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ABRIL 1936 (com OCR).pdf - Projeto Dami

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M H H H H y<br />

. -


NUMERO 12<br />

ANNO XIII<br />

^Ilustração<br />

BCQSÍICÍCQ<br />

A B R I L<br />

DE 19 3 6<br />

MENSARIO EDITADO PEIA<br />

SOCIEDADE ANONYMA "O MALHO"<br />

DIRECTOR-GERENTE<br />

ANTONIO A. DE SOUZA E SILVA<br />

Administração e escriptorios: Trav. do Ouvidor, 34<br />

Redacção e officinas: R. Visconde de Itauna, 419<br />

Telephones 23-4422 e 22-8073<br />

End. Tel. OMALHO — Caixa Postal 880 — RIO<br />

PREÇO DAS ASSIGNATURAS<br />

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Malho e Moda e Bordado, para<br />

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pons para o concurso. Pedidos e<br />

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d' O Malho e Moda e Bordado<br />

ó Travessa do Ouvidor, 34 - Rio.<br />

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NORTE<br />

DO PARANÁ<br />

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Séde de um dos municípios mais jovens<br />

e futurosos do Paraná, Londrina, que desc e<br />

cedo se apparelhou de todos os elementos<br />

reclamados pelo progresso, já possue o<br />

seu paço municipal conforme se vê no cliché ao lado, installado<br />

em prédio proprio e confortável.<br />

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1-164! —<br />

2-1551 —<br />

3-1831 —<br />

%<br />

4-1845 —<br />

5-1762 —<br />

6-1719 —<br />

7-1714 —<br />

8-1711 —<br />

9-1712 —<br />

10-1850 —<br />

11-1822 —<br />

12-1636 —<br />

13-1889 —<br />

14-1821 —<br />

15-1858 —<br />

16-1826 —<br />

17-1691 —<br />

: 8-1830 —<br />

19-1850 —<br />

20-1632 —<br />

21-1792 —<br />

22-1745 —<br />

23-1847 —<br />

24-1500 —<br />

25-1817 —<br />

26-1756 —<br />

27-1859 —<br />

28-1662 —<br />

29-1704 —<br />

30-1869 —<br />

E' acciarnado pelo povo, em S. Paulo, para seu rei, Amador Bueno da<br />

Ribeira. Quem referiu este facto, pela primeira vez, foi frei Gaspar<br />

da Madre de Deus. ÍI797).<br />

Sao concedidos por D. João III, rei de Portugal, privilégios á Santa<br />

Casa, de Santos, fur.daaa e.n i 543 por Braz Cubas. Foi a primeira<br />

creaca no Brasil.<br />

E' publicada uma "Proclamação aos Mineiros", em que se exprobra o<br />

atter.tado contra o Presidente de Minas, Des. Manoel Ignacio de Mello<br />

e Souza.<br />

No rio Paraguassú Diamantino, Minas Geraes, é encontrado, por um<br />

homem de cor, urn magnifico diamante. O vaíor da pedra foi estimado<br />

em 400:000$000.<br />

Um decreto determina que os mestres de Campo generaes passem a<br />

chamar-se tenentes-generaes e os sargentos-mores de campo marechaes<br />

de oampo.<br />

£' vendida por 40.000 cruzados (I6:000$000) por D. João V a Cosme<br />

Roiim de Moura a piovincia do Espirito-Santo.<br />

Por Carta Régia é fixado o ordenado de 4:800$000 para o governador<br />

gorai do Esiado do Brasil, ao tempo o Marquez de Angeja.<br />

Pelo governador das Minas Goraes é erecto em villa o povoado do<br />

Carmo, actualmente Marianna.<br />

A viila de S. faulo é acclamada cidade polo governador da Capita-<br />

nia de ogual nome, Antonio de Aibuquerque Coelho do Carvalho.<br />

Extingue-se, nesta cidade, frei Antonio da Arrábida, que foi o primei-<br />

ro reitor do Collegio Pedro II e cedeu a nosso Museu uma collecção<br />

dc 1.000 moedas egyccias, gregas e romanas.<br />

Installação, em Goyaz, da primeira Junta Governativa da Província, que<br />

fci eleita conforme as ordens das Cortes portuguezas.<br />

O donatario de Pernambuco, Duarte de Albuquerque, eleva á categoria<br />

°de villa a povoação do Lagunas do Sul, <strong>com</strong> o nome de Magdalena,<br />

que é a actual Maceió.<br />

Nasce na fazenda do Desengano, Leopoldina (Minas), o distineto poeta,<br />

historiador, romancista e jornalista Augusto de Lima Júnior, autor de "A<br />

cidade antiga", "Marianna", "Historias e lendas", "Canção da Grupiara",<br />

efe.<br />

O batalhão de iinha da guarnição de Fortaleza subleva-se, exigindo ao<br />

governador da província, capitão do mar e guerra Francisco Alberto<br />

Rubim, augmento de scido.<br />

Procede-se a benção do Cemiteno mandado construir nas vizinhanças do<br />

Hospital de Santa isabel, no Rio de Janeiro.<br />

iz' instituída a Ordem D. Pedro I, no intuito de <strong>com</strong>memorar o reconhe-<br />

