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M H H H H y<br />
. -
NUMERO 12<br />
ANNO XIII<br />
^Ilustração<br />
BCQSÍICÍCQ<br />
A B R I L<br />
DE 19 3 6<br />
MENSARIO EDITADO PEIA<br />
SOCIEDADE ANONYMA "O MALHO"<br />
DIRECTOR-GERENTE<br />
ANTONIO A. DE SOUZA E SILVA<br />
Administração e escriptorios: Trav. do Ouvidor, 34<br />
Redacção e officinas: R. Visconde de Itauna, 419<br />
Telephones 23-4422 e 22-8073<br />
End. Tel. OMALHO — Caixa Postal 880 — RIO<br />
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: 8-1830 —<br />
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20-1632 —<br />
21-1792 —<br />
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25-1817 —<br />
26-1756 —<br />
27-1859 —<br />
28-1662 —<br />
29-1704 —<br />
30-1869 —<br />
E' acciarnado pelo povo, em S. Paulo, para seu rei, Amador Bueno da<br />
Ribeira. Quem referiu este facto, pela primeira vez, foi frei Gaspar<br />
da Madre de Deus. ÍI797).<br />
Sao concedidos por D. João III, rei de Portugal, privilégios á Santa<br />
Casa, de Santos, fur.daaa e.n i 543 por Braz Cubas. Foi a primeira<br />
creaca no Brasil.<br />
E' publicada uma "Proclamação aos Mineiros", em que se exprobra o<br />
atter.tado contra o Presidente de Minas, Des. Manoel Ignacio de Mello<br />
e Souza.<br />
No rio Paraguassú Diamantino, Minas Geraes, é encontrado, por um<br />
homem de cor, urn magnifico diamante. O vaíor da pedra foi estimado<br />
em 400:000$000.<br />
Um decreto determina que os mestres de Campo generaes passem a<br />
chamar-se tenentes-generaes e os sargentos-mores de campo marechaes<br />
de oampo.<br />
£' vendida por 40.000 cruzados (I6:000$000) por D. João V a Cosme<br />
Roiim de Moura a piovincia do Espirito-Santo.<br />
Por Carta Régia é fixado o ordenado de 4:800$000 para o governador<br />
gorai do Esiado do Brasil, ao tempo o Marquez de Angeja.<br />
Pelo governador das Minas Goraes é erecto em villa o povoado do<br />
Carmo, actualmente Marianna.<br />
A viila de S. faulo é acclamada cidade polo governador da Capita-<br />
nia de ogual nome, Antonio de Aibuquerque Coelho do Carvalho.<br />
Extingue-se, nesta cidade, frei Antonio da Arrábida, que foi o primei-<br />
ro reitor do Collegio Pedro II e cedeu a nosso Museu uma collecção<br />
dc 1.000 moedas egyccias, gregas e romanas.<br />
Installação, em Goyaz, da primeira Junta Governativa da Província, que<br />
fci eleita conforme as ordens das Cortes portuguezas.<br />
O donatario de Pernambuco, Duarte de Albuquerque, eleva á categoria<br />
°de villa a povoação do Lagunas do Sul, <strong>com</strong> o nome de Magdalena,<br />
que é a actual Maceió.<br />
Nasce na fazenda do Desengano, Leopoldina (Minas), o distineto poeta,<br />
historiador, romancista e jornalista Augusto de Lima Júnior, autor de "A<br />
cidade antiga", "Marianna", "Historias e lendas", "Canção da Grupiara",<br />
efe.<br />
O batalhão de iinha da guarnição de Fortaleza subleva-se, exigindo ao<br />
governador da província, capitão do mar e guerra Francisco Alberto<br />
Rubim, augmento de scido.<br />
Procede-se a benção do Cemiteno mandado construir nas vizinhanças do<br />
Hospital de Santa isabel, no Rio de Janeiro.<br />
iz' instituída a Ordem D. Pedro I, no intuito de <strong>com</strong>memorar o reconhe-<br />
cimento da Independencia do Brasil.<br />
E' concedida aos secretaiíos do governo a faculdade de se sentarem<br />
em cadei r a rasa no momento de fazerem leiiura ou de darem informações<br />
relativas aos negocios de Estado.<br />
Na casa n° 18 da rua do Núncio, nesta capital, failece o padre José<br />
Mauricio Nunes Garcia, musico notável, denominado "O Mozart brasi-<br />
leiro". Deixou um "Requiem" immortal.<br />
Aporta a Beiém (Pará) o brigue americano "Edward Henry", conduzindo<br />
50 toneladas de gelo, importadas dos Estados Unidos pelo hespanhol<br />
Marcos de Luna.<br />
Domingos Calabar, o Mameluco, passa-se para o exercito hoilandez, para<br />
não ser perseguido peio provedor André de Almeida, seu accusador.<br />
No Campo da Larnpadosa ou, conforme opinião de Mello Moraes, na<br />
praça da egreja de S. Domingos, em nossa capital, é enforcado o Tira-<br />
dentes, cuja cabeça é enviada para Viila-Rica, onde sua casa é arra-<br />
sada e salgada.<br />
D. Jcão V. por Carta Régia, crêa o Bispado de S. Paulo, sendo nomea-<br />
do para a nova Diocese D. Bernardo Rodrigues Nogueira.<br />
Por Lei provincial é mandada demolir a casa em que funccionava a re-<br />
partição do Haver do Peso, de Beiém (Pará), que devia ser destinada<br />
para Ribeira do peixe fresco.<br />
Os piiotos de Pedro Aivares Cabral encontram, quatro léguas ao N. de<br />
Porto Seguro, uma enseada, a que chamam Cabralia. Um dos pilotos é<br />
Affonso Lopes.<br />
O chefe da esquadra, que bloquêa o porto do Recife, escreve, a bordo<br />
da fragata Thetis, um manifesto aos habitantes daquella capital.<br />
Larga de Lisboa <strong>com</strong> destino ao Pará o primeiro navio da "Cia. Geral<br />
de Navegação do Commercio do Grão Pará e Maranhão", fundada um<br />
anno anles.<br />
Nasce em Palmital do Saquarema (E. do Rio) Alberto de Oliveira, poe-<br />
ta, educador e erudito philoiogo. Príncipe dos poetas. Fundador da Aca-<br />
demia d'e Letras, onde occupa a cadeira Cláudio Manuel da Costa.<br />
O povo da Bahia concorre <strong>com</strong> a somma de 300.000 cruzados para in-<br />
tegração do dote a ser feito a Infanta de Portugal, D. Catharina.<br />
Failece em Olinda o 4 o Bispo de Pernambuco, D. Francisco de Lima, que<br />
assistiu ao desenlace de Giegorio de Mattos. De seus bens constavam<br />
apenas 40 réis.<br />
Inauguração das <strong>com</strong>municações telegrapnicas entre Santa Maria e Cachoeira<br />
(R. G. do Sul) numa extensão de 102 kilometros.
RASILEIRA<br />
S II .11 M A R I O I> O S P U I X C I P A E S<br />
A S S U M P T O S l> E S T E N U M E K O<br />
UMA HISTORIA, Chronica de Guilherme do Almeida<br />
O BOSQUE DOS ARTISTAS IMMORTAES, Redacção<br />
A POESIA DO MAR NAS PRAIAS DO RIO, Redacção<br />
PAUL BOURGET, Chronica de Carlos Magalhães de Azeredo<br />
NUA AO SOL A FIANDEIRA. Chronica de Cláudio de Souza<br />
A REFORMA ARCHITECTONICA DA MATRIZ DA GLORIA, Redacção<br />
O RIO DE HOJE E DE HA 30 ANNOS. Redacção<br />
EVOCANDO A INCONFIDÊNCIA, Redacção<br />
A REVOLUÇÃO PLASTiCA NA ARTE BRASILEIRA, Chronica de Flexa Ribeiro<br />
A CAVALGADA DOS VENTOS. Poesia de Olegário Mariannr<br />
BELLO HORIZONTE, Redacção<br />
OS VELHOS BARCOS REMOÇAM PARA A LUTA. Redacção<br />
ARTES E ARTISTAS, Redacção<br />
UM QUADRO DE F. POST, Chronica de Max Fleiuss<br />
O DIAMANTE DO BRASIL E OUTRAS PEDRAS FRECIOSAS, Redacção<br />
COUSAS DE MARINHA, For Gaidino Pimentel Duarte<br />
REGRAS PRATICAS PARA BEM ESCREVER, Por Laudelino Freire<br />
DE MEZ A MEZ, Redacção<br />
TRICHROMIAS E DOUBLÉS DE: E. Visconti, Lucilio de Albuquerque.<br />
J. Car'os e Paulo Amaral.<br />
D A P R Ó X I M A E D I € Ä O<br />
A RELIGIÃO DO DEVER, O nosso eminente collaborador Conde de Affonso<br />
Celso, iá lostabe'ecido da ionga enfermidade que privou por tanto tempo os<br />
nossos leitores da sua apreciada collaboração, reapparece no proximo numero<br />
da "lü-jstração Brasiieira" <strong>com</strong> uma sciniiílante chronica sob o titulo: "A Re-<br />
ligião do Dover".<br />
A MINHA PINACOTECA, Chronica de Goulart de Andrade<br />
LUAR DE COPACABANA. Poesia de Martins Fontos<br />
VIDA LITERARIA, Chronica do Adelmar Tavares<br />
REGRAS PRATICAS FARA BEM ESCREVER (Conclusão), Por Laudelino Freire<br />
O VENCEDOR DE TUYUTY, Redacção<br />
VELHOS CARROS DE BOiS, Redacção<br />
COLLEGIO MILITAR, Pelo Major José Faustino Filho ,<br />
O RIO DE HOJE E DE HA 30 ANNOS. Redacção<br />
DOIS PESQUISADORES<br />
O homem que tem um ideal, quaiquer que eiio seja, gasta na tontativa de<br />
conquistal-o, toda a energia cio seu corpo e toda a força do seu taienio; não mede<br />
sacrifício, arriscando sem modo a própria vida.<br />
Assim procede o escaphar.drista, caçador de pérolas, na ansia do fazer fortuna;<br />
assim age o sábio, pesquisador de labcratorio, na ansia do descobrir algo quo<br />
possa beneficiar a vida humana. Ambos são estoicos -<strong>com</strong> respeito aos seus pro-<br />
positos.<br />
O producfo do primeiro destina-se a prestigiar a figura dos ricos, por isso que,<br />
só os ricos podem adquirir jóias que vão adornar-lnes externamente o corpo; o<br />
producto ao segundo visa alcançar para todas as creaturas humanas a cousa mais<br />
preciosa deste mundo, isto 6, uma longevidade ~ valida, adornada daquolles encan-<br />
tos que só podem fruir os sadios de corpo. Por isso, sem desprezarmos as lindas<br />
pérolas quo o ousaco escaphandiisla foi buscar rio fundo do oceano, devemos saber<br />
valorizar devidamente as outros pérolas, aquoiias que foram obtidas nas retortas<br />
do laborarorio polo esforço do sábio, porque taes pérolas contêm a essencia da<br />
vida; o seu ompreco corrige faihas organicas <strong>com</strong>muns em moços de ambos os sexos<br />
e restaura, nas pessoas idosas, as energias gastas, garantindo-lhes a juvenilidado do<br />
corpo e do espiriro. As pérolas sahidas do laboratorio, não são artificiaes porque<br />
são as legitimas Peroios Ti;us, aquoiias que contém os hormonios extrahidos das<br />
glanduias sexuaes do animaes novos e sadios e que a sciencia moderna emprega,<br />
hoje. <strong>com</strong>o o mais precioso meio do restaurar as forças <strong>com</strong>balidas, sendo do effei-<br />
to seguro e absolutamente inotfensivas.<br />
Não se dove pensar que as Porolôs Tirus agem apenas do lado sexual; ellas actúam<br />
igualmente <strong>com</strong>o tonico cerebral e dahi o seu grande valor, pois é sabido que as<br />
íuneções dos orgãos germinadores esrão sob a immediata influencia da força do<br />
pensamento e as Pérolas Titus tem o poder de fortificar este. Os senhores interes-<br />
sados nesfa moderna medicina, enconharão, gratuitamente, ampla literatura a res-<br />
peito no Departamento de Productos Scientificos — Matriz, á Av. R. Branco, 173-2°,<br />
Rio. o Filiai á R. do São Bento. 49-2°, São Paulo.<br />
R T I N A S ^ c h<br />
R. DOS OURIVES. 5 2 2 - 0 4 6 4
Em sua passagem por esta capital,<br />
o cardeal argentino, dom Santiago<br />
Luís Copello, recebe a visita de D.<br />
Sebastião Leme. Os dois cardeaes<br />
da America do Sul posam, noltamaraty,<br />
para «Illustração Brasileira».<br />
O primaz da Argentina, que foi<br />
hospede do nosso Governo, emquanto<br />
aqui esteve, tem em mão<br />
o ultimo numero de «Illustração»;
E X L I B R I S<br />
Encontraram-se â bordo os dois homens impressionantemente<br />
tristes: O Homom Que Queria Lembrar e O Homem Quo<br />
Queria Esquecer.<br />
Vinham de dois pontos differentes do mundo e iam para uma<br />
mesma terra retirada e só.<br />
Logo se armou em torno delíos, por todo o grande transatlan-<br />
tico, um nimbo de curiosidade silenciosa, que és vezes pare-<br />
cia respeito, ds vezes parecia receio. E, nessa atmosphera ca-<br />
iada e vaga, mais vagos e mais calados os dois estrangeiros<br />
foram vendo rodar os sóes e rolar as luas; foram vendo ro-<br />
dar no céo os dias marítimos cheios de "ócharpes" voando ao<br />
lado de M blazers M coloridos, e cheios de preguiças doiradas<br />
de luz e atiradas sobre iônas bambas nos "decks" lavados...:<br />
e foram vendo rolar no céo as noites maritimas cheias de mu-<br />
sicas banaes e de pensamentos banaes moídos pelas helices e<br />
esfarellados, <strong>com</strong>o o luar, naquelle rastro branco que vae fi-<br />
cando atraz, atraz, atraz...<br />
Uma iarde, o navio roçou por um porto melancólico. Poisou<br />
um instante, <strong>com</strong>o um insecto leve, no M bouquet n de uma ilha<br />
verde, e ahi deixou, sóslnhos, cs dois homens in<strong>com</strong>prehen-<br />
siveis.<br />
, & a u r u u<br />
E ninguém indagou, nunca, o destino delíes na ilha vaga.<br />
Mas, quando o grande barco voltou, em cada um dos dois<br />
pontos do mundo de onde iinham partido os dois exilados<br />
havia uma desolada e lamentave! mulher que perguntava ao><br />
homens indiííerentes de bordo:<br />
— Quo é feito do Homem Que Queria Lembrar?...<br />
— Que é feito do Homem que Queria Esquecer?...<br />
E os homens de boido indagavam, distrahidos;<br />
— Lembrar o qué?...<br />
— Esquecer o quê?...<br />
E aquelías muineros respondiam <strong>com</strong> as mesmas palavras<br />
sempre:<br />
— A única coisa, neste mundo, que é preciso lembrar ou es-<br />
quecer: a Felicidade...<br />
i v l E D h<br />
iVl ) A<br />
D A A C A D E M I A D E L E T R A S
\co<br />
A herma de Mestre<br />
Valentim em frente<br />
ao portão, que é uma<br />
tradição do Passeio<br />
Publico.<br />
O BOSQUE<br />
ARTISTAS<br />
Mesmo agora, quando o verão ílammeja e as folhas<br />
cias velhas arvores centenarias amarellecem e cahem, o<br />
Passeio Publico possue uma frescura encantadora de<br />
aguas e sombras.<br />
As flores de ouro das acacias vão <strong>com</strong> os ventos que<br />
sopram do mar.<br />
As fontes murmuram. A grama, irrigada, cheira a chuva<br />
de verão. Em torno ao jardim, no asphalto das<br />
ruas, a vida tumultúa em mil ruidos, num movimento<br />
louco. O sol escalda. Mas dentro do velho parque do<br />
Passeio Publico, quanta paz e quanta frescura ! Como<br />
é propicia a sua sombra á meditação !<br />
Foi isso, sem duvida, que seduziu o espirito dos que<br />
escoiheram esse local para ser o bosque dos artistas<br />
immortalizados no bronze.<br />
Lá estão as hermas de Gonçalves Dias, o grande poeta<br />
maranhense, cantor de "Os Timbiras" e do "Y-Juce<br />
Pirama"; de Victor Meireües e de Pedro Américo, os<br />
dois notáveis pintores que fixaram nas telas os momen-
DOS<br />
IMMORTAES<br />
tos culminantes da nossa Historia; de Rodolpho Bernardelli,<br />
o escuiptor de tantas obras primas, o estatuario<br />
da Cidade Maravilhosa; de Olavo Bilac, o poeta, cuja<br />
figura dominou o seu tempo; de Alberto Nepomuceno,<br />
o mago das harmonias arrebatadoras, de Ferreira de<br />
Araujo, o jornalista das grandes campanhas civicas;<br />
de Hermes Fontes, o poeta que envolveu a vida em<br />
rythmos sonoros e se finou num drama de paixão e<br />
sangue; de Mestre Valentim, o artista nato, o cscuiptor<br />
cujo rosto de bronze, em que brilha uma<br />
surprehendente semelhança <strong>com</strong> certos retratos de<br />
Beethoven, continua a olhar de frente o antigo portão<br />
do Passeio Publico, que elle moldou <strong>com</strong> suas<br />
mãos prodigiosas.<br />
Toda uma galeria gloriosa de artistas se acolheu á<br />
sombra daquellas arvores centenarias para viver, no<br />
bronze, a vida eterna da consagração publica. Destino<br />
feliz não poderia ter o velho iardim do Passeio<br />
Publico.
