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A <strong>FESTA</strong> <strong>DOS</strong> <strong>MONSTROS</strong><br />
Parecia uma noite comum, dessas que a gente<br />
tem todo dia. Bruno estava entediado. Não<br />
tinha muita coisa pra fazer, e das coisas que<br />
tinha pra fazer não estava a fim de fazer coisa<br />
nenhuma.<br />
Foi até a janela olhar a rua. Noite calma de lua<br />
cheia que clareava tudo ao redor. Bruno até<br />
bocejou de tédio.<br />
Foi aí que ouviu uma risada pavorosa.<br />
Assustou-se. Olhou para a TV, mas ela estava<br />
desligada. A mãe estava na cozinha e o pai no banheiro. Olhou para a rua e viu um<br />
vulto caminhando. Ouviu a risada de novo. O vulto foi se aproximando cada vez mais<br />
pela calçada. Era uma mulher meio gordinha com um chapéu esquisito na cabeça e<br />
carregando uma vassoura na mão.<br />
Quando chegou no portão de Bruno ela deu outra risada. E ele pode ver tudo: ela<br />
era uma bruxa!<br />
Bruno se escondeu em baixo da janela e pode ouvir outra risada. Ficou na dúvida se<br />
olhava ou não olhava, o coração batendo mais forte, querendo sair pela boca. Foi<br />
então que ele ouviu:<br />
- E daí, vamos entrar agora?<br />
- Não querida. Vamos esperar os outros chegarem.<br />
Bruno não se conteve e olhou de novo. Agora eram duas bruxas, uma magra<br />
conversando com a gordinha.<br />
“Outros? Que outros?”, pensou Bruno. Nem teve que esperar muito pela resposta.<br />
Logo apareceu um homem com uma cabeça grande cheio de cicatrizes e meio verde.<br />
“Frankstein!” , pensou o Bruno apavorado. Tentou chamar a mãe, mas não<br />
conseguia falar. Tentou se arrastar até a cozinha, mas seus pés pareciam<br />
congelados.<br />
- E daí, galera! Vocês estão simplesmente horrorosas!<br />
Era um monstro com cara de peixe que dizia isso com seu macabro sorriso marítimo.<br />
“O que mais falta?” – pensou Bruno. “Um E.T.?”<br />
Mal acabou de pensar isso e apareceu um E.T. bem no seu portão com seu cérebro<br />
gosmento à mostra e escamas pelo corpo todo.<br />
“Minha nossa! É melhor não pensar mais nada!” – pensou Bruno em pânico.<br />
Logo vieram um homem-lagarto, uma aranha andando sobre duas pernas e, o pior<br />
de tudo, uma barata gigante. A conversa ficava animada lá fora, e o Bruno ficava<br />
desesperado aqui dentro.<br />
- E aí? Quem aperta a campainha? – perguntou a barata.<br />
- Espere mais um pouco que eles já vão sair – respondeu a Bruxa magra.<br />
Então era isso: uma armadilha! Os monstros queriam pegar Bruno e seus pais! Mas<br />
para que?<br />
- Eu estou com fome! – exclamou o homem-lagarto.<br />
Era isso! Ele e toda a sua família iam virar jantar de monstros.<br />
http://www.catraios.pt/avo_continhos.htm
- Não se eu puder impedir! – disse Bruno baixinho para si mesmo, recuperando a<br />
voz.<br />
Arranjou forças não se sabe onde, levantou cautelosamente e foi até a cozinha. Abriu<br />
a porta e disse:<br />
- Mãe! Tem um monte de monstros aí na porta!<br />
- Eu sei querido! – disse sua mãe sorrindo.<br />
Mas não era mais sua mãe. Era na verdade um fantasma branco e pálido como a<br />
própria morte.<br />
Bruno deu um grito de horror! E foi correndo escada acima até o banheiro.<br />
- Pai! Pai! Acode pai! A mamãe virou fantasma!<br />
- E o que é que tem? – disse o pai abrindo a porta do banheiro.<br />
Mas não era mais seu pai, e sim um vampiro com dentes enormes e sangue<br />
escorrendo pela boca. Bruno deu mais um grito e saiu correndo:<br />
- Socorro! Todo mundo virou monstro!<br />
Desceu a escada e deu de encontro com a mãe:<br />
- Agora é sua vez!<br />
Nas mãos a mãe-fantasma de Bruno trazia uma roupa esfarrapada e uma faca cheia<br />
de sangue. E disse:<br />
- Você vai ser o esfaqueado!<br />
- Nãããoooo! – gritou Bruno apavorado.<br />
Tentou subir a escada. Mas viu que o seu pai-vampiro estava descendo com um<br />
sorriso vampiresco. Pensou em fugir pela janela – mas os monstros estavam lá fora<br />
só esperando por isso.<br />
Ficou correndo de um lado para o outro até que acabou encurralado pelo paivampiro<br />
e pela mãe-fantasma num canto da sala.<br />
- É o meu fim! – disse ele.<br />
Nessa hora a campainha tocou e o pai-vampiro foi abrir. Os monstros gritaram<br />
“Surpresa” e foram todos entrando.<br />
- Onde é o jantar? – perguntou a bruxa gordinha.<br />
- Gulosa – disse Bruno inconformado.<br />
- Esperem. O Bruninho ainda não está pronto – explicou a mãe-fantasma.<br />
- E nunca estarei! – disse ele.<br />
Saiu correndo e foi dar de cara com o Frankstein, que levantou Bruno lá no alto:<br />
- Vem com o titio, vem.<br />
- Que titio o que!? – disse Bruno tentando se soltar.<br />
- Agora é sua vez, humano! – disse o E.T.<br />
Todos se juntaram em torno de Bruno e vestiram os farrapos nele. Depois jogaram<br />
um negócio parecido com sangue. E ele ainda pode ver quando vieram com a faca.<br />
- Você é o esfaqueado do ano! – gritou a Bruxa magra.<br />
Foi aí que o Bruno desmaiou.<br />
Quando acordou pensou que tinha sido um sonho ruim. E disse:<br />
- Mãe. Eu sonhei com monstros.<br />
- Sério? – respondeu a mãe-fantasma.<br />
Então ele percebeu que tudo era muito real. Todos os monstros continuavam ali. Ele<br />
estava vestido de farrapos e... tinha uma faca na cabeça.<br />
- Ah não!!! O que vocês fizeram comigooooo?<br />
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Foi então que o E.T. pôs as mãos na cabeça e... tirou a cabeça. Bruno não podia<br />
nem olhar para aquela coisa nojenta. Um E.T. com cabeça já era asqueroso. Imagine<br />
um sem.<br />
- Sou eu Bruno! O tio Oscar.<br />
- Não! Você comeu meu tio Oscar, isso sim!<br />
Um a um todos foram tirando suas máscaras e mostrando seus rostos. A mãefantasma<br />
tirou o lençol e virou mãe de novo. E acalmando Bruno perguntou:<br />
- Você se esqueceu da festa de halloween?<br />
Bruno tinha se esquecido. Daí se deu conta: a faca era de borracha e era de por na<br />
cabeça. Tinha comprado com a mãe ontem numa loja.<br />
- Ufa! – disse Bruno respirando aliviado.<br />
E foram todos pela rua jantar no clube pra depois dançar na festa.<br />
Emílio Carlos<br />
(todos os direitos reservados)<br />
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