cimento da Independencia do Brasil.<br />

E' concedida aos secretaiíos do governo a faculdade de se sentarem<br />

em cadei r a rasa no momento de fazerem leiiura ou de darem informações<br />

relativas aos negocios de Estado.<br />

Na casa n° 18 da rua do Núncio, nesta capital, failece o padre José<br />

Mauricio Nunes Garcia, musico notável, denominado "O Mozart brasi-<br />

leiro". Deixou um "Requiem" immortal.<br />

Aporta a Beiém (Pará) o brigue americano "Edward Henry", conduzindo<br />

50 toneladas de gelo, importadas dos Estados Unidos pelo hespanhol<br />

Marcos de Luna.<br />

Domingos Calabar, o Mameluco, passa-se para o exercito hoilandez, para<br />

não ser perseguido peio provedor André de Almeida, seu accusador.<br />

No Campo da Larnpadosa ou, conforme opinião de Mello Moraes, na<br />

praça da egreja de S. Domingos, em nossa capital, é enforcado o Tira-<br />

dentes, cuja cabeça é enviada para Viila-Rica, onde sua casa é arra-<br />

sada e salgada.<br />

D. Jcão V. por Carta Régia, crêa o Bispado de S. Paulo, sendo nomea-<br />

do para a nova Diocese D. Bernardo Rodrigues Nogueira.<br />

Por Lei provincial é mandada demolir a casa em que funccionava a re-<br />

partição do Haver do Peso, de Beiém (Pará), que devia ser destinada<br />

para Ribeira do peixe fresco.<br />

Os piiotos de Pedro Aivares Cabral encontram, quatro léguas ao N. de<br />

Porto Seguro, uma enseada, a que chamam Cabralia. Um dos pilotos é<br />

Affonso Lopes.<br />

O chefe da esquadra, que bloquêa o porto do Recife, escreve, a bordo<br />

da fragata Thetis, um manifesto aos habitantes daquella capital.<br />

Larga de Lisboa <strong>com</strong> destino ao Pará o primeiro navio da "Cia. Geral<br />

de Navegação do Commercio do Grão Pará e Maranhão", fundada um<br />

anno anles.<br />

Nasce em Palmital do Saquarema (E. do Rio) Alberto de Oliveira, poe-<br />

ta, educador e erudito philoiogo. Príncipe dos poetas. Fundador da Aca-<br />

demia d'e Letras, onde occupa a cadeira Cláudio Manuel da Costa.<br />

O povo da Bahia concorre <strong>com</strong> a somma de 300.000 cruzados para in-<br />

tegração do dote a ser feito a Infanta de Portugal, D. Catharina.<br />

Failece em Olinda o 4 o Bispo de Pernambuco, D. Francisco de Lima, que<br />

assistiu ao desenlace de Giegorio de Mattos. De seus bens constavam<br />

apenas 40 réis.<br />

Inauguração das <strong>com</strong>municações telegrapnicas entre Santa Maria e Cachoeira<br />

(R. G. do Sul) numa extensão de 102 kilometros.


RASILEIRA<br />

S II .11 M A R I O I> O S P U I X C I P A E S<br />

A S S U M P T O S l> E S T E N U M E K O<br />

UMA HISTORIA, Chronica de Guilherme do Almeida<br />

O BOSQUE DOS ARTISTAS IMMORTAES, Redacção<br />

A POESIA DO MAR NAS PRAIAS DO RIO, Redacção<br />

PAUL BOURGET, Chronica de Carlos Magalhães de Azeredo<br />

NUA AO SOL A FIANDEIRA. Chronica de Cláudio de Souza<br />

A REFORMA ARCHITECTONICA DA MATRIZ DA GLORIA, Redacção<br />

O RIO DE HOJE E DE HA 30 ANNOS. Redacção<br />

EVOCANDO A INCONFIDÊNCIA, Redacção<br />

A REVOLUÇÃO PLASTiCA NA ARTE BRASILEIRA, Chronica de Flexa Ribeiro<br />

A CAVALGADA DOS VENTOS. Poesia de Olegário Mariannr<br />

BELLO HORIZONTE, Redacção<br />

OS VELHOS BARCOS REMOÇAM PARA A LUTA. Redacção<br />

ARTES E ARTISTAS, Redacção<br />

UM QUADRO DE F. POST, Chronica de Max Fleiuss<br />

O DIAMANTE DO BRASIL E OUTRAS PEDRAS FRECIOSAS, Redacção<br />

COUSAS DE MARINHA, For Gaidino Pimentel Duarte<br />

REGRAS PRATICAS PARA BEM ESCREVER, Por Laudelino Freire<br />

DE MEZ A MEZ, Redacção<br />

TRICHROMIAS E DOUBLÉS DE: E. Visconti, Lucilio de Albuquerque.<br />

J. Car'os e Paulo Amaral.<br />

D A P R Ó X I M A E D I € Ä O<br />

A RELIGIÃO DO DEVER, O nosso eminente collaborador Conde de Affonso<br />

Celso, iá lostabe'ecido da ionga enfermidade que privou por tanto tempo os<br />

nossos leitores da sua apreciada collaboração, reapparece no proximo numero<br />

da "lü-jstração Brasiieira" <strong>com</strong> uma sciniiílante chronica sob o titulo: "A Re-<br />

