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A ciência de fortificação: circulação das técnicas para a ... - SBHC

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(1721)”. O texto <strong>de</strong> Soares possui títulos e subtítulos divididos em atos, cenas e exibições,<br />

corroborando a metáfora teatral do título. Além disto, apresenta as proposições, teoremas e<br />

problemas o que <strong>de</strong>monstra uma maneira peculiar <strong>de</strong> argumentação, a qual se configura em<br />

<strong>de</strong>monstração (hipótese) e experimentação.<br />

O documento é se<strong>para</strong>do entre Ato 1° Geográfico, dividido em quatro cenas: em<br />

primeiro lugar a geografia, em segundo a matemática e a astronomia, já a terceira parte da<br />

geografia política, cultural, e dinâmica social. A última com os problemas e soluções que<br />

englobam essas três áreas <strong>de</strong> conhecimento. O que não quer dizer que no interior <strong>de</strong> cada<br />

cena os conteúdos <strong>das</strong> disciplinas não se interliguem. Portanto, em cada capítulo do<br />

manuscrito há o mergulhar em cenários instigantes relacionados à cultura científica <strong>de</strong><br />

Soares, e mesmo do ambiente intelectual setecentista do Colégio <strong>de</strong> Santo Antão em Lisboa.<br />

Por fim, o “Tratado do modo com que se <strong>de</strong>vem riscar, e iluminar com agua<strong>das</strong> as Plantas da<br />

Arquitetura Militar”, parte que aparece em anexo ao documento, nos informa sobre a prática<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar plantas <strong>de</strong> <strong>fortificação</strong>.<br />

A arquitetura militar é ensinada<br />

A partir dos elementos da arquitetura militar, os métodos, ensinados nos tratados <strong>de</strong><br />

Diogo Soares e Luiz Gonzaga <strong>para</strong> a confecção <strong>das</strong> plantas <strong>de</strong> <strong>fortificação</strong>, po<strong>de</strong>-se<br />

i<strong>de</strong>ntificar como se constituiu parte da cultura militar em Portugal no início do século XVIII,<br />

ainda mais que os autores que trabalhamos atuaram muito próximo à corte 3 . Na medida em<br />

que os documentos em análise, mesmo sendo escritos visando à formação dos intelectuais,<br />

foram elaborados no contexto da guerra <strong>de</strong> sucessão da Espanha, e da consolidação da<br />

conquista portuguesa na América, é possível perceber que a dimensão política não po<strong>de</strong> ser<br />

anulada nesse estudo.<br />

Para tanto, é importante expor os métodos que compõem a arquitetura militar e<br />

conjugá-los à construção do espaço, pois, o território é construído na relação entre <strong>ciência</strong> e<br />

governo. O historiador português Diogo Ramada Curto em seu livro “O Discurso Político em<br />

Portugal (1600-1650)” argumenta sobre a importância da <strong>de</strong>scrição do estado <strong>para</strong> o seu<br />

domínio, conhecer e dominar como características essenciais do controle político. A planta<br />

<strong>de</strong> <strong>fortificação</strong> é por nós consi<strong>de</strong>rada como parte do discurso político português uma vez que<br />

3 Gonzaga fora preceptor <strong>de</strong> D. Pedro II, e Soares enviado por D. João V à América Portuguesa com a missão <strong>de</strong><br />

produzir um Atlas <strong>de</strong> sua geografia.<br />

3

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