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confrarias portuguesas da época moderna - Universidade Católica ...

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avaliar a importância destas associações no conjunto do país, tentaremos<br />

esboçar alguns traços para uma geografia do movimento confraternal.<br />

Estes servirão de ponto de parti<strong>da</strong> para suscitar um conjunto<br />

de interrogações que correspondem às actuais orientações desta problemática,<br />

como sejam os factores que estiveram na origem <strong>da</strong> criação<br />

e <strong>da</strong> adesão a estas associações, o papel <strong>da</strong> Igreja na sua estruturação,<br />

as relações concorrenciais entre a Igreja e o Estado no controle<br />

do movimento associativo dos leigos, o modo como este último<br />

se organizou internamente e os vínculos sociais estabelecidos entre<br />

os seus membros. Em suma, o nosso objectivo, nas próximas páginas,<br />

consistirá em traçar algumas <strong>da</strong>s respostas às interrogações que atrás<br />

enumerámos.<br />

1. AS CONFRARIAS COMO OBJECTO DE ESTUDO<br />

HISTORIOGRÁFICO<br />

Em 1944, Fernando <strong>da</strong> Silva Correia notava que a história <strong>da</strong>s<br />

<strong>confrarias</strong> <strong>portuguesas</strong> de devoção estava por escrever 2 . Com efeito,<br />

até essa <strong>da</strong>ta, a atenção dos investigadores incidira sobre a vertente<br />

assistencial <strong>da</strong>s <strong>confrarias</strong> e irman<strong>da</strong>des 3 ou privilegiara as relações<br />

2 Fernando <strong>da</strong> Silva Correia, Estudos Sobre a História <strong>da</strong> Assistência - Ori-<br />

gem e Formação <strong>da</strong>s Misericórdias Portuguesas. Lisboa, 1944, p. 287. A obra, <strong>da</strong><br />

autoria de um médico, surgia no contexto de uma série de investigações sobre a luta<br />

contra as doenças infecto-contagiosas no nosso país e do papel que nela tiveram os<br />

hospitais e as misericórdias.<br />

•* Usamos indistintamente as expressões confraria e irman<strong>da</strong>de para o pe-<br />

ríodo em causa, em que era frequente um idêntico procedimento por parte dos mem-<br />

bros destas associações, pelo menos até meados do século XVIII. Contudo,<br />

reconhecemos que, pouco a pouco, se tentou proceder a uma distinção com base em<br />

diferentes critérios, desde os devocionais aos jurídicos. Neste sentido, para Daniel-<br />

-Francis Laurentiaux («Culte et Confréries du Saint-Esprit aux Açores». Arquivos<br />

do Centro Cultural Português, vol. XIX, 1983, p. 105), «Confraria est un terme ec-<br />

clésiastique, intégré à la structure catholique, le terme Irman<strong>da</strong>de pourrait en<br />

indiquer L'indépen<strong>da</strong>nce». Pensamos que o autor se refere a uma associação que não<br />

foi juridicamente instituí<strong>da</strong> pelo poder eclesiástico, nem delè dependia directa-<br />

mente. Talvez dentro desta lógica possamos entender o caso <strong>da</strong> Confraria <strong>da</strong> Senhora<br />

<strong>da</strong> Lapa (Póvoa de Varzim). Em 1791, D. Maria I outorgou um novo estatuto a esta<br />

corporação de homens do mar, em substituição do que tinha sido aprovado pelo<br />

Arcebispo de Braga, em 1761. Declarando-se protectora <strong>da</strong> confraria, a Rainha lo-<br />

grou transformá-la e <strong>da</strong>r-lhe o significativo título de Irman<strong>da</strong>de de Nossa Senhora

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