Memórias xucuru e fulni-ô da guerra do Paraguai - Nucleo de ...
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MEMÓRIAS XUKURU E FULNI-Ô DA GUERRA DO<br />
PARAGUAI*<br />
Edson Silva**<br />
Resumo: Os Xukuru <strong>do</strong> Ororubá (Pesqueira/PE) e os Fulni-<strong>ô</strong> (Águas Belas/PE), assim<br />
como outros povos indígenas no Nor<strong>de</strong>ste, expressam, em diversos relatos, as memórias<br />
<strong>da</strong> participação <strong>de</strong> seus antepassa<strong>do</strong>s na Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>. São narrativas que se<br />
tornaram fun<strong>da</strong>ntes para a afirmação e o reconhecimento <strong>de</strong> seus direitos históricos e<br />
sociais. O conhecimento e a discussão <strong>de</strong>ssas memórias, <strong>de</strong>ssas narrativas, contribuem<br />
para a compreensão <strong>da</strong> história indígena no Nor<strong>de</strong>ste contemporâneo.<br />
Palavras-chave: Xukuru <strong>do</strong> Ororubá. Filni-<strong>ô</strong>. Pernambuco. Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>. História<br />
indígena.<br />
Abstract: The Xukuru of Orurubá (Pesqueira/PE) and the Fulni-<strong>ô</strong> (Águas Belas/PE),<br />
as well as other indigenous peoples from the Northeast, express through several<br />
<strong>de</strong>scriptions the memories of the participation of their ancestors in the <strong>Paraguai</strong> War.<br />
They are narratives which became fun<strong>da</strong>mental for the affirmation and recognition of<br />
their historical and social rights. The knowledge and the discussion of those memories<br />
and of those <strong>de</strong>scriptions help to the un<strong>de</strong>rstanding of the indigenous’ history in the<br />
contemporary Northeast.<br />
Keywords: Xukuru of Ororubá. Fulni-<strong>ô</strong>. Pernambuco State. <strong>Paraguai</strong> War. Indigenous<br />
History.<br />
* As reflexões aqui <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s fazem parte <strong>de</strong> uma pesquisa mais ampla para a<br />
elaboração <strong>da</strong> nossa Tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong> em História.<br />
** Mestre em História pela UFPE. Doutoran<strong>do</strong> em História na UNICAMP. Professor<br />
<strong>de</strong> História no CENTRO DE EDUCAÇÃO/ Col. <strong>de</strong> Aplicação-UFPE. E-mail:<br />
ororuba@universia.com.br<br />
Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 3, n.2, <strong>de</strong>zembro 2005 51
1. A Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>: abor<strong>da</strong>gens recentes<br />
O conflito, que se convencionou chamar a Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong> (1865-1870),<br />
vem sen<strong>do</strong>, nos últimos anos, objeto <strong>de</strong> vários estu<strong>do</strong>s que, basea<strong>do</strong>s em amplas<br />
pesquisas <strong>do</strong>cumentais, possibilitaram novas abor<strong>da</strong>gens sobre o confronto arma<strong>do</strong><br />
que sacudiu o Cone Sul no quartel final <strong>do</strong> século XIX. Nessa perspectiva,<br />
foram supera<strong>do</strong>s os trabalhos tradicionais que enfatizaram aspectos militares, bem<br />
como as biografias <strong>de</strong> heróis oficiais <strong>da</strong> Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong> (GP). Foi <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
la<strong>do</strong> também o enfoque positivista republicano que acusava o Brasil monárquico<br />
pelo genocídio imposto ao <strong>Paraguai</strong>. Assim como foi aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> o enfoque marxista<br />
<strong>de</strong> fins <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1960, que enfatizava um suposto nacionalismo progressista<br />
paraguaio, e apontou o expansionismo <strong>do</strong> imperialismo britânico como responsável<br />
pela Guerra. O conflito passou a ser visto como regional, uma disputa<br />
entre os países envolvi<strong>do</strong>s pela hegemonia na região <strong>do</strong> Prata. 1<br />
Com os estu<strong>do</strong>s mais recentes foram evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s outros aspectos <strong>da</strong><br />
Guerra. Através <strong>do</strong>s novos enfoques, foram discuti<strong>da</strong>s as formas <strong>do</strong> recrutamento,<br />
a participação negra <strong>de</strong> escravos e libertos, <strong>de</strong> mulheres, as imagens (fotografias,<br />
pinturas e caricaturas) <strong>da</strong> <strong>guerra</strong>, etc. To<strong>da</strong>via ain<strong>da</strong> foi pouco estu<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
a dimensão <strong>da</strong> participação indígena naquele conflito, bem como as narrativas e<br />
