A ciência de fortificação: circulação das técnicas para a ... - SBHC
A ciência de fortificação: circulação das técnicas para a ... - SBHC
A ciência de fortificação: circulação das técnicas para a ... - SBHC
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
igual po<strong>de</strong>r, lhe é conveniente ter as fronteiras fortifica<strong>das</strong>; acrescentando se lhe<br />
também necessário uma praça no meio do estado, em que no tempo da paz<br />
recolha todos os aprestos militares, e na ocasião da guerra <strong>de</strong>la se possam com<br />
facilida<strong>de</strong> distribuir pelas outras praças (GONZAGA, 1703:14).<br />
Para o príncipe <strong>de</strong> mediana potência e com fronteiras “abertas”, a opção é uma ou<br />
duas praças fortes no meio do seu estado, porque o príncipe só <strong>de</strong>ve ter as praças que po<strong>de</strong><br />
sustentar, e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r. Pois, na fronteira não impedirão a entrada do inimigo, essas duas ou<br />
três praças, que o príncipe <strong>de</strong> mediana potência po<strong>de</strong> gerir. Gonzaga adverte ainda que<br />
A todo o príncipe é necessário ter algum, ou alguns lugares em que se possa<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r, quando for acometido; se disse é que <strong>para</strong> esta <strong>de</strong>fesa não são cômodos<br />
os lugares abertos; mas sim os fortificados: logo o príncipe ainda <strong>de</strong> mediana<br />
potência <strong>de</strong>ve ter alguns lugares fortificados (GONZAGA, 1703:15).<br />
Para a última classificação, quanto ao caráter político do príncipe – e seu estado –, o<br />
autor, além <strong>de</strong> chamar a atenção <strong>para</strong> a escolha (fortificar o interior ou a fronteira) que<br />
proporcione a melhor possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saída <strong>para</strong> o príncipe e evite que este seja refém, <strong>de</strong>ixa<br />
claro que<br />
ao príncipe <strong>de</strong> pequeno po<strong>de</strong>r, se diz não lhe ser conveniente fortificar as<br />
fronteiras, como nem o meio <strong>de</strong> seu principado; pois como supomos, não têm<br />
forças <strong>para</strong> se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r nas ditas praças; pelo que só po<strong>de</strong>rá fazer uma praça ou<br />
castelo em qualquer parte do seu domínio; no qual se recolha no tempo da guerra<br />
com o mais precioso assim seu, como <strong>de</strong> seus vassalos, esperando melhor fortuna;<br />
<strong>de</strong>ve-se porém escolher <strong>para</strong> esta praça o lugar, em que mais comodamente possa<br />
o príncipe receber os socorros, que lhe mandarem, pois no caso <strong>de</strong> sítio só neles<br />
po<strong>de</strong> ter as esperanças <strong>de</strong> não cair nas mãos dos inimigos (GONZAGA, 1703:16).<br />
Após <strong>de</strong>linear essas possibilida<strong>de</strong>s, Gonzaga se posiciona a favor da edificação nas<br />
fronteiras, <strong>de</strong>clarando que se a obrigação <strong>de</strong> um príncipe é ser zeloso com seu estado e<br />
vassalos, há <strong>de</strong> construir a <strong>de</strong>fesa nas fronteiras. Sendo “mais fácil ao inimigo cercado no<br />
Castelo, ou praça, interior do estado, que <strong>de</strong>pois lhe ter tomado tudo o que tinha, do que<br />
cercá-lo antes <strong>de</strong> entrar pelo domínio; <strong>de</strong> razão parece que é ser mais conveniente a<br />
<strong>fortificação</strong> da fronteira do que a do meio do estado, pois nesta tem, e corre o príncipe maior<br />
perigo do que naquela”. (GONZAGA, 1703:17). Com isso, a classificação do po<strong>de</strong>r dos<br />
6