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relatório crítico do projecto de vida ao projecto de cuidados para ...

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3.3- CONSTRUÇÃO DE UM PROJECTO DE GRUPO<br />

A construção <strong>de</strong>ste <strong>projecto</strong> tem por base a dimensão da história Social e ocupacional <strong>do</strong><br />

indivíduo (perícias, motivações, interesses) que po<strong>de</strong>m ser postas <strong>ao</strong> serviço <strong>do</strong> grupo e é<br />

inspirada nos princípios da socioterapia (uma <strong>de</strong>rivada da psicoterapia institucional) que<br />

surgiu acerca <strong>de</strong> 30 anos na escolas geriatricas <strong>de</strong> Bel-Air e que procura <strong>de</strong>signar as acções<br />

com a re<strong>de</strong> relacional <strong>do</strong> sujeito e com a sua capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> se manter na <strong>vida</strong> social ou<br />

nela se integrar (Charazac 2004).<br />

Neste senti<strong>do</strong>, o objectivo <strong>do</strong>s grupos anima<strong>do</strong>s numa unida<strong>de</strong> pelos terapeutas<br />

ocupacionais não é o <strong>de</strong> ocupar os <strong>do</strong>entes, mas sim colocá-los em situações concretas, a<br />

fim <strong>de</strong> recriar no próprio seio da instituição uma <strong>vida</strong> social que os motive a sair da sua<br />

protecção.<br />

Esta i<strong>de</strong>ia vem <strong>ao</strong> encontro da nossa concepção comunitária <strong>de</strong> estrutura resi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que começamos a trabalhar nesta área, segun<strong>do</strong> Grinberg (1998) a “privação <strong>do</strong> papel”<br />

associa-se frequentemente com o “empobrecimento <strong>do</strong> eu”, se<strong>para</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong> seu papel como<br />

no caso da reforma ou perda <strong>do</strong> emprego, os indivíduos po<strong>de</strong>m sofrer algum tipo <strong>de</strong><br />

break<strong>do</strong>wn mental ou físico, uma regressão grave ou até a morte.<br />

Se tivermos em conta que alguns indivíduos que procuram os Lares apenas por questões <strong>de</strong><br />

solidão (aparentemente) e têm ainda gran<strong>de</strong>s aptidões que po<strong>de</strong>m por <strong>ao</strong> serviço da<br />

comunida<strong>de</strong>, outros embora com algum grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração cognitiva sentem-se úteis a<br />

ajudar, a por a mesas, a <strong>do</strong>brar as roupas. Espontaneamente vê-se indivíduos com mais<br />

capacida<strong>de</strong> físicas a ajudar outros com mais dificulda<strong>de</strong>s.<br />

Temos <strong>de</strong> salientar que os lares também são procura<strong>do</strong>s por indivíduos que apesar <strong>de</strong> não<br />

serem consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos ten<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 50/60 anos sucumbiram às crises da meia-ida<strong>de</strong><br />

talvez pelo seu historial <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental <strong>ao</strong> longo da <strong>vida</strong> ter <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> as suas marcas, estes<br />

indivíduos ce<strong>do</strong> começam a <strong>de</strong>sistir da <strong>vida</strong> e são trazi<strong>do</strong>s pelos familiares ou<br />

encaminha<strong>do</strong>s pelos hospitais psiquiátricos por não se justificar lá a sua presença.<br />

Geralmente indivíduos com <strong>de</strong>pressões profundas e <strong>de</strong>sistência da <strong>vida</strong>, mas com<br />

tratamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> (e adaptáveis <strong>ao</strong> contexto) começam a renascer no seio <strong>do</strong> próprio Lar<br />

e são uma mais-valia <strong>para</strong> toda a comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolvem um “papel” <strong>de</strong>ntro da<br />

comunida<strong>de</strong>, adquirem um <strong>projecto</strong> <strong>de</strong> <strong>vida</strong>, sublimam a <strong>de</strong>pressão pela “generosida<strong>de</strong> e<br />

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