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O Coelhinho da Páscoa

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http://www.catraios.pt/avo_continhos.htm<br />

O <strong>Coelhinho</strong> <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong><br />

de Emílio Carlos<br />

Era uma vez um coelhinho chamado Coelhildo, que morava na Aldeia dos Coelhos. Nessa<br />

Aldeia os coelhos trabalham o ano todo fazendo ovos de chocolate para entregar na <strong>Páscoa</strong>.<br />

Alguns coelhos fabricam o chocolate; outros fazem os ovos; outros embrulham os ovos em<br />

lindos papéis coloridos.<br />

Mas alguns – e só alguns poucos coelhos – são coelhos <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong>. Quer dizer: só alguns<br />

coelhos saem para entregar os ovos na páscoa.<br />

Tudo que Coelhildo mais queria na vi<strong>da</strong> era ser coelho <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong>. Ele sonhava com isso desde<br />

bebê, quando ain<strong>da</strong> tomava suco de cenoura na mamadeira.<br />

Mas ao invés disso Coelhildo tinha outra função – e ele não gostava na<strong>da</strong> disso. Sabem o que<br />

o Coelhildo fazia? Ele limpava as panelas de chocolate.<br />

Todo dia era a mesma coisa: esfregar-esfregar, lavar-lavar. Coelhildo sentia que aquilo não<br />

era para ele, que ele podia ser mais. Mas somente alguns – e eu disse alguns – coelhos<br />

conseguiam isso.<br />

Coelhildo sonhava e sonhava em ser um coelho <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong>. Queria sair com a cesta cheia de<br />

ovos de chocolate e entregar para as crianças. Queria ver as crianças felizes na páscoa. Por<br />

isso foi falar com Coelhaldo – o chefe <strong>da</strong> Aldeia dos Coelhos.<br />

- O que? – disse Coelhaldo muito bravo – Alguns, e eu disse somente alguns coelhos,<br />

são escolhidos.<br />

- Mas senhor: eu sei que serei um bom coelho <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong> – disse Coelhildo.<br />

Coelhaldo olhou com seus olhos vermelhos para Coelhildo. E perguntou, já mais bravo que o<br />

de costume:<br />

- E como o senhor sabe disso?<br />

Coelhildo explicou que era seu sonho desde coelhinho, que ele queria ver as crianças felizes.


- Está vendo? Está vendo? – gritou Coelhaldo – Coelhos <strong>da</strong> páscoa não podem ver e<br />

nem ser vistos! Fora <strong>da</strong>qui!<br />

- Mas Coelhaldo, quero dizer: Senhor...<br />

- FORA! – gritou Coelhaldo tão alto que Coelhildo se assustou e saiu correndo.<br />

Aquilo não parecia justo – pensava Coelhildo. Por que ele não podia ver as crianças? E por<br />

que as crianças não podiam vê-lo? Seria tão legal se ele pudesse entregar os ovos de <strong>Páscoa</strong><br />

nas mãos <strong>da</strong>s crianças e ver seus rostinhos felizes...<br />

A <strong>Páscoa</strong> se aproximava. E Coelhildo já sabia como seria: outra vez os coelhos <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong><br />

iriam entregar os ovos de chocolate – enquanto ele ficaria na faxina, na limpeza.<br />

Os coelhos <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong> já estavam se preparando. Faziam exercícios, corriam, praticavam<br />

muito para o grande dia. Foi aí que aconteceu.<br />

Na manhã do domingo de <strong>Páscoa</strong> os coelhos faziam exercícios de aquecimento.<br />

Inespera<strong>da</strong>mente Coelholdo torceu o pé. Na hora gritou “ai!” – e de tanta dor caiu no chão.<br />

Coelhildo foi socorrer – mas o machucado era sério. Man<strong>da</strong>ram chamar Coelhaldo – que<br />

apareceu muito preocupado.<br />

Logo o Doutor Coelho examinou Coelholdo com seus óculos de lentes grossas como fundos<br />

de garrafa, e disse: - Ele não vai poder an<strong>da</strong>r por uma semana.<br />