ligião do Dover".<br />

A MINHA PINACOTECA, Chronica de Goulart de Andrade<br />

LUAR DE COPACABANA. Poesia de Martins Fontos<br />

VIDA LITERARIA, Chronica do Adelmar Tavares<br />

REGRAS PRATICAS FARA BEM ESCREVER (Conclusão), Por Laudelino Freire<br />

O VENCEDOR DE TUYUTY, Redacção<br />

VELHOS CARROS DE BOiS, Redacção<br />

COLLEGIO MILITAR, Pelo Major José Faustino Filho ,<br />

O RIO DE HOJE E DE HA 30 ANNOS. Redacção<br />

DOIS PESQUISADORES<br />

O homem que tem um ideal, quaiquer que eiio seja, gasta na tontativa de<br />

conquistal-o, toda a energia cio seu corpo e toda a força do seu taienio; não mede<br />

sacrifício, arriscando sem modo a própria vida.<br />

Assim procede o escaphar.drista, caçador de pérolas, na ansia do fazer fortuna;<br />

assim age o sábio, pesquisador de labcratorio, na ansia do descobrir algo quo<br />

possa beneficiar a vida humana. Ambos são estoicos -<strong>com</strong> respeito aos seus pro-<br />

positos.<br />

O producfo do primeiro destina-se a prestigiar a figura dos ricos, por isso que,<br />

só os ricos podem adquirir jóias que vão adornar-lnes externamente o corpo; o<br />

producto ao segundo visa alcançar para todas as creaturas humanas a cousa mais<br />

preciosa deste mundo, isto 6, uma longevidade ~ valida, adornada daquolles encan-<br />

tos que só podem fruir os sadios de corpo. Por isso, sem desprezarmos as lindas<br />

pérolas quo o ousaco escaphandiisla foi buscar rio fundo do oceano, devemos saber<br />

valorizar devidamente as outros pérolas, aquoiias que foram obtidas nas retortas<br />

do laborarorio polo esforço do sábio, porque taes pérolas contêm a essencia da<br />

vida; o seu ompreco corrige faihas organicas <strong>com</strong>muns em moços de ambos os sexos<br />

e restaura, nas pessoas idosas, as energias gastas, garantindo-lhes a juvenilidado do<br />

corpo e do espiriro. As pérolas sahidas do laboratorio, não são artificiaes porque<br />

são as legitimas Peroios Ti;us, aquoiias que contém os hormonios extrahidos das<br />

glanduias sexuaes do animaes novos e sadios e que a sciencia moderna emprega,<br />

hoje. <strong>com</strong>o o mais precioso meio do restaurar as forças <strong>com</strong>balidas, sendo do effei-<br />

to seguro e absolutamente inotfensivas.<br />

Não se dove pensar que as Porolôs Tirus agem apenas do lado sexual; ellas actúam<br />

igualmente <strong>com</strong>o tonico cerebral e dahi o seu grande valor, pois é sabido que as<br />

íuneções dos orgãos germinadores esrão sob a immediata influencia da força do<br />

pensamento e as Pérolas Titus tem o poder de fortificar este. Os senhores interes-<br />

sados nesfa moderna medicina, enconharão, gratuitamente, ampla literatura a res-<br />

peito no Departamento de Productos Scientificos — Matriz, á Av. R. Branco, 173-2°,<br />

Rio. o Filiai á R. do São Bento. 49-2°, São Paulo.<br />

R T I N A S ^ c h<br />

R. DOS OURIVES. 5 2 2 - 0 4 6 4


Em sua passagem por esta capital,<br />

o cardeal argentino, dom Santiago<br />

Luís Copello, recebe a visita de D.<br />

Sebastião Leme. Os dois cardeaes<br />

da America do Sul posam, noltamaraty,<br />

para «Illustração Brasileira».<br />

O primaz da Argentina, que foi<br />

hospede do nosso Governo, emquanto<br />

aqui esteve, tem em mão<br />

o ultimo numero de «Illustração»;


E X L I B R I S<br />

Encontraram-se â bordo os dois homens impressionantemente<br />

tristes: O Homom Que Queria Lembrar e O Homem Quo<br />

Queria Esquecer.<br />

Vinham de dois pontos differentes do mundo e iam para uma<br />

mesma terra retirada e só.<br />

Logo se armou em torno delíos, por todo o grande transatlan-<br />

tico, um nimbo de curiosidade silenciosa, que és vezes pare-<br />

cia respeito, ds vezes parecia receio. E, nessa atmosphera ca-<br />

iada e vaga, mais vagos e mais calados os dois estrangeiros<br />

foram vendo rodar os sóes e rolar as luas; foram vendo ro-<br />

dar no céo os dias marítimos cheios de "ócharpes" voando ao<br />

lado de M blazers M coloridos, e cheios de preguiças doiradas<br />

de luz e atiradas sobre iônas bambas nos "decks" lavados...:<br />

e foram vendo rolar no céo as noites maritimas cheias de mu-<br />

sicas banaes e de pensamentos banaes moídos pelas helices e<br />

esfarellados, <strong>com</strong>o o luar, naquelle rastro branco que vae fi-<br />

cando atraz, atraz, atraz...<br />

Uma iarde, o navio roçou por um porto melancólico. Poisou<br />

um instante, <strong>com</strong>o um insecto leve, no M bouquet n de uma ilha<br />

verde, e ahi deixou, sóslnhos, cs dois homens in<strong>com</strong>prehen-<br />

