Guardados da Memória - Academia Brasileira de Letras
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Clóvis Beviláqua<br />
Também o povo, esse povo russo “vasto e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nado”, como ele o chamou,<br />
amava-o <strong>de</strong>lirosamente.<br />
Sua morte (13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1881) abalou e comoveu a Rússia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
Cáucaso até o Mar Branco. Seu funeral foi <strong>de</strong> uma imponência apavorante<br />
para as instituições monárquicas, ali, como em to<strong>da</strong> parte, divorcia<strong>da</strong>s hoje <strong>da</strong>s<br />
simpatias populares. Cem mil pessoas em ala pesarosa curvavam-se à passagem<br />
do féretro <strong>de</strong> quem fora outrora um forçado <strong>da</strong> Sibéria. Os padres, os estu<strong>da</strong>ntes,<br />
as socie<strong>da</strong><strong>de</strong>s literárias, os mendigos, os príncipes, os niilistas <strong>de</strong> ambos os<br />
sexos se confundiram naquela hora <strong>de</strong> luto nacional.<br />
A pátria fora para ele um culto absorvente; o povo russo não tinha igual a<br />
seus olhos; era justo que a Rússia viesse chorar ajoelha<strong>da</strong> sobre a cova <strong>da</strong>quele<br />
que fora a personificação <strong>de</strong> sua alma atribula<strong>da</strong>.<br />
Nota sobre o Autor:<br />
Clóvis Beviláqua, jurisconsulto e escritor brasileiro, nasceu em Viçosa, Ceará,a4<strong>de</strong>outubro<br />
<strong>de</strong> 1859, e faleceu no Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, em 26 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />
1944. Formou-se em Direito na Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> do Recife, on<strong>de</strong> foi lente catedrático<br />
<strong>de</strong> Legislação Compara<strong>da</strong>. Fun<strong>da</strong>dor <strong>da</strong> Ca<strong>de</strong>ira 14 <strong>da</strong> <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> <strong>Brasileira</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Letras</strong>. Escreveu: A Filosofia Positiva no Brasil (1884); Estudos <strong>de</strong> Direito e Economia<br />
Política (1886); Traços Biográficos do Desembargador José Manuel <strong>de</strong> Freitas (1888);<br />
Épocas e Individuali<strong>da</strong><strong>de</strong>s (1889); Esboços e Fragmentos (1890), Teoria Geral do Direito<br />
Civil (1890); Lições <strong>de</strong> Legislação Compara<strong>da</strong> sobre o Direito Privado (1893); Frases e<br />
Fantasias (1894); Direito <strong>de</strong> Família (1896); Juristas Filósofos (1897); Código Civil<br />
comentado, 6 vols. (Edições tira<strong>da</strong>s, separa<strong>da</strong>mente, por volume; edição completa<br />
em 1916); Direito <strong>da</strong>s Obrigações (1896); Em Defesa do Projeto <strong>de</strong> Código Civil Brasileiro<br />
(1906); Princípios Elementares <strong>de</strong> Direto Internacional Privado (1944). Era casado<br />
com Amélia <strong>de</strong> Freitas Beviláqua, também uma distinta escritora.<br />
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