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2. Breve dicionário de trabalhos agrícolas característicos dos ...

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Debulhar – Esmagar o cereal, isto é, separar do casulo os grãos <strong>dos</strong><br />

cereais, com a ajuda <strong>de</strong> algo que pise. Nas al<strong>de</strong>ias, não só nas da Freguesia<br />

<strong>de</strong> Mafra, mas no geral, antes <strong>de</strong> aparecer maquinaria a<strong>de</strong>quada a tal fim,<br />

eram os animais, principalmente os burros que, atrela<strong>dos</strong> dois a dois,<br />

andavam à volta da eira pisando o calcadoiro, isto é, a camada <strong>de</strong> cereal<br />

que estava estendida para ser <strong>de</strong>bulhada. Tarefa particularmente<br />

interessante, pois era sempre acompanhada <strong>de</strong> cantilenas ao gado, por<br />

exemplo: Otra aí otra, burrinho à volta!<br />

Desban<strong>de</strong>irar – Tirar os espigos do milho, a que se chamavam ban<strong>de</strong>iras,<br />

para que as maçarocas (espigas do milho) viessem mais fortes. Estas<br />

ban<strong>de</strong>iras eram <strong>de</strong>pois transportadas em carros <strong>de</strong> bois para a alimentação<br />

<strong>dos</strong> bovinos, tanto em ver<strong>de</strong> como <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> secas, era a chamada palha <strong>de</strong><br />

milho.<br />

Descapeirar – Tirar as pontas das faveiras para que as favas engrecessem<br />

(medrassem).<br />

Descarapelar – O mesmo que <strong>de</strong>scamisar. Tirar as carapelas das maçarocas<br />

do milho, tarefa alegre, principalmente quando aparecia uma maçaroca<br />

<strong>de</strong> milho vermelho, que obrigava aquele (ou aquela) que a encontrava a<br />

correr em volta da roda <strong>dos</strong> que se juntavam nessa tarefa, senta<strong>dos</strong> em<br />

torno da eira, e roubar-lhes um beijo. Naquele tempo os rapazes estavam<br />

sempre à procura <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas maçarocas, e as raparigas quando<br />

encontravam alguma faziam tudo por escondê-la.<br />

Ligada a essa tarefa havia outra: <strong>de</strong>sfiar carapelas que consistia em partir as<br />

ditas aos pedacinhos no sentido do seu comprimento. As carapelas eram<br />

arrumadas em sacas <strong>de</strong> linhagem (as mais branquinhas, as restantes eram<br />

para o gado). Nas noites <strong>de</strong> Inverno as donas <strong>de</strong> casa aproveitavam os<br />

serões para o <strong>de</strong>sfio. As carapelas, assim tratadas, serviam para encher<br />

colchões (nessa época não havia colchões <strong>de</strong> molas). Se, por acaso, havia<br />

noiva para casar, esta tarefa era repartida por familiares e amigas da noiva<br />

para <strong>de</strong>spachar trabalho.<br />

Descarolar – Tirar os restos, <strong>de</strong> bagos do milho, quando já maduro, <strong>dos</strong><br />

carolos ou maçarucos que, porventura, não saíram ao serem <strong>de</strong>bulha<strong>dos</strong>.<br />

O milho não se <strong>de</strong>bulhava com animais, como os outros cereais, mas com<br />

um mangual, ao qual os saloios chamavam malhal ou simplesmente com<br />

um pau.<br />

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