siveis.<br />

, & a u r u u<br />

E ninguém indagou, nunca, o destino delíes na ilha vaga.<br />

Mas, quando o grande barco voltou, em cada um dos dois<br />

pontos do mundo de onde iinham partido os dois exilados<br />

havia uma desolada e lamentave! mulher que perguntava ao><br />

homens indiííerentes de bordo:<br />

— Quo é feito do Homem Que Queria Lembrar?...<br />

— Que é feito do Homem que Queria Esquecer?...<br />

E os homens de boido indagavam, distrahidos;<br />

— Lembrar o qué?...<br />

— Esquecer o quê?...<br />

E aquelías muineros respondiam <strong>com</strong> as mesmas palavras<br />

sempre:<br />

— A única coisa, neste mundo, que é preciso lembrar ou es-<br />

quecer: a Felicidade...<br />

i v l E D h<br />

iVl ) A<br />

D A A C A D E M I A D E L E T R A S


\co<br />

A herma de Mestre<br />

Valentim em frente<br />

ao portão, que é uma<br />

tradição do Passeio<br />

Publico.<br />

O BOSQUE<br />

ARTISTAS<br />

Mesmo agora, quando o verão ílammeja e as folhas<br />

cias velhas arvores centenarias amarellecem e cahem, o<br />

Passeio Publico possue uma frescura encantadora de<br />

aguas e sombras.<br />

As flores de ouro das acacias vão <strong>com</strong> os ventos que<br />

sopram do mar.<br />

As fontes murmuram. A grama, irrigada, cheira a chuva<br />

de verão. Em torno ao jardim, no asphalto das<br />

ruas, a vida tumultúa em mil ruidos, num movimento<br />

louco. O sol escalda. Mas dentro do velho parque do<br />

Passeio Publico, quanta paz e quanta frescura ! Como<br />

é propicia a sua sombra á meditação !<br />

Foi isso, sem duvida, que seduziu o espirito dos que<br />

escoiheram esse local para ser o bosque dos artistas<br />

immortalizados no bronze.<br />

Lá estão as hermas de Gonçalves Dias, o grande poeta<br />

maranhense, cantor de "Os Timbiras" e do "Y-Juce<br />

Pirama"; de Victor Meireües e de Pedro Américo, os<br />

dois notáveis pintores que fixaram nas telas os momen-


DOS<br />

IMMORTAES<br />

tos culminantes da nossa Historia; de Rodolpho Bernardelli,<br />

o escuiptor de tantas obras primas, o estatuario<br />

da Cidade Maravilhosa; de Olavo Bilac, o poeta, cuja<br />

figura dominou o seu tempo; de Alberto Nepomuceno,<br />

o mago das harmonias arrebatadoras, de Ferreira de<br />

Araujo, o jornalista das grandes campanhas civicas;<br />

de Hermes Fontes, o poeta que envolveu a vida em<br />

rythmos sonoros e se finou num drama de paixão e<br />

sangue; de Mestre Valentim, o artista nato, o cscuiptor<br />

cujo rosto de bronze, em que brilha uma<br />

surprehendente semelhança <strong>com</strong> certos retratos de<br />

Beethoven, continua a olhar de frente o antigo portão<br />

do Passeio Publico, que elle moldou <strong>com</strong> suas<br />

mãos prodigiosas.<br />

Toda uma galeria gloriosa de artistas se acolheu á<br />

sombra daquellas arvores centenarias para viver, no<br />

bronze, a vida eterna da consagração publica. Destino<br />

feliz não poderia ter o velho iardim do Passeio<br />

Publico.