as memórias resultante <strong>de</strong>la. Nos novos estu<strong>do</strong>s sobre a GP, as análises sobre o<br />
recrutamento são unânimes em apontarem que, no início <strong>do</strong> conflito, a perspectiva<br />
<strong>de</strong> sua curta duração, soman<strong>do</strong>-se à imagem construí<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma <strong>guerra</strong> <strong>da</strong><br />
civilização mo<strong>de</strong>rna contra a "barbárie" paraguaia indígena guarani, que <strong>de</strong>veria<br />
ser <strong>de</strong>rrota<strong>da</strong>, motivaram o alistamento <strong>de</strong> muitos para participar no front <strong>de</strong><br />
combates. Com o prolongamento <strong>da</strong> Guerra, além <strong>de</strong> manifestações <strong>de</strong> protestos<br />
em to<strong>da</strong>s as províncias <strong>do</strong> Brasil, tornou-se difícil o recrutamento <strong>de</strong> novos<br />
sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s, inclusive com a resistência <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong> Nacional.<br />
Mesmo ten<strong>do</strong> a libertação <strong>de</strong> escravos como uma primeira solução para<br />
suprir as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> combatentes, com a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> conflito, o Governo<br />
Imperial, através <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto, criou e incentivou os corpos <strong>de</strong> Voluntários<br />
<strong>da</strong> Pátria. Ain<strong>da</strong> assim, em uma fase crucial <strong>da</strong> Guerra, quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> segui<strong>da</strong>s<br />
<strong>de</strong>rrotas os alia<strong>do</strong>s partiam para batalhas ofensivas <strong>de</strong>cisivas, os entusiasmos<br />
patrióticos minguaram e os alistamentos diminuíram 2 . Nesse momento foi<br />
usa<strong>do</strong> o velho e conheci<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> recrutamento força<strong>do</strong>, que atingiu os<br />
membros <strong>do</strong> parti<strong>do</strong> opositor ao que estava no po<strong>de</strong>r em ca<strong>da</strong> província, os<br />
contrários à or<strong>de</strong>m política e social vigente, os consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>iros, perigosos,<br />
os presos e con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s por crimes, e principalmente a população pobre,<br />
os habitantes <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior, <strong>da</strong>s zonas rurais, a exemplo <strong>do</strong>s índios no<br />
Nor<strong>de</strong>ste.<br />
Para fugir <strong>da</strong>s perseguições <strong>da</strong>s forças legais, os consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como<br />
potenciais "sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s-voluntários" elaboraram diversas estratégias contra o recrutamento<br />
força<strong>do</strong>. A análise <strong>de</strong> fontes <strong>do</strong>cumentais, bem como <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong><br />
memórias indígenas sobre a GP, a respeito <strong>do</strong> recrutamento, <strong>da</strong> participação e<br />
<strong>do</strong> retorno <strong>do</strong>s sobreviventes <strong>do</strong> conflito, nos possibilita evi<strong>de</strong>nciar os significa<strong>do</strong>s<br />
<strong>da</strong>s elaborações <strong>de</strong>ssas narrativas para a história <strong>do</strong>s povos indígenas<br />
no Nor<strong>de</strong>ste.<br />
52<br />
<strong>Memórias</strong> Xukuru e Fulini-<strong>ô</strong> <strong>da</strong> <strong>guerra</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>
Ten<strong>do</strong> presente que<br />
o uso <strong>de</strong> fontes <strong>da</strong>s fontes orais não apenas permite incorporar indivíduos ou<br />
coletivi<strong>da</strong><strong>de</strong>s até agora marginaliza<strong>do</strong>s ou pouco representa<strong>do</strong>s nos <strong>do</strong>cumentos<br />
arquivísticos mas também facilita o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> atos e situações que a racionali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
um momento histórico concreto impe<strong>de</strong> que apareçam nos <strong>do</strong>cumentos escritos. Assim,<br />
portanto, as fontes orais possibilitam incorporar não apenas indivíduos à construção<br />
<strong>do</strong> discurso <strong>do</strong> historia<strong>do</strong>r, mas nos permite conhecer e compreen<strong>de</strong>r situações<br />
insuficientemente estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s até agora, (Alcazar i Garri<strong>do</strong>, 1992/1993, p. 36),<br />
