18.04.2013 Views

a leitura do texto literário ea busca da identidade: leitores na ... - UEM

a leitura do texto literário ea busca da identidade: leitores na ... - UEM

a leitura do texto literário ea busca da identidade: leitores na ... - UEM

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A LEITURA DO TEXTO LITERÁRIO E A BUSCA DA IDENTIDADE:<br />

LEITORES NA PRISÃO<br />

Camila de Souza FERNANDES (PG- <strong>UEM</strong>)<br />

Alice Áur<strong>ea</strong> Pent<strong>ea</strong><strong>do</strong> MARTHA (<strong>UEM</strong>)<br />

REFERÊNCIA:<br />

FERNANDES, Camila de Souza; MARTHA, Alice<br />

Áur<strong>ea</strong> Pent<strong>ea</strong><strong>do</strong>. A <strong>leitura</strong> <strong>do</strong> <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> e a <strong>busca</strong><br />

<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de: <strong>leitores</strong> <strong>na</strong> prisão. In: CELLI –<br />

COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E<br />

LITERÁRIOS. 3, 2007, Maringá. A<strong>na</strong>is... Maringá,<br />

2009, p. 205-212.<br />

INTRODUÇÃO<br />

ISBN: 978-85-99680-05-6<br />

Este artigo recorta resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> projeto de pesquisa Literatura, <strong>leitura</strong> e escrita:<br />

a ressignificação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de de indivíduos em situação de exclusão social,<br />

desenvolvi<strong>do</strong> pelo Grupo de Estu<strong>do</strong>s CELLE - Centro de Estu<strong>do</strong>s de Literatura, Leitura<br />

e Escrita: história e ensino, <strong>da</strong> <strong>UEM</strong>, <strong>na</strong> Penitenciária Estadual de Maringá, que tem<br />

por objetivo que os detentos <strong>da</strong> penitenciária possam compreender suas emoções e<br />

sentimentos mais pessoais, a partir <strong>da</strong> <strong>leitura</strong> <strong>do</strong> <strong>texto</strong> <strong>literário</strong>, reconhecen<strong>do</strong>-se como<br />

seres no mun<strong>do</strong>. Para a r<strong>ea</strong>lização <strong>da</strong> proposta, foram planeja<strong>da</strong>s e ofereci<strong>da</strong>s Ofici<strong>na</strong>s<br />

de Leitura e Produção de Textos aos presidiários, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>s em Teorias <strong>da</strong><br />

recepção e, principalmente, <strong>na</strong> proposta meto<strong>do</strong>lógica de Hans Kügler, para quem<br />

compreender um <strong>texto</strong> significa apreender junto, perceber-se a si mesmo. Para r<strong>ea</strong>lizar<br />

as ativi<strong>da</strong>des previstas pelas ofici<strong>na</strong>s, foram organiza<strong>da</strong>s antologias de <strong>texto</strong>s verbais e<br />

não-verbais, sobretu<strong>do</strong> <strong>literário</strong>s, agrupa<strong>do</strong>s por eixos temáticos, que foram trabalha<strong>do</strong>s<br />

<strong>na</strong>s aulas, ministra<strong>da</strong>s <strong>na</strong> própria instituição corretiva. A análise <strong>da</strong>s produções iniciais<br />

(feitas pelos detentos) e <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s ofici<strong>na</strong>s são fontes para este artigo.<br />

O entendimento <strong>da</strong> literatura como fator de equilíbrio psíquico e social, segun<strong>do</strong><br />

as concepções de Candi<strong>do</strong> (1972) mostrou que é preciso pensar formas de estabelecer<br />

relações satisfatórias e prazerosas entre <strong>leitores</strong> que se encontram em situação de<br />

exclusão social e o <strong>texto</strong> <strong>literário</strong>, de mo<strong>do</strong> que tais indivíduos possam satisfazer suas<br />

necessi<strong>da</strong>des de ficção e fantasia, de formação, reconhecen<strong>do</strong>-se como seres humanos<br />

no mun<strong>do</strong> em que são lança<strong>do</strong>s.<br />

Apresentamos, neste <strong>texto</strong>, resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s <strong>leitura</strong>s propostas para a 2ª Ofici<strong>na</strong>,<br />

r<strong>ea</strong>liza<strong>da</strong> nos últimos meses de 2006 e que tinha como eixo temático a juventude. A<br />

205


análise <strong>da</strong> produção de <strong>leitura</strong> <strong>do</strong>s detentos será feita a partir de <strong>texto</strong>s, tanto poesias<br />

como <strong>na</strong>rrativas, produzi<strong>do</strong>s por esses <strong>leitores</strong> em situação de exclusão social.<br />

