RAFAELA MAIA GOMES - UCDB
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Teremos que nos indagar o que se entende por “indígena” no<br />
momento atual, um termo que parece estar intimamente vinculado<br />
com a idéia de “tradição”. Será que só pode ser considerado<br />
“indígena” ou “índio” quem estiver comprometido com a manutenção<br />
das tradições culturais de seu povo? Em resposta, queremos<br />
estabelecer desde o princípio de que tradição e modernidade não<br />
são realidades incompatíveis, nem conceitos que se eliminam<br />
mutuamente.<br />
Nesse sentido, ser ou não ser indígena está intimamente relacionado à<br />
manutenção e a transmissão de valores culturais. Busca-se embasar a afirmação de<br />
Melatti (1982, p. 32), ao destacar que:<br />
A palavra índio traz em si uma inconsistência, pois nenhuma relação<br />
pode ser feita entre a origem desses povos e os povos de origem no<br />
continente indiano, além de ser um termo redutor da diversidade,<br />
pois os povos indígenas apresentam-se diferenciados entre si nos<br />
aspectos biológicos, lingüísticos e culturais.<br />
Sendo assim, o simples fato de uma sociedade existir, a cultura é imposta<br />
com experiências atuais e inovadoras da modernidade, todavia as tradições e<br />
memórias não são eliminadas pela consciência étnica herdada através da história de<br />
um povo.<br />
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde é um<br />
estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não a ausência de uma<br />
doença ou enfermidade. No entanto, esse conceito tem sido contínuo a contextos<br />
culturais.<br />
Mota (2003, p. 02) observa que:<br />
Uma das características encontradas na maioria das práticas<br />
médicas tradicionais indígenas são os chamados rituais de cura,<br />
momentos em que os provedores tradicionais de saúde - pajés,<br />
rezadeiras, curandeiros - utilizam um conhecimento anterior à<br />
inclusão da modernidade em seu meio, manipulando plantas,<br />
animais e instrumentos que os ajudam no processo de<br />
restabelecimento do bem-estar do paciente e que transforma a<br />
experiência da doença em algo compreensível pelo doente. Ao<br />
experimentar a doença no contexto tradicional, isto é, ao<br />
compreender a doença de acordo com os postulados antigos, o<br />
mesmo doente percebe a cura também da mesma forma, sem, no<br />
entanto, deixar de optar pelas medidas profiláticas da medicina<br />
moderna. Quanto ao trabalho do curador tradicional, ambos<br />
compartilham, com a comunidade inteira, de uma visão da doença<br />
que admite e aceita a cura pelos métodos tradicionais.