Faremos uma reflexão a partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos escritos e fontes orais sobre<br />
as memórias indígenas Fulni-<strong>ô</strong> e Xukuru <strong>do</strong> Ororubá a respeito <strong>da</strong> GP.<br />
2. O recrutamento indígena<br />
Na <strong>do</strong>cumentação <strong>da</strong> Diretoria <strong>do</strong>s Índios em Pernambuco, encontramos<br />
diversos ofícios que se referem ao processo <strong>de</strong> recrutamento <strong>de</strong> índios para a<br />
GP. É clara a truculência emprega<strong>da</strong> pelos Diretores <strong>da</strong>s Al<strong>de</strong>ias no alistamento<br />
força<strong>do</strong> <strong>do</strong>s índios como Voluntários <strong>da</strong> Pátria. As justificativas são sempre a<br />
manutenções <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m e <strong>da</strong> paz nas al<strong>de</strong>ias. A exemplo <strong>da</strong> punição para acusa<strong>do</strong>s<br />
ou envolvi<strong>do</strong>s em assassinatos, como ocorreu em 1865 quan<strong>do</strong> o Diretor<br />
Parcial <strong>da</strong> Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Barreiros que informava ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Província estar<br />
envian<strong>do</strong> 10 e não 15 recrutas e que diante <strong>da</strong> recusa <strong>de</strong> índios como "voluntários",<br />
afirmava "Se V. Exª. o <strong>de</strong>terminar, man<strong>da</strong>rei recrutá-los". 3<br />
Encontramos, acompanhan<strong>do</strong> um ofício <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1865, uma relação<br />
com nomes <strong>de</strong> 82 índios "Voluntários <strong>da</strong> Pátria" <strong>da</strong> Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Cimbres, on<strong>de</strong><br />
habitam atualmente os Xukuru <strong>do</strong> Ororubá, em Pernambuco. Informa ain<strong>da</strong> o<br />
<strong>do</strong>cumento que os alista<strong>do</strong>s estavam <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> seus sol<strong>do</strong>s em consignação para<br />
suas famílias 4 . Mas o recrutamento que aparece como uma ação tranqüila, é<br />
<strong>de</strong>smascara<strong>da</strong> na leitura <strong>de</strong> um ofício <strong>do</strong> ano seguinte, envia<strong>do</strong> ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong><br />
Província pelo Diretor Geral <strong>do</strong>s Índios, com a queixa <strong>de</strong> um índio <strong>de</strong> uma<br />
numerosa família, pedin<strong>do</strong> dispensa <strong>de</strong> <strong>do</strong>is filhos seus que "forão força<strong>do</strong>s a se<br />
alistar como Voluntários <strong>da</strong> Pátria" 5 .<br />
Os al<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s em Cimbres, por diversos meios, procuraram se livrar <strong>do</strong><br />
recrutamento obrigatório. A exemplo <strong>do</strong> índio José Carneiro <strong>da</strong> Cunha, que em<br />
1865 solicitou e conseguiu <strong>de</strong> 6 mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Olho d'Água atesta<strong>do</strong>s reconheci<strong>do</strong>s<br />
em cartório, confirman<strong>do</strong> ser o seu filho Laurentino José Carneiro porta<strong>do</strong>r<br />
<strong>de</strong> g<strong>ô</strong>ta, <strong>do</strong>ença que o impedia <strong>de</strong> ser recruta<strong>do</strong>. Posteriormente, Laurentino,<br />
através <strong>de</strong> um Requerimento, pediu e recebeu <strong>do</strong> Tenente Joaquim Almei<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />
Carvalho, Diretor <strong>do</strong> Al<strong>de</strong>amento <strong>de</strong> Cimbres, um "Atesta<strong>do</strong>" também reconheci<strong>do</strong><br />
em cartório, confirman<strong>do</strong> a condição <strong>de</strong> índio <strong>do</strong> solicitante, informan<strong>do</strong><br />
ain<strong>da</strong> o <strong>do</strong>cumento que os índios não eram "sujeitos a recrutamento." 6<br />
O índio Laurentino, "a fim <strong>de</strong> pedir dispensa <strong>do</strong> serviço para o qual<br />
foi <strong>de</strong>signa<strong>do</strong>", ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> "<strong>de</strong>ti<strong>do</strong> na Vila <strong>de</strong> São Bento", dirige um requerimento<br />
outra vez ao Diretor <strong>de</strong> Cimbres, justifican<strong>do</strong> seu pedi<strong>do</strong> "por ser<br />
índio e não ser qualifica<strong>do</strong>". Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao pedi<strong>do</strong>, o Diretor, por meio <strong>de</strong><br />
Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 3, n.2, <strong>de</strong>zembro 2005 53