As vagas bravias do mar alto arrebentam na<br />
praia, em brai ca espumarada. As dunas de<br />
areia ondulam, vastas e claras, entre a vegetação<br />
baixa e escura e montes áridos e selvagens.<br />
Ha alguma coisa de agreste na<br />
paisagem. Mas essa impressão se delue ante<br />
os « bungalows » pequenos e bellos <strong>com</strong>o<br />
brinquedos que espiam o Oceano, entre arvores.<br />
Recreio dos Bandeirantes. Recanto<br />
maravilhoso do Rio de Janeiro, aonde <strong>com</strong>eça<br />
achegar a febre de construção e crescimento<br />
da cidade. Os barcos de pesca e as<br />
cabanas de pescadores, dentro em pouco,<br />
serão um anachronismo cu um enfeite na<br />
paisagem. Mas <strong>com</strong>o esta é linda, neste momento<br />
de transição em que o Recreio dos<br />
Bandeirantes não é mais uma colonia de<br />
pesca, mas também não chegou ainda a ser<br />
um arrabalde elegante da mais bella cidade<br />
do mundo ?<br />
O panorama encantador deste pedaço desgarrado<br />
do Rio, escondido entre o mar e a<br />
floresta, está todo retratado, nos aspecto c<br />
desta pagina.<br />
PHOTOS DCSSAUCR
PAUL BOURGET<br />
O desaparecimento do grande<br />
Mestre do romance, da poesia,<br />
e da crítica, é para mim, e de<br />
certo para milhares de outros<br />
leitores, esparsos por todos os<br />
paizes da terra, uma causa de<br />
tristeza, e propriamente um luto<br />
pessoal. Não posso melhor ex-<br />
primir o que eu sentia por êle<br />
do que publicando uma carta,<br />
que dirigi ao escritor insigne,<br />
por ocasião do seu octogésimo<br />
aniversario:<br />
Maitre Lausanne. 2 Septembre 1932.<br />
C'est avec une vibrante et confiante émotion que je<br />
vous appelle ainsi, en osant vous envoyer, à l'occasion<br />
de votre quatre-vingtieme anniversaire, mes hom-<br />
mages et mes souhaits de bonheur. Ce titre, vous le<br />
recevez depuis votre jeunesse, vous l'entendez à cha-<br />
que instant d'une foule d'admirateurs et d'admira-<br />
trices; l'habitude vous l'a peut-être rendu indifférent<br />
<strong>com</strong>me quelque chose d'officiel et de convenu. Je<br />
voudrais que, sous ma plume, il eut pour vous un tout<br />
autre sens un sens vibrant et profond. Qui vous<br />
l'adresse, cependant? Un inconnu.<br />
Oui; j'ai eu l'honneur de vous rencontrer autrefois,<br />
au temps déjà lointain de mon adolescence; vous<br />
m'avez fait le plus charmant accueil (je vous étais<br />
<strong>ABRIL</strong> DE <strong>1936</strong><br />
qu'universelle; cette oeuvre si essentiellement et dou-<br />
re<strong>com</strong>mandé par une de vos amies, ma chere amie<br />
aussi, Madame Ocampo de Heimendahl); mais j'allais<br />
bientôt quitter Paris pour n'y retourner que rarement<br />
et de passage; vous m'avez naturellement oublié avec<br />
tant d'autres étrangers, qui, en touchant le sol sacré<br />
de la France, avaient tenu à vous témoigner leur ad-<br />
miration pour l'écrivain insigne et hautement person-<br />
nel, dont la renommée remplissait déjà le monde à<br />
cette époque.<br />
Vous aviez vingt ans quand je suis né. C'est tout vous<br />
dire en quelques mots. J'appartiens à cette généra-<br />
tion divisée, dont une moitié, conquise au positivisme<br />
et au naturalisme, hérités de la génération précéden-<br />
te, s'adaptait à ces doctrines arides, et à ses horizons<br />
bornes, tout en se berçant dans l'illusion presque mys-<br />
tique le ia toute-puissance de la science; tandis que<br />
l'autre moitié s'y débattait inquiété et angoissée <strong>com</strong>-<br />
me dans une cage de fer, cherchant des yeux et du<br />
désir plus d'espace, plus de lumiere, plus de liberté<br />
pour l'Esprit. J'étais de ce dernier groupe," à cause<br />
de ma sensibilité propre, et de l'éducation foncière-<br />
ment chrétienne, que j'avais reçue.<br />
Vous savez bien quelle influence vous exerciez, de quel<br />
prestige vous étiez entouré, au Brésil <strong>com</strong>me ailleurs,<br />
parmi ces jeunes gens pensifs et nostalgiques, qui<br />
souffraient <strong>com</strong>me des exilés dans un monde devenu<br />
trop dur, trop brutal, pour leur native tendresse. Il<br />
n'est pas exagéré de dire que nous vous regardions<br />
<strong>com</strong>me les adolescents de 1830 regardaient Lamartine.<br />
CRUELLE ÉNIGME, ANDRÉ CORNÉLIS, MENSON-<br />
GES PHYSIOLOGIE DE L'AMOUR MODERNE, ES-<br />
SAIS DE PSYCHOLOGIE CONTEMPORAINE, ÉTU-<br />
DES ET PORTRAITS, <strong>com</strong>ptaient parmi nos livres fa-<br />
voris, nos livres de chevet, sans oublier les POÉSIES,<br />
que nous lisions aussi, tout enchantés de leur musicale<br />
magie, et que, pour ma part, je relis encore de temps<br />
en temps. Nous y retrouvions nos propres états d'âme,<br />
fouillés et interprétés par un Maitre de l'analyse, qui<br />
n'en était pas moins un poete exquis: nos subtilités<br />
de sentiment, <strong>com</strong>pliquées et souvent maladives, no-<br />
tre penchant à la volupté réfréné et aiguisé à la<br />
fois par des préoccupations morales et religieuses,<br />
notre "amour de i'amour", tous nos doutes et nos<br />
tourments intérieurs d'enfants du siecie, notre besoin<br />
aussi d'un style plus franc, plus <strong>com</strong>préhensif, plus nu-<br />
ancé, que celui dont Zola et ses satellites nous of-<br />
fraient des échantillons trop nombreux et en<strong>com</strong>brants.<br />
Puis, un beau jour, les pages séveres et retentissantes<br />
de LE DISCIPLE éclateront parmi nous <strong>com</strong>me un<br />
coup de tonnerre ...<br />
Pardonnez-moi, Maitre, si j'évoque peut-être avec un<br />
peu de prolixité oes heures de ravissement et de mé-<br />
ditation féconde, déjà éloignées chronologiquement,<br />
mais historiquement encore davantage, à tel point<br />
qu'elles ne semblent pas appartenir au déclin du sie-<br />
cie dernier, mais à un autre âge géologique de notre<br />
planete. Peut-être est-ce, de mon côté, gout et mé-<br />
lancolique douceur de m'évoquer moi-même, tel que<br />
j'étais alors; car j'arrive à ce tournant de la vie, ou<br />
l'homme, tout en continuant à s'intéresser, et même<br />
passionnément, aux moeurs et aux problèmes de cha-<br />
que jour, <strong>com</strong>mence à se <strong>com</strong>plaire de plus en plus<br />
au souvenir, ou, <strong>com</strong>me nous disons en portugais, à<br />
ia "saudade" du passé. Et puis, il me fallait parler<br />
un peu de moi tout de même, pour expliquer et jus-<br />
tifier cette lettre.<br />
Je suis sur que beaucoup de mes <strong>com</strong>pagnons de ce<br />
temps-là, dispersés au gré de leurs carrieres, de leurs<br />
destinées, ont gardé, au fond de leurs âmes, l'em-<br />
preinte initiale de vos idées, de vos doctrines, car,<br />
<strong>com</strong>me tout ce qui releve de l'éternel, elles s'adres-<br />
saient aux couches les plus intimes de notre existence<br />
spirituelle. Ecrivain moi-même, ma sympathie pour<br />
elles s'est affirmée et reflétée dans mes premiers li-<br />
vres, et les critiques brésiliens de cotte époque n'on*<br />
pas manqué de le souligner dans leurs articles. Faut-il<br />
ajouter que cette sympathie respectueuse et chaleu-<br />
reuse du jeune poote et oonteur envers l'Aine illustre<br />
et glorieux s'est maintenue fidele, et s'est même ac-<br />
crue au cours de ces quarante ans, car vous l'avez<br />
méritée toujours davantage, <strong>com</strong>me artiste et <strong>com</strong>me<br />
penseur? Qu'il me soit donc permis de saluer en vous<br />
un des Maîtres de ma jeunesse; un des rares écri-<br />
vains modernes qui ont réellement contribué à ma<br />
formation intellectuelle. Mais, en dehors de cette<br />
considération personnelle, je tiens à saluer aussi vo-<br />
tre oeuvre en elle-même, dans sa beauté, dans sa<br />
solidité, dans l'équilibre de sa valeur esthétique et<br />
de sa portée philosophique et sociale; cette oeuvre,<br />
qui a traversé des influences allemandes, anglaises,<br />
italiennes, mais à la façon d'un organisme robuste,<br />
c'est-à-dire, en restant française et vôtre, autant
ILLUSTRAÇAO BRASILEIRA<br />
O velho porlão da Quinta da Boa O V E L H O PORTÃO DA QUINTA DA B O A V I S T A<br />
Vista, que oui'rora se abria aos<br />
coches do Primeiro Império e que<br />
agora dá passagem aos automóveis,<br />
aos carros de creanças e aos pares<br />
enlaçados de namorados que buscam<br />
a sombra propicia das arvores, a<br />
frescura amavel das aguas, a alfombra<br />
macia da grama, para um pouco<br />
de repouso ou de idyllio.<br />
ioureusement humaine, mais toujours secouée du grand<br />
frisson du Divin, depuis les crises juvéniles du scepti-<br />
cisme et du pessimisme jusqu'à l'ascension sereine et<br />
majestueuse vers la foi et l'espérance; cette oeuvre, qui,<br />
pour toutes ces raisons, possédé le don de vous con<br />
quérir, non seulement des admirateurs, mais des amis,<br />
dans tous les pays du monde, lesquels deviennent, de<br />
par vous, autant d'amis eï défenseurs de votre au-<br />
guste Patrie !<br />
Veuillez agréer, Monsieur Paul Bourget, l'hommage de<br />
ma vénération affectueuse.<br />
Respondeu o Mestre em algumas linhas <strong>com</strong>ovidas,<br />
que deploro não poder achar neste momento. De-<br />
ploro ainda mais, açora, ter falhado um encontro<br />
<strong>com</strong> ele, marcado quatro anos antes, e que devia rea-<br />
lisar-se no Castello histórico de Chantilly, do qual<br />
Paul Bourger era "conservador". Precisamente na vés-<br />
pera, dosaparecera da coleção do castelo o famoso<br />
"diamante cor de rosa", e o "conservador" estava,<br />
<strong>com</strong>o é <strong>com</strong>preensível, numa angústia extraordinária.<br />
Desde então não voltei a Paris, e resta-me só imagi-<br />
nar o encanto que teria tido o projetado encontro<br />
<strong>com</strong> êle, já enveihecido, mas sempre forte de cérebro<br />
e juvenilmente agil de expressão, naquele quadro<br />
prestigioso de Chantülv ...<br />
Quantas cousas de fecunda influência teria ouvido do<br />
seus lábios, e quantas cousas interessantes (para mim<br />
ao menos) feria podido dizer-lhe! todas as que lhe<br />
cisse na minha carta, e aigumas que nela não disse,<br />
ou por que demasiado a prolongariam, ou por que,<br />
subtis, delicadas de índole, exigiam a fluidez do diá-<br />
logo vivo e sem pressa.<br />
Eu me teria penitenciado, por exemplo, contritamente<br />
e <strong>com</strong> franqueza, do meu arrefecimento, do meu qua-<br />
se abandono, em lelação aos seus novos livros, du-<br />
rante um período não breve, e precisamente dos mais<br />
operosos, dos mais significativos, na história do seu<br />
pensamento. Ta. defecção, o outras muitas que pela<br />
mesma época se produziram, não lhe importaria muito<br />
em si, a êle que contava os seus ieitores e admira-<br />
dores por centenas de milhares. A mim me importava<br />
confessar-lh'a. por um impulso de estreme lealdade<br />
para <strong>com</strong> um grande homem, que possuia plena-<br />
mente a rninha estima, o meu respeito; e por certo,<br />
<strong>com</strong>o tal, não o deixara indiferente.<br />
Esse afastamento se dera, quando êle, chegando ás<br />
conclusões de muitas experiências sentimentais e éti-<br />
cas, se aproximara, a largos passos, do cristianismo,<br />
e acabara adorindo, sem ambages, ao credo católi-<br />
co. E <strong>com</strong>o, de minha porte, atitude tão estranha?<br />
E' que eu suspeitava, <strong>com</strong>o outros muitos suspeita-<br />
ram, uma tendência politica nessa evolução religiosa!<br />
Eu lh a atribuía, <strong>com</strong>o, e ainda mais, a Brunetiere. á<br />
guisa de aplicação do famoso conceito: "A religião é<br />
um treio moral necessário para dominar o povo". O<br />
pretenso critério utilitário mareava, a meus olhos, a<br />
beleza, a pureza do gesto.<br />
Cometia uma negra injustiça — agora o reconheço<br />
— e, de outro lado, me mostrava incoerente, desin-<br />
teressando-me. som exame, dos seus novos romances,<br />
classificando-os romances "de tese", produtos, por<br />
tanto, híbridos e artificiais... <strong>com</strong>o se Le Disciple,<br />
que tão entranhadamente me <strong>com</strong>overa e exaltara,<br />
não tos^e o primeiro marco, glorioso, da "segunda<br />
maneira" de Paul Bourget ! Tudo isso, de resto, cor-<br />
respondia a um passageiro estado do alma, assás<br />
<strong>com</strong>plexo e obscuro: pendor em filosofia e em arte,<br />
por um individualismo simultaneamente aristocrático e<br />
rebelde, em politica por um liberalismo quase anár-<br />
quico (de resistencia indignada ás bravatas e amea-<br />
(PHOTO OESSAUER)<br />
ças do ambicioso imperalismo germânico); e uma vaga,<br />
absurda simpatia, na esfera religiosa, pelo modernismo:<br />
rápido engano, aiiás; que não tardei a discernir<br />
nêfe a mais perigosa e destruidora das heresias<br />
cessando, então, de fantasiar um antagonismo impossível<br />
entie Pio X e Leão XIII. Era natural, por conseguinte,<br />
a minha prevenção contra Paul Bourget, defensor<br />
e gendarme da Ordem ...<br />
Gorada a visita a Chantilly, a imagem viva que me<br />
ficou d ele foi a do escritor ainda moço. ainda na<br />
sua fase primoira de "dandismo", <strong>com</strong> quanto já fora<br />
dos encantamentos do "düettantismo", que <strong>com</strong> cortezia<br />
exquisita e inolvidável me acolhera em seu elegante<br />
palacete da rua Barbet-de-Jouy — uma das<br />
mais silenciosas do faubourg Saint Germain — nos<br />
annos crepusculares do décimonono século . ..<br />
Ainda recordo o busto marmóreo de Napoleão que<br />
ornava um dos patamares da escada estreita e luminosa.<br />
a vasta sala de trabalho — escritorio e bibliotheca<br />
— e a minha despedida, uma tarde de inverno,<br />
em vésperas de regresso a Roma (Janeiro ou Fevereiro<br />
de i898). Ainda o revejo, de pé junto á porta;<br />
estatura acima de mean, rosto largo, olhos pensativos<br />
e um pouco duros, boca espessa e mento enérgico,<br />
a vasta fronte barrada pela caraterística mecha<br />
de cabeios; costume de viagem, em que se destacava<br />
um colete escossez de xadrez vermelho sobre fundo<br />
castanho... Ainda me ressoa aos ouvidos a voz,<br />
parecida á de Joaquim Nabuco, <strong>com</strong> o mesmo sotaque<br />
um pouco britânico:<br />
"Je pars dans une heure pour Londres. Je ferai ce<br />
que vous désirez (tratava-se de uma dedicatória a<br />
escrever num dos seus livros, para uma senhora minha<br />
amiga). Au revoir!"<br />
O anglófilo correto e discreto, o requintado clubman,<br />
o penetrante e sedutor lalcist de Études anglaises ...