A PESQUISA<br />

O início <strong>da</strong> pesquisa r<strong>ea</strong>liza<strong>da</strong> junto à Penitenciária Estadual de Maringá <strong>da</strong>ta de<br />

agosto de 2006. Na primeira coletân<strong>ea</strong>, foram trabalha<strong>do</strong>s <strong>texto</strong>s que versavam sobre a<br />

infância. Os <strong>texto</strong>s trabalha<strong>do</strong>s foram Menino Grapiú<strong>na</strong>, de Jorge Ama<strong>do</strong>, Infância, de<br />

Carlos Drummond de Andrade, Meus oito anos, de Oswald de Andrade, Criança, de<br />

Cecília Meireles, O herói, de Domingos Pellegrini, Minsk, de Graciliano Ramos e<br />

Biruta, de Lygia Fagundes Telles.<br />

Após a <strong>leitura</strong>, a discussão e a elaboração de comentários sobre os <strong>texto</strong>s<br />

cita<strong>do</strong>s, passamos para a segun<strong>da</strong> coletân<strong>ea</strong>, que contém os seguintes poemas: Soneto<br />

fideli<strong>da</strong>de, Soneto de separação, Soneto <strong>do</strong> amor total, to<strong>do</strong>s de Vinicius de Moraes,<br />

Lira V – Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, Amar, Eu e Ambiciosa, de<br />

Florbela Espanca. Além disso, a coletân<strong>ea</strong> contou com as <strong>na</strong>rrativas Peru de Natal, de<br />

Mário de Andrade, Da importância <strong>do</strong> diploma, de Mario Prata, Vinte anos!Vinte anos,<br />

de Macha<strong>do</strong> de Assis, Venha ver o por <strong>do</strong> sol, de Lygia Fagundes Telles, Paulino e<br />

Roberto, de Artur Azeve<strong>do</strong>, Bolo <strong>na</strong> Garganta, de João Antônio e Quase Doutor, de<br />

Afonso Henrique de Lima Barreto. A temática comum aos três <strong>texto</strong>s é a juventude, os<br />

problemas e alegrias relativas a essa etapa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O mesmo procedimento r<strong>ea</strong>liza<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

primeira coletân<strong>ea</strong> foi feito nesta etapa, a partir <strong>da</strong> meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r alemão<br />

Hans Kügler, uma vez que Kügler considera a interação entre leitor e <strong>texto</strong> essencial<br />

para que haja a compreensão textual.<br />

HANS KÜGLER: UMA PROPOSTA METOTODOLÓGICA PARA A LEITURA<br />

DO TEXTO LITERÁRIO<br />

Como já é sabi<strong>do</strong>, são muitas as teorias e méto<strong>do</strong>s que tratam <strong>do</strong> processo de<br />

<strong>leitura</strong>, especialmente, <strong>da</strong> <strong>leitura</strong> <strong>do</strong> <strong>texto</strong> <strong>literário</strong>. Dessa maneira, o presente trabalho<br />

baseia-se <strong>na</strong> proposta de <strong>leitura</strong> de Hans Kügler, no <strong>texto</strong> Níveis de Recepção Literária<br />

no Ensino, para quem o processo de <strong>leitura</strong> apresenta três níveis: Leitura primária,<br />

Constituição coletiva <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> e Mo<strong>do</strong>s secundários de ler.<br />

Para Kügler, o ensino <strong>da</strong> literatura não se resume ao transporte <strong>da</strong> mensagem<br />

para o emissor através <strong>do</strong> <strong>texto</strong>, uma vez que a literatura é trata<strong>da</strong> como um meio de<br />

comunicação. Desta forma, a <strong>leitura</strong> <strong>do</strong> <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> está centra<strong>da</strong> <strong>na</strong> interação que se<br />

dá entre o leitor e o <strong>texto</strong> para que haja a compreensão. Assim:<br />

Compreender um <strong>texto</strong> significa ao mesmo tempo perso<strong>na</strong>lizá-lo. A<br />

aludi<strong>da</strong> relação entre o compreender e a perso<strong>na</strong>lização <strong>do</strong> <strong>texto</strong>, <strong>na</strong><br />

recepção, fica clara se entender que o compreender constitui-se, antes<br />

de tu<strong>do</strong>, pelo fato de que o sujeito que compreende percebe,<br />

juntamente com o objeto <strong>da</strong> percepção, a si próprio. (Kügler, 1987,p,<br />

35)<br />

Como podemos perceber, a <strong>leitura</strong> não é vista como uma mera decodificação<br />

<strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s presentes no <strong>texto</strong>, e sim como articulação de autoconhecimento. O leitor não<br />

se coloca à parte durante a <strong>leitura</strong>; ao contrário, é trata<strong>do</strong> como uma pessoa no momento<br />