um "Atesta<strong>do</strong>", confirmou a residência <strong>de</strong> Laurentino na Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Cimbres,<br />
afirman<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> que ele não teria condições para compor as tropas <strong>da</strong> Província<br />
a serem envia<strong>da</strong>s à GP. 7 Possivelmente a <strong>do</strong>cumentação <strong>do</strong> índio Laurentino<br />
foi ignora<strong>da</strong> pelas autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s, e por essa a razão o seu pai, afirman<strong>do</strong> ser um<br />
agricultor sexagenário com dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalhar, enviou um requerimento<br />
ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Província, pedin<strong>do</strong> a liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> filho que era "o responsável<br />
pelo sustento <strong>da</strong> família", pois com seu recrutamento ficaria difícil para seus<br />
familiares al<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s em Cimbres sobreviver sem a sua aju<strong>da</strong>. 8<br />
O <strong>de</strong>samparo em que se encontravam em 1866 as famílias <strong>do</strong>s índios <strong>de</strong><br />
Alagoas envia<strong>do</strong>s para a GP era motivo <strong>de</strong> recusa <strong>do</strong>s novos voluntários. Informava<br />
o Diretor Geral <strong>do</strong>s Índios que escreveu aos diretores <strong>da</strong>s al<strong>de</strong>ias com uma "or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> recrutamento <strong>do</strong>s índios que estiverem ao seu alcance" 9 . Em outra correspondência<br />
ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Província, insistia o Diretor Geral na necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pagar os<br />
vencimentos às famílias, pois, sem a vantagem pecuniária, 40 índios <strong>da</strong> Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
Jacuípe que aten<strong>de</strong>ram à convocação para o recrutamento, "esfriarão to<strong>do</strong>s" 10 .<br />
As fugas para se escon<strong>de</strong>r nas matas ou <strong>de</strong>saparecimento <strong>do</strong> seu local<br />
<strong>de</strong> moradia, as <strong>de</strong>serções <strong>de</strong> tropas já forma<strong>da</strong>s, as <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças, os<br />
casamentos até com mulheres mais velhas, homens que se vestiam <strong>de</strong> mulher,<br />
os ataques <strong>de</strong> grupos arma<strong>do</strong>s às forças legais que traziam recruta<strong>do</strong>s à força<br />
para a capital, ou ataques a ca<strong>de</strong>ias <strong>do</strong> interior libertan<strong>do</strong> os presos a serem<br />
envia<strong>do</strong>s como sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s para a <strong>guerra</strong>, rebeliões, etc. foram as muitas formas<br />
<strong>de</strong> resistência ao recrutamento que ameaçaram a or<strong>de</strong>m social vigente. 11<br />
Entre os índios Xukuru <strong>do</strong> Ororubá <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Pesqueira, os Fulni-<strong>ô</strong><br />
(anteriormente conheci<strong>do</strong>s como Carnijós) <strong>de</strong> Águas Belas, ambos no interior<br />
<strong>de</strong> Pernambuco, os Xukuru-Kariri em Palmeira <strong>do</strong>s Índios e os atuais Wassu <strong>de</strong><br />
Jacuípe, em Alagoas, encontramos muitos relatos orais, memórias sobre a GP.<br />
Selecionamos aqui para a nossa discussão apenas alguns trechos <strong>de</strong>sses relatos.<br />
3. <strong>Memórias</strong> Fulni-<strong>ô</strong> sobre a GP<br />
O índio <strong>fulni</strong>-<strong>ô</strong> Elpídio <strong>de</strong> Matos, com 88 anos relatou o que ouviu <strong>do</strong>s seus<br />
antepassa<strong>do</strong>s sobre a GP: "A Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong> eu ouvia dizer que foi uma <strong>guerra</strong><br />
que era para se acabar mesmo. Foi 50 e tantos índios... tu<strong>do</strong> foi morto lá. Meu av<strong>ô</strong><br />
foi para a GP. A história era conta<strong>da</strong> pelos que voltaram. Meu av<strong>ô</strong> não voltou, morreu".<br />
Sobre o recrutamento, Elpídio em sua narrativa confirmou o que aparece na<br />
<strong>do</strong>cumentação escrita: "Os índios <strong>da</strong>qui, eles foram a pulso! Eles foram a pulso para<br />
essa tal <strong>da</strong> GP. Quem não queria ir, foi um puxão, eles foram na marra. Pegaram a<br />
pulso. E foi uma poção <strong>de</strong> gente <strong>de</strong>ssa ci<strong>da</strong><strong>de</strong> também, foi pobre e rico".<br />
Elpídio relatou outras lembranças <strong>do</strong> recrutamento força<strong>do</strong> e as resistências<br />
