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daria Francisco de Paula e á testa de seu regimento,<br />
que o adorava, conduzindo-o <strong>com</strong> artificio, daria tem-<br />
po ao Tiradentes para agir conforme o <strong>com</strong>binado,<br />
gritando peias ruas — Liberdade! — o infame Paula<br />
se trocaria em patrocinador e defensor delia de apla-<br />
cador, q*e fingia ser, desta insurreição. Alvarenga,<br />
Oliveira e Toledo, na frente de seus escravos, e outros<br />
aventureiros ou pescadores em agoas turvas, que fa-<br />
cilmente trarião ao seu partido, levarião a columna<br />
da !ibe-dade revolucionaria ó cidade de Marianna, ás<br />
villas de S. João d'Ei-Rey, de S. José, etc.. Por este<br />
modo se firmaria a Republica".<br />
A ALCUNHA DE "TIRADENTES"<br />
Joaquim José da Silva Xavier foi assim cognominado<br />
por ser habii na extracção de dentes.<br />
Também coliocava pivots <strong>com</strong> summa pericia, por elle<br />
proprio fabricados.<br />
A casa de Tiradentes estava situada á rua de S. José,<br />
em Villa-Rica. No meio do terreno desse immovel foi<br />
erguida uma columna dita da "Inconfidência" e sobre<br />
a mesma collocada uma gaiola de ferro contendo a<br />
cabeça do imperterrito heróe.<br />
O DELATOR<br />
Chamava-se Silvério dos Reis, ou, verdadeiramente,<br />
Joaquim Silvério dos Reis Lairia Genses, o delator de<br />
Tiradentes. Era Coronel de Auxiliares e occupava o<br />
cargo de arrematador dos direitos de entrada na<br />
Capitania de Minas. Moveu-o a <strong>com</strong>metter o triste<br />
acto, que o celebrisou, o ser devedor, á Fazenda Real,<br />
de 220 mil e tantos contos.<br />
A' MEMORIA DE "TIRADENTES"<br />
O conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, Presidente<br />
da Província de Minas, mandou erigir, em 1866, na<br />
Praça da Independencia, em OuroPreto, uma columna<br />
de granito in memoriam do immorredouro heróe mi-<br />
neiro.<br />
0 alferes Joaquim José 4a Silva Xavier, o<br />
••Tiradentes". segundo uma tela de A. Oelpinc.<br />
Em fins do século passado, um pintor campista, Leo-<br />
poldino Joaquim de Faria, expoz uma tela, de sua<br />
autoria, representando o Protomartyr da nossa eman-<br />
cipação politica entre seus <strong>com</strong>panheiros.<br />
Outros artistas se têm servido do acontecimento his-<br />
torico que foi a Inconfidência e delle têm tirado ma-<br />
gníficos motivos para seus trabalhos. Eduardo Sá evo-<br />
ca em uma tela que é -uma obra primorosa o mo-<br />
mento historico da confirmação da sentença de morte<br />
Confirmação da sentença que condemnou o Tiradentes<br />
á morte infamante na fõrca. É um quadro<br />
historjco de Eduardo de Sá. e tom a data de 1897.<br />
do alferes conspirador, hoje symbolo nacional. E as-<br />
sim tantos outros.<br />
UM INCONFIDENTE POETA<br />
Não faltou a esse movimento o auxilio dos homens<br />
de pensamento. Além de Tnomaz Antonio Gonzaga,<br />
um outro poeta esteve conspirando lado a lado <strong>com</strong><br />
Tiradentes" no seu historico "Balcão" em Ouro-Preto,<br />
e curtiu <strong>com</strong> elle as agruras da prisão na "Cadeia<br />
Velha". • " *<br />
Era Alvarenga Peixoto, coronel e juiz-de-fóra. Esse<br />
patriota, ao ter noticia de sua sentença de morte,<br />
depois <strong>com</strong>mutada em degredo para terras da Afri-<br />
ca, escreveu um soneto, que 6 o que abaixo trans-<br />
crevemos, pouco conhecido e cheio de extranho sa-<br />
bor historico:<br />
A SAUDADE<br />
Não me afflige do potro a viva quina;<br />
Da ferrea maça o golpe não me offende;<br />
Sobre as chammas a mão se não extende;<br />
Não soffro do aguinete a ponta fina.<br />
Grilhão pesado os passos não domina;<br />
Cruel arrocho a testa me não prende;<br />
A' força a perna ou braço se não rendo;<br />
Longa cadéa o coiio não me inclina.<br />
Agua e pomo faminto não procuro;<br />
Grossa pedra não cansa a humanidade;<br />
O passaro voraz eu não aturo.<br />
Estes maios não sinto; é bem verdade;<br />
Porém sin+o outro mal inda mais duro:<br />
— Sinto da esposa e filhos a saudade !