<strong>da</strong> recepção <strong>do</strong> <strong>texto</strong>. No momento <strong>da</strong> <strong>leitura</strong>, o que está em questão não é “o que o<br />

206


<strong>texto</strong> significa?”, mas “o que o <strong>texto</strong> significa para mim?”, ou seja, a relação <strong>do</strong> <strong>texto</strong><br />

com o EU.<br />

Apesar de a proposta <strong>da</strong>r ênfase maior para o processo de autoconhecimento <strong>do</strong><br />

leitor através <strong>do</strong> <strong>texto</strong>, a <strong>leitura</strong>, para Kügler, não se resume ape<strong>na</strong>s a isso. Devem ser<br />

leva<strong>da</strong>s em consideração as três etapas pelas quais o leitor deve passar.<br />

Para melhor eluci<strong>da</strong>r a proposta <strong>do</strong> autor, explicitaremos ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s etapas<br />

de recepção. Na <strong>leitura</strong> primária, temos a silenciosa compreensão afetiva <strong>do</strong> <strong>texto</strong> (o que<br />

o <strong>texto</strong> significa para MIM). Neste momento, o leitor deve encontrar no <strong>texto</strong> um lugar<br />

de sua dimensão pessoal. A partir <strong>da</strong> <strong>leitura</strong> silenciosa, comentários subjetivos são<br />

feitos, tais como “Eu já senti isso”, “eu sou assim”, “<strong>na</strong> minha vi<strong>da</strong> também já<br />

aconteceu isso”, entre outros comentários pessoais.<br />

Além disso, três traços caracterizam a <strong>leitura</strong> primária. O primeiro deles é a<br />

<strong>leitura</strong> não duplica<strong>da</strong>, <strong>na</strong> qual o leitor não duplica a linguagem origi<strong>na</strong>l <strong>do</strong> <strong>texto</strong> ou<br />

tampouco a associa a uma linguagem crítica e <strong>da</strong> teoria literária:<br />

[...] a <strong>leitura</strong> primária é, necessariamente, não-crítica e<br />

afirmativa. O leitor penetra <strong>na</strong>s perspectivas ofereci<strong>da</strong>s pelo<br />

<strong>texto</strong>, completa os espaços esquemáticos e transpõe as<br />

informações recebi<strong>da</strong>s em representações, que continuam a<br />

existir <strong>na</strong> sua consciência consideravelmente libertas, embora<br />

não independentes <strong>da</strong> configuração textual. (Kügler, 1987,p, 36)<br />

Nesta etapa, o leitor passa pelo processo de formação <strong>da</strong> ilusão, que é pessoal.<br />

Há a relação com o <strong>texto</strong> porque o leitor o co-produziu. É a partir <strong>da</strong> formação <strong>da</strong> ilusão<br />

que temos a segun<strong>da</strong> característica de <strong>leitura</strong> primária, intitula<strong>da</strong> por Kügler de projeção<br />

e auto-inserção simulativa, <strong>na</strong> qual o leitor cria representações e projeções pessoais com<br />

as quais se insere no <strong>texto</strong> como atuante e passa a executar padrões e comportamentos<br />

ofereci<strong>do</strong>s pelo <strong>texto</strong>. O leitor identifica-se com a perso<strong>na</strong>gem, com o espaço, com a<br />

história e passa, com base <strong>na</strong>s informações <strong>do</strong> <strong>texto</strong>, a criar sua própria imagem, suas<br />

perso<strong>na</strong>gens, sua <strong>na</strong>rrativa.<br />

A etapa fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> <strong>leitura</strong> primária é marca<strong>da</strong> pelo deslocamento e pela<br />

condensação <strong>do</strong> <strong>texto</strong>. O deslocamento caracteriza-se por aquilo que o <strong>texto</strong> representa<br />

para o leitor, “o que é o <strong>texto</strong> para mim”, atenden<strong>do</strong> às expectativas e às necessi<strong>da</strong>des<br />

próprias <strong>do</strong> mesmo. A compreensão, as possíveis contradições e as explicações<br />

presentes no <strong>texto</strong> são deixa<strong>da</strong>s à margem. Em contraparti<strong>da</strong>, <strong>na</strong> condensação, temos a<br />

reflexão (o que é o <strong>texto</strong> para MIM acresci<strong>do</strong> de uma reflexão), que <strong>na</strong><strong>da</strong> mais é que<br />

uma articulação de significa<strong>do</strong>. Rompemos assim com a noção de que o <strong>texto</strong> atende<br />

ape<strong>na</strong>s às expectativas <strong>do</strong> EU, pois há ruptura com a formação de ilusão e conseqüente<br />

articulação <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>, o que fi<strong>na</strong>liza a etapa de <strong>leitura</strong> primária.<br />