a ele,<br />
54<br />
Disse que tinha <strong>de</strong>les menino com 12 anos que já era uma rapaizote, vestia<br />
roupa <strong>de</strong> mulher para não ir. Porque não podiam levar mulher para a <strong>guerra</strong>!<br />
Então não era só índio, era qualquer pessoa! Disse que vestia roupa <strong>de</strong> mulher<br />
para ficar como mulher para não ir para a Guerra, para a polícia não pegar. Foi<br />
índios <strong>de</strong> outras al<strong>de</strong>ias também. Quem foi vivo nessa época foi. Aquilo ali foi<br />
para muitos pobres e só não ia o rico! Mas os pobres ia na marra! Quem correu<br />
<strong>Memórias</strong> Xukuru e Fulini-<strong>ô</strong> <strong>da</strong> <strong>guerra</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>
se escon<strong>de</strong>u no mato! Quan<strong>do</strong> eles pegavam era só índios. Pegava e amarrava,<br />
foram amarra<strong>do</strong>s encanga<strong>do</strong>s. Foi 20 e tantos índios <strong>da</strong>qui, encanga<strong>do</strong>s 12 .<br />
4. <strong>Memórias</strong> Xukuru: a bravura <strong>de</strong> Maria Coragem e <strong>do</strong>s "30 <strong>do</strong><br />
Ororubá"<br />
Sabe-se que diversas mulheres, prostitutas, esposas e seus filhos menores<br />
acompanhavam seus mari<strong>do</strong>s-sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s na GP. Mulheres que seguiam as tropas e<br />
"não tinham me<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisa alguma" e, nas frentes <strong>de</strong> batalha, ora socorriam os<br />
feri<strong>do</strong>s improvisan<strong>do</strong> ataduras com suas próprias vestes, ora combatiam ao la<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s homens. 13 O povo Xukuru <strong>do</strong> Ororubá, <strong>de</strong>ntre os vários relatos acerca <strong>da</strong><br />
Guerra, fala sobre "Maria Coragem", uma índia que se <strong>de</strong>stacou nos campos <strong>de</strong><br />
batalha, "...foi Coragem, uma mulher chama<strong>da</strong> Coragem, porque o nome <strong>de</strong>la não<br />
era coragem, chamaram <strong>de</strong>pois que ela foi para a Guerra, pela coragem <strong>de</strong>la." 14<br />
Nas narrativas <strong>do</strong>s Xukuru, são lembra<strong>do</strong>s enfaticamente "os 30 <strong>do</strong><br />
Ororubá", combatentes que se <strong>de</strong>stacaram em uma <strong>da</strong>s batalhas na GP,<br />
Eu ouvi falar assim, é uma história nossa que nós temos dizen<strong>do</strong> que os Xukuru<br />
foram para a GP brigarem. Foram 30, morreram 12, voltaram 18. Então eu ouvi<br />
falar, então foi os índios <strong>do</strong> Brejinho, não lembro nem aon<strong>de</strong> mora, nem o<br />
nome <strong>de</strong>les. Eles são <strong>da</strong> família <strong>do</strong>s Nascimento, lá na Al<strong>de</strong>ia Brejinho. E foi<br />
mais uns outros <strong>de</strong> outras al<strong>de</strong>ias Xukuru, e foi uma índia chama<strong>da</strong> Maria<br />
Coragem também.<br />
O mesmo narra<strong>do</strong>r fala sobre os chama<strong>do</strong>s bravos <strong>do</strong> Ororubá,<br />
E lá eles brigaram na Guerra... aí levaram a ban<strong>de</strong>ira... e pediram para eles irem<br />
buscar. Então, eles foram, eles já tinham passa<strong>do</strong>... e eles chegaram na beira <strong>do</strong><br />
rio, e eles já tinham atravessa<strong>do</strong> o rio, eles entraram no mato, cortaram ma<strong>de</strong>ira,<br />
cortaram cipó, fizeram um barco, foram lá, cortaram tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> facão e trouxeram<br />
a ban<strong>de</strong>ira para a Princesa Isabel. 15<br />
A respeito <strong>do</strong> relata<strong>do</strong> acima, um pesquisa<strong>do</strong>r escreveu que o fato ocorreu<br />
durante a Batalha <strong>de</strong> Tuiuti, um <strong>do</strong>s maiores embates <strong>da</strong> GP, quan<strong>do</strong><br />
o inimigo arrebatou a ban<strong>de</strong>ira <strong>do</strong> '30 <strong>de</strong> Voluntários', batalhão integra<strong>do</strong> pelos<br />
nossos índios <strong>xucuru</strong>s. O Coman<strong>da</strong>nte, Ten. Cel. Apol<strong>ô</strong>nio Peres Cavalcanti<br />
Jácome <strong>da</strong> Gama, em assomo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sapontamento, bra<strong>do</strong>u para os seus sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
(os nossos índios) que retomassem a ban<strong>de</strong>ira e pouco <strong>de</strong>pois a companhia <strong>de</strong><br />
<strong>guerra</strong> que partira no cumprimento <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m, regressava reduzi<strong>da</strong> a 10 ou 12<br />
