Debulhar – Esmagar o cereal, isto é, separar do casulo os grãos <strong>dos</strong> cereais, com a ajuda <strong>de</strong> algo que pise. Nas al<strong>de</strong>ias, não só nas da Freguesia <strong>de</strong> Mafra, mas no geral, antes <strong>de</strong> aparecer maquinaria a<strong>de</strong>quada a tal fim, eram os animais, principalmente os burros que, atrela<strong>dos</strong> dois a dois, andavam à volta da eira pisando o calcadoiro, isto é, a camada <strong>de</strong> cereal que estava estendida para ser <strong>de</strong>bulhada. Tarefa particularmente interessante, pois era sempre acompanhada <strong>de</strong> cantilenas ao gado, por exemplo: Otra aí otra, burrinho à volta! Desban<strong>de</strong>irar – Tirar os espigos do milho, a que se chamavam ban<strong>de</strong>iras, para que as maçarocas (espigas do milho) viessem mais fortes. Estas ban<strong>de</strong>iras eram <strong>de</strong>pois transportadas em carros <strong>de</strong> bois para a alimentação <strong>dos</strong> bovinos, tanto em ver<strong>de</strong> como <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> secas, era a chamada palha <strong>de</strong> milho. Descapeirar – Tirar as pontas das faveiras para que as favas engrecessem (medrassem). Descarapelar – O mesmo que <strong>de</strong>scamisar. Tirar as carapelas das maçarocas do milho, tarefa alegre, principalmente quando aparecia uma maçaroca <strong>de</strong> milho vermelho, que obrigava aquele (ou aquela) que a encontrava a correr em volta da roda <strong>dos</strong> que se juntavam nessa tarefa, senta<strong>dos</strong> em torno da eira, e roubar-lhes um beijo. Naquele tempo os rapazes estavam sempre à procura <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>ssas maçarocas, e as raparigas quando encontravam alguma faziam tudo por escondê-la. Ligada a essa tarefa havia outra: <strong>de</strong>sfiar carapelas que consistia em partir as ditas aos pedacinhos no sentido do seu comprimento. As carapelas eram arrumadas em sacas <strong>de</strong> linhagem (as mais branquinhas, as restantes eram para o gado). Nas noites <strong>de</strong> Inverno as donas <strong>de</strong> casa aproveitavam os serões para o <strong>de</strong>sfio. As carapelas, assim tratadas, serviam para encher colchões (nessa época não havia colchões <strong>de</strong> molas). Se, por acaso, havia noiva para casar, esta tarefa era repartida por familiares e amigas da noiva para <strong>de</strong>spachar trabalho. Descarolar – Tirar os restos, <strong>de</strong> bagos do milho, quando já maduro, <strong>dos</strong> carolos ou maçarucos que, porventura, não saíram ao serem <strong>de</strong>bulha<strong>dos</strong>. O milho não se <strong>de</strong>bulhava com animais, como os outros cereais, mas com um mangual, ao qual os saloios chamavam malhal ou simplesmente com um pau. 524
Descarapelada on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> ver o transporte para as maçarocas. Junto os casaleiros. Uma <strong>de</strong>scarapelada que também se chamava <strong>de</strong>scasca. Entre os saloios, poucas vezes, <strong>de</strong>sfolhada. 525