No segun<strong>do</strong> nível de <strong>leitura</strong> proposto por Kügler, a constituição coletiva <strong>do</strong><br />

significa<strong>do</strong>, o leitor aprende a elaborar e articular a experiência de <strong>leitura</strong> vivi<strong>da</strong> por ele<br />

e a defender suas idéias perante os outros. Tal mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de <strong>leitura</strong> é r<strong>ea</strong>liza<strong>da</strong> pelo<br />

grupo de aprendizagem no qual o leitor está inseri<strong>do</strong>. Desta maneira:<br />

A constituição coletiva <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> (elaboração e confronto <strong>do</strong>s<br />

mo<strong>do</strong>s de ler de responsabili<strong>da</strong>de subjetiva <strong>na</strong> sala de aula) ocorre, <strong>na</strong><br />

ver<strong>da</strong>de, com a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> ilusão, logra<strong>da</strong> <strong>na</strong> <strong>leitura</strong> primária, e com o<br />

acréscimo de tentativas de racio<strong>na</strong>lização <strong>da</strong> experiência de <strong>leitura</strong>.<br />

(Kügler, 1987, p. 38)<br />

207


No último nível de <strong>leitura</strong>, mo<strong>do</strong>s secundários de ler, temos a discussão crítica e<br />

dialógica <strong>do</strong>s <strong>texto</strong>s e <strong>da</strong>s experiências de <strong>leitura</strong> entre os alunos. Esse momento <strong>da</strong><br />

<strong>leitura</strong> não é r<strong>ea</strong>liza<strong>da</strong> no projeto, uma vez que seu público-alvo é constituí<strong>do</strong> de<br />

homens adultos entre 18 e 60 anos, com formação escolar que varia de 5ª a 8ª série, ou<br />

seja, não tiveram acesso à educação formal.<br />

À meto<strong>do</strong>logia, segue-se a aplicação prática <strong>da</strong>s ofici<strong>na</strong>s de <strong>leitura</strong> e produção.<br />

ANÁLISE DAS PRODUÇÕES TEXTUAIS<br />

Nessa etapa, serão trabalha<strong>do</strong>s os <strong>texto</strong>s referentes à coletân<strong>ea</strong> <strong>do</strong>is, como o<br />

proposto anteriormente. A turma é composta por onze alunos sen<strong>do</strong> que, desses, ape<strong>na</strong>s<br />

quatro entregaram os <strong>texto</strong>s que servirão como fonte de nossos estu<strong>do</strong>s. Esta é uma <strong>da</strong>s<br />

dificul<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s no decorrer <strong>do</strong> projeto <strong>na</strong> Penitenciária Estadual de Maringá,<br />

ou seja, o trabalho é r<strong>ea</strong>liza<strong>do</strong> com uma clientela especial e são vários os fatores que<br />

levam ao atraso para receber o material produzi<strong>do</strong>, além <strong>da</strong> flutuação <strong>do</strong>s participantes<br />

que, muitas vezes, estão participan<strong>do</strong> de outras ativi<strong>da</strong>des, ou estão impedi<strong>do</strong>s de<br />

freqüentar as ofici<strong>na</strong>s por motivos discipli<strong>na</strong>res.<br />

De uma maneira em geral, sabemos que o mo<strong>do</strong> de <strong>leitura</strong> proposto pelo<br />

educa<strong>do</strong>r alemão constitui-se de uma fase primária (o <strong>texto</strong> para MIM) que pressupõe<br />

uma fase secundária (constituição coletiva de significa<strong>do</strong>). Nesta fase secundária, o<br />

leitor elabora o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>texto</strong>, assumin<strong>do</strong>-se subjetivamente e, no confronto com<br />

outros significa<strong>do</strong>s, no caso, aqueles produzi<strong>do</strong>s pelos companheiros, aprende a<br />

defender suas propostas de <strong>leitura</strong> perante os colegas.<br />

Assim, <strong>do</strong>s quatros <strong>texto</strong>s produzi<strong>do</strong>s, ape<strong>na</strong>s um se aproximou <strong>do</strong> que<br />

chamamos de constituição coletiva de significa<strong>do</strong>. Na maioria de suas <strong>leitura</strong>s, os<br />

participantes recontaram o enre<strong>do</strong> <strong>da</strong>s <strong>na</strong>rrativas li<strong>da</strong>s em sala de aula, pouco ou <strong>na</strong><strong>da</strong><br />

acrescentan<strong>do</strong> sobre possíveis temáticas ou interpretações. Dessa maneira,<br />

preocuparam-se em <strong>na</strong>rrar eventos:<br />

O Peru de Natal, de Mário de Andrade, trás como perso<strong>na</strong>gens, uma<br />

família e seus indesejáveis parentes, que sempre tinham mais atenção<br />

<strong>do</strong> pai durante as visitas <strong>do</strong> que <strong>do</strong>s filhos, que se chat<strong>ea</strong>vam com a<br />

situação. O pai chato segue uma <strong>do</strong>utri<strong>na</strong>, tem uma religião e<br />

costumes diferentes. To<strong>do</strong>s os membros <strong>da</strong> família têm que<br />

sujeitarem-se as <strong>do</strong>utri<strong>na</strong>s, que os privavam de muitas coisas boas de<br />