homens trazen<strong>do</strong> o nosso pavilhão a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> quase transforma<strong>do</strong> em<br />
farrapos. 16<br />
Os Xukuru relatam também que os seus antepassa<strong>do</strong>s voltaram com con<strong>de</strong>corações<br />
<strong>da</strong> GP, "... o Irmão <strong>da</strong> Hora trouxe um terno, <strong>de</strong> reis. Digo, porque o<br />
terno eu vi. De coroa, galão e to<strong>do</strong>, porque ganhou esse prêmio Irmão <strong>da</strong> Hora,<br />
Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 3, n.2, <strong>de</strong>zembro 2005 55
Antonio Molecão e Antonio Tavarinho". 17 Em seus relatos, os Xukuru falam<br />
ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> quepes, me<strong>da</strong>lhas, espa<strong>da</strong>s, "diplomas <strong>da</strong> Guerra", roupas e outros a<strong>de</strong>reços<br />
militares, além <strong>do</strong>s "títulos <strong>de</strong> terra", trazi<strong>do</strong>s por seus antepassa<strong>do</strong>s que<br />
retornaram <strong>da</strong> GP. Autores <strong>de</strong>stacam o "heroísmo" <strong>do</strong> Cabo Zeferino <strong>da</strong> Rocha,<br />
mora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> "Sítio Goiabeira no alto <strong>da</strong> Serra" [<strong>do</strong> Ororubá], veterano <strong>da</strong> GP,<br />
membro <strong>do</strong> "Trinta <strong>de</strong> Voluntários", composto <strong>de</strong> índios xukurus, "to<strong>do</strong>s con<strong>de</strong>cora<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong>pois com me<strong>da</strong>lhas <strong>de</strong> Guerra e Bravura". 18<br />
5. A "nossa terra à custa <strong>do</strong> nosso sangue". "Nós vencemos a <strong>guerra</strong>!"<br />
Quais os significa<strong>do</strong>s que os atuais indígenas no Nor<strong>de</strong>ste dão à participação<br />
<strong>de</strong> seus antepassa<strong>do</strong>s na GP? Sabe-se que, fin<strong>da</strong> a Guerra, o Governo<br />
Imperial, como recompensa, <strong>de</strong>stinou, além <strong>de</strong> honrarias militares, lotes <strong>de</strong> terras<br />
aos ex-combatentes. Quais leituras sobre as recompensas que seus antepassa<strong>do</strong>s<br />
receberam por participarem na Guerra, fazem os índios que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o último<br />
quartel <strong>do</strong> século XIX enfrentam conflitos com tradicionais latifundiários<br />
invasores <strong>da</strong>s terras indígenas, muitos <strong>de</strong>les <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> verea<strong>do</strong>res<br />
encastela<strong>do</strong>s nas câmaras municipais que solicitavam insistentemente aos governos<br />
provinciais e ao Governo Imperial as terras <strong>do</strong>s antigos al<strong>de</strong>amentos?<br />
Os trechos <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>poimentos nos dão uma idéia <strong>de</strong>ssas leituras e<br />
seus significa<strong>do</strong>s. O <strong>fulni</strong>-<strong>ô</strong> Elpídio afirmava:<br />
56<br />
Aqui foi <strong>da</strong><strong>do</strong> com o Rei, foi o sangue que os nossos troncos <strong>de</strong>rramaram<br />
numa <strong>guerra</strong> que o Sr. tem visto falar, GP. Nisso aí morreu 20 e tantos índios<br />
já nessa Guerra. Então o Rei queria <strong>da</strong>r uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> dinheiro, muito,<br />
pelo sangue que <strong>de</strong>rramaram. Aí dizem que a Princesa Isabel que era a mulher<br />
senhora <strong>de</strong>le, <strong>de</strong>sse Rei, disse prá ele 'Não! Por dinheiro não, que o dinheiro se<br />
acaba. Agora vamos um dá um terreno prá eles'... ... ... disse que está escrevi<strong>do</strong><br />
com tinta <strong>de</strong> ouro, essa assinatura que a Princesa Isabel assinou. E <strong>de</strong> lá prá cá<br />
tomemos orgulho e graças a Deus a gente vive e eles não tomam mais não!<br />
(grifo nosso).<br />
Entre os Xukuru encontramos relatos semelhantes,<br />
Chamavam o número Trinta <strong>do</strong>s Voluntários. Chama os Trinta <strong>do</strong>s Voluntários<br />
porque foram pro <strong>Paraguai</strong>, lutaram na <strong>guerra</strong> lá venceram... mas quan<strong>do</strong> veio<br />
<strong>de</strong> volta, passaram no RJ, o rei e a rainha não tinham com que agra<strong>de</strong>cer a eles<br />
e disse: vocês faça sua divisão <strong>de</strong> terra, é patrim<strong>ô</strong>nio que eu vou assinar<br />
pra vocês (grifo nosso). 19<br />
Ou ain<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma mais explícita na fala <strong>do</strong> Vice-Cacique Xukuru,<br />
Olhe, a dádiva que <strong>da</strong> Guerra foi ofereci<strong>do</strong> dinheiro e ouro. Só que para os<br />
