confrarias portuguesas da época moderna - Universidade Católica ...
confrarias portuguesas da época moderna - Universidade Católica ...
confrarias portuguesas da época moderna - Universidade Católica ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
locali<strong>da</strong>des 50 . A conflituosi<strong>da</strong>de externa desencadea<strong>da</strong> pelas <strong>confrarias</strong><br />
foi sobretudo notória quando se tratava de defender os seus direitos<br />
jurisdicionais perante as autori<strong>da</strong>des religiosas, concelhias, senhoriais<br />
ou ain<strong>da</strong> perante as <strong>confrarias</strong> concorrentes. Um dos casos<br />
conhecidos diz respeito aos sucessivos confrontos <strong>da</strong> Confraria <strong>da</strong><br />
Senhora de Nazaré com o vigário <strong>da</strong> matriz <strong>da</strong> Pederneira, com os<br />
visitadores do Arcebispado de Lisboa e com o donatário dos Coutos de<br />
Santa Maria de Alcobaça, para o que obteve a colaboração <strong>da</strong> Coroa.<br />
Mas nem to<strong>da</strong>s as associações religiosas dispunham de igual<br />
capaci<strong>da</strong>de conflitual, sendo necessário, muitas vezes, recorrer à<br />
soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de de instituições com interesses afins 5I .<br />
6. AS CONFRARIAS, A IGREJA E A COROA<br />
A questão dos direitos jurisdicionais <strong>da</strong>s organizações confraternais<br />
do Antigo Regime remete-nos para o reconhecimento social do<br />
seu estatuto jurídico-institucional e para o grau de poder autonómico<br />
<strong>da</strong>s <strong>confrarias</strong>. O problema assume contornos aliciantes para a investigação<br />
se atendermos que o espaço de actuação jurisdicional destas<br />
associações, bem como as suas competências específicas, foi definido<br />
pela Igreja e pelo Estado, que chamaram a si os instrumentos legitimadores<br />
destes organismos sociais.<br />
Com efeito, a Igreja procurou legitimar e controlar a existência<br />
<strong>da</strong>s <strong>confrarias</strong>, principalmente através <strong>da</strong> confirmação dos compromissos,<br />
a que se adicionaram outros meios de controle, tais como a<br />
aprovação de contas e a supervisão nos processos eleitorais 52 . Este<br />
50 Francisco Zagallo, História <strong>da</strong> Misericórdia de Alcobaça. [Alcobaça], 1910,<br />
p. 194-203 e Pedro Penteado, «A Misericórdia <strong>da</strong> Pederneira em 1778». Voz <strong>da</strong> Na-<br />
zaré', n° 163, Novembro 1990. p. 4.<br />
51 Pedro Penteado, «A Casa de Nossa Senhora <strong>da</strong> Nazaré Face aos Conflitos<br />
Jurisdicionais de 1641-1642». Penélope. Fazer e Desfazer a História. 1993,(9/10),<br />
pp. 115-126. Um exemplo <strong>da</strong>s relações solidárias <strong>da</strong>s <strong>confrarias</strong> com as organiza-<br />
ções que faziam parte <strong>da</strong> sua vizinhança, aconteceu em 1628, quando houve ne-<br />
cessi<strong>da</strong>de de expulsar do Rocio <strong>da</strong> Ro<strong>da</strong> os frades bernardos de Alcobaça. Para o<br />
efeito, coligaram-se a Câmara alcobacense e a Irman<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Misericórdia <strong>da</strong> vila.<br />
52 Cf-, entre outros, António de Sousa Araújo, Visitações a S. Lourenço ....<br />
pp. 16, 22 e 27 (casos de fuga ao controle <strong>da</strong>s contas pelos visitadores) e Maria<br />
Fernan<strong>da</strong> Enes, As Visitas Pastorais <strong>da</strong> Matriz de São Sebastião de Ponta Delga<strong>da</strong><br />
(1674-1739). Ponta Delga<strong>da</strong>, 1986, pp. 85-86 (ordem para anular as eleições que se<br />
realizassem sem a presença do vigário).