A ciência de fortificação: circulação das técnicas para a ... - SBHC
A ciência de fortificação: circulação das técnicas para a ... - SBHC
A ciência de fortificação: circulação das técnicas para a ... - SBHC
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Adverte ainda que a arquitetura militar precisa ser aplicada a partir <strong>de</strong> um único conjunto <strong>de</strong><br />
regras 5 , pois estas garantem o êxito do engenheiro.<br />
A referida correlação entre <strong>ciência</strong> e po<strong>de</strong>r político esta posta por Luiz Gonzaga<br />
quando este afirma<br />
porque se entre os Heróis, aqueles enobrecem melhor, o ilustre <strong>de</strong> seu sangue, que<br />
não duvi<strong>de</strong> o <strong>de</strong>rramá-lo em conservação da pátria, e <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seus monarcas,<br />
que Ciência há, a qual melhor coopere, ou imite esta ação, a que a fama chama<br />
façanha, do que a Arquitetura Militar, pois se dão as forças <strong>de</strong> suas regras, sob o<br />
viver <strong>de</strong> seus preceitos, nos quais como em [?] correrão as Ciências largura <strong>de</strong><br />
suas erudições, [...] em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as pátrias e conservar os impérios, em que já<br />
hoje vive naturalizada em todos (GONZAGA, 1703:7).<br />
A louvável ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o estado com sangue não po<strong>de</strong> ser mais bem associada<br />
do que com a <strong>ciência</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa. Os preceitos da arquitetura militar são i<strong>de</strong>ntificados pelo<br />
autor como motivo naturalizado <strong>de</strong> conservação dos impérios. Desse modo, a <strong>ciência</strong>, o saber<br />
em estudo esta mais uma vez vinculado à manutenção dos domínios.<br />
Na explicação da conveniência da arquitetura militar, o autor do “Exame Militar”<br />
reforça a questão <strong>de</strong> que a função da <strong>ciência</strong> é manter o estado, como já fora enunciado. No<br />
momento, interessante é perceber que esta explicação é esmiuçada quando os termos estado,<br />
império e conquistas tomam fôlego no discurso <strong>de</strong> Gonzaga. Tal fato é mais uma prova <strong>de</strong><br />
que <strong>ciência</strong> e conservação do espaço não po<strong>de</strong>m ser dissocia<strong>das</strong>. Ainda mais que, é a <strong>ciência</strong><br />
que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> e conserva o império, na concepção <strong>de</strong>sse teórico, como <strong>de</strong>monstrado no trecho<br />
acima.<br />
Outro aspecto relevante <strong>para</strong> tal perspectiva é a proposta da seguinte questão: se é<br />
conveniente fortificar no interior ou nas fronteiras dos estados – já enten<strong>de</strong>ndo como útil,<br />
sem discussão a edificação da <strong>fortificação</strong>. A <strong>fortificação</strong> nas fronteiras possibilita que o<br />
monarca tenha condições <strong>de</strong> prever os danos causados pelo inimigo, permite que o príncipe<br />
evite as investi<strong>das</strong> alheias e que o adversário possua o que fazer. Já no caso <strong>das</strong> praças no<br />
meio do sítio, Gonzaga esclarece quanto às especificida<strong>de</strong>s do estado, sobre a natureza <strong>de</strong> seu<br />
po<strong>de</strong>r. Haverá diferenciação sendo o<br />
Príncipe po<strong>de</strong>roso, Príncipe <strong>de</strong> mediana potência, e Príncipe <strong>de</strong> pequeno po<strong>de</strong>r: e<br />
tratando do Príncipe po<strong>de</strong>roso; dizem que ainda que tenha por vizinho outro <strong>de</strong><br />
5 Um conjunto <strong>de</strong> <strong>técnicas</strong>, pois, o autor não nomeia métodos específicos, mas sim possibilida<strong>de</strong>s, e estas em<br />
unida<strong>de</strong>.<br />
5