índios, dinheiro e ouro não eram interessantes, interessante era a terra. Aí eles<br />
disseram que ao invés <strong>de</strong> ouro eles queriam uma coisa que nunca se acabasse,<br />
que era a terra que estava na mão <strong>de</strong> algumas pessoas que não <strong>de</strong>ixavam eles<br />
<strong>Memórias</strong> Xukuru e Fulini-<strong>ô</strong> <strong>da</strong> <strong>guerra</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>
trabalhar. Então, eles queriam a terra para eles viverem, os filhos <strong>de</strong>les<br />
viverem e os filhos <strong>do</strong>s filhos <strong>de</strong>les. Isso aí foi o pagamento que eles<br />
receberam, que eles pediram. 20 (grifo nosso).<br />
Questiona<strong>do</strong> sobre qual foi a importância <strong>da</strong> participação <strong>do</strong>s seus antepassa<strong>do</strong>s<br />
na GP, o Pajé Sr. Zequinha, uma <strong>da</strong>s figuras centrais no processo <strong>de</strong><br />
reconhecimento <strong>do</strong>s marcos para o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação <strong>do</strong> território Xukuru<br />
nos anos 1990, afirmou:<br />
Foi importante porque na época aqui existia uns coronéis, uns capitães, uns<br />
tenentes. Só bastava, era o pessoal que podia comprava aquelas patentes <strong>de</strong><br />
tenente, <strong>de</strong> capitão e aí massacran<strong>do</strong> os índios. Depois que eles vieram,<br />
melhorou. Trouxeram os títulos, aí eles não pu<strong>de</strong>ram... eles tomavam a terra,<br />
eles tomavam, "aqui é meu, é meu e pronto, acabou-se 21<br />
Compreen<strong>de</strong>r o significa<strong>do</strong> <strong>da</strong>s narrativas sobre a Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong><br />
para os Xukuru é compreen<strong>de</strong>r a "história <strong>de</strong> experiências". Um <strong>de</strong>bruçar sobre<br />
essas narrativas possibilita enten<strong>de</strong>r como "pessoas ou grupos efetuaram e elaboraram<br />
experiências". (Alberti, 2004, p.25). Essas experiências foram/são<br />
marcantes porque foram intensamente vivi<strong>da</strong>s. As narrativas <strong>do</strong> povo Xukuru<br />
nos aju<strong>da</strong>m ain<strong>da</strong> a "enten<strong>de</strong>r como pessoas e grupos experimentaram o passa<strong>do</strong><br />
e tornam possível questionar interpretações generalizantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s<br />
acontecimentos e conjunturas". (I<strong>de</strong>m, 26).<br />
O pesquisa<strong>do</strong>r francês Michael Pollak, ao discutir as relações entre memória<br />
e i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> social, afirmou ser perfeitamente possível que "por meio <strong>da</strong> socialização<br />
política, ou <strong>da</strong> socialização histórica, ocorra um fen<strong>ô</strong>meno <strong>de</strong> projeção ou <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntificação com <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, tão forte que po<strong>de</strong>mos falar numa memória<br />
quase her<strong>da</strong><strong>da</strong>" (Pollak, 1992, p.2). Assim, a partir <strong>do</strong>s relatos acima, é possível<br />
enten<strong>de</strong>r <strong>da</strong>s leituras que indígenas fazem sobre a participação <strong>de</strong> seus antepassa<strong>do</strong>s<br />
na GP, <strong>de</strong>ntre outros prováveis significa<strong>do</strong>s, que eles lhes <strong>de</strong>ixaram como herança a<br />
vitória <strong>da</strong> Guerra, transmu<strong>da</strong><strong>da</strong> também em uma certeza <strong>da</strong> vitória <strong>da</strong> <strong>guerra</strong> em<br />
muitas batalhas por suas terras, pela reivindicação e reconhecimento <strong>de</strong> seus direitos<br />
históricos, que lhes garantem o futuro. Apoia<strong>do</strong>s na memória e na história que<br />
compartilham sobre o passa<strong>do</strong>, <strong>da</strong> releitura que fazem <strong>de</strong> acontecimentos que escolheram<br />
como importantes, os Xukuru (re)constroem sua i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> para afirmarem<br />
seus direitos enquanto povo indígena.<br />
Notas:<br />
1. DORATIOTO, Francisco. Maldita <strong>guerra</strong>: nova história <strong>da</strong> Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>. São<br />
Paulo, Cia. <strong>da</strong>s Letras, 2002, p.19.<br />
2 . LUCENA FILHO, Márcio. Pernambuco e a Guerra <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>: o recrutamento e os<br />
limites <strong>da</strong> or<strong>de</strong>m. Recife, UFPE, 2000, p.14 (Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> em História).<br />
