossível, pois o mesmo funcionaria como uma barreira para os raios<br />

luminosos.<br />

A solução dada a este problema por Isaac Newton foi posicionar um espelho<br />

plano entre a superfície parabólica côncava e o foco, <strong>de</strong> tal forma que os raios fossem<br />

direcionados para fora da parte interna do espelho. Por outro lado, a invenção <strong>de</strong><br />

Newton gerou problema similar, pois, para que a convergência do foco alternativo<br />

ficasse fora do cilindro telescópico a dimensão <strong>de</strong>ste espelho <strong>de</strong>veria ser bem<br />

34


consi<strong>de</strong>rável, bloqueando gran<strong>de</strong> parte dos raios inci<strong>de</strong>ntes prejudicando <strong>de</strong>starte a<br />

formação da imagem (veja esquema abaixo).<br />

Figura 29: Telescópio refletor <strong>de</strong> Newton.<br />

A solução para este problema foi dada em 1672 pelo astrônomo francês<br />

Cassegrain utilizando um espelho hiperbólico.<br />

Figura 30: Telescópio refletor (esquema <strong>de</strong> espelhos).<br />

parábola.<br />

Observe no <strong>de</strong>senho que um dos focos da hipérbole coinci<strong>de</strong> com o foco da<br />

35


Agora, os raios que iriam formar a imagem no foco F2 são refletidos pelo<br />

espelho hiperbólico e formarão a imagem no foco F1.<br />

Com essa associação <strong>de</strong> espelhos a flexibilida<strong>de</strong> da montagem ficou bem maior e<br />

as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> variação das distâncias entre os focos e da distância do foco da<br />

parábola ao espelho também. Isto faz com que o telescópio se ajuste perfeitamente à<br />

necessida<strong>de</strong> das observações.<br />

Hoje telescópios mo<strong>de</strong>rnos como os radiotelescópios utilizam-se <strong>de</strong>sta<br />

tecnologia, que levou um século para serem implementadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>alização.<br />

Teorema3.1<br />

( Prova <strong>de</strong> que o raio refletido passa por F1):<br />

Finalmente iremos <strong>de</strong>monstrar que o raio <strong>de</strong> luz inci<strong>de</strong>nte no espelho hiperbólico<br />

direcionado a um dos focos do mesmo passa pelo outro foco.<br />

A <strong>de</strong>monstração será feita da seguinte maneira: provaremos que a bissetriz do<br />

ângulo F1PF2 (figura abaixo) é ao mesmo tempo tangente à hipérbole em P. Uma vez<br />

provado isto, o resultado <strong>de</strong>sejado segue facilmente como mostraremos a seguir. Para<br />

tanto, consi<strong>de</strong>remos que a bissetriz e a tangente sejam a mesma reta.<br />

Figura 31: Prova da proprieda<strong>de</strong> da hipérbole.<br />

36


Seja B um ponto qualquer da bissetriz, F2 G ⊥ BP ⊥ NP ( N é a reta normal),<br />

don<strong>de</strong> NP e GF2 são retas paralelas e o triângulo PGF2 é isósceles. Como conseqüência<br />

disto, os ângulos <strong>de</strong>ste triângulo em G e F2 são iguais. Mas o ângulo em F2 é igual ao<br />

ângulo <strong>de</strong> incidência em APN, pois são correspon<strong>de</strong>ntes; e o ângulo em G é igual ao<br />

ângulo NPF1, alternos internos. Logo APN = NPF1 resultado que prova a lei da física<br />

que o ângulo <strong>de</strong> incidência é igual ao <strong>de</strong> reflexão, c.q.d..<br />

Falta provar que BP é ao mesmo tempo bissetriz e tangente à hipérbole em P.<br />

De fato, recorrendo novamente à figura, BF1 < BG + GF1 (<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong><br />

triangular), portanto, BF1 – BF2 < BG + GF1 – BF2; mas BG = BF2 (BGF2 é<br />

isósceles) portanto,<br />

c.q.d..<br />

BF1 – BF2 < GF1 = PF1 – PG = PF1 – PF2 = d<br />

O que significa que o ponto B é externo ao ramo da hipérbole por P.<br />

Em outras palavras, a bissetriz BP só toca a hipérbole em P, portanto tangente,<br />