As vagas bravias do mar alto arrebentam na<br />

praia, em brai ca espumarada. As dunas de<br />

areia ondulam, vastas e claras, entre a vegetação<br />

baixa e escura e montes áridos e selvagens.<br />

Ha alguma coisa de agreste na<br />

paisagem. Mas essa impressão se delue ante<br />

os « bungalows » pequenos e bellos <strong>com</strong>o<br />

brinquedos que espiam o Oceano, entre arvores.<br />

Recreio dos Bandeirantes. Recanto<br />

maravilhoso do Rio de Janeiro, aonde <strong>com</strong>eça<br />

achegar a febre de construção e crescimento<br />

da cidade. Os barcos de pesca e as<br />

cabanas de pescadores, dentro em pouco,<br />

serão um anachronismo cu um enfeite na<br />

paisagem. Mas <strong>com</strong>o esta é linda, neste momento<br />

de transição em que o Recreio dos<br />

Bandeirantes não é mais uma colonia de<br />

pesca, mas também não chegou ainda a ser<br />

um arrabalde elegante da mais bella cidade<br />

do mundo ?<br />

O panorama encantador deste pedaço desgarrado<br />

do Rio, escondido entre o mar e a<br />

floresta, está todo retratado, nos aspecto c<br />

desta pagina.<br />

PHOTOS DCSSAUCR


PAUL BOURGET<br />

O desaparecimento do grande<br />

Mestre do romance, da poesia,<br />

e da crítica, é para mim, e de<br />

certo para milhares de outros<br />

leitores, esparsos por todos os<br />

paizes da terra, uma causa de<br />

tristeza, e propriamente um luto<br />

pessoal. Não posso melhor ex-<br />

primir o que eu sentia por êle<br />

do que publicando uma carta,<br />

que dirigi ao escritor insigne,<br />

por ocasião do seu octogésimo<br />

aniversario:<br />

Maitre Lausanne. 2 Septembre 1932.<br />

C'est avec une vibrante et confiante émotion que je<br />

vous appelle ainsi, en osant vous envoyer, à l'occasion<br />

de votre quatre-vingtieme anniversaire, mes hom-<br />

mages et mes souhaits de bonheur. Ce titre, vous le<br />

recevez depuis votre jeunesse, vous l'entendez à cha-<br />

que instant d'une foule d'admirateurs et d'admira-<br />

trices; l'habitude vous l'a peut-être rendu indifférent<br />

<strong>com</strong>me quelque chose d'officiel et de convenu. Je<br />

voudrais que, sous ma plume, il eut pour vous un tout<br />

autre sens un sens vibrant et profond. Qui vous<br />

l'adresse, cependant? Un inconnu.<br />

Oui; j'ai eu l'honneur de vous rencontrer autrefois,<br />

au temps déjà lointain de mon adolescence; vous<br />

m'avez fait le plus charmant accueil (je vous étais<br />

<strong>ABRIL</strong> DE <strong>1936</strong><br />

qu'universelle; cette oeuvre si essentiellement et dou-<br />

re<strong>com</strong>mandé par une de vos amies, ma chere amie<br />

aussi, Madame Ocampo de Heimendahl); mais j'allais<br />

bientôt quitter Paris pour n'y retourner que rarement<br />

et de passage; vous m'avez naturellement oublié avec<br />

tant d'autres étrangers, qui, en touchant le sol sacré<br />

de la France, avaient tenu à vous témoigner leur ad-<br />

miration pour l'écrivain insigne et hautement person-<br />

nel, dont la renommée remplissait déjà le monde à<br />

cette époque.<br />

Vous aviez vingt ans quand je suis né. C'est tout vous<br />

dire en quelques mots. J'appartiens à cette généra-<br />

tion divisée, dont une moitié, conquise au positivisme<br />

et au naturalisme, hérités de la génération précéden-<br />

te, s'adaptait à ces doctrines arides, et à ses horizons<br />

bornes, tout en se berçant dans l'illusion presque mys-<br />

tique le ia toute-puissance de la science; tandis que<br />

l'autre moitié s'y débattait inquiété et angoissée <strong>com</strong>-<br />

me dans une cage de fer, cherchant des yeux et du<br />

désir plus d'espace, plus de lumiere, plus de liberté<br />

pour l'Esprit. J'étais de ce dernier groupe," à cause<br />

de ma sensibilité propre, et de l'éducation foncière-<br />

ment chrétienne, que j'avais reçue.<br />

Vous savez bien quelle influence vous exerciez, de quel<br />

prestige vous étiez entouré, au Brésil <strong>com</strong>me ailleurs,<br />

parmi ces jeunes gens pensifs et nostalgiques, qui<br />

souffraient <strong>com</strong>me des exilés dans un monde devenu<br />

trop dur, trop brutal, pour leur native tendresse. Il<br />

n'est pas exagéré de dire que nous vous regardions<br />

<strong>com</strong>me les adolescents de 1830 regardaient Lamartine.<br />

CRUELLE ÉNIGME, ANDRÉ CORNÉLIS, MENSON-<br />

GES PHYSIOLOGIE DE L'AMOUR MODERNE, ES-<br />

SAIS DE PSYCHOLOGIE CONTEMPORAINE, ÉTU-<br />

DES ET PORTRAITS, <strong>com</strong>ptaient parmi nos livres fa-<br />

voris, nos livres de chevet, sans oublier les POÉSIES,<br />

que nous lisions aussi, tout enchantés de leur musicale<br />

magie, et que, pour ma part, je relis encore de temps<br />

en temps. Nous y retrouvions nos propres états d'âme,<br />

fouillés et interprétés par un Maitre de l'analyse, qui<br />

n'en était pas moins un poete exquis: nos subtilités<br />

de sentiment, <strong>com</strong>pliquées et souvent maladives, no-<br />

tre penchant à la volupté réfréné et aiguisé à la<br />

fois par des préoccupations morales et religieuses,<br />

notre "amour de i'amour", tous nos doutes et nos<br />

tourments intérieurs d'enfants du siecie, notre besoin<br />

aussi d'un style plus franc, plus <strong>com</strong>préhensif, plus nu-<br />

ancé, que celui dont Zola et ses satellites nous of-<br />

fraient des échantillons trop nombreux et en<strong>com</strong>brants.<br />

Puis, un beau jour, les pages séveres et retentissantes<br />

de LE DISCIPLE éclateront parmi nous <strong>com</strong>me un<br />

coup de tonnerre ...<br />

Pardonnez-moi, Maitre, si j'évoque peut-être avec un<br />

peu de prolixité oes heures de ravissement et de mé-<br />

ditation féconde, déjà éloignées chronologiquement,<br />

mais historiquement encore davantage, à tel point<br />

qu'elles ne semblent pas appartenir au déclin du sie-<br />

cie dernier, mais à un autre âge géologique de notre<br />

planete. Peut-être est-ce, de mon côté, gout et mé-<br />

lancolique douceur de m'évoquer moi-même, tel que<br />

j'étais alors; car j'arrive à ce tournant de la vie, ou<br />

l'homme, tout en continuant à s'intéresser, et même<br />

passionnément, aux moeurs et aux problèmes de cha-<br />

que jour, <strong>com</strong>mence à se <strong>com</strong>plaire de plus en plus<br />

