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BULLYING E HOMOFOBIA NOS CONTEXTOS DE TRABALHO: UM ...

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDA<strong>DE</strong>S<br />

Educação, Saúde, Movimentos Sociais, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos<br />

20 a 31 de Julho de 2009<br />

Salvador - BA<br />

brasileira, principalmente entre os homens (PARKER,1991). O homossexual é relacionado às<br />

mulheres, pois não tem garantida a virilidade heterossexual (atributo chave da masculinidade).<br />

Dessa forma, a masculinidade está pautada no rechaço das mulheres e dos homossexuais, já que os<br />

mesmos são simbolicamente semelhantes às mulheres. A heterossexualidade é mantida através de<br />

uma dupla negação, igualmente sexualizada: mulheres e homossexuais, sendo que ambos devem ser<br />

“dominados” (BARILLO, 2000).<br />

A delimitação das identidades sexuais faz parte, portanto, de um amplo processo histórico e<br />

cultural de normatização da sexualidade, ou seja, de institucionalização da heterossexualidade como<br />

a única forma "normal" de identidade sexual. Desse modo, o processo de normatização da<br />

identidade heterossexual pressupõe um processo constante de estigmatização das identidades<br />

sexuais não-hegemônicas. Em outros termos, tais identidades passam a ser consideradas como<br />

identidades que escondem uma "falha fundamental (Goffman, 1988)”.<br />

Desse modo, as identidades de gênero e as identidades sexuais, tradicionalmente, são<br />

consideradas como entidades estáticas. Mais do que isso, como assinalam Madureira e Branco<br />

(2007, p.5) são consideradas “como o que, realmente, define a "natureza essencial" de uma pessoa.<br />

Nesse sentido, coerente com tal lógica essencialista, são consideradas como marcas inscritas nos<br />

corpos, não apresentando nenhuma relação com os contextos socioculturais em que o sujeito se<br />

insere”. Ou seja, a maior parte das pessoas são levadas a acreditar, que existi uma divisão muito<br />

nítida e simples entre as identidades sexuais. Nesse sentido, haveria os "normais" (heterosssexuais)<br />

e os "anormais" (os homossexuais e os bissexuais) (Weeks apud Madureira e Branco, 2007). Mais<br />

do que isso, as identidades sexuais seriam o cerne das mais profundas verdades sobre o indivíduo.<br />

Desse modo, mais do que um diálogo entre a construção do bullying e da homofobia, o que<br />

parece ocorrer é mesmo um certo “entrelaçamento” entre esses dois conceitos. Além disso, parece<br />

possível afirmar que entre eles o que se traduz como um “problema” para os ambientes<br />

organizacionais são questões relacionadas às sexualidades, principalmente, as homossexualidades.<br />

Observa-se assim, que tanto o bullying homofóbico quanto a homofobia no trabalho, são sustentado<br />

por concepções preconceituosas e práticas discriminatórias em relação às pessoas que apresentam<br />

uma orientação distinta da heterossexualidade, apresenta tanto uma dimensão social como subjetiva<br />

(homofobia internalizada). Tanto homens como mulheres “que apresentam uma identidade sexual<br />

não-hegemônica se constituíram enquanto sujeitos em contextos socioculturais marcados, em<br />

diferentes graus, pela homofobia, por uma concepção de normalidade que exclui outras<br />

possibilidades de vivência da própria sexualidade (Madureira e Branco, 2007, p.5)”.<br />

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