nuR AO soi<br />
Nua, na brancura da praia, ela abria os cabelos ruivos<br />
<strong>com</strong> os dedos longos e claros, e expunha-os ao sol. Parecia<br />
que estava fiando a luz para vestir de oiro sua nudez de<br />
marfim.<br />
Ficou, assim, algum tempo, inebriada. Quando a sombra<br />
<strong>com</strong>eçou a descer dos morros, atirou-se, de repente, ao mar.<br />
Uma onda alta apanhou-a, abraçou-a toda e raptou-a<br />
para o largo: ao longe, seu corpo surgiu, maravilhosamente,<br />
no dorso das ondas, oferecido ás últimas luzes do crepús-<br />
culo numa ara de pedra verde luminosa, imolado pelo mar no<br />
sacrifício religioso do poente. Em seguida, dasapareceu de vez.<br />
A multidão acudiu á praia. Ela apenas deixara a roupa de<br />
A O S W A L D O DE SOUZA E SILVA<br />
que se despira. Nenhuma palavra escrita.<br />
Quem será? Por que se teria atirado ao mar?<br />
DeiRfi 40 •<br />
Que te interessa, curioso, conhecer a paixão que a levou<br />
para a morte na tarde mística e magnífica, oferecendo-se<br />
ao crepúsculo no dorso de uma onda ?<br />
Se não herdaste a faculdade mirífica do sonho, volta a teu<br />
lar quieto, á tua vida serena, á tua felicidade equilibrada.<br />
Esquece aquela mulher, aqueles cabelos de oiro, aquela<br />
voluptuosa nudez de marfim.<br />
Nunca poderás <strong>com</strong>preender que ela se tenha matado porque<br />
lhe pareceu aquela hora bela demais para que pudesse ser<br />
vivida duas vezes...<br />
C L A U D I O DE S O U Z A<br />
DA A C A D E M I A DE LETRAS
1 ,<br />
A REFORMA ARCHITECTONIC A<br />
DA MATRIZ DA<br />
GLORIA<br />
A matriz da Gloria, o velho templo<br />
catholico do Largo do Machado, está<br />
passando por uma grande trcnsfcr<br />
maçào architectonica. ssa reforma,de<br />
exiraordinarias p r oporçõe s, se<br />
deve, principalmente, aos esforços do<br />
Monsenhor Luiz Gonzaga, vigário da<br />
tradicional igreja que, nessa obra<br />
ingente, tem encontrado um apoio<br />
enthusiasta de parte do povo catholico<br />
do Rio de Janeiro. Nesta pagina,<br />
damos a photographia da "maquette"<br />
da nova matriz da Gloria, vista de<br />
différentes ângulos.
^ T i f ! !<br />
«wimnniiíü!!!!<br />
; ssi^::;;:::« •• 3<br />
dê,<br />
^J m dos trechos do Rio de Janeiro que mais profundas modificações sofferam<br />
no curso dos ar.nos roi a rua do Passeio. O asphalro substituiu ao parallelopipede.<br />
As velhas casas ruiram pela acção co tempo ou dos incêndios e em seu logar se<br />
ergueram prédios modernos e arranha-céos gigantescos. O movimento de vehiculos<br />
e pedestres docuplicou-se. E o propiio Passeio Publico transformou-se: suas grades<br />
foram posias a baixo, algumas das velhas arvores copadas soffreram a póda ou<br />
o corte. A physioncmia da rua olterou-se <strong>com</strong>pieramente. As duas photographias,<br />
que aqui estampamos, lado a lajo, documentam, cabaimento, essa extraordinaria<br />
modificação de um dos trechos urbanos mais populares da Capital Federal. Numa<br />
delias, vemos a rua do Pòsseio dc 1905, <strong>com</strong> os bcndiniios de tracção animal, a<br />
via publica estreita, apertada entro o velho Jardim o as velhas casas, o aspecto todo<br />
provinciano de uma cidade antiga e fiisie. Na outra, temos um aspecto dos nosso*<br />
dias: o movimenio, a trepidação, a rua iisa, espelhante e tudo novo, tudo moder-<br />
no, tudo agitação e vida. E' o mesmo pedaço da Capital Federal, <strong>com</strong> um espaço<br />
do trinta annos entre as duas photos .. .<br />
E DE HA TRINTA ANNOS
Photo Carvalho<br />
o
mm MJU<br />
eflUB<br />
; > ív . v<br />
Palacio Tiradentes onde ftrcciona a<br />
Camara dos Deputados, e que tem á (rente<br />
a estatua do proto-martyr.<br />
A<br />
prisão dos Conjurados de Villa-Rica effectuou-se<br />
a 10 de Maio de 1789. O Protomartyr achava-se na<br />
residencia de Dominemos Fernandes, á rua dos Latoei-<br />
*os (tua Gonçalves Dias). Foram remettidos para o<br />
presidk5 da ilha das Cobras, de onde, no anno da<br />
execução, sahiram, transferidos para um escuro e no-<br />
jento" cubículo da Cadeia Velha, edificio que se de-<br />
moliu para a erecção do "Palacio Tiradentes", onde<br />
funcciona hoje a Camara dos Deputados.<br />
Os Inconfidentes esperavam o lançamento da derra-<br />
ma, para fazer rebentar a revolução em Villa-Rica<br />
(Ouro-Pretoj e no Rio de Janeiro. Aquelle anno a<br />
derrama imporrava em mais de 58 arrobas de ouro.<br />
Coube ao Dr. Francisco Gregorio Pires Bandeira, in-<br />
tendonio de Villa-Rica, c lançamento da innominavel<br />
imposição.<br />
De principio, o intendente relutou em lançal-a, pre-<br />
vendo graves acontecimentos.<br />
O imposto, porém, tinha que ser lançado, e o foi,<br />
eífectivamente.<br />
Entre os documentos que fazem parte dos Autos de<br />
julgamento desse grupo de heróes que a Historia hoje<br />
venera, foi encontrado o seguinte:<br />
toucando- a "dMcojtfühncia" Ouro<br />
Tem o mais accentuado sabor de opportunidade o evocarmos o<br />
facto historico mais interessante do mez que passa. A "Inconfi-<br />
dência Mineira", esse episodio empolgante da Historia do Brasil,<br />
focalisando o martyrologio de Tiradentes <strong>com</strong>o desfecho de um<br />
sonho de idealistas, é assumpto que offerece sempre aspectos<br />
inéditos e que, pela sua influencia nos nossos destinos historicos,<br />
máo grado o passar do tempo, é cada vez mais actual.<br />
wm<br />
- - < • x t V.<br />
Baldo dos Inconfidentes, em Ouro Preto,<br />
onde se reuniam os conspiradores.<br />
"A senha para a revolução de Villa-Rica seria<br />
— "Tai oia é o baptisado" — que seria aquelle no<br />
qual se lançasse a derrama; pela alta noite se gritaria<br />
por toda Vilia-Rica — Liberdade ! — a cuja voz acor-<br />
Preto—Praça Tiradentes. vendo-se o mon0m3nto<br />
ao heroe da Inconfidência Mineira.
daria Francisco de Paula e á testa de seu regimento,<br />
que o adorava, conduzindo-o <strong>com</strong> artificio, daria tem-<br />
po ao Tiradentes para agir conforme o <strong>com</strong>binado,<br />
gritando peias ruas — Liberdade! — o infame Paula<br />
se trocaria em patrocinador e defensor delia de apla-<br />
cador, q*e fingia ser, desta insurreição. Alvarenga,<br />
Oliveira e Toledo, na frente de seus escravos, e outros<br />
aventureiros ou pescadores em agoas turvas, que fa-<br />
cilmente trarião ao seu partido, levarião a columna<br />
da !ibe-dade revolucionaria ó cidade de Marianna, ás<br />
villas de S. João d'Ei-Rey, de S. José, etc.. Por este<br />
modo se firmaria a Republica".<br />
A ALCUNHA DE "TIRADENTES"<br />
Joaquim José da Silva Xavier foi assim cognominado<br />
por ser habii na extracção de dentes.<br />
Também coliocava pivots <strong>com</strong> summa pericia, por elle<br />
proprio fabricados.<br />
A casa de Tiradentes estava situada á rua de S. José,<br />
em Villa-Rica. No meio do terreno desse immovel foi<br />
erguida uma columna dita da "Inconfidência" e sobre<br />
a mesma collocada uma gaiola de ferro contendo a<br />
cabeça do imperterrito heróe.<br />
O DELATOR<br />
Chamava-se Silvério dos Reis, ou, verdadeiramente,<br />
Joaquim Silvério dos Reis Lairia Genses, o delator de<br />
Tiradentes. Era Coronel de Auxiliares e occupava o<br />
cargo de arrematador dos direitos de entrada na<br />
Capitania de Minas. Moveu-o a <strong>com</strong>metter o triste<br />
acto, que o celebrisou, o ser devedor, á Fazenda Real,<br />
de 220 mil e tantos contos.<br />
A' MEMORIA DE "TIRADENTES"<br />
O conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, Presidente<br />
da Província de Minas, mandou erigir, em 1866, na<br />
Praça da Independencia, em OuroPreto, uma columna<br />
de granito in memoriam do immorredouro heróe mi-<br />
neiro.<br />
0 alferes Joaquim José 4a Silva Xavier, o<br />
••Tiradentes". segundo uma tela de A. Oelpinc.<br />
Em fins do século passado, um pintor campista, Leo-<br />
poldino Joaquim de Faria, expoz uma tela, de sua<br />
autoria, representando o Protomartyr da nossa eman-<br />
cipação politica entre seus <strong>com</strong>panheiros.<br />
Outros artistas se têm servido do acontecimento his-<br />
torico que foi a Inconfidência e delle têm tirado ma-<br />
gníficos motivos para seus trabalhos. Eduardo Sá evo-<br />
ca em uma tela que é -uma obra primorosa o mo-<br />
mento historico da confirmação da sentença de morte<br />
Confirmação da sentença que condemnou o Tiradentes<br />
á morte infamante na fõrca. É um quadro<br />
historjco de Eduardo de Sá. e tom a data de 1897.<br />
do alferes conspirador, hoje symbolo nacional. E as-<br />
sim tantos outros.<br />
UM INCONFIDENTE POETA<br />
Não faltou a esse movimento o auxilio dos homens<br />
de pensamento. Além de Tnomaz Antonio Gonzaga,<br />
um outro poeta esteve conspirando lado a lado <strong>com</strong><br />
Tiradentes" no seu historico "Balcão" em Ouro-Preto,<br />
e curtiu <strong>com</strong> elle as agruras da prisão na "Cadeia<br />
Velha". • " *<br />
Era Alvarenga Peixoto, coronel e juiz-de-fóra. Esse<br />
patriota, ao ter noticia de sua sentença de morte,<br />
depois <strong>com</strong>mutada em degredo para terras da Afri-<br />
ca, escreveu um soneto, que 6 o que abaixo trans-<br />
crevemos, pouco conhecido e cheio de extranho sa-<br />
bor historico:<br />
A SAUDADE<br />
Não me afflige do potro a viva quina;<br />
Da ferrea maça o golpe não me offende;<br />
Sobre as chammas a mão se não extende;<br />
Não soffro do aguinete a ponta fina.<br />
Grilhão pesado os passos não domina;<br />
Cruel arrocho a testa me não prende;<br />
A' força a perna ou braço se não rendo;<br />
Longa cadéa o coiio não me inclina.<br />
Agua e pomo faminto não procuro;<br />
Grossa pedra não cansa a humanidade;<br />
O passaro voraz eu não aturo.<br />
Estes maios não sinto; é bem verdade;<br />
Porém sin+o outro mal inda mais duro:<br />
— Sinto da esposa e filhos a saudade !
Degas — A toilette<br />
IS<br />
Sisley — Ponte du Moret<br />
•iffg. --
Júnior (1916) o Henrique Cavalleiro (1918) para que<br />
a íechnica impressionista, a maior renovação que se<br />
processa, na arfe de pintar, nestes dois últimos séculos,<br />
passasse ao patrimonio da arte brasileira <strong>com</strong>o<br />
incorporada ao sentimento artistico.<br />
De \ò\ sorte, quando aquella realidade technica e<br />
esthetica se nacionaiisa, já o impressionismo, <strong>com</strong> o<br />
seu pontilhismo á Henri Martin, passou para a categoria<br />
dos clássicos. E até contra aquella disciplina<br />
artística se levantavam já outras tendencias, <strong>com</strong> forte<br />
arrojo anarchisante, derivada dos influxos desencontrados<br />
do Grande Guerra, ultrapassando o fauvismo e<br />
mesmo o cubismo, nascido este quasi ás vesperas da<br />
conflagração mundial. Seguia-se, desse feitio, embo<br />
ra um pouco mais apressado, o mesmo rythmo que<br />
vinha de um século. Não seria, assim, fora da chronologia,<br />
assignalor-se o anno de 1916, <strong>com</strong>o aquelle em<br />
que os primeiros symptomas se manifestam na sensibilidade<br />
artística brasileira, prenunciando que outros<br />
processos voo ser adoptados na andadura da arte<br />
forçando-a o uma carreira quasi precipitada, e onde<br />
muito se verá de imprevistos e sem nexo. Em <strong>1936</strong>,<br />
temos precisamente vinre annos daquelles inicioes movimentos<br />
de antecipação. Este praso, muito curto<br />
para os labores profundos do um acontecimento artistico,<br />
é, no entanto, sufficiente para o* exame de<br />
uma tendencia que procurou precisamente nada aprofundar,<br />
e tudo realisar <strong>com</strong> caracter provisorio, tão<br />
ao vivo <strong>com</strong>batido pelo critico Camille Mauclair, que<br />
chegou a denominal-o de Força de Arte Viva. Além<br />
desse livro, aquelle escriptor estampou vários artigos<br />
no G Paiz, sendo assim do conhecimento de todos<br />
que seguem <strong>com</strong> interesse as questões de arte.<br />
Por minha vez, e naquelle rnesmo grande jornal saí,<br />
algumas vezes, e quando no caso cabia, em pról das<br />
lenovaçces, convencido <strong>com</strong>o air.da estou do que a<br />
vida é uma constante renovação, o o que se nòo renova<br />
morre. Além disso, sempre senti que a natureza<br />
Monet Marinha hollandeza<br />
Signac —<br />
Saint-Tropez<br />
F I e é x a R i b e i r o<br />
Pissaro — Boul. Montmartre na primavera<br />
Renoir — Pequenina florista<br />
Prol Colhedralico do Escola Nacional de Bellas<br />
Artes — Director do Curso de Arte Decorativa
H. Cavalleiro — Mocidade<br />
Marques Junior — O repouso<br />
é infinita na sua interpretação: o que conhecemo*<br />
pela arte ou pe!a sciencia. não passa de parcellas da<br />
verdade total que procuramos. Naturalmente que semelhante<br />
conceito noc se poderá jámais confundir<br />
<strong>com</strong> os disfa r ces e inhabÜidade, nem <strong>com</strong> a impericia<br />
ou falta de aptidão dos que se utilisavam daquella<br />
liberdade de mentido da vida para mostror<br />
Tristemente o qucnlo estavam longe da realidade.<br />
Um espirito despido de preconceitos iogo ha de verificar,<br />
numa visão do synthese, que entre os homens<br />
do cassado existiram alguns grandes artistas, e que<br />
do 'presente também seria possivei admittir-se aquella<br />
verdade.<br />
A Arte é uma só: no antigo ha muitos novos, e actualmente,<br />
enrre os futuristas, ha muitos velhos, que<br />
mesmo naquellas épocas seculares já nada valeriam...