au souvenir, ou, <strong>com</strong>me nous disons en portugais, à<br />

ia "saudade" du passé. Et puis, il me fallait parler<br />

un peu de moi tout de même, pour expliquer et jus-<br />

tifier cette lettre.<br />

Je suis sur que beaucoup de mes <strong>com</strong>pagnons de ce<br />

temps-là, dispersés au gré de leurs carrieres, de leurs<br />

destinées, ont gardé, au fond de leurs âmes, l'em-<br />

preinte initiale de vos idées, de vos doctrines, car,<br />

<strong>com</strong>me tout ce qui releve de l'éternel, elles s'adres-<br />

saient aux couches les plus intimes de notre existence<br />

spirituelle. Ecrivain moi-même, ma sympathie pour<br />

elles s'est affirmée et reflétée dans mes premiers li-<br />

vres, et les critiques brésiliens de cotte époque n'on*<br />

pas manqué de le souligner dans leurs articles. Faut-il<br />

ajouter que cette sympathie respectueuse et chaleu-<br />

reuse du jeune poote et oonteur envers l'Aine illustre<br />

et glorieux s'est maintenue fidele, et s'est même ac-<br />

crue au cours de ces quarante ans, car vous l'avez<br />

méritée toujours davantage, <strong>com</strong>me artiste et <strong>com</strong>me<br />

penseur? Qu'il me soit donc permis de saluer en vous<br />

un des Maîtres de ma jeunesse; un des rares écri-<br />

vains modernes qui ont réellement contribué à ma<br />

formation intellectuelle. Mais, en dehors de cette<br />

considération personnelle, je tiens à saluer aussi vo-<br />

tre oeuvre en elle-même, dans sa beauté, dans sa<br />

solidité, dans l'équilibre de sa valeur esthétique et<br />

de sa portée philosophique et sociale; cette oeuvre,<br />

qui a traversé des influences allemandes, anglaises,<br />

italiennes, mais à la façon d'un organisme robuste,<br />

c'est-à-dire, en restant française et vôtre, autant


ILLUSTRAÇAO BRASILEIRA<br />

O velho porlão da Quinta da Boa O V E L H O PORTÃO DA QUINTA DA B O A V I S T A<br />

Vista, que oui'rora se abria aos<br />

coches do Primeiro Império e que<br />

agora dá passagem aos automóveis,<br />

aos carros de creanças e aos pares<br />

enlaçados de namorados que buscam<br />

a sombra propicia das arvores, a<br />

frescura amavel das aguas, a alfombra<br />

macia da grama, para um pouco<br />

de repouso ou de idyllio.<br />

ioureusement humaine, mais toujours secouée du grand<br />

frisson du Divin, depuis les crises juvéniles du scepti-<br />

cisme et du pessimisme jusqu'à l'ascension sereine et<br />

majestueuse vers la foi et l'espérance; cette oeuvre, qui,<br />

pour toutes ces raisons, possédé le don de vous con<br />

quérir, non seulement des admirateurs, mais des amis,<br />

dans tous les pays du monde, lesquels deviennent, de<br />

par vous, autant d'amis eï défenseurs de votre au-<br />

guste Patrie !<br />

Veuillez agréer, Monsieur Paul Bourget, l'hommage de<br />

ma vénération affectueuse.<br />

Respondeu o Mestre em algumas linhas <strong>com</strong>ovidas,<br />

que deploro não poder achar neste momento. De-<br />

ploro ainda mais, açora, ter falhado um encontro<br />

<strong>com</strong> ele, marcado quatro anos antes, e que devia rea-<br />

lisar-se no Castello histórico de Chantilly, do qual<br />

Paul Bourger era "conservador". Precisamente na vés-<br />

pera, dosaparecera da coleção do castelo o famoso<br />

"diamante cor de rosa", e o "conservador" estava,<br />

<strong>com</strong>o é <strong>com</strong>preensível, numa angústia extraordinária.<br />

