16.04.2013 Views

confrarias portuguesas da época moderna - Universidade Católica ...

confrarias portuguesas da época moderna - Universidade Católica ...

confrarias portuguesas da época moderna - Universidade Católica ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>da</strong> investigação <strong>da</strong> História <strong>da</strong>s Confrarias em Portugal, na Época<br />

Moderna. Através deles constatou-se que a importância destas<br />

associações variava, entre outros factores, consoante a região ou o<br />

período histórico em análise, pelo que só com um maior número de<br />

estudos monográficos poderemos ter uma ideia mais aproxima<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

diversi<strong>da</strong>de e riqueza do movimento confraternal português. Apesar<br />

disso, e com base numa son<strong>da</strong>gem em mais de 300 irman<strong>da</strong>des de<br />

quatro áreas diferentes do país, foi possível apurar que em quase to<strong>da</strong>s<br />

as freguesias analisa<strong>da</strong>s, em meados do século XVIII, se confirmava<br />

um assinalável enquadramento paroquial de leigos através <strong>da</strong>s organizações<br />

confraternais. A maior parte delas situava-se sob a invocação<br />

de uma <strong>da</strong>s três devoções fomenta<strong>da</strong>s pela Igreja após o Concílio<br />

de Trento: Santíssimo Sacramento, Almas do Purgatório e Senhora<br />

do Rosário. Mas os responsáveis <strong>da</strong> Igreja não só promoviam o<br />

aparecimento destas formas de pie<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>s <strong>confrarias</strong> que lhes<br />

estavam associa<strong>da</strong>s, como as orientavam e procuravam controlar. Para<br />

o efeito, não hesitavam em secun<strong>da</strong>rizar antigas associações religiosas<br />

liga<strong>da</strong>s a cultos tradicionais.<br />

Na Época Moderna, as <strong>confrarias</strong> foram bastante procura<strong>da</strong>s por<br />

homens e mulheres dos mais diversos grupos sociais, por motivos de<br />

natureza espiritual e material. Entre estes últimos, contam-se a procura<br />

de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de comunitária e de protagonismo social. A importância<br />

social, política e económica que muitas destas agremiações<br />

atingiram tornaram-nas objecto <strong>da</strong> disputa do poder temporal e do<br />

poder espiritual pelo seu controle. Neste confronto, o Estado parece<br />

ter levado a melhor quando, na segun<strong>da</strong> metade do século XVIII, definiu<br />

as regras do jogo e legislou no sentido de passar para a sua alça<strong>da</strong><br />

to<strong>da</strong>s as associações religiosas que não conseguissem comprovar a<br />

sua erecção eclesiástica. Desta forma, justificou a sua crescente intervenção<br />

no âmbito <strong>da</strong>s organizações de sociabili<strong>da</strong>de confraternal e<br />

reduziu a importância <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Igreja sobre estas associações.<br />

Finalmente, entre os <strong>da</strong>dos que sintetizámos, alguns deles permitem<br />

abrir caminho para entender qual o modelo eclesial e social que<br />

estava subjacente à estrutura e funcionamento <strong>da</strong>s irman<strong>da</strong>des. Na<br />

maior parte destas «micro-socie<strong>da</strong>des», inseri<strong>da</strong>s num universo corporativista,<br />

imperavam os princípios <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> hierarquização<br />

social. À margem, entre outros, figuravam os cristãos-novos e<br />

os pobres. O discurso <strong>da</strong> fraterni<strong>da</strong>de demonstrava as suas fragili<strong>da</strong>des.<br />

A integração social tinha fronteiras.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!