<strong>do</strong> conforto.<br />

Com a morte <strong>do</strong> pai, a família resolve deixar um pouco de la<strong>do</strong> as<br />

manias <strong>do</strong> pais, as crenças dele e seus familiares, pretendem viver<br />

uma nova vi<strong>da</strong>, ter novos costumes, ma nova culinária, comprar<br />

móveis novos e beber um bom vinho. (P. A. H. J) 1<br />

Essa atitude de <strong>leitura</strong>, entendi<strong>da</strong> como reprodução <strong>do</strong> enre<strong>do</strong>, também pode ser<br />

confirma<strong>da</strong> <strong>na</strong>s <strong>leitura</strong>s <strong>do</strong>s sonetos, pois também observamos que retomam o <strong>texto</strong> com<br />

suas palavras, mas nem sempre conseguem separar a sua voz <strong>da</strong> voz <strong>do</strong> poeta e o<br />

mesmo acontece <strong>na</strong>s <strong>leitura</strong>s de outros alunos:<br />

1 Neste trabalho, não será utiliza<strong>da</strong> a marcação de i<strong>na</strong>dequação <strong>da</strong> norma gramatical brasileira por se<br />

considerar que o uso <strong>do</strong> sic possui conotação pejorativa, desmerecen<strong>do</strong> os <strong>texto</strong>s elabora<strong>do</strong>s.<br />

208


Separação é palavra triste que corta o coração, soneto de separação é<br />

ser feliz e perder é ter <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> uma aventura de amor e derrepente não<br />

mais que derrepente perder esse amor. (M.C.G)<br />

Soneto <strong>do</strong> amor total, amor total, é amar de to<strong>do</strong> coraca , é se entregar<br />

de corpo e alma à uma paixão, amar tanto mas afim de encontra a<br />

calma e ao mesmo momento amar como bicho com forte desejo<br />

maciço e permanente, com o sentimento de amor total hei de morrer<br />

de amar mais <strong>do</strong> que muitos amantes amaram. (M.C.G)<br />

Como podemos notar, o leitor tenta recontar aquilo que leu e nesse momento<br />

fala de seus próprios sentimentos, ou seja, fica ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> <strong>leitura</strong> primária <strong>do</strong> <strong>texto</strong>.<br />

Apesar <strong>do</strong> excerto anterior ser ape<strong>na</strong>s uma parte <strong>do</strong> <strong>texto</strong> origi<strong>na</strong>l produzi<strong>do</strong> pelo<br />

detento, to<strong>do</strong>s os outros comentários teci<strong>do</strong>s pelo presidiário prenderam-se à <strong>leitura</strong><br />

primária. Algumas vezes, no decorrer <strong>da</strong> <strong>leitura</strong>, certos alunos quase iniciam a<br />

constituição coletiva <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>, mas não vão muito adiante, pois não justificam<br />

suas idéias com nenhuma base no <strong>texto</strong>:<br />

O soneto ambiciosa não esta falan<strong>do</strong> de uma <strong>busca</strong> por riqueza mas<br />

por um amor que é como um fantasma que nem com o braços longos<br />

não se pode alcançar. (O.M.C)<br />

A respeito <strong>do</strong> soneto Amar, de Florbela Espanca, leitor tece o seguinte<br />

comentário:<br />

Ademais:<br />

Esse <strong>texto</strong> expressa o sentimento de liber<strong>da</strong>de, sair olhar as coisas se<br />

relacio<strong>na</strong>r sem um compromisso com si próprio, o compromisso de<br />

Amar! (O.M.A)<br />

Esse <strong>texto</strong> transmite o sentimento de <strong>do</strong>r, a separação e suas causas, a<br />

alegria que virou tristesa , <strong>do</strong> amigo próximo o distante, <strong>da</strong> calma fezse<br />

o vento. (O.M.A)<br />

Algumas vezes, os alunos elaboram algum tipo de juízo de valor, não<br />

desenvolvi<strong>do</strong>, e se restringem a uma única expressão: “Na minha opinião esse <strong>texto</strong><br />

expressa o sentimento <strong>da</strong> alma, aquilo que somente o Eu pode revelar, é o oculto <strong>da</strong><br />

alma”. Esse tipo de <strong>leitura</strong> ain<strong>da</strong> se encontra <strong>na</strong> fase primária, visto que o aluno não<br />

assumiu uma constituição coletiva <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>, posto que não avança <strong>na</strong> <strong>leitura</strong>.<br />

