O Fantasminha

O Fantasminha
de Emílio Carlos
Naquela manhã de segunda-feira o fantasminha Lélo acordou atrasado.
Olhou para o relógio-fantasma ao lado de sua cama e se espantou:
- Oh Céus! Dez horas da manhã!
Todos os dias Lélo acordava às 6 horas da manhã pra ir à escola. E hoje tinha
perdido a hora. Lélo deu um pulo da cama e saiu correndo. Ao chegar na cozinha viu
sua mãe, Dona Fantasma, preparando o café da manhã:
- Mãe! Perdi a hora! Estou atrasado pra escola!
- Tudo bem, meu bem – disse Dona Fantasma sorrindo.
- Vá assistir a TV Monstro enquanto eu preparo seu café da manhã.
Lélo estranhou aquilo. A mãe nunca o deixava faltar na escola...
- Mas mãe: e a escola? – perguntou Lélo.
- Hoje não precisa ir, querido. Pode ficar em casa vendo TV enquanto eu preparo um
X-fantasma pra você.
Lélo não podia acreditar no que ouvia. Podia ficar em casa vendo TV e ainda
comendo X-fantasma em pleno café da manhã! (Normalmente ele só comia torradas
e tomava chá).
Mais do que feliz Lélo pulou no sofá da sala fantasma, pegou o controle fantasma e
ligou a TV. E começou a ver todos os desenhos que ele mais gostava, até aqueles
que não passavam mais fazia tempo.
- Olha! O super-fantasma! E depois vem o bat-fantasma! Que demais!!!
Foi bem na hora da Turma Fantasma que sua mãe disse:
- Lélo! O café está pronto!
- Ah mãe, daqui a pouco – disse Lélo de olhos grudados na telinha da TV Monstro.
- Pode comer aqui mesmo, querido! – disse Dona Fantasma trazendo uma bandeja
com um X-fantasma, batata monstro, pipoca vampiro e suco de lagosta do pântano.
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- Legal! – exclamou Lélo já atacando o X-fantasma. Era a primeira vez que a mãe o
deixava comer vendo TV.
Normalmente os desenhos acabavam na hora do almoço. Mas hoje a Bruxa –
apresentadora dos desenhos – disse sorrindo, com seus poucos dentes na boca e
sua verruga feia no nariz:
- Atenção fantasminhas e monstrinhos: hoje a TV Monstro vai apresentar desenhos o
dia inteiro!
- Uau! – gritou Lélo tão alto que a casa mal-assombrada até tremeu. – É bom demais
pra ser verdade!
Mas ele ainda não tinha visto nada. Porque logo sua mãe apareceu com uma
bandeja cheia de doces e balas pra ele ir comendo enquanto via TV. E avisou:
- Vou comprar umas coisinhas no super-Fantasma. Você quer algum brinquedo? Ah,
peça logo cinco. Você é um bom fantasminha!...
E dizendo isso Dona Fantasma deu um beijinho na cabeça do fantasminha.
Mais que depressa Lélo fez uma lista com seis brinquedos pra mãe. E já que Dona
Fantasma estava tão boazinha hoje o fantasminha arriscou:
- Mamãe: depois nós podemos comemorar o aniversário do Ossinho?
Era uma coisa que ele sempre quis, mas a mãe nunca concordou: fazer o aniversário
do cão-fantasma, com bolo e tudo.
- Mas é claro, meu filho – respondeu a mãe.
- Êêêêbaaaaaaa!!!!! – gritou o fantasminha.
Esse era o dia mais feliz de sua vida! E o fantasminha pensou:
- Aposto que se eu fechar os olhos o Papai-Fantasma aparece aqui e agora com um
álbum de figurinhas do Fantasmão de presente.
E dizendo isso fechou os olhos e apertou bem forte. Tudo era possível naquele dia
perfeito. Então ouviu a voz do Papai-Fantasma:
- Lélo. Lélo.
- Eu sabia – pensou ele. – Papai trouxe o álbum de figurinhas. E aposto que comprou
120 envelopes de figurinhas também.
O pai continuou chamando:
- Lélo. Abra os olhos meu filho.
Foi então que Lélo abriu os olhos e viu o pai, ainda de pijama.
- Eu quero, papai! Eu quero!
- Que bom, meu filho. Você nunca quer acordar e ir pra escola. Bom dia.
Lélo não entendia o que estava acontecendo. Olhou em volta e estava em seu quarto
de novo. Olhou no relógio e ele marcava 6 horas da manhã. Daí ele entendeu: foi
tudo um sonho... E ficou assim meio cabisbaixo por um tempo. Depois se levantou e
foi lavar o rosto. E olhando para o espelho disse pra si mesmo:
- Mesmo assim... vou pedir um X-Fantasma pro café da manhã. E vou pedir pra
mamãe me deixar ficar em casa vendo TV. E vou pedir também...
Emílio Carlos
(todos os direitos reservados)
Observação: História escrita em Português do Brasil
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