Salão de recepção<br />
Um aspecto do bar<br />
Salão<br />
de jantar<br />
vsmvxM<br />
RESIDENCIA<br />
CARIOC S<br />
Residencia do Sr. Oscar O' Neill<br />
á rua Conning, em Copacabana<br />
Photos Rembrand
òfor V<br />
Vento que enfuna as velas brancas das jangadas,<br />
Das jangadas aventureiras da minha terra !<br />
Vento que agita as grandes arvores martirisadas,<br />
Vento que espalha o fumo azul e ondulanto da serra;<br />
Vento que deita ao solo as benéficas sementes<br />
Que amanha fiorirão para a fartura alheia !<br />
Vento que se segue os géstos calmos e previdentes<br />
Do velho semeador curvado quando semeia;<br />
Vento que no aito mastaréu, perto das nuvens soltas,<br />
Desfralda ésperamente o farrapo das bandeiras !<br />
Vento ululante das tempestades revoltas<br />
Que traz de longe a voz monotona e triste das cachoeiras;<br />
Vento que despetéla as rosas agonisantes<br />
Pondo frêmitos nos jardins calmos e silenciosos.<br />
Vento que encrespa as aguas ciaras e ressonantes<br />
Dos rios sonóros e plácidos e milagrosos;<br />
Vento do sul, minuano de clamores e de gritos,<br />
Que em tropel de corcéis, nas paizagens escampas,<br />
Desgrenhando os umbús solitários e aflitos<br />
Atira para os céus as areias dos pampas;<br />
Vento do norte ! O' maldição dos rincões brasileiros<br />
Que em blasfêmias cruéis e queixas longas,<br />
Ora arrasta na fúria a copa dos joazeiros,<br />
Ora aumenta o clarim da voz das arapongas;<br />
Vento que impéle os braços mecânicos dos moinhos<br />
E as asas brancas e agitadas das pombas forasteiras.<br />
Vento que embala os berços e acalenta os ninhos,<br />
Vento que acende o fogo amortecido das lareiras;<br />
Vento que põe notas festivas e frementes de alegria<br />
Nos sinos da Pascoa e na voz deslumbrada<br />
Dos galos que cantam á gloria primeira do dia !<br />
Vento que chama o sol ! Vento da madrugada !<br />
Vento que muda em notas repassadas de saudade<br />
As palavras de amor da criatura vencida.<br />
Vento que sópra os balões fugidios <strong>com</strong>o a felicidade .<br />
Vento ! Trazes a Vida ! Vento levas a Vida ! ...<br />
O L E G Á R I O M A R I A N N O<br />
Da Academia de Letras<br />
o.o
nOR/SON<br />
^ ^ 12 do corrente, passou mais um anniversario da<br />
assignatura do decreto que deu á cidade que é,<br />
hoje, séde do governo mineiro, o nome de Bello<br />
Horizonte, Até então, o seu nome official era Cida-<br />
de de Minas. Aproveitando a opportunidade dessa<br />
ephemeride, publicamos, hoje, alguns dados sobre a<br />
hisloria da capital de Minas Geraes, que é, actual-<br />
mente, urna das mais bellas cidades do Brasil.<br />
A idéa da mudança da séde do Governo de Minas<br />
da ta da Inconfidência. Um conjurado, Domingos de<br />
Fazenda do Cercadinho, verdadeiro<br />
berço da capital de Minas Geraes.<br />
Abreu Vieira, havia dito que "a capital se havia de<br />
mudar para São João d'EI-Rey, por ser aquella villa<br />
mais bom situada e farta de mantimentos". A 25<br />
de junho de 1868, na Assembléa Provincial, Manuel<br />
Faustino C. Brandão apresentou um projecto para a<br />
transferencia da capital.<br />
Houve diversas outras tentativas no mesmo sentido,<br />
suggerindo a mudança, ora para Juiz de Fora, ora<br />
para Barbacena, ora para Jequitibá. Finalmente, as<br />
O Palacio da<br />
Liberdade, séde<br />
do Governo do<br />
Estado.
Um bello aspecto da<br />
capital. A P r a ç a da<br />
Liberdade, vendo-se as<br />
Secretarias da Agricultura<br />
e do Interior.<br />
preferencias officiaes se fixaram na conslrucçâo do<br />
cidade que é, hoje, Bello Horizonte. Para planejar e<br />
presidir ossa grande obra, foi nomeada uma <strong>com</strong>-<br />
missão de que faziam parie os maiores engenheiros<br />
da época.<br />
Bello Horizonte foi installada cfficialmente, a 12 de<br />
dezembro de 1897, por decreto assignado, no Pala-<br />
cio da Liberdade, pelo Presidente Bias Fortes.<br />
Seu nome primitivo, "Cidade de Minas', foi trans-<br />
formado em Bello Horizonte por decreto expedido<br />
em 12 de abril de 1890.<br />
Sua consírucção foi iniciada em fevereiro de 1894,<br />
sob a gestão de Affonso Penna. As despesas <strong>com</strong><br />
esse trabalho montaram a 33.073:000$000. Bello Ho-<br />
rizonte ergue-se a 920 ms. acima do mar, pairando<br />
a I9°55'22" de íah S. e a l o l0'6" de long. O. A<br />
área que occupou, na occasião em que foi demar-<br />
cada, (1895), era de 33.746.185 metros quadrados.<br />
Actualmente, <strong>com</strong> o accrescimo de vários municípios<br />
(Sta. Quitéria, Sabará, Sta. Luzia, etc.), a área da<br />
capitai mineira é superior a 52 kilometros quadrados.<br />
Belio Horizonte, que é a cidade mais bem construida<br />
do Brasil, erigida especialmente para séde do go-<br />
verno de Minas, esta dividida nos seguintes arrabal-<br />
des: Generai Carneiro, Freitas, Marzagão, Calafate,<br />
Cardoso. Bom Successo, Engenho Nogueira, Pampu-<br />
Iha, Piteiras. Menezes. Jatobá, Barreiro. Cercado,<br />
Taquaril, Olhos d'Agua, Gamelleira. Gorduras, Teju-<br />
co, Prado, Barro Preto e Bomfim.<br />
A artéria principai tem 3.000 ms. de extensão so-<br />
bre 50 do largura: é a Avenida Affonso Penna, as-<br />
sim denominada em homenagem ao Presidente que<br />
a fez construir.<br />
Ensombram a avenida arvores gigantescas, plantadas<br />
em duas filas de cada lado e a pequenos trechos.<br />
As praças são lindíssimos jaidins, destacando-se a<br />
Praça oa Liberdade, em frente ao Palacio do Go-<br />
verne.<br />
O obelisco do Bello Horizonte é uma obra-prima de<br />
mármores po!>chromicos de Minas.<br />
Ao tempo da inauguração de Bello Horizonte, cir-<br />
culavam ali aponas dois jornaes. — "A Capital",<br />
dirigido pelo Cel. Francisco Bressane, e o "Bello Ho-<br />
rizonte", de Francisco Martins Dias.<br />
O tiaçado da capital das Alterosas mereceu do ar-<br />
chitecto francez Bouvard, que a visitou, em 1910, es-<br />
tas palavras:<br />
— Está tão bem delineada, que não ha nada a au-<br />
gmentar nem a diminuir.<br />
As bases fundamenraes do primeiro prédio edificado<br />
em Bello Horizonte foram lançadas em 24 de março<br />
de 1896, á rua de S. Paulo, e era de propriedade<br />
de Luiz Louronço Rodrigues.<br />
Outro aspecto da Praça da Liberdade
Photos Helmut<br />
O "Poconé", da frota do Lloyd,<br />
descansa sobre aguas bonançosas,<br />
ao lado de outro velho barco.<br />
Um navio da frota do Lloyd encostado ás<br />
officinas em que se têm voronoffizado<br />
tantos velhos barcos.<br />
Os poetas cantam a doçura da brisa marinha<br />
e falam, <strong>com</strong> lyrismo, do repouso dos velhos<br />
barcos sobre as aguas mansas, na hora melan-<br />
cólica do crepusculo. Mas despresam a vigo-<br />
iosa poesia do trabalho e do movimento nos<br />
estaleiros que voronoffizam os navios vencidos<br />
pelo tempo e pela fúria das aguas e dos ven-<br />
tos. Se, porém, os poetas não conhecem o en-<br />
canto lyrico das officinas que funccionam so-<br />
bre o mar, os photographos sabem colher os<br />
aspectos poéticos dessa actividade que já fez<br />
a grandeza de tantos povos, <strong>com</strong>o bem attes-<br />
tam estas paginas, em que estão fixados ins-<br />
tantâneos das officinas de Mocanguê, do Lloyd<br />
Brasileiro.
Nos estaleiros de Mocanguê, carcassas de barcos,<br />
pedaços de embarcações que parecem monstros<br />
marinhos.<br />
ii—•-<br />
V fc!<br />
n I<br />
liJ «<br />
r<br />
a<br />
*<br />
r<br />
I<br />
tr NJ<br />
w *<br />
Outro aspecto das officinas do<br />
Mocanguê, do Lloyd Brasileiro.<br />
t<br />
\<br />
Sobre as aguas inquietas, entre<br />
ferros volhos, a intensa poesia<br />
do trabalho e da paizagem.
^ ^ leitor já terá fixado os olhos nos clichés desta<br />
pagina o ja terá dito: "As mãos de Brailowsky!"<br />
Sim! Sáo os mãos de Brailowsky, as mãos do pianista<br />
gigantesco, de braços de aço e de temperamento de<br />
togo!<br />
As mãos que tantas vezes não têm feito vibrar deli-<br />
rantemente e que vão reapparecer no dia 29 deste<br />
mez, não Theatro Municipal, inaugurando a tempora-<br />
da musical, numa deliciosa promessa de óptimas sur-<br />
presas.<br />
Brailowsky volta ao Rio peia sexta vez, trazido pela<br />
empresa Viggiani — o empresário dos grandes ar-<br />
tistas e dos grandes concertos.<br />
Nessas seis temporadas, levadas a effeito em épocas<br />
diversas, pôde o publico carioca apreciar a evolução<br />
extraordinaria do artista.<br />
Romântico apenas, a principio. Agora, um romântico<br />
que também é um inegualavel pianista de bravura!<br />
Essas mãos que ahi estão deante de nossos olhos são<br />
mãos que nos fazem sofírer, reflectir, vibrar, enthu-<br />
siasmar. São mãos que transformam uma musica num<br />
sonho, numa vibração, levando á sensibilidade alheia<br />
o encaniamento ou o delírio.<br />
Dentro de poucos dias, estará elle em novo contacto<br />
<strong>com</strong> o publico carioca. E o Municipal, mais uma vez,<br />
se transformará naquelie ambiente de acclamações,<br />
em que, só os que são muito grandes na arte cos-<br />
tumam transformal-o. E Brailowsky é grande! E' dos<br />
maiores, que o Rio tem applaudido. Ha muitos an-<br />
nos, o seu nome destaca-se, inconfundivelmente, entro<br />
os poucos que gosam da proferencia do nosso pu-<br />
blico.<br />
Esperemos, pois, mais alguns dias, para rever o pia-<br />
nista diabolico, cujas mãos ahi estão, nesse cliché,<br />
<strong>com</strong>o uma promessa esplendida de grandes momen-<br />
tos de emoção e de enthusiasmo!<br />
Algumas noticias que fazem bem ao nosso orgulho<br />
de brasileiros. Da Academia de Musica e Arte, do<br />
Vienna, locebeu o maestro Villa-Lobos um convite<br />
para fazer parte do jury do grande concurso inter-<br />
nacional de canto e pianos que se realisará na capi<br />
tal austríaca, no mez de Julho deste anno.<br />
A inclusão do nome do iilustre artista brasileiro, en-<br />
tre os membros do jury, é tanto mais honrosa para<br />
nós, quanto foi lembrada em Vienna, paiz clássico da<br />
ARNALDO<br />
REBELLO<br />
musica, para figurar ao lado<br />
de Felix Weingartner, que é<br />
uma das maiores autoridades<br />
mundiaes sobre o assumpto.<br />
Assim possa Villa-Lobos cor-<br />
responder á honra do convite,<br />
e o Brasil estará brilhantemen-<br />
te representado por uma de<br />
suas mais legitimas glorias mu-<br />
sicaes de nossos dias.<br />
Uma pianista brasileira — Vitalina Brasil — que o<br />
Rio já conhece de vários concertos, apresentou-se.<br />
receníemente em Buenos Aires e Montevidéo. Agra-<br />
dou e foi applaudida. "La Prensa", de Buenos Aires,<br />
registrando a impressão que recebeu, disse que, no<br />
concerto a pianista "se revelou uma artista de fina<br />
sensibilidade, de uma eîegancia toda feminina e uma<br />
instrumentista de sonoridade poética e suave".<br />
Taes qualidades foram reveladas "em um Coral, de<br />
Bach, que interpretou <strong>com</strong> delicada emoção; na So-<br />
nata em lá bemoi, cujos quatro tempos foram ani-<br />
mados pela artista, <strong>com</strong> justa e pessoal expressão<br />
e <strong>com</strong> todos os effeitos de sonoridade, que pôde<br />
obter do instrumento".<br />
Pode-se, por essas palavras, concluir que Vitalina<br />
Brasil "alcançou verdadeiro êxito, manifestado pelos<br />
applausos de enthusiasmo e de sympathia, de que foi<br />
alvo".<br />
O critico do "Uruguay", de Montevidéo, assignalou<br />
<strong>com</strong> eiogiosas referencias a sua apresentação naquel-<br />
la Capital. "Artista de exquisita sensibilidade, dota-<br />
da de rico temperamento" — escreveu elle. E accres-<br />
centou: — "Chopin teve na joven pianista uma in-<br />
terprete emotiva. Dos modernos, gostámos de Debus-<br />
sy. Subtilissima e senhora do matiz no "Petit berger"<br />
e "La fille aux cheveux de lin" e colorista vivaz no<br />
"Cake-Wair.<br />
Vitalina Brasil fez ouvir nas duas capitaes platinas<br />
peças brasileiras de F. Mignone, H. Oswald e Villa-<br />
Lobos — facto que deve ser assignalado, <strong>com</strong>o um<br />
exemplo para as nossas artistas que têm vergonha<br />
de exhibir o que é nosso.<br />
Em Berlim, uma outra pianista brasileira se apresen-<br />
tou fazendo-se ouvir no studio da estação radio-trans-<br />
missora D. J. A.. Trata-se da pianista pernambucana<br />
Maria Luiza Vaz.<br />
Apesar da estatica, a audição permittiu-nos apreciar<br />
os progressos sempre crescente da joven artista bra-<br />
sileira.<br />
Arnaido Rebello foi a Manáos, sua terra natal, que<br />
anciava por ouvii-o depois que voltou da Europa. O<br />
sacrifício de urna excursão ao extremo norte, só o<br />
conhece quem o faz.<br />
Ir dar concertos em Manáos ou em Belém é sempre<br />
uma iniciativa temeiarla. O artista vae quasi ás ce-<br />
gas, contando quasi que exclusivamente <strong>com</strong>sigo mes-<br />
mo... e <strong>com</strong> Deus.<br />
O resultado é sempre uma surpresa, muitas vezes uma<br />
decepção.<br />
Com Arnaldo Rebello, porém, nada disso existia. Ma-<br />
náos reclamava-o, havia muito tempo. De modo que<br />
a sua presença entre os seus conterrâneos correspon-<br />
deu, em absoluto, á sua expectativa.<br />
O publico victoriou-o enthusiasticamente, guardan-<br />
do de sua presença uma recordação indelevel.<br />
Depois, o artista regressou, fazendo-se ouvir em Be-<br />
iém e em Fortaleza — sempre <strong>com</strong> o mesmo êxito<br />
de que a sua carreira está cheia. Ao chegar ao Rio,<br />
foi empossado na presidencia da Associação Brasi-<br />
leira de Musica, cargo para o qual acabara de ser<br />
eleito, em substituição de Luiz Heitor Corrêa de<br />
Azeredo.
BRAIIOWSKY<br />
e as mãos do<br />
genial pianista<br />
Juntamenle <strong>com</strong> o presidente, tomaram posse do seus<br />
cargos os demais membros da Directoria eleita para<br />
<strong>1936</strong>: Waldemar Navarro, secretario; Josepha Mara-<br />
nhão Guiiiayn, sub-secretaria; Angelo José dos San-<br />
tos, thesoureiío e Criando Gaudio, sub-thesoureiro.<br />
Francisco Mignone, que é uma das figuras de maior<br />
destaque da actual geração musical brasileira, apre-<br />
sentou-se, dias arraz, dirigindo o Conjuncto Coral do<br />
Instituto de Musica, creado por iniciativa de Barro-<br />
so Netto.<br />
A audição produziu óptima impressão sendo, por isso<br />
mesmo, fartamente applaudida.
