KARLA DANIELE DE SOUZA ARAÚJO GULART A ... - UFPE PPGL
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não considera a dicotomia saussureana de sistema/uso, pois toma o texto na sua enunciação,<br />
ao invés de se debruçar sobre o sistema abstrato.<br />
Analisando a conceituação de Mendonça para a Análise Linguística, percebemos<br />
mais alguns aspectos importantes na configuração dessa prática. Em primeiro lugar, trata-se<br />
de uma ‗reflexão explícita e sistemática‘, de onde podemos inferir que não basta o estudante<br />
contar com a gramática internalizada que já possui ou esperar que instintivamente ele perceba<br />
as estratégias discursivas utilizadas em determinado texto. Expor o funcionamento da<br />
linguagem através de atividades epilinguísticas – no dizer de Geraldi (1997) – faz parte da<br />
apropriação, por parte do estudante, dos recursos que lhe oferece a língua,<br />
instrumentalizando-o e tornando-o consciente das possibilidades de uso. Depois, cabe<br />
destacar que essa reflexão atinge os diversos níveis de linguagem, desde a dimensão<br />
estrutural, reforçando que não se descarta o sistema, até a textual e discursiva, o que torna a<br />
abordagem significativa para a compreensão do texto. Fica implícito que a unidade de ensino<br />
não pode ser a frase nem palavras soltas, pois só o texto visto como evento comunicativo dá<br />
condições para uma leitura dos aspectos textuais e discursivos. Não custa lembrar que uma<br />
atividade que tome o texto como sucessão de frases ou como amontoado de palavras a serem<br />
utilizadas como exemplos não atende a esse requisito, é o que chamamos de trabalho com o<br />
‗texto apenas como pretexto‘ para voltar a unidades menores e desconectadas entre si.<br />
Aproveitando a discussão sobre os aspectos formais, um ponto pertinente nessa<br />
caracterização da AL é que Mendonça não se abstém de citar a dimensão normativa como um<br />
de seus elementos constitutivos. Conhecer as convenções ortográficas, por exemplo, pode ser<br />
bastante útil quando o estudante precisar redigir um texto em uma situação mais formal, mas<br />
não será suficiente se esse conhecimento não vier acompanhado de uma competência textual e<br />
discursiva. Como fica claro na explicação de Mendonça e durante toda nossa discussão, não é<br />
o caso de negar o aspecto estrutural da língua, apenas esclarecer que no ensino de nível básico<br />
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