1 LES FLEURS DU MAL NO BRASIL FLANANDO PELA ... - Unesp
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ANAIS DO X SEL – SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />
em geral ou francesa, como Ary de Mesquita, Mauro Mendes Villela e Cláudio Veiga.<br />
As teorias tradutórias passam a ser reconhecidas e alguns tradutores dispõem-se a<br />
discuti-las lançando mão de exercícios tradutórios, no intuito de dar substância a seus<br />
argumentos. Entre esses estariam os poetas José Paulo Paes, Lawrence Flores Pereira, Ivo<br />
Barroso e José Lino Grünewald, todos excelentes tradutores e respeitáveis críticos e teóricos de<br />
literatura.<br />
Contudo, dois poetas de pura estirpe, que traduziram poemas de Les Fleurs du Mal<br />
nesse período, merecem atenção especial: Dante Milano e Ana Cristina César, ao mesmo tempo<br />
muito parecidos e muito diferentes. Parecidos porque eram ambos entusiastas da tradução e<br />
percorreram diversos textos originais, sempre refletindo sua prática tradutória dentro da sua<br />
produção original. Ele, traduzindo Dante Alighieri e Mallarmé; ela, Emily Dickinson e Sylvia Plath.<br />
Diferentes, contudo: o primeiro, mais conservador, tendo traduzido um número significativo de<br />
poemas – trinta e quatro – pode ser considerado um dos melhores tradutores dos versos de<br />
Baudelaire; e a segunda, completamente marginal, apesar de ter traduzido apenas um poema,<br />
ela o fez de maneira excepcional, promovendo um profundo diálogo com a obra estrangeira<br />
neste momento único. Ambos são expoentes significativos, tanto da permanência da obra de<br />
Baudelaire entre nós, quanto da melhor qualidade de expressão da literatura brasileira.<br />
Algumas considerações<br />
É possível afirmar com alguma tranqüilidade que nenhuma literatura nacional pode<br />
escapar da influência das literaturas estrangeiras, em qualquer época, quaisquer que elas<br />
fossem, e a literatura brasileira certamente não foge a esta regra. Visto isso, é notório o fato de<br />
que, dentro da prática habitual da produção poética contemporânea (que seja desde a década<br />
de 1950), o exercício da tradução ainda tem um lugar privilegiado e significativo na reflexão,<br />
orientação e formação do poeta brasileiro.<br />
Ao longo deste trabalho, considerei que as abordagens e os projetos tradutorórios<br />
aplicados à poesia de Baudelaire encontravam-se, ao mesmo tempo, em um momento de<br />
desgaste e de renovação, em um movimento que continua sendo primordial para a evolução da<br />
arte literária. Observando históricamente e simultaneamente as diversas manifestações<br />
tradutórias de um texto literário é possível ampliar sobremaneira as possibilidades de<br />
interpretação desse texto, descartando a idéia de superação e de apagamento que cada nova<br />
tradução possa sucitar.<br />
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