Edição 55 - Revista Algomais
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Economia<br />
68 > > outubro 2010<br />
Jorge Jatobá<br />
jorgejatoba@revistaalgomais.com.br<br />
Novo Governo, velhos desafios<br />
Quando os candidatos saírem dos<br />
palanques e assumirem suas cadeiras<br />
como governantes, os espera<br />
uma realidade muito mais desafiadora<br />
do que aquela desenhada nas promessas<br />
eleitorais. A primeira dureza<br />
é que os recursos são escassos e as<br />
necessidades abundantes. Portanto,<br />
escolhas vão ter que ser feitas. Governos<br />
fazem escolhas e, como na<br />
vida, vão ter que arcar com as consequências<br />
de suas opções e de suas<br />
omissões. No caso de Pernambuco há<br />
uma nova realidade econômica que<br />
precisa ser consolidada e uma dura<br />
e antiga realidade social e educacional<br />
que precisa ser enfrentada. Neste<br />
espaço destaco quatro desafios, três<br />
antigos e um mais recente.<br />
O primeiro é educação. A educação<br />
é vitima da falta de engenhosidade,<br />
coragem e determinação de várias<br />
gerações de governantes em todos<br />
os níveis. O IBGE (2009) revela para<br />
Pernambuco a grandeza de nossa<br />
ignorância com taxas de analfabetismo,<br />
estrito e funcional, da ordem de<br />
50% para a população jovem e adulta<br />
(15 anos ou mais). Todo governante<br />
afirma solenemente que a educação<br />
é prioritária, mas termina sendo refém<br />
de corporativismos, sindicatos<br />
conservadores, falsos dilemas ideológicos,<br />
e vítima de velhos modelos organizacionais<br />
e gerenciais. Os novos<br />
governantes precisam descobrir que<br />
as nossas carências educacionais não<br />
derivam apenas da falta de recursos<br />
financeiros. Essa nem sequer se constitui<br />
na maior dificuldade.<br />
A despeito do avanço recente na<br />
política de segurança, reconhecido<br />
pelos pernambucanos, a violência<br />
ainda se constitui em enorme desafio.<br />
As estatísticas melhoraram,<br />
mas os números de crimes letais e<br />
intencionais ainda são chocantes por<br />
quaisquer parâmetros, nacionais ou<br />
internacionais. Não dá para se sentir<br />
nem seguro nem confortável, muito<br />
menos acomodado. Houve progresso<br />
na abordagem do problema e inovouse<br />
na compreensão multifacetada de<br />
suas causas, na captura e no uso das<br />
informações, na aplicação de ações<br />
de inteligência, enfim no desenho<br />
da política de segurança, sobremodo<br />
porque não se isolou esta da política<br />
social. Mas é preciso continuar e<br />
aprofundar esse trabalho.<br />
Turismo é outro grande desafio,<br />
constituindo-se em uma das vitimas<br />
econômicas da violência. Recife e<br />
Olinda têm história, arquitetura, cultura,<br />
e patrimônio artístico, religioso<br />
e natural. Por que essas cidades não<br />
atraem tantos turistas, nacionais e<br />
internacionais, quanto Fortaleza,<br />
por exemplo? Mas como os outros<br />
desafios, o da indústria do turismo<br />
também é multifacetado exigindo<br />
profissionalização da gerência do<br />
aparelho estatal, eliminação de restrições<br />
à entrada de novos empre-<br />
endedores no mercado local, melhor<br />
logística dos transportes e da rede de<br />
hotelaria, mão de obra qualificada e<br />
um agressivo marketing no contexto<br />
do trade turístico global. Não vale colocar<br />
a culpa pelo fracasso do turismo<br />
local nos tubarões.<br />
Finalmente, mas sem colocá-la<br />
por último em ordem de importância,<br />
ressalto a necessidade de consolidar<br />
a nova industrialização de Pernambuco<br />
que encontra em Suape seu<br />
polo estratégico. Está surgindo uma<br />
indústria com uma nova estrutura,<br />
tecnologia e formas de gestão, projetando<br />
um cenário próspero para a<br />
economia pernambucana. O desafio<br />
consiste em transformar progresso<br />
econômico em progresso social. Para<br />
isso é preciso internalizar os efeitos da<br />
presença dessa indústria emergente,<br />
consolidando as cadeias produtivas<br />
que possam criar mais empregos e<br />
fornecedores locais.<br />
O Complexo Industrial-Portuário<br />
de Suape- emblemático dessa nova<br />
economia- é um dos poucos e bem<br />
sucedidos projetos de desenvolvimento<br />
onde se reconhece o trabalho<br />
cumulativo e dedicação sucessiva<br />
dos governantes do Estado, desde<br />
Eraldo Gueiros. Como tal deve se<br />
tornar também em um ícone que<br />
compromisse os novos e futuros<br />
governantes com o progresso econômico<br />
e social de todos os pernambucanos.