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LUA-DE-MEL<br />

LUA-DE-MEL DIAS<br />

QUE FICAM NA MEMÓRIA<br />

Muitas são as opções para quem <strong>de</strong>seja<br />

<strong>de</strong>sfrutar da sua lua-<strong>de</strong>-mel <strong>de</strong> uma<br />

forma memorável. Há muita oferta e preços<br />

para todas as carteiras. Tenerife, México,<br />

República Dominicana ou Jamaica<br />

são apenas alguns dos <strong>de</strong>stinos que, por<br />

preços apetecíveis, permitem o acesso a<br />

óptimos serviços. Excursões e <strong>de</strong>talhes<br />

como o quarto com uma <strong>de</strong>coração especial<br />

à chegada ou o cesto <strong>de</strong> frutas e a<br />

garrafa <strong>de</strong> rum são um convite ao romantismo.<br />

E porque viajar é, acima <strong>de</strong> tudo, contactar<br />

com pessoas, culturas e religiões diferentes,<br />

as agências <strong>de</strong> viagens propõem,<br />

também, <strong>de</strong>stinos como a Costa Rica. O<br />

Peru, o Chile e a Argentina, países riquíssimos<br />

em cultura, fazem parte do itinerário<br />

<strong>de</strong> muitos casais que aproveitam<br />

aquela ocasião para se enriquecerem do<br />

ponto <strong>de</strong> vista cultural. De uma viagem<br />

OPINIÃO<br />

Significado afectivo e expressivo prevalece<br />

Apesar <strong>de</strong> ser difícil emitir uma opinião sociologicamente fundamentada, na<br />

medida em que não <strong>de</strong>senvolvi trabalho empírico relativamente ao tema da<br />

conjugalida<strong>de</strong> a partir dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> celebração, há, contudo, algumas pistas<br />

que nos po<strong>de</strong>m ajudar a compreen<strong>de</strong>r o fenómeno. Por um lado, embora<br />

assistamos a uma quebra continuada do número <strong>de</strong> casamentos, esse mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> celebração, baseado no aluguer <strong>de</strong> quintas especializadas na celebração<br />

<strong>de</strong> eventos, é uma prática associada às classes médias que se expandiu<br />

e generalizou, na última década, às classes populares, o que ajuda a explicar<br />

a agenda preenchida <strong>de</strong>sses espaços para os próximos tempos, sobretudo<br />

em zonas mais tradicionais como <strong>Leiria</strong>, em que essa tendência está ainda a<br />

manifestar-se.<br />

Por outro lado, quanto às lógicas <strong>de</strong> convívio envolvidas na celebração do casamento,<br />

a crise económica e os custos envolvidos na organização <strong>de</strong> um<br />

evento <strong>de</strong>ssa natureza estão certamente relacionados com o emagrecimento<br />

do número <strong>de</strong> convidados, reajustando-se a festa a círculos familiares e amicais<br />

mais restritos. Não sendo o retorno económico da festa o mesmo <strong>de</strong> há<br />

duas décadas, é natural que o perfil e a função da celebração sejam alterados.<br />

Se antes o casamento constituía uma importante fonte <strong>de</strong> bens e recursos<br />

para os noivos, ajudando-os à sua autonomização e sendo, portanto, um investimento,<br />

hoje o significado afectivo e expressivo ten<strong>de</strong> a prevalecer.<br />

Além disso, a celebração é cada vez mais centrada nos seus protagonistas e<br />

a festa espelha muito mais as suas escolhas pessoais do que as obrigações co-<br />

14. JORNAL DE LEIRIA . MARÇO 2011<br />

DR<br />

pela Tailândia ou pela Malásia aos prazeres<br />

<strong>de</strong> uma praia no México, só se tem<br />

mesmo <strong>de</strong> escolher.<br />

Aos noivos é-lhes dito que um verda<strong>de</strong>iro<br />

paraíso terrestre como o Sri Lanka ou a<br />

fantástica Índia formam, efectivamente,<br />

locais <strong>de</strong> sonho que não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> ir pelo menos uma vez na vida, pelo<br />

menos na lua-<strong>de</strong>-mel.<br />

Há hotéis que, na apresentação <strong>de</strong> documentação<br />

comprovativa do casamento,<br />

fazem um <strong>de</strong>sconto e oferecem, por<br />

exemplo, um jantar romântico com marisco.<br />

Ilhas exóticas, como a Tailândia, a<br />

Indonésia e as Maurícias, são eleitas, sobretudo,<br />

no Verão.<br />

Para aqueles que procuram algo mais<br />

económico o Algarve continua a ser uma<br />

opção. Por vezes, tudo se <strong>de</strong>senrola<br />

numa “escapadinha romântica” <strong>de</strong> dois<br />

dias; outras vezes, quando os pais po<strong>de</strong>m<br />

ajudar, a estadia prolonga-se, <strong>de</strong>sfrutase<br />

do sol, passeia-se e, à noite, aproveitase<br />

a animação e saboreia-se uma cerveja<br />

gelada. ❤<br />

mummente associadas às visões institucionais da família (lembremo-nos do<br />

crescimento dos padrões associativos no casamento face aos mo<strong>de</strong>los fusionais,<br />

mas sobretudo institucionais). Aquilo que antes era um marcador público<br />

importante da continuida<strong>de</strong> familiar e da potencial renovação <strong>de</strong> gerações,<br />

hoje é vivido como um momento mais íntimo, da esfera privada dos cônjuges.<br />

O facto <strong>de</strong> serem os próprios a custear a festa testemunha a tendência para a<br />

nuclearização da família, erodindo-se as obrigações parentais, sendo, por<br />

outro lado, uma manifestação da autonomia dos cônjuges no quadro das suas<br />

escolhas e dos seus projectos familiares. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o casamento não é,<br />

necessariamente, para toda a vida, relativiza o papel dos pais em todo o processo<br />

celebratório e converte aquilo que antes era uma marca da transição<br />

biográfica dos noivos da responsabilida<strong>de</strong> dos pais e <strong>de</strong> toda a família num<br />

momento mais pessoal, projectado e concretizado à medida dos seus laços<br />

sociais e das suas representações emergentes sobre o estatuto simbólico da<br />

festa: além <strong>de</strong> sinalizar o casamento, a festa é também um exercício <strong>de</strong> i<strong>de</strong>alização<br />

sobre padrões <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> oriúndos das classes superiores, frequentemente<br />

tomados como normas e referências estéticas e i<strong>de</strong>ntitárias na<br />

vida do futuro casal. Neste sentido, os novos significados da festa ten<strong>de</strong>m<br />

igualmente a gerar um efeito paradoxal: se antes a celebração constituía uma<br />

fonte <strong>de</strong> receita para os noivos, hoje, muitos <strong>de</strong>les, estão dispostos a endividar-se<br />

para que a festa faça justiça ao status que os noivos procuram granjear<br />

junto da sua comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pares. ❤ Tiago Ribeiro, socilólogo

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