37


CONCLUSÃO<br />

Foi mostrado neste trabalho belas e interessantes aplicações <strong>de</strong> conceitos<br />

matemático-geométricos abstratos, originados da capacida<strong>de</strong> infinita do homem <strong>de</strong><br />

sonhar e criar mo<strong>de</strong>los, a princípio unicamente teóricos, mas que posteriormente<br />

revertem-se em mecanismos concretos que contribuem para a evolução do<br />

conhecimento, da tecnologia e da ciência.<br />

È muito gratificante ver como a ciência po<strong>de</strong> ser usada <strong>de</strong> forma consciente, com<br />

ética e respeito aos princípios humanos fundamentais dos quais estamos tão carentes nos<br />

dias <strong>de</strong> hoje.<br />

Todas as aplicações aqui abordadas corroboram com o bem comum da<br />

humanida<strong>de</strong> e trazem mais clareza e conforto aos homens.<br />

É importante também ressaltar que os jovens e adolescentes nas escolas, que ao<br />

tratarem <strong>de</strong> matérias correlacionadas com estes conceitos, possam ser motivados para o<br />

estudo, visto que trata-se <strong>de</strong> assunto que não está totalmente <strong>de</strong>sligado <strong>de</strong> seu cotidiano.<br />

Há <strong>de</strong>ssa forma uma forte ligação contextual entre teoria e prática, e isso po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> proveito para os professores tornarem <strong>suas</strong> aulas mais interativas e interessantes.<br />

Durante a realização do mesmo passei a conhecer melhor os elementos tratados e<br />

me surpreen<strong>de</strong>r com as diversas utilizações <strong>de</strong>stes, enriquecendo sobremaneira minha<br />

formação.<br />

Também fui apresentado ao aplicativo Z.u.L., programa <strong>de</strong> código aberto com o<br />

qual aprendi e me surpreendi com todos os seus recursos e possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>, em um<br />

contexto tecnológico, po<strong>de</strong>r-se simular aquilo que na minha época <strong>de</strong> estudante <strong>de</strong><br />

ensino fundamental (antigo 1º grau) fazia-se com régua e compasso; não que este não<br />

seja importante, mas tal programa po<strong>de</strong> ser sua expansão e por que não sua evolução.<br />

A continuação <strong>de</strong>ste estudo po<strong>de</strong> ser dada no tratamento <strong>de</strong>stas mesmas curvas<br />

no espaço, on<strong>de</strong> teremos as quadráticas, convite que faço ao leitor que se interessar pela<br />

continuação do assunto aqui tratado.<br />

38


BIBLIOGRAFIA<br />

1) Ávila,G. A Hipérbole e os telescópios. Revista do Professor <strong>de</strong> <strong>Matemática</strong>,<br />

nº34, p.22-27, SBM, São Paulo, 1997.<br />

2) Ávila,G. Como tratar a circunferência a elipse e a hipérbole. Revista do<br />

Professor <strong>de</strong> <strong>Matemática</strong>, nº35, p.09-14, SBM, São Paulo, 1997.<br />

3) Valladares,R.J.C. Elipse, sorrisos e sussuros. Revista do Professor <strong>de</strong><br />

<strong>Matemática</strong>, nº 36, p.24-28, SBM, São Paulo, 1998.<br />

4) Wagner,E. Porque as antenas são parabólicas. Revista do Professor <strong>de</strong><br />

<strong>Matemática</strong>, nº 33, p.10-15, SBM, São Paulo, 1997.<br />

5) Fernan<strong>de</strong>s,A.M.V.;Rego,C.A.;Fioravante,D.P.G.;Sabatucci,J.;Barbosa,M.G.G.<br />

<strong>Matemática</strong> Cônicas, Guia do Professor e Guia do Aluno,Belo Horizonte, 1999.<br />

Sites consultados:<br />

1) http://www.soko.com.ar<br />

2) http://www.google.com.br<br />

3) http://www.wikipedia.com<br />

4) http://mathsrv.ku-eichstaett.<strong>de</strong>/MGF/homes/grothmann/java/zirkel/<br />

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