Tome-se:<br />

Após ler os <strong>texto</strong>s, facilmente percebo que quase to<strong>do</strong>s falam de um<br />

só assunto, o amor. (P.A.H.J)<br />

No excerto anterior, há a percepção por parte desse leitor que existe um tema<br />

comum a to<strong>do</strong>s os <strong>texto</strong>s: o amor. Este outro leitor vai mais adiante ao afirmar que,<br />

embora discorram sobre o mesmo tema, este assume um enfoque diferente em ca<strong>da</strong><br />

poema:<br />

209


Ain<strong>da</strong>:<br />

To<strong>do</strong>s tratam <strong>do</strong> sentimento, de uma forma diferente, é ver<strong>da</strong>de, mas<br />

não foge <strong>do</strong> enfoque, o amor, sau<strong>da</strong>de, solidão, tristeza e alegria.<br />

(P.A.H.J)<br />

Os <strong>texto</strong>s de Vinícius de Moraes, são sem dúvi<strong>da</strong> alguma, umas<br />

ver<strong>da</strong>deiras obras de arte. (...)<br />

Levan<strong>do</strong> em consideração minha ignorância no assunto, eu a<strong>do</strong>rei<br />

to<strong>do</strong>s os <strong>texto</strong>s (...) me identifiquei com um só <strong>texto</strong>; “Eu”, de<br />

Florbela Espanca, o motivo é simples e único, retrata minha situação<br />

desde que recluso encontro-me. (P.A.H.J)<br />

Apesar de ter percebi<strong>do</strong> essas nuances entre os poemas, o leitor não cita<br />

exemplos retira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> próprio <strong>texto</strong> e, ao fi<strong>na</strong>lizar, confirmamos que o autor <strong>do</strong> excerto<br />

anterior ape<strong>na</strong>s deslocou o <strong>texto</strong>; o cenário ficcio<strong>na</strong>l foi ofusca<strong>do</strong> por ter si<strong>do</strong> ocupa<strong>do</strong><br />

pela presença única <strong>do</strong> leitor que, dessa forma, não condensa suas idéias, ou seja, não<br />

r<strong>ea</strong>liza a transposição <strong>da</strong> exposição à reflexão, reconheci<strong>da</strong> através <strong>do</strong> significa<strong>do</strong><br />

articula<strong>do</strong>.<br />

Nessa ofici<strong>na</strong>, foram trabalha<strong>do</strong>s <strong>texto</strong>s <strong>do</strong>s gêneros <strong>na</strong>rrativo, poético e <strong>texto</strong>s<br />

não-verbais, to<strong>do</strong>s com grau de dificul<strong>da</strong>de diferentes: ora tínhamos poemas ou<br />

<strong>na</strong>rrativas complexas ora outros mais simples. Isso gerou uma certa dificul<strong>da</strong>de quanto<br />

ao trabalho, pois exigia muito conhecimento prévio e a maioria <strong>do</strong>s participantes não<br />

teve a oportuni<strong>da</strong>de de estu<strong>da</strong>r por muito tempo em escola regular. Disto deriva, muitas<br />

vezes, a própria dificul<strong>da</strong>de de escrever de maneira clara, interferin<strong>do</strong> <strong>na</strong> exposição <strong>da</strong><br />

<strong>leitura</strong> deles.<br />

Apesar <strong>do</strong> fato de que quase to<strong>do</strong>s os detentos não chegaram à constituição<br />

coletiva <strong>do</strong> significa<strong>do</strong>, encontramos um aluno que o fez, r<strong>ea</strong>lizan<strong>do</strong> o processo de<br />

condensação e mo<strong>do</strong>s secundários de ler:<br />

Len<strong>do</strong> pude ver como é bom ter disconfiança com quem se<br />

relacio<strong>na</strong>mos, porque aqui Ricar<strong>do</strong>, fes de tu<strong>do</strong> para conquistar,<br />

Raqueu . Ela por ser uma mulher aparentimente romantica de boa<br />

família. Apesar que ela não fala sobre a sua família, ela deu pista de<br />

que tem uma vi<strong>da</strong> razoavelmente bem, pela sua veste delicadeza que<br />

demonstrou (...) (N.P.R)<br />

Mas ao se entraga no tau paceio por um cemitério aban<strong>do</strong><strong>na</strong><strong>do</strong>,<br />

assusta<strong>do</strong>r, foi depositan<strong>do</strong> to<strong>da</strong> sua confiança em Ricar<strong>do</strong>, que fes se<br />

passar por bom moço até conquistar a confiança <strong>da</strong> ingênua Raqueu<br />

que seguin<strong>do</strong> pelo romance que estava para ser r<strong>ea</strong>liza<strong>do</strong>, cem saber o<br />

que r<strong>ea</strong>lmente seria aquele por <strong>do</strong> sol (...) (N.P.R)<br />

