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1 LES FLEURS DU MAL NO BRASIL FLANANDO PELA ... - Unesp

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ANAIS DO X SEL – SEMINÁRIO DE ESTUDOS LITERÁRIOS: “Cultura e Representação”<br />

significância, semelhante ou equivalente à primeira. Pode-se tomar a tradução como formadora<br />

ideológica no mesmo sentido que a própria produção na língua fonte, admitindo a idéia de que a<br />

partir dela também se constrói uma nova cultura. Penso, juntamente com Rosemary Arrojo<br />

(1993, p. 55), que:<br />

O significado de um texto somente se delineia, e se cria, a partir de um ato de<br />

interpretação, sempre provisória e temporariamente, com base na ideologia, nos padrões<br />

estéticos, éticos e morais, nas circunstâncias históricas e na psicologia que constituem a<br />

comunidade sociocultural em que é lido. O que vemos num texto é exatamente o que nossa<br />

‘comunidade interpretativa’ nos permite ler naquilo que lemos, mesmo que tenhamos como<br />

único objetivo o resgate dos seus significados supostamente ‘originais’, mesmo que<br />

tenhamos como único objetivo não nos misturarmos ao que lemos.<br />

O resultado da influência do livro francês na literatura brasileira pode ser observado<br />

através das traduções, parecendo, até aqui, no mínimo intrigante: foram apenas três poetas que<br />

traduziram integralmente o livro, e mais cinqüenta e oito, que o fizeram parcialmente, perfazendo<br />

uma escolha significativa, na qual procuro então interpretar qual é e como foi a influência que<br />

esse livro despertou em nossa cultura e, principalmente, qual foi a leitura que os brasileiros<br />

fizeram de tal livro francês.<br />

Dentro da pesquisa histórica, buscando ampliar os horizontes além da disposição do<br />

plano meramente cronológico, optei em acompanhar a linha de pensamento da corrente alemã<br />

da estética da recepção, partindo da afirmação feita pelo crítico Felix Vodicka: “a repercussão de<br />

uma obra literária é uma conseqüência de sua concretização” (LIMA, 1979, p. 237). Acredito,<br />

portanto, que as traduções nada mais são do que uma forma diferenciada de concretização,<br />

assim como a escrita da história ou a própria crítica, que modifica e propõe uma nova<br />

concretização.<br />

Tendo em vista que a tradução é uma forma privilegiada de concretização da obra<br />

literária, concordo com o autor alemão quando ele atribui à história da literatura a tarefa de<br />

“acompanhar essas mudanças da concretização na repercussão das obras literárias, bem como<br />

as relações existentes entre a estrutura da obra e a norma literária em desenvolvimento.” (LIMA,<br />

1979, p. 254) Acompanhando as diversas traduções de um texto ao longo de uma história da<br />

literatura, pode-se observar que essa repercussão sempre está delimitada pelo momento literário<br />

de quem a realiza.<br />

Felix Vodicka considera a obra literária e a própria literatura “como um signo estético<br />

dirigido aos leitores” e sua repercussão está ligada a uma avaliação “estreitamente ligada à<br />

percepção estética”, pressupondo, portanto, “critérios de julgamento que, entretanto, não são<br />

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