BULLYING E HOMOFOBIA NOS CONTEXTOS DE TRABALHO: UM ...
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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDA<strong>DE</strong>S<br />
Educação, Saúde, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />
20 a 31 de Julho de 2009<br />
Salvador - BA<br />
O bullying é um fenômeno complexo e multifacetado. Envolve atos, palavras, comportamentos<br />
prejudiciais, intencionais e repetidos contra uma pessoa. Pode ser praticado de diversas maneiras e através de<br />
diferentes meios (LEYMANN, 1992). Para tanto, destaca-se, que diversas expressões têm sido<br />
utilizadas em diferentes países para designar o fenômeno não tendo sido ainda adotada uma<br />
definição internacional de consenso. Na “I Portuguese Conference in Workplace Bullying” que<br />
decorreu em Lisboa em Novembro de 2007, o problema da designação do fenômeno foi mais uma<br />
vez abordado, seguindo discussões anteriores sobre o conceito. Depois de alguma discussão e<br />
argumentação, o único consenso possível foi à aceitação de que o fenômeno tem consequências<br />
altamente negativas, quer do ponto de vista individual, organizacional e social, quer seja do ponto<br />
de vista pragmático, não importando o nome pelo qual o designamos. Qualquer que seja a<br />
designação será sempre um fenômeno que importa prevenir e combater (RAYNER, 2007).<br />
O bullying pode causar variadas consequências físicas e psíquicas aos trabalhadores, dependendo da<br />
forma de envolvimento conforme se constata nos trabalhos de Guedes (2003) e Hirigoyen (2002).<br />
Hirigoyen (2002) esclarece que não há manifestações de sintomas que sejam inteiramente psíquicos ou<br />
inteiramente somáticos. Algumas doenças se originam na realidade em que o sujeito está mergulhado ou<br />
decorrem do modo como ele lida com tal situação. Frente ao exposto, ser alvo de bullying homofóbico no<br />
trabalho pode predispor ao desenvolvimento de reações psíquicas com sintomas psicossomáticos como:<br />
enurese, taquicardia, sudorese, ansiedade, insônia, estresse e depressão, cefaléia, dor epigástrica,<br />
impulsividade, bloqueio dos pensamentos e do raciocínio, hiperatividade e abuso de substâncias químicas<br />
(LOPES, 2005) Dentre outras conseqüências como: isolamento, baixa auto-estima, chegando, em<br />
alguns casos, a ocorrer auto-mutilação e tentativa de suicídio (GUE<strong>DE</strong>S, 2003). Logo, quando os<br />
agressores, impondo-se de forma autoritária, acabam distanciando-se dos objetivos organizacionais de<br />
produção e qualidade de vida no trabalho, supervalorizando a violência como forma de obtenção de poder.<br />
Como aponta Jaques (2008) é preciso, compreender que a opressão e o bullying homofóbico<br />
sobre os homossexuais, no trabalho, está enraizada no modo como o mesmo está estruturado e<br />
organizado na sociedade contemporânea. O problema não se restringe, simplesmente, a que muitas<br />
pessoas tenham idéias erradas sobre a vivência homossexual, mas que essas idéias reflitam o modo<br />
pelo qual as relações empregatícias se organizam. Em outras palavras, estas idéias estão<br />
relacionadas à ameaça que a emancipação homossexual representa para a família enquanto base da<br />
perpetuação do capitalismo como denunciou Engels em “A Origem da Família” da Propriedade<br />
Privada e do Estado, o que significa também, que a opressão sobre gays, lésbicas, bissexuais e<br />
travestis é um resultado inevitável das relações exploratórias de trabalho.<br />
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