3. Ofício <strong>do</strong> Diretor <strong>da</strong> Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Barreiros, em 9/4/1865. Arquivo Público Estadual <strong>de</strong><br />
Pernambuco (APE). Códice DII, volume 19, folha 86.<br />
4. Quadro com a relação <strong>do</strong>s Índios <strong>do</strong> Urubá /Voluntários <strong>da</strong> Pátria, em 2/4/1865.<br />
APE, Cód. DII, v.19, fl. 83.<br />
Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 3, n.2, <strong>de</strong>zembro 2005 57
5. Ofício <strong>do</strong> Diretor Geral <strong>do</strong>s Índios, em 21/1/1866. APE, Cód. DII, v.19, fl. 96.<br />
6. Requerimento <strong>de</strong> José Carneiro <strong>da</strong> Cunha, em Cimbres 08/10/1865, acompanha<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Atesta<strong>do</strong>s com firmas reconheci<strong>da</strong>s. APE, Petições Índios, fls.73 e 73 verso.<br />
7. Requerimento <strong>do</strong> índio Laurentino José Carneiro, em Cimbres 13/11/1865; Atesta<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> Joaquim <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong> Carvalho para Laurentino José Carneiro, em Cimbres 14/12/<br />
1865. APE, Petições Índios, fl.15.<br />
8. Requerimento <strong>do</strong> índio José Carneiro <strong>da</strong> Cunha, em Cimbres 14/12/1865, ao Presi<strong>de</strong>nte<br />
<strong>da</strong> Província <strong>de</strong> Pernambuco. APE, Petições Índios, fl.17.<br />
9. Ofício <strong>do</strong> Diretor Geral <strong>do</strong>s Índios <strong>de</strong> Alagoas a Presidência <strong>da</strong> Província, em Maceió<br />
30/08/1866. In, ANTUNES, Clóvis. Índios <strong>de</strong> Alagoas: <strong>do</strong>cumentário. Maceió, Edufal,<br />
1984, pp.140-141.<br />
10. Ofício <strong>do</strong> Diretor Geral <strong>do</strong>s Índios <strong>de</strong> Alagoas ao Presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Província, em<br />
Maceió 28/09/1866. In, ANTUNES, op. cit. p.142.<br />
11. DORATIOTO, op. cit., pp.264-265; LUCENA FILHO, op. cit., pp.97-128.<br />
12. Trechos <strong>do</strong> <strong>de</strong>poimento grava<strong>do</strong> na Al<strong>de</strong>ia Fulni-<strong>ô</strong>, em Águas Belas/PE, em 08/07/97<br />
13. CERQUEIRA, Dionísio. Reminiscências <strong>da</strong> campanha <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>, 1865-1870.<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, Biblioteca <strong>do</strong> Exército Editora, 1980, p.300.<br />
14. Pedro Rodrigues Bispo, 72 anos. Pajé Xukuru, conheci<strong>do</strong> por "Seu Zequinha". Em<br />
Pesqueira, 29/03/2002.<br />
15. João Jorge <strong>de</strong> Melo, 65 anos. Al<strong>de</strong>ia Sucupira, Terra Indígena Xukuru <strong>do</strong> Ororubá,<br />
Pesqueira, em 30/03/2002.<br />
16. MACIEL, José <strong>de</strong> Almei<strong>da</strong>. Pesqueira e o Antigo Termo <strong>de</strong> Cimbres. Recife, Centro<br />
<strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> História Municipal, 1980, p.116. (Obras completas, vol. 1).<br />
17 . Malaquias Figueira Ramos, 62 anos, Al<strong>de</strong>ia Caípe, Terra Indígena Xukuru <strong>do</strong><br />
Ororubá, 12/11/1996.<br />
18. BARBALHO, Nelson. Caboclos <strong>do</strong> Urubá: caminhos e personali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> História<br />
<strong>de</strong> Pesqueira. Recife, Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> História Municipal, 1977, p.71; WILSON,<br />
Luís. Ararobá lendária e eterna (notas para a História <strong>de</strong> Pesqueira). Pesqueira, Prefeitura<br />
Municipal <strong>de</strong> Pesqueira, 1980, p.42.<br />
19 . Trecho <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> Durval Ferreira Farias, 84 anos. Bairro Xukurus, Pesqueira,<br />
em 10/05/1997.<br />
20. José Barbosa <strong>do</strong>s Santos, 55 anos, conheci<strong>do</strong> por "Zé <strong>de</strong> Santa". Al<strong>de</strong>ia Santana,<br />
Terra Xukuru, 30/03/2002.<br />
21. Pedro Rodrigues Bispo, 72 anos. Pajé Xukuru.<br />
Rerefências:<br />
ALBRETI, Verena. Ouvir contar: textos em História Oral. Rio <strong>de</strong> Janeiro, FGV,<br />
2004.<br />
ALCAZAR I GARRIDO, Joan <strong>de</strong>l. As fontes orais na pesquisa histórica uma<br />
contribuição ao <strong>de</strong>bate. Revista Brasileira <strong>de</strong> Historia. São Paulo, vol.13, n.25/<br />
26, set. 92/ago. 93, p. 36.<br />
POLLAK, Michael. Memória e i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> social. Estu<strong>do</strong>s Históricos. Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, vol.5, n. 10, 1992, p.2.<br />
58<br />
<strong>Memórias</strong> Xukuru e Fulini-<strong>ô</strong> <strong>da</strong> <strong>guerra</strong> <strong>do</strong> <strong>Paraguai</strong>