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sugestões de textos para subsidiar o trabalho do professor

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Contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve-se evitar, nesse rumo <strong>de</strong> pensamento, equívocos. Por exemplo, po<strong>de</strong>-se incorrer na<br />

idéia <strong>de</strong> que a existência das diversas religiões é um sinal da divisão (‘dia-bólico’) <strong>do</strong>s homens que<br />

impossibilitaria a ‘re-união’ <strong>de</strong> toda as pessoas num senti<strong>do</strong> único <strong>de</strong> existência. Pelo contrário, a<br />

diversida<strong>de</strong> não implica necessariamente divisão, fragmentação, mas, sim, que existem coisas, e<br />

muitas, no mun<strong>do</strong>.<br />

Assim, a importância da disciplina <strong>de</strong> Ensino Religioso po<strong>de</strong> ser dimensionada pela sua<br />

possibilida<strong>de</strong> educacional <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar que o conhecimento da diversida<strong>de</strong>, no caso <strong>do</strong> tema da<br />

religião, que é algo tão marcante e historicamente construí<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> marcar o contato <strong>do</strong> humano<br />

com as diversas possibilida<strong>de</strong>s humanas. Esse contato po<strong>de</strong> unir, pois é a ‘inter-ação’ <strong>de</strong>ssas<br />

possibilida<strong>de</strong>s, a ‘inter-relação’ das diversas pessoas e suas culturas que formam a socieda<strong>de</strong>.<br />

Desta feita, a interação das diversas tradições religiosas também po<strong>de</strong> ser a ‘re ligação’ das<br />

diversida<strong>de</strong>s, e além da atitu<strong>de</strong> religiosa: a cultural, social, étnica, <strong>de</strong> idéias, etc.<br />

Em suma, esse contato to<strong>do</strong> com a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve incitar os educan<strong>do</strong>s ao conhecimento da<br />

alterida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> que o contato, como o físico, o tato, une-o à coisa ‘tocada’; forman<strong>do</strong>, assim, uma<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência, mesmo que simbólica, no senti<strong>do</strong> da imagem, <strong>do</strong> imaginário.<br />

Para tanto, é preciso, ainda, <strong>de</strong>monstrar aos educan<strong>do</strong>s a fundamental diferença entre informação e<br />

saber. Não basta ter posse da informação, ela só se tornará conhecimento <strong>de</strong> ato ao se saber lidar,<br />

usar, utilizar, agir, com essa informação. Enfim, ter a informação da diversida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> suas várias<br />

nuanças, não basta, é urgente se saber lidar com a diversida<strong>de</strong>. E o conhecimento da idéia <strong>do</strong><br />

simbólico, <strong>do</strong> Sagra<strong>do</strong> que une os homens, po<strong>de</strong>rá ser o elo <strong>de</strong> ligação <strong>do</strong>s agentes da diversida<strong>de</strong>,<br />

as pessoas. Por isso, precisamente, os símbolos constituem-se em linguagens, processos <strong>de</strong><br />

aproximação e união entre os seres, que assumem diferentes aspectos, dada a sua clara função <strong>de</strong><br />

comunicar.<br />

Os símbolos não se restringem apenas às formas, mas também às cores, aos gestos, aos sons, aos<br />

cheiros, aos sabores, enfim, nas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> percepção. Cabe salientar que qualquer coisa<br />

po<strong>de</strong> funcionar como veículo <strong>de</strong> uma concepção, algo que <strong>de</strong>man<strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> comum<br />

perceptiva, ou seja, po<strong>de</strong> se tornar símbolo, como, por exemplo, uma notação matemática, uma<br />

obra <strong>de</strong> arte, enfim, coisas que comportem um conceito exprimível e compreensível por to<strong>do</strong>s.<br />

Conforme Karlson (1961), os a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong> Pitágoras, os chama<strong>do</strong>s pitagóricos, elevaram o número à<br />

categoria <strong>de</strong> divinda<strong>de</strong> e chegavam a castigar, por meio da morte, quem traísse seus segre<strong>do</strong>s.<br />

Karlson <strong>de</strong>screve que, certa vez, um matemático afirmou que somente os números inteiros foram<br />

cria<strong>do</strong>s por Deus, to<strong>do</strong> o resto era obra <strong>do</strong> diabo. O que ganha senti<strong>do</strong>, pelo que se vê pela<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> simbólico e diabólico, pelo senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> união no to<strong>do</strong> e da divisão que dispersa e faz<br />

per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> to<strong>do</strong>.<br />

Para as diferentes culturas religiosas, muitos elementos naturais foram incorpora<strong>do</strong>s enquanto<br />

símbolos, como é o caso da água. Sabe-se que, <strong>para</strong> os povos andinos, a água era consi<strong>de</strong>rada<br />

sagrada. O oceano pacífico era conheci<strong>do</strong> como a mãe-mar. Mares e rios eram ti<strong>do</strong>s como <strong>de</strong>uses<br />

na Grécia antiga; já no Brasil, no dia <strong>do</strong>is <strong>de</strong> fevereiro, acontecem as gran<strong>de</strong>s festas <strong>de</strong> Yemanjá, a<br />

rainha das águas, <strong>para</strong> o culto afro-brasileiro. Não só a água, mas também outros elementos<br />

naturais são ti<strong>do</strong>s como símbolos importantes <strong>para</strong> muitas religiões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

símbolos naturais existem aqueles construí<strong>do</strong>s pela humanida<strong>de</strong>.<br />

Porém, conforme classificação dada pela psicologia analítica <strong>de</strong> Carl Gustav Jung (1977), é preciso<br />

diferenciar o símbolo <strong>do</strong>s sinais. Os sinais apresentam significa<strong>do</strong>s fixa<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>claração, não possuem outros significa<strong>do</strong>s, não há nada encoberto, enquanto que o símbolo é<br />

enigmático e encobre uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretações. Se bem que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um grupo –<br />

po<strong>de</strong>-se dizer, uni<strong>do</strong> por um símbolo ou códigos, como uma tradição religiosa – uma interpretação<br />

é, em geral, compartilhada por to<strong>do</strong>s os componentes, segui<strong>do</strong>res, da base ou i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>sse grupo.<br />

Segue-se disso que, em contrapartida, as diferentes interpretações vêm, também em geral, <strong>de</strong> fora<br />

<strong>de</strong>sse grupo.<br />

Vê-se, portanto, que convencionalmente um sinal representa apenas um senti<strong>do</strong>, é algo fixo, rígi<strong>do</strong>,<br />

como, por exemplo, o sinal <strong>de</strong> adição em uma operação matemática; enquanto que no símbolo<br />

coexistem inúmeros senti<strong>do</strong>s, por exemplo: o preto po<strong>de</strong> ser símbolo da obscurida<strong>de</strong> das origens, o<br />

esta<strong>do</strong> inicial e não ainda manifesto,

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