O detento além de construir um comentário (“len<strong>do</strong> pude ver como é bom ter<br />

disconfiança”) o comprova com elementos <strong>do</strong> <strong>texto</strong> que mostram, de certa forma, a<br />

posição social de Raquel e as intenções de Ricar<strong>do</strong>, ou seja, foi capaz de seguir as pistas<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s pelo <strong>texto</strong>. No fi<strong>na</strong>l de seu comentário de <strong>leitura</strong>, acrescenta:<br />

(...) no começo <strong>da</strong> <strong>leitura</strong> , estava emtuziasma<strong>do</strong> com aquela história<br />

romântica que por fim foi se transforman<strong>do</strong> en uma cruel<strong>da</strong>de<br />

210


imperduavel (sic), por ele ter comquista<strong>do</strong> a comfiança <strong>da</strong> moça e<br />

depois ter trai<strong>do</strong>-a , dechan<strong>do</strong>-a , tranca<strong>da</strong> no tumbulo. Confeso que<br />

fiquei nervozo au termi<strong>na</strong>r a <strong>leitura</strong>, foi emteresante , mas muito<br />

triste o fim <strong>da</strong> história. (N.P.R)<br />

Neste momento, o que importa perceber, a partir <strong>da</strong> <strong>leitura</strong> literária, é que o<br />

sujeito conseguiu organizar seu mun<strong>do</strong> e que não ficou ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> <strong>leitura</strong> primária, pois<br />

sabe que o <strong>texto</strong> pode ser para “mim”, mas que tem elementos e estruturas próprias.<br />

Devemos deixar claro também que, no momento <strong>da</strong> análise, não há a preocupação com<br />

os desvios <strong>da</strong> norma padrão culta e tampouco é este o objetivo <strong>do</strong> projeto.<br />

Para aqueles que r<strong>ea</strong>lizam os mo<strong>do</strong>s secundários de ler o <strong>texto</strong>, diferente<br />

<strong>da</strong>queles que ficaram ape<strong>na</strong>s nos mo<strong>do</strong>s primários, a literatura tem um caráter<br />

formativo, segun<strong>do</strong> Lothar Bredella:<br />

O senti<strong>do</strong> formativo <strong>do</strong> objecto reside precisamente no facto de o<br />

aluno ter de aprender a reconhecer o objecto “literatura” por aquilo<br />

que ele próprio é e de à literatura, como um fim em si próprio, caber<br />

uma dimensão crítica contra a instrumentalização <strong>do</strong> saber.<br />

(BREDELLA, 1989, p. 19)<br />

Expostos à varie<strong>da</strong>de de gêneros textuais, observamos que houve, entre os<br />

detentos, um gosto maior pela poesia, o que resultou <strong>na</strong> tentativa de produção de<br />

poemas como o abaixo transcrito:<br />

Soneto o mais ama<strong>do</strong> <strong>do</strong> amor<br />

O amor é carinho segurança é<br />

ver<strong>da</strong>de rega<strong>do</strong> de compreenção e<br />

amizade, amor com mentiras<br />

traz infelici<strong>da</strong>de tira a paz<br />

O amor d’alma tem felici<strong>da</strong>de<br />

A traição não vive com o amor<br />

Viven<strong>do</strong> no mesmo espaço o amor<br />

Vira ódio mas o ódio não vira amor<br />

Ódio é sau<strong>da</strong>de solidão recor<strong>da</strong>ção<br />

Lagrimas que rolam depois que se<br />

Sabe que nunca ... nunca vai voltar<br />

Amar o amor é não ter ódio<br />

É ter com o amor fideli<strong>da</strong>de<br />

É ter alegria só por amar o amor. (M.C.G)<br />

Além de to<strong>do</strong> esse trabalho de <strong>leitura</strong>, solicitamos que os participantes façam um<br />

plano <strong>do</strong> <strong>texto</strong> que irão redigir e <strong>do</strong>s <strong>texto</strong>s li<strong>do</strong>s durante a r<strong>ea</strong>lização <strong>da</strong> ofici<strong>na</strong>. Com<br />

esse esquema feito pelo detento, a intenção é facilitar o processo de escrita, organizan<strong>do</strong><br />

suas idéias, delimitan<strong>do</strong> tema, exemplos que possam ser <strong>da</strong><strong>do</strong>s etc. Dos presidiários que<br />

participam, ape<strong>na</strong>s <strong>do</strong>is fizeram o plano <strong>do</strong> <strong>texto</strong> (em uma folha separa<strong>da</strong>); nos <strong>do</strong>is<br />

casos, o plano era de suas produções textuais. Para exemplificar como esse<br />

211


planejamento é r<strong>ea</strong>liza<strong>do</strong> pelos detentos vejamos um feito pelo aluno P.A.H.J sobre seu<br />