Foi um alvoroço. A <strong>Páscoa</strong> não podia começar com um coelho faltando. Dona Coelhol<strong>da</strong> –<br />

uma coelha bem velhinha – disse:<br />

- Vamos ter que cancelar a <strong>Páscoa</strong>!<br />

Mas Coelhaldo reagiu:<br />

- Na<strong>da</strong> disso! Nós nunca cancelamos a <strong>Páscoa</strong>. E não vamos começar agora. Temos que<br />

encontrar um coelho substituto.<br />

Mas quem? Os coelhos que fabricavam chocolate estavam muito cansados, assim como os<br />

coelhos que faziam os ovos e os que embrulhavam tudo. Então quem poderia ser o novo<br />

coelho <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong>? Quem? Quem?<br />

- Eu! – respondeu Coelhildo.<br />

Todos os coelhos <strong>da</strong> páscoa olharam para ele. Coelhaldo olhou para ele. Bem, na ver<strong>da</strong>de a<br />

Vila inteira olhou para ele.<br />

- Nós já falamos sobre isso antes – disse Coelhaldo.<br />

- Senhor – disse um dos coelhos de <strong>Páscoa</strong> – não podemos fazer a <strong>Páscoa</strong> faltando um<br />

coelho. Dê uma chance a ele.<br />

- Mas... – tentou dizer Coelhaldo.<br />

- Deixa, vai... – disse Coelhildo fazendo aqueles olhos tristes que só ele sabe fazer.<br />

- Bem... – titubeou Coelhaldo.<br />

E a Vila inteira disse, em coro:<br />

- Deixa! Deixa! Deixa!<br />

Então Coelhaldo respondeu:<br />

- Se é para o bem de todos, e felici<strong>da</strong>de geral <strong>da</strong> Vila, vá Coelhildo!<br />

- Êêêêêêê!!!!! – todos gritaram.<br />

Foi o tempo de Coelhildo trocar de roupa, pegar a cesta com os ovos de chocolate e chegar a<br />

reta de larga<strong>da</strong>. E então Coelhaldo disse:<br />

- Que a <strong>Páscoa</strong> comece!<br />

Mais que depressa todos os coelhos saíram correndo com suas cestas com ovos de chocolate.<br />

Coelhildo corria junto, rápido. Estava bem preparado, para o espanto de todos. É que ele<br />

treinava à noite escondido no bosque para ser coelho <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong>.<br />

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Quando Coelhildo chegou na primeira casa ele avistou uma janela aberta. Deu um salto bem<br />

grande e pulou para dentro <strong>da</strong> casa. Aí achou o quarto <strong>da</strong>s crianças. Colocou um ovo azul<br />

debaixo <strong>da</strong> cama do menino – que se chamava Michel – e um ovo cor-de-rosa debaixo <strong>da</strong><br />

cama <strong>da</strong> menina – que se chamava Carol.<br />

E já ia saindo pé-ante-pé quando deu de cara com as duas crianças que gritaram:<br />

- O coelho <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong>!<br />

Coelhildo não sabia o que fazer. Pelo código dos coelhos ele tinha que sair correndo. Mas na<br />

ver<strong>da</strong>de ele queria ficar, falar com as crianças.<br />

Coelhildo pensou por um momento. E depois respondeu:<br />

- Tá bom, eu fico. Mas só um pouco.<br />

As crianças se espantaram:<br />

- Você fala! – exclamou Carol.<br />

- Que legal! – disse Michel.<br />

E ficaram conversando e conversando. Coelhildo contou sua história. E as crianças contaram<br />

que eles sempre quiseram conhecer o coelho <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong> – mas que nunca tinham conseguido<br />

vê-lo.<br />

O tempo passou rápido e Coelhildo teve que ir embora, visitar outras casas. Mas todos os anos<br />

ele voltava na casa de Michel e de Carol para entregar os ovos e conversar um pouco com ele.<br />

Michel e Carol eram as únicas crianças do mundo que conheciam seu coelho <strong>da</strong> <strong>Páscoa</strong>. E pra<br />

dizer a ver<strong>da</strong>de Coelhildo aparece até hoje, sempre no domingo de <strong>Páscoa</strong>, sempre à mesma<br />

hora.<br />

Como eu sei disso? Bem, porque eu sou o Michel.<br />

Emílio Carlos<br />

(todos os direitos reservados)<br />

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