Paisagem Pernambucana — Quadro a oleo, de<br />
Franz Post, 1640 — offerta da Viscondessa de<br />
Cavalcanti ao Museu do Instituto Historico.<br />
1<br />
Entre as interessantes offertes da Viscondessa de<br />
Cavalcanti ao Museu do Instituto Historico des-<br />
taca-se uma pintura a oleo de F. Post, medindo<br />
de altura 85 centímetros e de largura 113.<br />
E' uma paisagem pernambucana.<br />
No catalogo de F. Muller, de Amsterdam, vem<br />
descripto o quadro, terminando <strong>com</strong> as seguin-<br />
tes palavras: "Tableau à l'huile, signé F. Post.<br />
Un des plus precieux tableaux que nous con-<br />
naissions du peintre".<br />
Post, Franz e Pieter vieram para Pernambuco,<br />
em 1637, <strong>com</strong> o príncipe Mauricio de Nassau e<br />
<strong>com</strong> este se retiraram.<br />
Franz era pin ror e Pieter architecto.<br />
O Dr. Pedro Souto-Maior, que foi bibliotheca-<br />
rio do Instituto Historico, realizou na Escola de<br />
Beilas Artes uma conferencia sobre a Arte Hol-<br />
landeza no Brasil, a 16 de Setembro de 1916,<br />
analysando, <strong>com</strong> a segurança de observador eru-<br />
dito, os diversos aspectos da influencia hollan-<br />
deza, <strong>com</strong> especialidade no tocante ás produc-<br />
ções artísticas.<br />
No genero é o melhor resumo que temos lido.<br />
Visitou o Dr. Souto-Maior os principaes salões<br />
e bibliotnecas européas. detendo-se, por largo<br />
trecho, na Hollanda.<br />
Tratando de Franz Post disse que esse artista<br />
produziu muito e "exclusivamente sobre assumpto?<br />
do Brasii".<br />
Nasceu Post em Leyden em 1612 e fallaceu em<br />
Harlem em 1680.<br />
Tinha, pois, 43 annos quando veiu para o Brasil.<br />
A nossa natureza inspirou-lhe muitos trabalhos, e<br />
uma série de esboços e desenhos que se encon-<br />
tram na Hollanda, na Allemanha e na Inglaterra,<br />
tendo sido também admirados pelo Dr. Manuel<br />
Cicero.<br />
Conta o Dr. Souio-Maior que em suas pesquizas<br />
nos archivos hollandezes, encontrou no da casa<br />
real de Crange uma correspondência de Mauri-<br />
cio de Nassau <strong>com</strong> Luiz XIV. de França, conclu-<br />
indo-se de taes documentos terem ido para Fran-<br />
ça cerca de 40 quadros de assumptos brasileiros.<br />
De pósse de taes informações, que anteriormen-<br />
te já haviam sido vistas pelo Dr. José Hygino<br />
Duarte Pereira, partiu Souto-Maior para Paris e<br />
procurando o Sr. Leprieur, conservador do Mu-<br />
seu do Louvre, assegurou-lhe este não existirem<br />
aii quadros de Post.<br />
Dirigiu-se depois a outros museus, obtendo a<br />
mesma negativa resposta.<br />
Souto-Maior r.ão era homem para disistir; lêra<br />
a correspondência de Nassau: — encontraria os<br />
quadros.<br />
Pondo de lado os pareceres dos conservadores<br />
dos museu*, pediu ao ministro das Bellas Artes<br />
— Dujardin-Beaumetz que autorizasse o Sr. Le-<br />
prieur a permittir uma investigação nos deposi-<br />
tos de Louvre. procedida pelo nosso patricio.<br />
E dahi veiu Souto-Maior a descobrir varias telas<br />
do Post, todas de paisagens brasileiras.<br />
O quadro que hojo a lllustração Brasileira es-<br />
tampa é, de facto, primoroso e se acha em per-<br />
feito estado de conservação, embóra os seus<br />
296 annos de existencia.<br />
E' uma das jóias das galerias do Instituto His-<br />
torico.<br />
MAX FLEIUSS. do Instituto Historico
A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR NO RIO DE JANEIRO<br />
Até a administração municipal do Dr. Pedro Ernesto,<br />
o Rio de Janeiro era uma das cidades do mundo<br />
mais desprovidas de apparelhamento de assistência<br />
hospitalar. Hoje, a Capital do Brasil pode orgulharse<br />
do numero de hospitaes e de seu moderno apparelhamento.<br />
Como medico que é o Dr. Pedro Ernesto <strong>com</strong>prehende<br />
bem a significação de uma obra de assistência,<br />
principalmente numa cidade de turismo, em cujas ruas<br />
não ficaria bem a exhibição de doentes e desamparados.<br />
Teve a felicidade de escolher, para titular da pasta<br />
de Assistência e Saúde, um scientista <strong>com</strong>o o Dr.<br />
Gastão Guimarães, dedicado de corpo e alma á sua<br />
obra e conhecendo, mais do que ninguém, graças 6<br />
sua larga experiencia, tudo quanto se relaciona <strong>com</strong><br />
o problema hospitalar.<br />
Eis porque o Rio de Janeiro pôde apresentar, em matéria<br />
de assistência, um equipamento, <strong>com</strong>o só se encontra<br />
igual nos grandes centros de civilização dos<br />
Estados Unidos e de alguns paizes da Europa.<br />
> ^<br />
Aspecto do recreio infantil do Hospital<br />
Jesus, situado no bairro de<br />
Villa Izabel, á Rua 8 de Dezembro<br />
0 "Albergue da Boa Vontade", situado á Praça da Harmonia, no Bairro<br />
oa Saúde, <strong>com</strong> capacidade para 340 leitos, fornecenoo aos albergados<br />
alimentação respectiva, bem <strong>com</strong>o tratamento medico de urgência<br />
fachada do Oispensario do Meyer, annexo ao Posto de Assistência<br />
na estacão do mesmo nome. 0 movimento de consjltas<br />
no ultimo trimestre deste anno attingiu o numero 39.023
BRASILEIRO E OUTRAS<br />
PEDRAS PRECIOSAS<br />
Tres bellos exemplares colhidos em<br />
Minas Geraes. Em baixo, uma pedra<br />
de 910 quilates, de propriedade<br />
do Dr. Guilherme Guinle.<br />
A data da descoberta do diamante do Brasil, devia ter sido a mesma<br />
do ouro, no anno de 1560, porém, a ignorancia dos pesquisadores im-<br />
pediu que assim fosse, retardando-a para • 727. As primeiras explorações<br />
tiveram logar, nos corregos do valle do alto Jequitinhonha, nos arredo-<br />
res ae Diamantina, antigo arraial do Tejuco, no Estado de Minas Ge-<br />
raes. O autor de tão deslumbrante descoberta, foi o mineiro Bernardo<br />
da Fonseca Lobo, que o achou no corrego do Caté-Mirim. Nessa época,<br />
só se conheciam no mundo, as jazidas da india, pertencentes 6 Coroa<br />
Portugueza, e a exploração das jazidas brasileiras foi prohibida pelo<br />
Governo Portuguez, que só a permiltiu em 1730, mediante o pagamento<br />
de 5$0U0 PER CAPITA. Dois anr.os mais tarde, a capitação foi elevada<br />
a 25$000, e em 1734, a 40$000, sendo porém, logo em seguida, prohi-<br />
bido terminantemente todo trabalho de exploração.<br />
A REAL EXTRACÇÃO<br />
A partir de 1739, foi novamente permittida a exploração do diamante,<br />
porém por meio de contractos, cuja base era a capitação de 260$000.<br />
para cada trabalhador, podendo o coniractante manter no máximo, 600<br />
trabalhadores. Em 1771, o Governo Portuguez resolveu explorar as jazi-<br />
das, directamente, por sua própria conta, creando a Real Extracção de<br />
Diamantes, que existiu até mesmo depois da Indeoendencia do Brasil,<br />
só desapparecendo <strong>com</strong> a Lei de 26 de Outubro de 1832. O Governo<br />
Portuguez mantinha severa fiscaiisação, mas ainda assim, havia grande<br />
exploração clandestina, no interior de Minas Geraes, ao norte de Dia-<br />
mantina, Grão Mogol e Itacambira, em Abaete, e ainda nos Estados de<br />
Matto Grosso o Go/az. Por esta razão, torna-se impossível apresentar uma<br />
boa-estatística, esclarecendo a quantidade e o valor das pedras extra-<br />
hidas. Sabe-se unicamente, que durante o tempo em que vigoraram os<br />
contractos, de 1740 a 1771, cerca de 31 annos, a extracção no Tejuco,<br />
ou Diamantina, elevou-se a 341.440.64S (341 k.444) em média, II kilos<br />
mais ou menos por anno, no valor total, naquella época de 4.644:172$588.<br />
A lavagem do cascalho na<br />
batêa, trabalho que o faisqueiro<br />
faz <strong>com</strong> admiravel<br />
perícia.<br />
r<br />
As galerias do Museu Geologico,<br />
<strong>com</strong> a sua rica collecção de pedras<br />
preciosas, vendo-se ao fundo alguns<br />
dos seus funccionarios.
O diamante também se encontra<br />
no meio de schistos, veios do<br />
quartzo e outros minérios. A gravura<br />
mostra uma lavra secca.<br />
Contractos Diamantes extrahidos<br />
! ° 1740-1743 ..<br />
2° — 1744-1748 ..<br />
3 o -- 1749-1752 ..<br />
4 o — 1753-1758<br />
5 o — 1760-1762<br />
6 o — 1762-1771 ..<br />
Valor da venda<br />
l.606:272$037<br />
l.807:272$837 .<br />
1.438:015$987 .<br />
3.625:580$888 .<br />
929:476$750 .<br />
134.071 quilates<br />
I 77.570<br />
154.570<br />
390.094<br />
106.416<br />
704.209<br />
1.666.569 quilates<br />
Imposto<br />
575:864$438<br />
755:875$276<br />
609:526$465<br />
914:921 $424<br />
328:320$972<br />
6.108:579$ 163 I.358:663$563<br />
15.515:397$662<br />
34<br />
4.643:1 72$588<br />
Conglomerato de minérios,<br />
contendo diamantes. As settas<br />
brancas indicam a presença<br />
da pedra preciosa.<br />
Os garimpeiros de Minas<br />
Geraes, pesquisando o cascalho<br />
dos rios diamantiferos.<br />
A REAL EXPORTAÇÃO DE DIAMANTES extrahiu de,<br />
1772 a 1824, o total do 1.300.000 quilates.<br />
AS JAZIDAS E ALLUVIÕES<br />
Os diamantes eram encontrados em abundancia. em<br />
pequonas faixas de terrenos. Nas cabeceiras do Cae-<br />
té-K/ítrim, de um terreno de 62 metros quadrados,<br />
mais ou menos, foram retirados 333.000 quilates de<br />
diamantes. Nas marqens do Jequitinhonha, na Gru-<br />
piaba do Lavapós, num outro terreno de 50 metros<br />
quadrados, foram encontrados 87.500 quilates. Em<br />
1832, os terrenos diamantiforos foram novamente de-<br />
clarados do dominio publico, e arrendados em hasta<br />
publica, por lotes, cu;a area variava conforme se tra-<br />
tava de particular ou de sociedade. Sob este regimen,<br />
foram descobertas outras jazidas, sendo as principaes<br />
a da Bagagem e a dos Cocaes. Com a proclamação<br />
da Republica, em viriude da Constituição, as jazidas<br />
que não se achavam em torras devolutas tornaram-se<br />
propriodade do dono do solo, sendo, porém, respei-<br />
tados os contractos de arrendamento, realizados an-<br />
teriormente. Em gerai, no Brasil, os diamantes são en-<br />
contrados em deposiros de alluviões quaternários,<br />
apresentando-se as jazidas em toda parte, <strong>com</strong> os<br />
mesmos caracleres, quer nos leitos dos rios, quer em<br />
seus flancos, denominados grupiaras, e ainda em pla-<br />
naltos elevados e gargantas das montanhas. As únicas<br />
jazidas diamantinas, até agora descobertas fóra dos<br />
ailuviões, foram em Grão Mongol, ao norte de diaman-<br />
tina, onde o diamanle surge em quartzitos micaceos,<br />
nas elevações dos arredores de Diamantina, principal-<br />
mente em S. João da Chapada, a 30 kilometros a<br />
oeste da cidade. Ahi, o diamante é encontrado no<br />
meio de schistos alterados, que se transformam em<br />
verdadoiras argillas, diversamente coloridas, onde S9<br />
vêm martitos e veios do quartzo, <strong>com</strong> oxydo de titânio.
MINAS GERAES<br />
DIAMANTIFERAS<br />
E AS SUAS ZONAS<br />
No Estado de Minas Geraes, encontra-se o diamante,<br />
numa faixa de 200 kilometros d9 <strong>com</strong>primento, por<br />
algumas léguas de largura, na região de Diamantina,<br />
do valle da Conceição ao Jequitahy, pertencente ás<br />
bacias do Jequitinhonha, Rio Doce e S. Francisco. Em<br />
Grão Mogo!, nas bacias do Jequitinhonha e seu afflu-<br />
ente líacambirussú. N
0 ministro Videla tendo á direita a senhora Getúlio<br />
Vargas, no almoço offerecido pelo Presidente<br />
da Republica no Palacio Rio Negro.<br />
* * missão de carinhosa amisade desempenhada<br />
polo Exm° Snr. Almirante Eleazar Vidella, digno Ministro<br />
da Marinha da nobre Republica Argentina, entrou<br />
decisivamente no indice da historia americana,<br />
marcando um dos mais notáveis capítulos da matéria<br />
delicada politico-dipiomatica da maior approximação<br />
entre as duas grandes nações sul-americanas: Argentina-Brasil.<br />
Sulcando as aguas da Guanabara os garbosos mensageiros<br />
da cordialidade, mostraram-se exactamente <strong>com</strong>o<br />
são, na serenidade branca da faixa central onde luz<br />
o sol da inteliigencia latina, ladeada pelas azues dos<br />
mais lindos ideaes polo crescente progresso da Patria<br />
PHOTOS CARVALHO<br />
2G<br />
i<br />
m y i<br />
GALDINO PIMENTEL DUARTE<br />
Copitâo de Mor e Guerro o <strong>com</strong>mandante<br />
do encouraçodo " M i n o $ Gora cs<br />
flHONROSA VISIII l llilllllCl<br />
IFGEMTINfl HO BRASIL<br />
Por occasilo oa entrega da*<br />
espadas aos novos aspirantes<br />
da Marinha Brasileira<br />
querida, representação sublime da bandeira altamente<br />
expressiva que Beigrano hasteou pela primeira vez<br />
no forte de Rosario de Santa Fé.<br />
O honroso mandato que foi confiado ao illustre marinheiro<br />
que ó o Ministro da Marinha da pérola do<br />
Prata, officiai de valor culminante, pelo eminente estadista<br />
e insigne General, conductor de homens, e<br />
de homens da mais solida cultura que são expoentes<br />
do povo da grande nação irmã, não foi só integralmente<br />
cumprido, assumiu as proporções de uma apotheose<br />
de gloria.<br />
As palavras verdadeiramente impressionantes do alto<br />
mandatario nos discursos magistraes que pronunciou<br />
Numa festa official. os Ministros da Marinha d?<br />
Argentina e Brasil, tendo ao lado as exmas.<br />
snrs. tleazar Videla e Aristides Guilhem.<br />
cahiram fundo nos corações dos jovens afilhados e<br />
profundamente echoaram por todos os recantos do<br />
Brasil.<br />
Como artista finíssimo, <strong>com</strong> o burel duma elegantíssima<br />
inteliigencia esculpiu na estatua da amisade que<br />
erigiu em sua notável peça oratoria na Escola Naval,<br />
estas lindas affirrr.ações:<br />
"E' uma nova prova porque nos annaes do vosso instituto<br />
se fez uma excepção extraordinaria em suas<br />
tradições, convidar para padrinhar os çuardas-marinha<br />
que se incorporam ao prestigioso quadro dos officiaes<br />
da Armada, o presidente da Republica Argentina.<br />
E é valiosa porque encerra uma profunda significação<br />
espiritual o renovar sentimentos recíprocos entre as<br />
instituições militares do nossas nações, o affirmar vínculos<br />
de amizade o concordia entre nós, o oxteriorizar<br />
concordância e harmonia para melhor servirem os<br />
ideaes americanos, que buscam no trabalho, na liberdade,<br />
na justiça e na paz o bem <strong>com</strong>mum e sua grandeza<br />
morai e material".<br />
E definiu <strong>com</strong> eloquencia perfeita, <strong>com</strong> a consciência<br />
de quem sente o que profere, a profissão marinheira<br />
que tanto illustra:<br />
"Guardas-Marinha! A profissão que oscolhestes é de<br />
honrosos sacrifícios. O marinheiro offerece a sua vida<br />
e toda a sua actíviaade á patria: acceita a restricção<br />
de sua liberdade, submette-se ao severo regime militar<br />
e á prohibíção de dedicar-se a outros misteres;<br />
tudo pelo bom da patria. Ella exige o máximo de<br />
abnegação, de energia e desinteresse. Abnegação<br />
para illuminar a vossa personalidade que move o sacrifício<br />
proprio quando o interesse da patria o reclama;<br />
energia para fazer frente ós inclemências da<br />
natureza o rigores do serviço, muitas vezes penosos,<br />
duros e cegos; de desinteresse deanto das engenhosas<br />
promessas do riqueza material; só poderia accumular<br />
honras militares, único patrimonio do marinheiro.<br />
Taes condições valorizam o titulo do official da Armada,<br />
cobrindo-o da mais alta nobreza. E' a profissão<br />
mais padecida <strong>com</strong> o sacerdocio. São os marinheiros<br />
os monges desses claustros do ferro, onde só<br />
podem otficiar a religião no dever militar, ante a<br />
arma augusta da bandeira sacrosanta".<br />
Resaltar, ponto por ponto, todos os harmoniosos e<br />
sábios conceitos desse monumento de erudição, seria<br />
transcrevel-o integralmente; não o faremos porque os
O cruzador «Veinte y cinco de Mayo»<br />
quando atracava no cats do Porto.<br />
jornaos da época já o fizeram para admiração respeitosa<br />
e sincera de quantos o leram.<br />
O mais aamiravel, poróm, dessa visita, foi o conjuncto<br />
perfeito de que resultou realizar-se a grata missão,<br />
acima da melhor espoctativa da perfeição.<br />
Nada faltou para que se satisfizessem plenamente os<br />
visitantes e os que os receberam, braços e corações<br />
abertos.<br />
Por nimio gentiieza, representando as virtudes porogrinas<br />
e os dotes excelsos de suavidade, cultura, delicadeza<br />
e perfeição da mulher argentina, a Exm' !<br />
Snra. Lia Bonorino Vidella encheu os felizes e inesquecíveis<br />
dias que nos deu a honra de passar no Brasil,<br />
<strong>com</strong> a riqueza do sua graça, a finura de seu trato<br />
e o talento feminil de sua intelloctualidado.<br />
Por ondo passaram os officiaes argentinos, ficou inapagavel<br />
