A ciência de fortificação: circulação das técnicas para a ... - SBHC

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perceber como estes elementos explicados são tratados no texto anexo relativo ao ensino de como desenhar plantas de fortificação. Ensino de ciência e construção territorial A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro do século XVIII é largamente descrita e abordada na historiografia. Porém, as análises sobre os saberes da época vinculados à defesa, e como estes saberes se colocam em relação ao poder do Estado, à possibilidade de governo e à construção do território, são ainda raras. A pesquisa em desenvolvimento irá contribuir para o aprofundamento das análises no âmbito da História Social da Ciência e também trazer novas questões sobre a organização espacial da América portuguesa. O padre Soares ensina desde como fabricar as cores, identificar os locais de cada elemento na planta de fortificação, e também a sua sombra. Soares insiste nessa estrutura de desenho onde cada um destes elementos tem uma função: As plantas devem ser assombradas ficando as cores ou as aguadas mais claras para a parte onde se supõe vir a luz do que para a parte oposta onde devem ser assombradas. A luz de uma planta, sempre se supõe vir da parte esquerda, supondo o Sol levantando sobre o horizonte, e que os seus raios fazem com a base da planta, ou lado do papel um ângulo de 45° […] e sempre mais carregadas da mesma tinta aonde deve ser mais escuro por ser o lugar mais oposto a luz depois se lhe dá uma aguada de cor de sombra, que é uma espécie de tinta mineral, diminuindo-a para a parte em que se vai terminando a sombra (SOARES, 1721:218). Quanto aos desenhos de Diogo Soares, Gilberto Ferrez afirma que “estas plantas, primorosamente delineadas em planta e perspectiva, representam não somente a primeira coleção deste gênero, mas também as indicações existentes nas cartelas, nos dão, rapidamente, uma correta visão do poderio e valor das defesas do Rio.” (FERREZ, 1972:70)”. Retornando, ao padre Luiz Gonzaga, este ensina que um bom governo, por um príncipe virtuoso é aquele que adequa a arquitetura militar aos interesses do estado. Por isto também a importância de estimular esta ciência, pois, a melhor fortaleza será a que melhor defender o príncipe e seu estado. Nesse sentido, ao engenheiro cabe desenhar no melhor terreno, mesmo que este não seja o mais fácil para tal empreitada, sua destreza técnica será 10
demonstrada na adequação da planta ao melhor espaço, para a melhor defesa. Destaca-se, para demonstrar essa afirmação, que a “Planta das Fortalezas de Terra no morro de S. João da Barra do Rio de Janeiro (1730)” 7 , foi projetada em um lugar de difícil acesso, como ensinou Luiz Gonzaga, o que evidencia a comprovação da lógica do sítio com a melhor defesa em quaisquer terrenos, com adequação da planta de fortificação. Mais ainda, a questão de um estado que se utiliza da ciência para o controle do espaço. O que buscamos destacar neste trabalho foi como estes textos dedicados à Arquitetura Militar indicam como o bom governo deve assegurar a posse sobre um território e também a proteção de seu príncipe. 7 Arquivo Histórico Ultramarino, Cartografia Manuscrita do Brasil, n° 1086. 11
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