<strong>texto</strong>, Primeiro e último:<br />

1ª. – Falar <strong>na</strong> primeira pessoa<br />

2ª. – Sentimentos: sau<strong>da</strong>des, atração, aventura.<br />

3ª. – Público alvo: leitor.<br />

4ª. – Ambiente: favela onde morava, chuva e frio.<br />

Assim, podemos perceber que mesmo em uma situação de exclusão, como é o<br />

caso desses <strong>leitores</strong>, há a possibili<strong>da</strong>de de retirar <strong>do</strong> <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> significa<strong>do</strong>s para suas<br />

vi<strong>da</strong>s. Isso se dá através <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> indivíduo de perceber que o <strong>texto</strong>, além de ser<br />

compreendi<strong>do</strong> como material escrito, também pode ajudá-lo a organizar seu mun<strong>do</strong><br />

interior. Entretanto, acontece quan<strong>do</strong> ele consegue ir além <strong>da</strong> história, listan<strong>do</strong><br />

motivações e compreenden<strong>do</strong> o <strong>texto</strong>.<br />

CONCLUSÃO<br />

No presente artigo, procuramos demonstrar que a literatura pode contribuir para<br />

a construção de significa<strong>do</strong> para indivíduos em situação de exclusão social. Por meio de<br />

ofici<strong>na</strong>s de <strong>leitura</strong>, produção e compreensão de <strong>texto</strong>s verbais e não-verbais, os detentos<br />

<strong>da</strong> Penitenciária Estadual de Maringá tiveram a oportuni<strong>da</strong>de de utilizar a literatura<br />

como um veículo para sua ressignificação pessoal.<br />

No módulo a<strong>na</strong>lisa<strong>do</strong>, mesmo levan<strong>do</strong> em consideração to<strong>da</strong>s as dificul<strong>da</strong>des<br />

apresenta<strong>da</strong>s pelos detentos, foi possível verificar que alguns deles até reconhecem o<br />

tema <strong>do</strong>s poemas e <strong>da</strong>s <strong>na</strong>rrativas trabalha<strong>da</strong>s, porém não estabelecem relações mais<br />

íntimas sobre os mesmos, muito embora tenham percebi<strong>do</strong> como foi cobra<strong>do</strong> esse tipo<br />

de atitude durante as ofici<strong>na</strong>s, perguntan<strong>do</strong>-lhes: “Onde está isso no <strong>texto</strong>? Por que você<br />

disse isso?”. Essa percepção <strong>do</strong>s temas se dá pelo fato de reconhecerem que o <strong>texto</strong> tem<br />

suas peculiari<strong>da</strong>des, que vai além <strong>da</strong> noção de para “mim”; contu<strong>do</strong>, alguns não<br />

conseguiram alcançar a constituição coletiva <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> e ficaram ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong><br />

superfície <strong>da</strong>quilo que foi li<strong>do</strong>.<br />

Esperamos com esse trabalho assi<strong>na</strong>lar novas formas de <strong>leitura</strong> e dissemi<strong>na</strong>r a<br />

crença que a mesma é possível mesmo em um ambiente de exclusão social, caso <strong>do</strong>s<br />

<strong>leitores</strong> <strong>da</strong> PEM. Mesmo não ten<strong>do</strong> em mãos o resulta<strong>do</strong> total, foi possível apresentar<br />

parte dele e esboçar o méto<strong>do</strong> de <strong>leitura</strong> <strong>do</strong> <strong>texto</strong> <strong>literário</strong> que se aplica no projeto.<br />

REFERÊNCIAS<br />

CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação <strong>do</strong> homem. Ciência e cultura. São<br />

Paulo, 24:803-809, set. 1972.<br />

BREDELLA, Lothar. Introdução à didáctica <strong>da</strong> Literatura. Lisboa: Publicações Dom<br />

Quixote, 1989.<br />

KÜGLER, Hans. Literatur under komunikation. Stuttgart: Ernst Keett, 1971. Trad.<br />

Livre de Carlos E. Fanti<strong>na</strong>ti. In: MARTHA, A.A.P e outros. O ensino de literatura.<br />

Relatório de pesquisa, 1987.<br />

212

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!