a esteira do cavalheirismo, do proparo intellectual<br />
e da distincção sob todos os aspectos.<br />
A impressão doixada pelos sub-officiaes e pela marujada,<br />
foi profundamente favoravel e grata — sobretudo,<br />
sincora.<br />
O eminente Embaixador Carcano que, <strong>com</strong>o diplomata,<br />
é um amigo do Brasil e <strong>com</strong>o amigo ó um diplomata<br />
argentino, e que. por sua alta cultura e<br />
grandes dotes moraes o intelloctuaes, tem todo o<br />
proito de admiração do Brasil, já terá dito ao Presidente<br />
da Republica que inconfundivelmente representa,<br />
o que sentiu nessa phaso de sua fulgurante jornada<br />
diplomatica.<br />
O grande continuador da formidável obra constructora<br />
da brilhante Argentina, sentirá ao regresso da<br />
Embaixada Única e Majostosa, no pulsar dos corações<br />
marinheiros quo a <strong>com</strong>punham, quando descreverem<br />
o successo esplendido quo alcançaram, os louros<br />
que coroam a sua augusta fronte pela victoria<br />
pacifica e triumphal, sem par, que conquistou.<br />
Dos Andes argentinos o das serras brasileiras descerão<br />
eternamente as aguas que formam o Prata em<br />
cujo ieito <strong>com</strong>mum, <strong>com</strong>o irmãs, seguem o mesme<br />
destino as duas grandes nações americanas que se<br />
continuam no Atlântico na linha de união que estreitamente<br />
as liga por mar, <strong>com</strong>o por terra se unem,<br />
inseparavelmente !<br />
"União e liberdade", "Ordem e progresso", são lemmas<br />
que se <strong>com</strong>pletam; unidos e livres, garantidos na ordem<br />
interna e externa, o progresso crescerá ininterruptamente<br />
e conservará unidas e fortes as duas nações<br />
amigas — Brasil e Argentina.<br />
Durante o almoço ofterecido ao<br />
Presidente da Republica e altas<br />
autoridades ao Brasil, a bordo<br />
do «Veinte y cinco de Mayo»<br />
Urn gruoo de novos aspirantes da Marinha
DE MEZ A MEZ<br />
CONTINÚA O PROCESSO DE RECONSTITUCIO-<br />
NAUZAÇÂO<br />
Continuou, durante o mez passado, o lento processo<br />
de reconstítucionalização do paiz, <strong>com</strong> a realização<br />
de eleições municipaes em diversos Estados: na Ba-<br />
hia, no Paraná, em S. Catharina, São Paulo.<br />
Todos os pleitos se realizaram em bôa ordem. Em<br />
muitos municípios, as opposições locaes foram victo-<br />
riosas, o que poz fim á vergonhosa unanimidade po-<br />
litica quo tem sido a desgraça e a negação da de-<br />
mocracia no Brasil.<br />
Em tudo mais, o mez politico correu também man-<br />
samente. Continuaram as conferencias, <strong>com</strong>binações,<br />
accordos, idas e vindas de leaders e próceres da si-<br />
tuação, e entrevistas, declarações, boatos em torno<br />
da successâo presidencial. Mas de positivo — nada.<br />
Só que é muito cedo para cuidar-se desse assumpto...<br />
DESAPPARECE UMA FIGURA TRADICIONAL DA<br />
POLITICA<br />
Uma nota que se deslocou do noticiário politico para<br />
o carnet social: o fallecimento do ex-senador Antonio<br />
Azeredo, uma velha figura da poiitica nacional, pos-<br />
ta de lado pela revolução do 1930. Antigo propa-<br />
gandista da Republica, Constituinte de 90, presidente<br />
do Congresso por muito tempo, senador durante seis<br />
lustros, jornalista, tendo sido um dos fundadores da<br />
S. A. O MALHO e director durante longos annos. do<br />
vespertino "A Tribuna", pertencente a esta empresa,<br />
era um nome do forte projecção social, uma creatura<br />
amavel, lhana, de espirito conciliador, sempre gene-<br />
roso e sernpro bom.<br />
Tendo morrido cm pleno ostracismo, o seu enterra-<br />
mento foi, apesar disso, um dos mais imponentes e<br />
concorridos destes últimos tempos, o que mostra que<br />
o seu prestigio pessoal sobreviveu á sua queda po-<br />
litica.<br />
A politica brasileira perdeu, nelle, uma das suas fi-<br />
guras mais interessantes.<br />
O PETROLEO CONTINÚA NO CARTAZ<br />
O petroleo continuou no cartaz e, por certo, airda<br />
ahi permanecerá por muito tempo.<br />
Por suggestão do Ministro da Agricultura, o Presi-<br />
dente da Republica nomeou uma <strong>com</strong>missão de en-<br />
genheiros notáveis e representantes do exercito e da<br />
marinha nacionaes, para proceder a um inquérito so-<br />
bre a questão do petroleo no Brasil.<br />
Em meiados do mez passado, essa <strong>com</strong>missão princi-<br />
piou a funccionar, realizando a sua primeira sessão<br />
no gabinete do Ministro da Agricultura o as demais<br />
no edifício da Escola Polytechnica. Espera-se que,<br />
orientada por tochnicos <strong>com</strong>o os Drs. Pires do Rio.<br />
Ruy de Lima e Silva, general Paes de Andrade, <strong>com</strong>-<br />
mandante Ary Parreiras, etc., essa <strong>com</strong>misão estabe-<br />
leça, finalmente, a verdade, acerca do petroleo, en-<br />
tre nós.<br />
TRATADOS COMMERCIAES<br />
O Governo tomou uma providencia feliz, quando re-<br />
solveu designar um dos membros do Conselho Supre-<br />
mo de Commercio Exterior, para percorrer os prin-<br />
cipaes centros economicos europeus, afim de tentar<br />
negociações directas, <strong>com</strong> os principaes <strong>com</strong>pradores<br />
e fornecedores do nosso mercado.<br />
Antonio Azeredo<br />
Pires do Rio<br />
Fléxa Ribeiro<br />
Um aspecto do núcleo Sao<br />
Bento, invadido pelas aguas<br />
A escolha recahiu no Sr. Sebastião Sampaio que está<br />
perfeitamente ao par das nossas possibilidades e das<br />
nossas necessidades economicas o que tem dado as<br />
rr.olhores provas de operosidade.<br />
Por emquanto. é difficil apreciar os resultados dessa<br />
peregrinação pelos mercados europeus. Sabe-se que<br />
foram assignados alguns tratados <strong>com</strong>merciaes de im-<br />
portância, pelos quaes trocamos vantagens <strong>com</strong> os<br />
francezes, inglozes, noruoguezes, etc., mas somente de-<br />
pois que entrarem em vigor as novas condições de<br />
intercambio, é possível julgar-lhes os frutos.<br />
PÃO E TRIGO<br />
O problema do pão e do trigo foi objecto de cogi-<br />
tações e debates no mez passado. O augmento de<br />
preço do primeiro poz em fóco, novamente, a neces-<br />
sidado de produzir-se o segundo. No Conselho de<br />
Commercio Exterior, o Sr. José Maria de Lacerda<br />
apresentou um relatorio, contendo suggestões acerca<br />
do incremento da producção do trigo no Brasil e<br />
acerca das providencias que se deviam pôr em pra-<br />
tica para baratear o proço do pão. Em torno destas<br />
ultimas suggestões, generalizou-se o debate na im-<br />
prensa, emquanto que os primeiras, muito mais im-<br />
portantes e vitaes, deixaram de merecer maior atten-<br />
ção. A convicção que se vae generalizando, <strong>com</strong> o<br />
passar dos dias, é que o problema ficará no mesmo<br />
pó cm que estava, antes do trabalho do Sr. José Ma-<br />
ria de Lacerda. Infelizmente, o Brasil é isto...<br />
AS INNUNDAÇÕES<br />
O Rio de Janeiro e seus arredores soffreram seria-<br />
mente <strong>com</strong> as grandes chuvas que marcaram os úl-<br />
timos dias do verão. A Capital da Republica foi sa-<br />
cudida por tremendos temporaes, registrando-se des-<br />
abamentos de prédios, paraiyzação de trafego, graves<br />
prejuízos materiaes, além de alguns casos fataes.<br />
Os arredores foram igualmente sacrificados, notada-<br />
mente, o Núcleo Colonial S. Bento, onde as aguas<br />
venceram os obras de engenharia levantadas pelo<br />
governo, prejudicando as cultuias e ameaçando a vida<br />
dos colonos. As innundações estenderam-se a outros<br />
pontos do paiz.<br />
A ABERTURA DOS CURSOS<br />
Abriram-se os cursos da Universidade do Rio de Ja-<br />
neiro. Na Escoia Nacional de Bellas Artes, a solem-<br />
nidade da abertura teve a presença da Congrega-<br />
ção de Professores, sob a presidencia do Reitor, Dr.<br />
Leitão da Cunha. A preleção inicial foi realizada,<br />
brilhantemente, <strong>com</strong> uma aula do professor Flexa<br />
Ribeiro.<br />
Essa ceremonia repetiu-se, <strong>com</strong> igual brilhantismo e<br />
concurrencia, nas diversas escolas da Universidade<br />
do Rio de Janeiro, synthese, aliás, do que se teria<br />
passado em todo o paiz.<br />
CARDEAL COPELLO<br />
O Brasil teve a honra de receber, por algumas horas,<br />
a visita do segundo Cardeal da America do Sul, o<br />
Primaz da Argentina, arcebispo de Buenos Aires. Sua<br />
Eminência foi hospede de honra do governo brasilei-<br />
ro e, no Itamaraty, recebeu as homenagens do clero<br />
e de todo o mundo catholico brasileiro, continuando<br />
sua viagem para a capital argentina, onde foi aco-<br />
lhido <strong>com</strong> excepcionaes manifestações de carinho e<br />
apreço.
%<br />
I f%<br />
I m Kã<br />
w. -mm. I SIJBI<br />
Í F P l l l l<br />
fc fm. i #<br />
A OCCUPAÇÃO DA RHENANIA E O FUTURO DA<br />
EUROPA<br />
O acontecimento que domina o mez, que empolga a<br />
attenção mundiai, veio da Rhenania, <strong>com</strong> a entrada<br />
das forças nazistas na região desmilitarizada. Hitler<br />
denunciou unilateralmente, o Tratado de Locarno, que<br />
recebeu a assignatura espontanea da própria Allema-<br />
r.ha, ao lado da Ingiaterra, França, Italia, Beigica.<br />
A denuncia seguiu-se de uma occupação symbolica,<br />
logo depois fortalecida por uma occupação real, dado<br />
o numero de soldados equipados. Sentindo-se ferida<br />
nos seus direitos jurídicos, a França e a Beigica re-<br />
correram á Sociedade das Nações, para que se ap-<br />
plique sancções econornicas e miiitares, contra o go-<br />
verno do Reich.<br />
Nunca, depois de 1914, os interesses convulsionaram<br />
a Europa, conto neste terrível momento de incertezas.<br />
A ATTITUDE DO FUEHRER<br />
Em fortes e ampios discursos, o Fuehrer fez sabor as<br />
razões que justificam a sua politica, em face da Rhe-<br />
nania. Para o governo gormanico, o Tratado Franco-<br />
Sovietico annula os fins do accordo de Locarno, que<br />
logo deixa de subsistir. Insiste o chanceler Adolf Hi-<br />
tler, que a Ailemanha não deseja a guerra e para con-<br />
firmar o seu sentimento, lançou uma proclamação de<br />
fé pacificista. A tudo isso, replica a França, que o<br />
Reich não pôde denunciar isolado, o Pacto de Lo-<br />
carno, que elle deveria appellar para a Corte Inter-<br />
nacional de Haya, aguardando primeiro o julgamento<br />
do Tratado Franco-Sovietico. Assim estabelecem os<br />
jurisconsuítos francezes, o problema da violação da<br />
Rhenania, cujó epilogo todos esperam <strong>com</strong> ancieda-<br />
de, tanto no Velho Mundo, <strong>com</strong>o na America.<br />
O SYSTEMA TRIBUTÁRIO NORTE-AMERICANO<br />
Dada a evolução industrial e a concorrência genera-<br />
lizada, o problema dos impostos constituo a mais se-<br />
ria preoccupação dos financistas. O presidente Roose-<br />
velt dirigiu ao Congresso, uma mensagem, que os<br />
peritos julgam de muito opportunidade. Pensa o go-<br />
verno americano, que o actual systema tributário<br />
pesa mais sobre os pequenos accionistas e preco-<br />
niza uma revisão sobro as taxas dos lucros nas gran-<br />
des corporações, de forma a não perturbar o rythmo<br />
economico.<br />
A REVOLTA JAPONEZA<br />
A revolta japoneza mostrou, que apezar de todas as<br />
confusões da hora presente, ainda reina o espirito da<br />
disciplina, no grande império do Oriente. Os revol-<br />
tosos cederam pela força da convicção, devido aos<br />
constantes appollos dos chefes. Os responsáveis sui-<br />
cidaram-se. sem aguardar o pronunciamento da jus-<br />
tiça militar. Mais do quinhentos officiaes solicitaram<br />
demissão espontaneamente, inclusive os generaes Ara-<br />
ki, Mazaki, Hongo. Os círculos officiosos admittem,<br />
que o Imperador recusará o pedido.<br />
A GREVE NO TRANSPORTE VERTICAL<br />
A vida yankee conheceu agora, uma grove muito se-<br />
ria, de enormes proporções e de aspectos novos.<br />
Ella não attingiu as usinas metallurgicas, nem o tra-<br />
fego urbano, nem as fabricas de tecido, ou qualquer<br />
outro ramo industrial. Centenas do edifícios, ficaram<br />
<strong>com</strong> os elevadores paiòlyzados. A greve estendeu-se<br />
a numerosos quarteirões, num total de quasi dois mil<br />
0 physico Stanley Livingstone e<br />
o seu apparelho. que produz o<br />
Radium e transforma o mercúrio<br />
em ouro<br />
Hitler nom curicso e recente<br />
instantaneo<br />
0 presidente Roosevelt numa aas<br />
suas recentes photographias<br />
Arlette Simon, viuva de StavisLy.<br />
acha-se em New York. onde vae<br />
apparecer em cafés-concertos<br />
prédios. A policia mobiiizou mais de cinco mil ho-<br />
mens. para manter a ordem entre os ascensoristas.<br />
Pela primeira vez, sentiram os novayorkinos, <strong>com</strong>o o<br />
transporte vertical influe na vida da cidade moderna.<br />
A VIUVA DE STAVISKY<br />
O processo de Stavísicy abalou a França e impressio-<br />
nou c mundo, pelo sensacionalismo dos episodios,<br />
<strong>com</strong>o pe!o vulto das sommas em jogo. A senhora<br />
Arlette Simon, viuva do famoso aventureiro, sahiu de<br />
Paris, <strong>com</strong> destino a Nova York, Os reis da publici-<br />
dade, que amam os factos extraordinários, offerecem<br />
propostos vantajosas para trabalhar em cafés-concer-<br />
tos. Ariette Simon declarou que não penso em casar<br />
e que ficará viuva até á morto, o que pareço indicar<br />
que ella não possuo o gosto do romonesco, quo ca-<br />
racterizou o seu marido.<br />
A PAZ PAN AMERICANA<br />
Os listados Unidos acharn-se interessados, na Confe-<br />
rencia Pan-Americana da Paz. Cordell Hull, secretario<br />
de Estado, orientará pessoalmente os trabalhos da<br />
oelegação yankee. Attribue-se grande importancia a<br />
essa assembléa, sobrotudo porque a paz européo se<br />
acha ameaçada. Em Washington, espero-se a collabo-<br />
ração acti/a do Brasil, Argentino, Chile.<br />
A INQUIETAÇÃO HESPANHOLA<br />
Desde quo a Republico se installou em Madrid, o<br />
povo hespanhol vive uma existencia agitada. As des-<br />
ordens se succedem, os motins substituem as greves,<br />
os partidos se guerreiam <strong>com</strong> uma fúria nunca vista.<br />
A Igreja dos Jesuítas em Alcala de Henares, soffreu<br />
o assalto dos extremistas, que lhe atearam fogo. O<br />
convento da Magdaleno e a Igreja do São Thiago,<br />
também arderam em criminoso incêndio, emquonto<br />
um regimento patrulhava a cidade.<br />
A INDEPENDENCIA DO LÍBANO<br />
Sobhil Bey Abulnsar, quo dirige os negocios do in-<br />
terior na Líbia, sob o protectorado francez, mandou<br />
wm<br />
dissolver o partido "Independendo Republicana". O<br />
patriarcha maronita Arica, quer a independencia do<br />
Líbano, conforme as promessas feitas successivamente,<br />
por Clemenceau, Miilerand, Poincaré. Os libanezes as-<br />
piram ser tratados <strong>com</strong> a mesma egualdade, que o<br />
Syria e solicitam da amizade da França, um gesto po-<br />
litico amigavel.<br />
A DEFESA NACIONAL DA INGLATERRA<br />
Na Camara dos Communs, os inglezes discutem o<br />
novo programma da defesa nacional, que prevê o fu-<br />
turo da frora de çuerra e da aviação militar, con-<br />
juntamente. O Partido Trabalhista accusa o governo<br />
de não se approximar bastante, do systhema de se-<br />
gurança collectiva, que dará á Gran-Bretanha uma<br />
posição tranquilía, entre as potencias européas. O<br />
primeiro ministro Baldwin, defendeu pessoalmente, o<br />
texto do Livro Branco, sobro o ormomonto, esperando-<br />
se que o Portido Liberal não <strong>com</strong>baterá o projecto.<br />
A METAMORPHOSE DO ÁTOMO<br />
A sciencia experimental, acaba de obter notáveis sue-<br />
cessos nos Estados Unidos, <strong>com</strong> a machina inventada<br />
pelo doutor Stanley Livingston, para transmutar a ma-<br />
téria, á vontade do physico. O novo apparelho con-<br />
segue produzir artificialmente, a substancia do Ra-<br />
dium, bem <strong>com</strong>o tronsformor o ouro em mercúrio e<br />
vice verso. Os átomos mudam de notureza facilmente.<br />
Para se avaliar o valor do invento, diremos que uma<br />
gramma de Radium natural, custa quatrocentos con-<br />
tos de réis.<br />
AS TROPAS VERMELHAS NA CHINA<br />
A situação chineza continua tormentoso, longo de<br />
umo paz definitivo. Combates successivos se travam<br />
em Genyang, Siiansi, Taiyuan, Hopei, Fsng-Tcheu. Tres<br />
regimentos sahidos de Pekin, num total de 25.000 ho-<br />
mens, lutom contro as tropas vermelhas, que ameaçam<br />
a fronteira de Hopei, <strong>com</strong> a Província de Shansi. Ha<br />
receios de que os japonezes intervenham na -luta, si o<br />
exercito de Pekin não vencer os <strong>com</strong>munistas.
