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Andreucci Pereira Gomes, Maria Cecilia Conheci-a através do ...

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Tanto Freud, quanto Green destacam a importância da realização<br />

alucinatória <strong>do</strong> desejo e suas funções básicas: representar psiquicamente a<br />

pulsão e criar uma existência imaginativa para o inconsciente, permitin<strong>do</strong> a<br />

criança alucinar uma realização psíquica, na qual ela faz parte de uma cena<br />

psíquica, com a qual tenta manobrar a realidade, toleran<strong>do</strong> a <strong>do</strong>r da<br />

ausência. Porem o inconsciente freudiano da primeira tópica, a teoria da<br />

sexualidade infantil, <strong>do</strong> sonho, da realização <strong>do</strong> desejo, sofrem<br />

umatransformação, quan<strong>do</strong> Freud, em 1920, escreveu “Além <strong>do</strong> Princípio<br />

<strong>do</strong> Prazer”. O conceito da pulsão de morte, que já assombrava Melanie<br />

Klein, toma espaço na teoria freudiana.<br />

Para Klein a condição de alucinar o seio pelo bebê é vista de um outro<br />

vértice. Para ela, o bebê não tolera o excesso de angústia que o inunda,<br />

pela ausência <strong>do</strong> objeto, e o desamparo que o toma. Ataca e sente-se<br />

ataca<strong>do</strong> pelo horror <strong>do</strong> seio ausente, sen<strong>do</strong> toma<strong>do</strong> pela angústia de<br />

aniquilamento,crian<strong>do</strong> defesas. O bebê procura não só se defender <strong>do</strong>s<br />

objetos maus, mas também das fantasias inconscientes, que podem ser<br />

aterroriza<strong>do</strong>ras.Seu problema não estásomente em torno <strong>do</strong><br />

prazer/desprazer e realidade, fuga <strong>do</strong> desprazer a procura <strong>do</strong> prazer<br />

(Freud). O bebê kleiniano experimenta a angústia <strong>do</strong> aniquilamento. Suas<br />

defesas são uma questão de sobrevivência psíquica, sua luta é entre o<br />

gozo e a <strong>do</strong>r de sentir-se morren<strong>do</strong>, ambos em excesso, trazen<strong>do</strong> o perigo<br />

da desorganização mental.<br />

Green (1979), ao falar-nos da “lógica da desesperança”, apoia-se no<br />

bebê kleiniano, inunda<strong>do</strong> pela destrutividade, gerada pelo excesso de<br />

energia pulsional não atendida e assola<strong>do</strong> pela angústia de morte. Essa é<br />

uma característica da clínica <strong>do</strong>s casoslimites,para os quais o movimento<br />

em busca <strong>do</strong> objeto <strong>do</strong> desejo e da sexualidade é obscureci<strong>do</strong>. Questões<br />

ligadas àdestrutividade, ao masoquismo e ao narcisismo, tornamserelevantes.Tais<br />

pacientes parecem viver em um mun<strong>do</strong> regi<strong>do</strong> por eles<br />

próprios, onde não foi ainda cria<strong>do</strong> um espaço interno para conter a<br />

alucinação <strong>do</strong> prazer, propiciada com o reencontro <strong>do</strong> objeto, mesmo que<br />

alucina<strong>do</strong>, pois este foi perdi<strong>do</strong>. A busca <strong>do</strong> prazer é substituída pela busca<br />

<strong>do</strong> desprazer. O nada, a ausência, são mais reais que a possibilidade de<br />

surgir algum objeto que produza alívio ou conforto. Estabelecem uma<br />

relação ambivalente com o objeto real, em constante esta<strong>do</strong> de conflito,<br />

impedin<strong>do</strong>qualquer afeto estável necessário para construir um vínculo. Com<br />

o analista, mantêm um vínculo impregna<strong>do</strong> pela transferência negativa, na<br />

oscilação rápida e constante da sua ambivalência afetiva (ódio e amor).<br />

Qual seria o melhor vértice para o analista se posicionar na relação<br />

transferencial com esses pacientes?<br />

Cabe ao analista ser capaz de sobreviver ao ódio, colocan<strong>do</strong> o<br />

analisan<strong>do</strong> em contato, aos poucos, com as vicissitudes <strong>do</strong> seu universo<br />

mental, sem tentar reassegurá-lo. É a maior prova de amor que ele pode<br />

dar ao paciente (Green).Na dificuldade de introjetar um bom objeto (Klein),

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