Desde então não voltei a Paris, e resta-me só imagi-<br />

nar o encanto que teria tido o projetado encontro<br />

<strong>com</strong> êle, já enveihecido, mas sempre forte de cérebro<br />

e juvenilmente agil de expressão, naquele quadro<br />

prestigioso de Chantülv ...<br />

Quantas cousas de fecunda influência teria ouvido do<br />

seus lábios, e quantas cousas interessantes (para mim<br />

ao menos) feria podido dizer-lhe! todas as que lhe<br />

cisse na minha carta, e aigumas que nela não disse,<br />

ou por que demasiado a prolongariam, ou por que,<br />

subtis, delicadas de índole, exigiam a fluidez do diá-<br />

logo vivo e sem pressa.<br />

Eu me teria penitenciado, por exemplo, contritamente<br />

e <strong>com</strong> franqueza, do meu arrefecimento, do meu qua-<br />

se abandono, em lelação aos seus novos livros, du-<br />

rante um período não breve, e precisamente dos mais<br />

operosos, dos mais significativos, na história do seu<br />

pensamento. Ta. defecção, o outras muitas que pela<br />

mesma época se produziram, não lhe importaria muito<br />

em si, a êle que contava os seus ieitores e admira-<br />

dores por centenas de milhares. A mim me importava<br />

confessar-lh'a. por um impulso de estreme lealdade<br />

para <strong>com</strong> um grande homem, que possuia plena-<br />

mente a rninha estima, o meu respeito; e por certo,<br />

<strong>com</strong>o tal, não o deixara indiferente.<br />

Esse afastamento se dera, quando êle, chegando ás<br />

conclusões de muitas experiências sentimentais e éti-<br />

cas, se aproximara, a largos passos, do cristianismo,<br />

e acabara adorindo, sem ambages, ao credo católi-<br />

co. E <strong>com</strong>o, de minha porte, atitude tão estranha?<br />

E' que eu suspeitava, <strong>com</strong>o outros muitos suspeita-<br />

ram, uma tendência politica nessa evolução religiosa!<br />

Eu lh a atribuía, <strong>com</strong>o, e ainda mais, a Brunetiere. á<br />

guisa de aplicação do famoso conceito: "A religião é<br />

um treio moral necessário para dominar o povo". O<br />

pretenso critério utilitário mareava, a meus olhos, a<br />

beleza, a pureza do gesto.<br />

Cometia uma negra injustiça — agora o reconheço<br />

— e, de outro lado, me mostrava incoerente, desin-<br />

teressando-me. som exame, dos seus novos romances,<br />

classificando-os romances "de tese", produtos, por<br />

tanto, híbridos e artificiais... <strong>com</strong>o se Le Disciple,<br />

que tão entranhadamente me <strong>com</strong>overa e exaltara,<br />

não tos^e o primeiro marco, glorioso, da "segunda<br />

maneira" de Paul Bourget ! Tudo isso, de resto, cor-<br />

respondia a um passageiro estado do alma, assás<br />

<strong>com</strong>plexo e obscuro: pendor em filosofia e em arte,<br />

por um individualismo simultaneamente aristocrático e<br />

rebelde, em politica por um liberalismo quase anár-<br />

quico (de resistencia indignada ás bravatas e amea-<br />

(PHOTO OESSAUER)<br />

ças do ambicioso imperalismo germânico); e uma vaga,<br />

absurda simpatia, na esfera religiosa, pelo modernismo:<br />

rápido engano, aiiás; que não tardei a discernir<br />

nêfe a mais perigosa e destruidora das heresias<br />

cessando, então, de fantasiar um antagonismo impossível<br />

entie Pio X e Leão XIII. Era natural, por conseguinte,<br />

a minha prevenção contra Paul Bourget, defensor<br />

e gendarme da Ordem ...<br />

Gorada a visita a Chantilly, a imagem viva que me<br />

ficou d ele foi a do escritor ainda moço. ainda na<br />

sua fase primoira de "dandismo", <strong>com</strong> quanto já fora<br />

dos encantamentos do "düettantismo", que <strong>com</strong> cortezia<br />

exquisita e inolvidável me acolhera em seu elegante<br />

palacete da rua Barbet-de-Jouy — uma das<br />

mais silenciosas do faubourg Saint Germain — nos<br />

annos crepusculares do décimonono século . ..<br />

Ainda recordo o busto marmóreo de Napoleão que<br />

ornava um dos patamares da escada estreita e luminosa.<br />

a vasta sala de trabalho — escritorio e bibliotheca<br />

— e a minha despedida, uma tarde de inverno,<br />

em vésperas de regresso a Roma (Janeiro ou Fevereiro<br />

de i898). Ainda o revejo, de pé junto á porta;<br />

estatura acima de mean, rosto largo, olhos pensativos<br />

e um pouco duros, boca espessa e mento enérgico,<br />

a vasta fronte barrada pela caraterística mecha<br />

de cabeios; costume de viagem, em que se destacava<br />

um colete escossez de xadrez vermelho sobre fundo<br />

castanho... Ainda me ressoa aos ouvidos a voz,<br />

parecida á de Joaquim Nabuco, <strong>com</strong> o mesmo sotaque<br />

um pouco britânico:<br />

"Je pars dans une heure pour Londres. Je ferai ce<br />

que vous désirez (tratava-se de uma dedicatória a<br />

escrever num dos seus livros, para uma senhora minha<br />

amiga). Au revoir!"<br />

O anglófilo correto e discreto, o requintado clubman,<br />

o penetrante e sedutor lalcist de Études anglaises ...


nuR AO soi<br />

Nua, na brancura da praia, ela abria os cabelos ruivos<br />

<strong>com</strong> os dedos longos e claros, e expunha-os ao sol. Parecia<br />

que estava fiando a luz para vestir de oiro sua nudez de<br />

marfim.<br />

Ficou, assim, algum tempo, inebriada. Quando a sombra<br />

<strong>com</strong>eçou a descer dos morros, atirou-se, de repente, ao mar.<br />

Uma onda alta apanhou-a, abraçou-a toda e raptou-a<br />

para o largo: ao longe, seu corpo surgiu, maravilhosamente,<br />

no dorso das ondas, oferecido ás últimas luzes do crepús-<br />

culo numa ara de pedra verde luminosa, imolado pelo mar no<br />

sacrifício religioso do poente. Em seguida, dasapareceu de vez.<br />

A multidão acudiu á praia. Ela apenas deixara a roupa de<br />

A O S W A L D O DE SOUZA E SILVA<br />

que se despira. Nenhuma palavra escrita.<br />

Quem será? Por que se teria atirado ao mar?<br />

DeiRfi 40 •<br />

Que te interessa, curioso, conhecer a paixão que a levou<br />

para a morte na tarde mística e magnífica, oferecendo-se<br />

ao crepúsculo no dorso de uma onda ?<br />

Se não herdaste a faculdade mirífica do sonho, volta a teu<br />

lar quieto, á tua vida serena, á tua felicidade equilibrada.<br />

Esquece aquela mulher, aqueles cabelos de oiro, aquela<br />

voluptuosa nudez de marfim.<br />

Nunca poderás <strong>com</strong>preender que ela se tenha matado porque<br />

lhe pareceu aquela hora bela demais para que pudesse ser<br />

vivida duas vezes...<br />

C L A U D I O DE S O U Z A<br />

DA A C A D E M I A DE LETRAS


1 ,<br />

A REFORMA ARCHITECTONIC A<br />

DA MATRIZ DA<br />

GLORIA<br />

A matriz da Gloria, o velho templo<br />

catholico do Largo do Machado, está<br />

passando por uma grande trcnsfcr<br />

maçào architectonica. ssa reforma,de<br />

exiraordinarias p r oporçõe s, se<br />

deve, principalmente, aos esforços do<br />

Monsenhor Luiz Gonzaga, vigário da<br />

tradicional igreja que, nessa obra<br />

ingente, tem encontrado um apoio<br />

enthusiasta de parte do povo catholico<br />

do Rio de Janeiro. Nesta pagina,<br />

damos a photographia da "maquette"<br />

da nova matriz da Gloria, vista de<br />

différentes ângulos.