À «Illustração Brasileira» continúa, hoje, a<br />
publicação das «Regras Práticas para bem<br />
hecrever», o paciente e erudito trabalho<br />
inédito do professor Laudelino Freire, do<br />
qual bem se pode dizer que é um pequeno<br />
mas perfeito breviário de quantos<br />
tenham em conta o culto do vernáculo.<br />
X L V Quando numa proposição <strong>com</strong> um só sujeito,<br />
houver mais que um verbo, e a forma verbal regente<br />
estiver distante da forma regida, a ponto<br />
que a distancia entre elas traga obscuridade ou<br />
ambigüidade; ou a forma verbal regida vier antes<br />
da forma regente — será preferívei o emprego<br />
do infinito pessoal.<br />
Ex: "Possas tu, descendente maldito de uma tríbu de<br />
nobres guerreiros, implorando cruéis forasteiros, seres<br />
presa de vis Aimorés" (G. Dias) — "Não te espantes<br />
de Baco nos teus reinos receberes . (Camões).<br />
Nota — Tão frequentes são as exceções que sofrem<br />
estas regras referentes ao emprêgo do infinito pessoal<br />
ou impessoal, que não seria absurdo resumi-las<br />
num só preceito, consoante apenas à harmonia e à<br />
clareza: — "Empregar-se-á indiferentemente o infinito<br />
pessoal ou impessoal" —, visto que "de uma e outra<br />
forma, realmente se valem, a seu alvedrio, os melhores<br />
escritores".<br />
X L V I Quando um dos verbos depender de outro,<br />
que ího seja auxiliar de modo, será mantido na<br />
forma impessoal.<br />
Ex: "Pudesses ouvir — Sabes dar — Queres crer".<br />
XLVII Nas orações em que o objeto direto, precedido<br />
imediatamente do verbo regente, vem imediatamente<br />
seguido do verbo regido <strong>com</strong> a prep.<br />
a — é facultativo empregar o verbo regido na<br />
forma pessoal ou impessoal do infinitivo.<br />
A clareza e eufonia, contudo, reclamam as mais das<br />
véses a forma do infinito pessoal, <strong>com</strong>o mostram estes<br />
exemplos:<br />
M Exortando-os a usarem". (F. de Castro) — Levouos<br />
a apinharem-se". (Herculano) — "Convidou-os a<br />
irem". (Camilo) — "Forçou-os a deixarem os armamentos".<br />
— "Obrigou-os a respeitarem a mãe".<br />
XLVIII Nas fráses que são ao mesmo tempo negativas<br />
o interrogativas, e nas interrogativas que <strong>com</strong>eçam<br />
por que, qual, onde, em que, o sujeito<br />
sucede ao verbo.<br />
Ex: "A Inglaterra não discutiu sempre livremente a<br />
guerra <strong>com</strong> os Estados Unidos ?" — Não é boa esta<br />
construção. Deve dizer-se: "Não discutiu a Inglaterra,<br />
sempre livremente, a guerra...?"<br />
"Que livros posso eu escolher ? — Em que consiste<br />
a virtude ? — Que razões há para que esteja um<br />
indivíduo preso ?" —<br />
X L I X Usar sempre do adjetivo todo seguido do art.<br />
o, menos quando todo é distributivo, ou tenha a<br />
significação de qualquer, cada,<br />
isto é, empregar todo o quando se quer exprimir a<br />
inteireza do uma coisa, e empregar todo (sem o o)<br />
quando se quer significar o total de muitas.<br />
A distinção entre os dois casos é inconfundível. Quan<br />
do se diz "toda a casa foi dostruida polo incêndio",<br />
deve entender-se que a casa inteira foi queimada:<br />
quando, porém, se diz toda casa deve pagar impostos,<br />
quer dizer que todas as casas são obrigadas ao pagamento<br />
do imposto. No exemplo de <strong>Dami</strong>ão de Góes:<br />
Laranjeira que todo ano tern fruto", devo entenderse<br />
que aquela árvore dá fruto todos os anos; ao passo<br />
que se a frase estivesse escrita: "Laranjeira que<br />
todo o ano tom fruto", significaria que ela frutifica<br />
durante o ano inteiro.<br />
L Só escrever porque (numa só palavra) quando porque<br />
represente uma simples conjunção causal, <strong>com</strong><br />
a significação de por causa de, pela razão que,<br />
pelo motivo do que, visto que.<br />
Ex.: 'Não fui porquo não pude", ou "Mas, porquo<br />
me não oojetou <strong>com</strong> a indelicadeza do ouvido clássico,desçamos<br />
aos modernos". (Rui: Réplica, 118). Nos<br />
demais casos, quando em lugar da conjunção porquo,<br />
se tom a loc. por que, formada da prep. por e do<br />
pronome re ! ativo ou interrogativo que, deve escreverse<br />
separadamente. Na loc. por que, este que referese<br />
sempre a um substantivo, quer subentendido quer<br />
exprosso, o qual, nesto caso, podo vir antes dele. ou<br />
depois, passando aquela locução a significar — por<br />
qual, pelo qual, pelos quais, isto é, o motivo pelo<br />
qual, por quai motivo, etc. Nas fráses interrogativas<br />
escreve-se sempre a locução por que, e não a conjunção<br />
porque. Lx.: "Por que (motivo) não conseguiremos<br />
enxergar?" (Rui: Oração aos Moços). — "E<br />
por que não as expurgar?" (Id. Répl., 58). — E por<br />
que? Porque o primeiro a se do<strong>com</strong>põe na preposição<br />
mais o artigo .. . M (Ibid., 233). Tenha o leitor<br />
atenção paro estoutro passo de Rui: "Semelhantemente<br />
ninguém diria: Pelo que tardas? Pelo que roubas?<br />
Pelo que matas? A construção portuguesa é: Por que<br />
matas? Por que roubas? Por que tardas?" (Répl., 199).<br />
LI A intercalação do i no organismo dos vocábulos<br />
devo sor feiia segundo o que em seguida se<br />
indica:<br />
Tenha-se em primeiro lugar conceito exato do que<br />
seja este metaplasmo: "Em português só há um ditongo<br />
que se pode dizer móvel: é o que se forma<br />
peia inserção de um i oufônico nas terminações em<br />
que se dá o encontro do e <strong>com</strong> o ou a, <strong>com</strong>o em<br />
passeio, receio, leio, croio, feio, meio, cadeia, etc.<br />
Êsse i suprime-se, desde que se desloca o acento, nos<br />
derivados e nas variações verbais. Assim: passeata,<br />
passeava, passeando, receoso, receamos, recearam,<br />
etc." (Franco de Sá: A Ling. Portuguesa, 37). Na<br />
conjugação dos verbos terminados em oar — atoar,<br />
passear, manusear, pleitear, estrear, etc. — a intercalação<br />
do i só tem cabimento quando, na flexão do<br />
verbo, o acento lônico cai na raiz; ex.: ateio, ateias<br />
passeio, manuseiam, etc. Em outras palavras: a epéntese<br />
do i só se taz nos tres pessoas do singular o<br />
terceira do plurai do presente do indicativo, nas mesmas<br />
pessoas do subjuntivo, o na segunda do singular<br />
do imperativo, <strong>com</strong>o se passa a ver:<br />
Formas do indicativo: ate-i-o, ate-i-as, a-te-i-a ...<br />
ate-i-am<br />
Formas do subjuntivo: ate-i-e, ate-i-es, ate-i-e ...<br />
ate-i-em<br />
Forma do imperativo: ate-i-a (tú).<br />
Em que pese à simplicidade desta regra, depara-sonos<br />
a cada momento a sua inobservância, que é de<br />
espantar os mais tolerantes <strong>com</strong> as negligências no<br />
escrever, irobservãncia praticada até por escritores<br />
exomplaríssimos, inadvertidos de que o caso está submetido<br />
à norma determinada. Embora encontradiças<br />
em Rui, Herculano, Castilho, e outros de igual tomo,<br />
não são admissíveis ostas grafias: enleiou, ateiado,<br />
peior peiorar, esteiando, branqueiada, grangeiaram,<br />
odeiavam, rodeiara, hasteiou, desenfreiada, pranteiará,<br />
baqueiar, saqueiado, aformoseiavam, recheiado, encandeiaram,<br />
aceiada, clareiou, semeiar, etc., porque nao<br />
<strong>com</strong>poriam o i.<br />
A intercalação do i, portanto, só ocorre nas formas<br />
rizotônicas, isto é, aquelas cuja acentuação tônica cai<br />
sobre a raiz ou radica!. (Rhizo, raiz; tono, acento).<br />
L I I Em todas as formas rizotônicas, em que se dá o<br />
encontro do e <strong>com</strong> a ou o, isto é, nas formas<br />
cuja acentuação tônica cai na raiz ou radical, há<br />
forçosamente a intercalação do i.<br />
Em português, diz Franco de Sá, so há um ditongo<br />
que se pode dizer movei: é o que se forma pela inserção<br />
de um i eufônico nas terminações em que se<br />
dá o encontro de e <strong>com</strong> o ou a, <strong>com</strong>o em passeio,<br />
receio, leio, creio, feio, meio, cadeia, etc.<br />
Deve ter-se em atenção que quando, <strong>com</strong> a deslocação<br />
do acento, as formas passam a arrizotônicas, não<br />
ocorre a epêntese do i. Assim, escreve-se passeio, mas<br />
passeata, passear, passeando, passeamos, etc; receio,<br />
mas receando, reosar, recearam, etc; meio, mas mea-<br />
da, meação, etc; cadeia, mas cadeado; idéia mas ideal;<br />
aldeia, mas aldeamento, etc.<br />
LIN Nas frases construídas <strong>com</strong> as expressões ainda<br />
que, bem que, posto que, conquanto e outras<br />
equivalentes, o verbo da oração subordinada tan<br />
to pode estar no subjuntivo <strong>com</strong>o no indicativo.<br />
Do emprêgo do verbe no subjuntivo, <strong>com</strong>o se vê nos<br />
te passo de Vieira — "E ainda que pareça matéria<br />
de riso ... é matéria de toda a tentação" — dispen<br />
sam-se abonaçoos, por ser a forma mais usual.<br />
Com o verbo no indicativo: — "ainda que Deus era<br />
imenso e invisive!" (Vieira) — "posto que o mesmo<br />
Espirito desceu sobre todos" (Id.) — "posto que parece<br />
fundado em igualdade." (Id.) — E, bom que<br />
os acoiheu parte dos olhos" (Castilho).<br />
L I V Nas frases em que o verbo haver vem seguido<br />
de infinitivo, ó facultativo interpor entre ambos<br />
— auxiliar e infinitivo — a partícula de.<br />
Ex.: — Por que... havia preferir eu (ou havia de<br />
proferi» ) a de cunho talvez espúrio à de genuíno<br />
cunho? (Rui) — "Nem sua alteza havia de crer tal<br />
palavra, nem se havia fiar de tal seguro" (Vieira).<br />
— "Foi sabor o conhecer o fim onde havia parar 1<br />
(Id.). — "Nessa opinião o na contrária se havia prosseguir<br />
o assunto" (Id.). — "Exéquias havia ter quinze<br />
anos". — "Haviam os grandes viver à custa dos poquenos"<br />
— "Havias ver o fogo" (Castilho)*.<br />
L V No uso da expressão haver mister, que tem força<br />
do vorbo transitivo, significando precisar, necessitar,<br />
desejar, é licito, sem mudar-lhe o sentido,<br />
fazê-la a<strong>com</strong>panhar da prep. de, ou interpor esta<br />
mesma partícula entre haver e mister.<br />
Os exempios em seguida transcritos mostram o emprego<br />
da expressão haver mister e das suas variantes<br />
haver de mister e haver mister de:<br />
"Muitos dos enfermos bem haviam mister um hospital '<br />
— "êstes são os que hão mister o remédio" — "essa<br />
esplêndida... filha de Satã que havia mister domar".<br />
(Vieira).<br />
"Mas o seu amor da ciência e da pátria não havia<br />
mister de outros incentivos". (Rui).<br />
"Hei mister de falar a linguagem débil e defeituosa<br />
dos homens". (Castilho).<br />
"Haveis de mister favor alheio" — "Hoide mister o<br />
teu conselho". (Morais).<br />
LVI A expressão haja vista, que equivale a veja, pe-<br />
de <strong>com</strong>plemento direto.<br />
Ex>: — "Haja vista os acontecimentos — Haja vista<br />
as fábulas. — Haja vista Plutarco e Xonefonte".<br />
LVII Empregar o adv. onde, que significa no lugar<br />
em que, no qual lugar, <strong>com</strong> os verbos ditos de<br />
quietação, e o adv. aonde, que significa para o<br />
lugar que, para o qual lugar, para que parte, para<br />
que lugar, <strong>com</strong> os verbos que exprimem movimento.<br />
Não escreveria correto quem não discriminasse, diz<br />
Rui, nitidamente, no uso dêsse advérbio, o lugar donde,<br />
o lugar onde, o lugar aonde ou para onde, <strong>com</strong>o<br />
Alexandre Horculano os discriminou noste passo: "Lò<br />
no céu, aonde eia subiu, e onde nosso pai acolheu<br />
no soio a sua filha".<br />
Som embargo do que diz Rui, pode admitir-se que<br />
é hoje quási indistinto o emprêgo do onde e do<br />
aonde.<br />
LVI II E' indiferente, nas frases <strong>com</strong>parativas, usar<br />
a simples conj. que ou a loc. do que.<br />
A escolha ficará apenas na dependência do bom ou-<br />
vido, ou necessidade de tornar mais clara a expres-<br />
são.<br />
Ex. de Vieira: — "ainda há outro juizo mais estreito<br />
que o juizo do Deus". — "Davi era mais valente que<br />
Saui". — "Muito mais disso S. João só nestas duas<br />
regras do que disse em todo o livro" — "deu mais<br />
heroicamente a vida a seu pai do que dêle a rece-<br />
bera".<br />
Ex. do Rui: "ninguém duvidaria mais da minha <strong>com</strong>-<br />
petência que eu mesmo". — "sem mais bandeira que<br />
a do seu apetite". — "Fazer menos do que fiz...<br />
não mo não consentia o meu natural". — "Mais alta<br />
coisa do quo um código em elaboração legislativa é<br />
um código em uso".<br />
LIXA <strong>com</strong>binação da prep. em <strong>com</strong> os demonstra-<br />
tivos este, esta, êstes, estas não pode dar as for-<br />
mas n'este, n'esta, etc, o sim, neste, nesta, etc.<br />
O apóstrofo indica geralmente a supressão da vogal,<br />
de modo que escrevendo n'este, etc, parece que se<br />
teria escrito ne este, o quo mostra que a forma exa-<br />
ta é neste, etc, <strong>com</strong>o escrevemos no, na, nos, nas.<br />
^Conclue no proximo numero)
OS N O V O S POSTOS DE S A L V A M E N T O<br />
DAS PRAIAS CARIOCAS<br />
rf<br />
Copacabana, o lindo bairro praieiro que é um dos<br />
mais elegantes e ma : s belios balneários' do mundo,<br />
acaua de ser dotado de um r.ovo melhoramento, <strong>com</strong><br />
a inauguração aos modernos postes de salvamento<br />
que, além de constituírem um bonito ornamento locai,<br />
PHOTO VOLTAIRC<br />
otferecem aos que o frequentam uma garantia de se<br />
gurança peia efficiencia de sua apparelhagem.<br />
