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A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO E AS ... - SOBER

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forma efetiva na agenda de liberalização, porque os Estados Unidos e as principais nações<br />

desenvolvidas da Europa eram geralmente sujeitas a fortes lobbies protecionistas que haviam<br />

construído mecanismos elaborados de apoio à renda agrícola. Ao mesmo tempo, as<br />

principais nações em desenvolvimento estavam protegendo seu setor industrial e, portanto,<br />

não estavam interessadas em defender a liberalização para a agricultura.<br />

A tendência de queda nas restrições comerciais resultante dos declínios das tarifas foi<br />

abruptamente interrompida em meados da década de 70. As reduções negociadas de tarifas<br />

foram acompanhadas, e seu efeito diferencial no afrouxamento das restrições ao sistema<br />

mundial de comércio, seriamente comprometido pelo crescimento das barreiras não tarifárias<br />

(NTBs). Entretanto, mesmo com a expansão destas barreiras, o crescimento do comércio<br />

mundial superou ao da renda entre 1973 e 1983 (BHAGWATI, 1990).<br />

As forças protecionistas desencadeadas pelas dificuldades macroeconômicas no final<br />

de década de 70 e a recessão dos anos 80 foram reforçadas por mudanças estruturais na<br />

economia mundial. Entre os quais cita-se o crescimento das exportações do Japão e dos<br />

Tigres Asiáticos (Cingapura, Honk Kong, Coréia do Sul, Malásia e Formosa), seguido<br />

também pela menor expansão de economias latino-americanas emergentes criaram problemas<br />

para indústrias específicas dos países da OCDE, forçando-as a se ajustarem a essas<br />

mudanças. Ressalta-se que a pressão sobre a indústria dos países europeus e EUA, não são<br />

apenas nas velhas indústrias intensivas em mão-de-obra, mas também nas indústrias de alta<br />

tecnologia, principalmente às japonesas.<br />

Estas mudanças estruturais da economia mundial, principalmente realizadas em<br />

alguma medida pelo modelo de substituição de importações dos países latino-americanos ou<br />

pelos modelos “protegidos” de estímulo às exportações dos Tigres Asiáticos, levaram a<br />

sérias preocupações com o processo de desindustrialização norte-americana. Esse fenômeno<br />

da economia norte-americana BHAGWATI (1990) chamou de “síndrome do gigante<br />

diminuído”, onde o paralelo como a Inglaterra do final do século XIX é praticamente<br />

inevitável 2 .<br />

BHAGWATI (1990) cita que os fatores estruturais citados contribuíram para as<br />

pressões protecionistas dos anos 1970 até meados dos anos 1980, entretanto o autor no<br />

começou a perceber acertadamente tendências favoráveis ao comércio mais livre. Essas<br />

variáveis seriam o aumento do processo de globalização e interdependência da economia<br />

mundial, através do comércio e dos investimentos diretos. Fundamentalmente, os<br />

investimentos estrangeiros diretos (IED´s) podem mudar o jogo interno de interesses entre<br />

forças liberalizantes e protecionistas, principalmente nos países em desenvolvimento.<br />

CHESNAIS (1996), um crítico contumaz do processo de globalização da economia 3 ,<br />

argumenta que o papel de liberalização do comércio é importante, mas não aquele celebrado<br />

pelos economistas liberais. O comércio teve um papel integrador, à escala de certas partes do<br />

sistema internacional, e precisamente nos pólos da Tríade (EUA, Alemanha e Japão). Mas<br />

quando se examina a economia mundial como um todo, constata-se, ao contrário, que a<br />

liberalização levou a uma notável acentuação de sua polarização, bem como a crescente<br />

marginalização de muitos países.<br />

Por outro lado, onde o comércio liberado aparentemente teve efeito integrador, os<br />

verdadeiros agentes do processo são sobretudo as multinacionais, às quais a liberalização<br />

permitiu organizar como desejavam o trabalho de suas filiais e suas relações de terceirização.<br />

Na época das fronteiras nacionais parcialmente protegidas e dos mercados domésticos<br />

2 Segundo dados da UNCTAD (1983), citado por BHAGWATI (1990) , os EUA detinham em 1950 e 1980,<br />

respectivamente 40,3% e 21,8% do PIB mundial .<br />

3 O autor não utiliza o termo “globalização da economia”, pois acredita que o mesmo dá uma falsa impressão de<br />

inserção de todos os países processo de forma eqüitativa. Prefere utilizar o termo “mundialização do capital” do<br />

capital em suas abordagens.<br />

3

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