Vemos aqui um aspecto da Avenida Atlantica <strong>com</strong><br />
um dos novos arranha-céus que se levantam por todos<br />
os pontos da linda praia carioca.<br />
MAPPIN & WEBB<br />
RECEBEMOS MENSALMENTE AS<br />
ULTIMAS NOVIDADES EM BOLSAS,<br />
DA MAIS FINA QUALIDADE, DE<br />
PARIS, LONDRES E VIENNA.<br />
OU VI DO R 100
W P Wá<br />
c^OOO-<br />
w<br />
Visconde de Mauá —<br />
(Irineu Evangelista)<br />
<strong>ABRIL</strong> DE 193Ô<br />
A NOSSA PRIMEIRA ESTRADA<br />
DE FERRO<br />
Até i 852, não só o Brasil, mas todo<br />
o Continente, era desprovido de<br />
meios de transporte sobre trilhos.<br />
Coube a um engenheiro de inestimável<br />
valor e coragem, a Irineu<br />
Evangelista de Souza, depois visconde<br />
de Mauá, o pyramidal emprehendimento<br />
de crear, na America<br />
antarctica, a sua primeira via<br />
ferrea. O acontecimento verificouse<br />
áquella data, tendo o testemunho<br />
do Imperador D. Pedro II, que<br />
premiou o valioso trabalho de Evangelista<br />
de Souza, nomeando-o barão<br />
de Mauá.<br />
A estrada de ferro inaugurada partia<br />
do porto de Mauá (E. do Rio)<br />
e terminava na raiz da serra da<br />
Estrella (Petropolis).<br />
A Republica, que também sabe<br />
homenagear seus pró-homens, não olvidou os desinteressados serviços do viscoi.<br />
de de Mauá. Ella fez perpeluar no bronze eterno o vulto do immortal polytechnico<br />
numa das praças mais bonitas e concorridas da Capital e que fica justamente<br />
á vista dos navios que aqui arribam: a Praça Mauá.<br />
O SALARIO DOS OPERÁRIOS EM 1571<br />
Um Alvará, datado de i7 de abril de 1571 e passado nesta Capital, nomeava<br />
Simão f-ernanaes e João Gomes carpinteiros nas obras das fortificações da cida-<br />
de. Seus serviços seriam pagos á razão de 36$000 por anno, no Almoxarifado.<br />
O Estado, além dos salarios, propinar-lhes-ia mantimento, isto é casa e <strong>com</strong>ida.<br />
O DESBRAVADOR DA AMAZÔNIA<br />
Deve-se a Pedro Teixeira a iniciativa do desbravar as nossas florestas e de abrir<br />
o Amazonas ás explorações regulares.<br />
O bandeirante do norte chefiou uma expedição, <strong>com</strong>posta de mais de 2.000 pessoas,<br />
entro mulheres e creanças, no proposito do explorar o rio-mar em todo o<br />
seu percurso. A partida da expedição effectuou-se no porto do Belém, ao findar<br />
outubro de 1637. Os dois mil e tanto bandeirantes reaiisaram a viagem em setenta<br />
canoas, e a cruzada foi extenuante e longa, durando um anno. Teixeira e<br />
seus <strong>com</strong>panheiros passaram por Quito e por Lima, regressando ao Pará. Os<br />
colonisadores portuguezes ficaram devendo a Pedro Teixeira, que permanece<br />
quasi ignorado, o favor de lhes facilitar o caminho á expansão colonial para o<br />
occidento, fundando no Pará um vasto entreposto maritimo, e em todos os affluentes<br />
do Amazonas feitorias regulares.<br />
QUEM DEU NOME A CORREIAS<br />
Toda gente ouve falar em Correias, localidade de Petropolis, mas não sabe porque<br />
lhe deram essa denominação. Eiia vem de que ali residia, nos principios do século<br />
transacto, uma familia veneranda, a dos Correias, proprietária de um solar<br />
colonial. Entre os membros mais illuslres daquelia casa contava-se um sacerdote,<br />
o padre Thomaz Antonio Correia. Em 1829, a vetusta herdade asylou a princezinha<br />
Paula, convalescente de cravo enfermidade. D. Pedro I, pouco depois, adquiriu<br />
o immovol, por 50.000 cruzados, isto é por I3:994$800.<br />
Correias, que tem progredido bastante, é, actualmente, por seu esplendido clima<br />
e bellezas naluraes, uma óptima villegiatura.<br />
A BANDEIRA BRASILEIRA<br />
O nosso pavilhão foi creado peio Decreto<br />
vembro de 1889, na residencia do general<br />
ficio actualmente occupado<br />
pelo Prytaneu Militar. O<br />
modelo da bandeira, cuja<br />
idéa e projecto se devem a<br />
Toixeira Mendes e ao Prof.<br />
Pereira Reis, foi lithographa-<br />
do no estabelecimento typo-<br />
graphico de Paulo Robin, á<br />
rua da Assembléa. O pri-<br />
meiro exemplar da lithogra-<br />
phia representando a nossa<br />
bandeira foi offerecido co-<br />
mo lembrança a Benjamin<br />
Constant.<br />
O modelo esteve exposto<br />
recentemente numa vitrine<br />
da Avenida Rio Branco.<br />
n° 4, lavrado na noite de 19 de no-<br />
Deodoro da Fonseca, que era o edi-<br />
Bandeira do Brasil. Segundo o modelo do Decr.<br />
N. 4 de 19 de Novembro de 1889 do Governo<br />
Provisorio.
lî.L'JSTRAÇÂO BRASILEIRA<br />
A SERICICULTURA EM GOYAZ<br />
C governo goyano pretende<br />
inaugurar no progressista Estado<br />
mais uma fonte de rendas,<br />
oue • é o cultura intensiva e me-<br />
•hodisada do bicho da sêda. Já<br />
o!i se tem ensaiado, em vorios<br />
municípios, essa cultura, <strong>com</strong><br />
resultados satisfactorios e agora<br />
o Sr. Pedro Ludovico acaba<br />
de convidar o Sr. Mario Vilhe- Cultura do bicho da soda<br />
na. funccionario da Estação Se- em Barbacena,<br />
ricicola de Barbacena, e professor<br />
da Escola Superior de Agricultura<br />
o Veterinaria de Viçosa, para ir a Goyania, nova capital do Estado, afim<br />
de orientar a r.ova cultura. A esse respeito aquelle governador passou ao Ministro<br />
da Agricultura o seguinte teiegramma:<br />
"Govania, 7.2 de fevereiro de I93ó. Sr. ministro Agriculturo. — Rio — Numero<br />
563. Nota-se reste Estado que conta varias regiões propicias criação bicho sêda,<br />
apreciável interesse essa lucrativa industria. Esta, entretanto, apresenta ainda aspecto<br />
embryonario, processando-se meios rudimentares, justamente porque interessados<br />
carecem ensinamentos technicos. Doonte disso, tomo resolução solicitar<br />
vossencia que permitta vinda este Estado Dr. Mario Vilhena, professor Sericicultura<br />
Escola Viçosa, afim de que, conhecendo meios, examinando possibilidades,<br />
desenvolvendo racionalmente aquelia cultura habilite governo orientor convenientemente<br />
quantos queiram occupar-se. Saudações ottenciosas. — Pedro Ludovico,<br />
governador Estadc".<br />
O MOVIMENTO BANCARIO NACIONAL<br />
E-n 31 do dezembro, do anno findo era de 23.830.500 contos o total dos activos<br />
de todos os Bancos nacionaes.<br />
Para conhecimento dos nossos leitores que se interessam pelos questões financeiras<br />
do paiz e pelo movimento dos capitaes nos estabelecimentos de credito bancario<br />
nacionaes e estrangeiros, aqui divulgamos um quadio <strong>com</strong>parativo succinto de<br />
cujo estudo e anaiyse se pedem tirar conclusões e observações bastante interessantes:<br />
Activo Nacionaes Estrangeiros<br />
Empréstimos: 1934 1935 1934 1935<br />
Em letros descontadas 2.502.422 2.736.240 455.537 468.147<br />
Em contas correntes 3.458.243 3.4Ó4.989 990.234 1.083.302<br />
Total dos emprestimos ! 5.960.665 6.201.229 1.445.771 1.551.449<br />
Caixa em moeda corrente nos Bancos 566.607 538.181 208.562 221.567<br />
Outros títulos do Activo 16.391.236 17.091.090 5.507.298 6.377.967<br />
Total do Activo 22.918.510 23.830.500 7.161.631 8.150.983<br />
O + oial desse movimento foi assim apurado:<br />
empréstimos:<br />
Aotivo 1934 193o<br />
Em letras descontadas 2.957.959 3.204.387<br />
Em contas correntes 4.448.477 4.548.291<br />
Total dos emprostimos: 7.406.436 7.752.6/8<br />
Caixa em moeda corrente nos Bancos 775.171 759.748<br />
Outros tiiuios do Activo 21.898.534 23.468.057<br />
Total do Aciivo 30.080.141 31.981.483<br />
NOSSA PRODUCÇÃO DE BANHA CONTINUA A AUGMENTAR<br />
Uma criação de porcos no Rio<br />
Grande do Sul.<br />
IO M ICO<br />
E' bastante alviçareira a situação<br />
da industria da banha<br />
no paiz, pois os dados estatísticos<br />
de exportação accusam<br />
constante augmento.<br />
No anno passado, até 30 de<br />
Novembro, as remessas para<br />
o exterior ottingiram a 12.830<br />
toneladas, no valor de 31.643<br />
contos, contra 4.387 toneladas<br />
e 6.376 contos, em egual período<br />
do onno anterior.<br />
Obtivemos, portanto, um accrescimo<br />
nos negocios de ...<br />
8.443 toneladas e 27.267 contos.<br />
No preço houve também<br />
grande differença para mais.<br />
r<br />
J é d ^ m A ^ y t ë r<br />
Ov* -- VC )<br />
SEBES m<br />
land*<br />
O TICO-TICO iniciou no seu numero<br />
de I do corrente mez um<br />
sensacional concurso para as creanças<br />
de todo o Brasil, certamer»<br />
de finalidade civica e educativa<br />
que consta da publicação de uma<br />
série de quadros coloridos de factos<br />
da historia patria. Taes quadros<br />
serão colleccionados pelos<br />
concurrentes num artístico album,<br />
que O TICO-TICO distribuiu gratuitamente.<br />
No final do concurso,<br />
os concurrentes terão, por sorteio,<br />
probabilidade de conquistar um<br />
dos quinhentos maravilhosos prêmios,<br />
no valor total de 50:000$000.<br />
Entre esses prêmios destacam-se:<br />
1.° PREMIO — Valor I5:000$000 — Uma<br />
matricuia r;o internato do Departamento<br />
Masculino, ou do Departamento Femini<br />
no do Instituto La-Fayette, durante cinco<br />
annos, em qualquer dos cursos man<br />
tidos por este grande estabelecimento<br />
de ensino, inclusive taxas de laboratorios,<br />
de inspecção, de. matricula e do<br />
promoção, e ainda enxoval <strong>com</strong>pleto, do<br />
interno, para o primeiro anno de fre<br />
quencia do premiado.<br />
2.° PREMIO — Valor I0:000$000 — Uma<br />
Apólice dotal do valor de dez contos<br />
de réis, resgatavel na maioridade do<br />
conlempíado, ou seja aos 21 annos, não<br />
podendo o sorteado ter no presente<br />
mais de 14 annos de edade. Este valiosíssimo<br />
premio é offerecido pela "Sul<br />
America", a mais importante e solida<br />
Companhia de Seguros da America do<br />
Sul.<br />
i ^<br />
— - - -<br />
Miniatur« da artística capa<br />
qua O TICO-TICO ait* distribuindo<br />
antra os concurrantas<br />
do Granda Concurso<br />
Patriotico — Quadros da<br />
Nossa Patria.
toilcrm<br />
Santo<br />
Antonio<br />
Restaurações<br />
de quadros a<br />
oleo. Molduras<br />
de E s t y I o .<br />
Exposição<br />
permanente de<br />
quadros a oleo<br />
de artistas<br />
nacionaes.<br />
R. DA QUITANDA, 25<br />
TELEPHONE 22-2605<br />
Via CONDOR-LUFTHANSA<br />
BRASIL-EUROPA<br />
A MALA FECHA<br />
| E M 2 DIAS<br />
TODAS AS 5. as FEIRAS AS 15 HORAS<br />
INSUPERADO NA SUA<br />
SEGURANÇA • RAPIDEZ • PONTUALIDADE<br />
Km I934, o valor médio de uma tonelada de banha<br />
foi do 1:453$000, em I935, do 2:466$000 ou mais ..<br />
1:0I3$000.<br />
Os nossos maiores exportadores de banha são Rio<br />
Grande do Sul e São Paulo, seguidos depois do Pa-<br />
raná e Santa Catharina.<br />
0 ESTADO DA BAHIA E A EXPORTAÇÃO DE<br />
MAMONA<br />
Dos 190.660 saccos de semente de mamona que o<br />
Brasil exportou em I935, o Estado da Bahia forneceu<br />
1 14.900, dislribuindo-se entre as demais unidades da<br />
federação os outros 75.760 saccos.<br />
Os maiores <strong>com</strong>pradores dessa oleaginosa á Bahia<br />
foram a Bélgica e os Estados Unidos, sendo que só<br />
este paiz <strong>com</strong>prou i 36.362 saccos.<br />
Durante este anuo, só no mez de janeiro a Bahia ex-<br />
portou 37.687 saccos dessas sementes, pensando ......<br />
2.267.094 Icilos ou sejam 35.075 saccos a mais do que em<br />
ogual periodo do anno passado, quando foram expor-<br />
tados 2.6I2 apenas.<br />
A semente de mamona é vendida ao preço-base de<br />
$650 réis o kilo, na Bolsa de Mercadorias da Bahia,<br />
fc" esre o resumo do movimento estatistico:<br />
Entradas durante o anno de I935, saccos 367.204<br />
Peso em kilos 22.032.240<br />
Sahidas durante o anno de 1935, saccos . . 303.465<br />
Peso em kilos 18.207.900<br />
Industriaiisados no Estado, saccos 27.556<br />
Peso em Icilos 1.653.360<br />
Stock em 31 de Dezembro de I935, saccos 36.183<br />
Peso em kilos 2.170.980<br />
VISITE AS NOSSAS EXPOSIÇÕES<br />
A S A<br />
MARCA<br />
NOSSA EXPORTAÇÃO<br />
E' curiosa e bastante animadora a synthese agora di-<br />
vulgada do movimento geral de nossa exportação,<br />
englobando os principaes productos. Os algarismos<br />
falam eloquentemente e attestam a procura que vêm<br />
tendo, no estrangeiro, os fructos do trabalho dos nos-<br />
sos patricios:<br />
De janeiro a novembro de I935 os artigos principaes<br />
da exportação do Brasil para o exterior foram os I5<br />
seguintes:<br />
Café, 13.814.686 saccas, r.o valor de 1.945.304 contos;<br />
Algodão, 127.453 toneladas, no valor de 602.150 con-<br />
tos:<br />
Cacáo, 95.787 toneladas, no valor de 139.186 contos;<br />
Couros, 46.634 toneiadas, no valor de 96.456 contos;<br />
Fumo, 31.685 toneladas, no valor de 62.866 contos;<br />
Laranjas, 2.567.493 caixas, no valor de 60.166 contos;<br />
Arroz, 88.781 toneladas, no valor de 60.040 contos:<br />
Herva-matte, 54.1 16 toneladas, no valor de 58.715<br />
contos;<br />
Carnes congeladas, 51.025 toneladas, no valor de ..<br />
56.689 contos;<br />
Pelles, 3.794 toneiadas. r,o valor de 45.914 contos;<br />
Carnes em conserva, 13.584 toneladas, no valor de ..<br />
39.715 contos;<br />
Cera de carnaúba, 5.789 toneiadas, no valor de 39.432<br />
contos;<br />
Castanhas <strong>com</strong> casca, 27.352 toneladas, no valor de<br />
33.436 contos;<br />
Baga de mamona, 59.379 toneiadas, no valor de ....<br />
36.566 conlos;<br />
Assucar, 60.582 toneladas, no valor de 34.621 contos.<br />
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