^ T i f ! !<br />

«wimnniiíü!!!!<br />

; ssi^::;;:::« •• 3<br />

dê,<br />

^J m dos trechos do Rio de Janeiro que mais profundas modificações sofferam<br />

no curso dos ar.nos roi a rua do Passeio. O asphalro substituiu ao parallelopipede.<br />

As velhas casas ruiram pela acção co tempo ou dos incêndios e em seu logar se<br />

ergueram prédios modernos e arranha-céos gigantescos. O movimento de vehiculos<br />

e pedestres docuplicou-se. E o propiio Passeio Publico transformou-se: suas grades<br />

foram posias a baixo, algumas das velhas arvores copadas soffreram a póda ou<br />

o corte. A physioncmia da rua olterou-se <strong>com</strong>pieramente. As duas photographias,<br />

que aqui estampamos, lado a lajo, documentam, cabaimento, essa extraordinaria<br />

modificação de um dos trechos urbanos mais populares da Capital Federal. Numa<br />

delias, vemos a rua do Pòsseio dc 1905, <strong>com</strong> os bcndiniios de tracção animal, a<br />

via publica estreita, apertada entro o velho Jardim o as velhas casas, o aspecto todo<br />

provinciano de uma cidade antiga e fiisie. Na outra, temos um aspecto dos nosso*<br />

dias: o movimenio, a trepidação, a rua iisa, espelhante e tudo novo, tudo moder-<br />

no, tudo agitação e vida. E' o mesmo pedaço da Capital Federal, <strong>com</strong> um espaço<br />

do trinta annos entre as duas photos .. .<br />

E DE HA TRINTA ANNOS


Photo Carvalho<br />

o


mm MJU<br />

eflUB<br />

; > ív . v<br />

Palacio Tiradentes onde ftrcciona a<br />

Camara dos Deputados, e que tem á (rente<br />

a estatua do proto-martyr.<br />

A<br />

prisão dos Conjurados de Villa-Rica effectuou-se<br />

a 10 de Maio de 1789. O Protomartyr achava-se na<br />

residencia de Dominemos Fernandes, á rua dos Latoei-<br />

*os (tua Gonçalves Dias). Foram remettidos para o<br />

presidk5 da ilha das Cobras, de onde, no anno da<br />

execução, sahiram, transferidos para um escuro e no-<br />

jento" cubículo da Cadeia Velha, edificio que se de-<br />

moliu para a erecção do "Palacio Tiradentes", onde<br />

funcciona hoje a Camara dos Deputados.<br />

Os Inconfidentes esperavam o lançamento da derra-<br />

ma, para fazer rebentar a revolução em Villa-Rica<br />

(Ouro-Pretoj e no Rio de Janeiro. Aquelle anno a<br />

derrama imporrava em mais de 58 arrobas de ouro.<br />

Coube ao Dr. Francisco Gregorio Pires Bandeira, in-<br />

tendonio de Villa-Rica, c lançamento da innominavel<br />

imposição.<br />

De principio, o intendente relutou em lançal-a, pre-<br />

vendo graves acontecimentos.<br />

O imposto, porém, tinha que ser lançado, e o foi,<br />

eífectivamente.<br />

Entre os documentos que fazem parte dos Autos de<br />

julgamento desse grupo de heróes que a Historia hoje<br />

venera, foi encontrado o seguinte:<br />

toucando- a "dMcojtfühncia" Ouro<br />

Tem o mais accentuado sabor de opportunidade o evocarmos o<br />

facto historico mais interessante do mez que passa. A "Inconfi-<br />

dência Mineira", esse episodio empolgante da Historia do Brasil,<br />

focalisando o martyrologio de Tiradentes <strong>com</strong>o desfecho de um<br />

sonho de idealistas, é assumpto que offerece sempre aspectos<br />

inéditos e que, pela sua influencia nos nossos destinos historicos,<br />

máo grado o passar do tempo, é cada vez mais actual.<br />

wm<br />

- - < • x t V.<br />

Baldo dos Inconfidentes, em Ouro Preto,<br />

onde se reuniam os conspiradores.<br />

"A senha para a revolução de Villa-Rica seria<br />

— "Tai oia é o baptisado" — que seria aquelle no<br />

qual se lançasse a derrama; pela alta noite se gritaria<br />

por toda Vilia-Rica — Liberdade ! — a cuja voz acor-<br />

Preto—Praça Tiradentes. vendo-se o mon0m3nto<br />

ao heroe da Inconfidência Mineira.


daria Francisco de Paula e á testa de seu regimento,<br />

que o adorava, conduzindo-o <strong>com</strong> artificio, daria tem-<br />

po ao Tiradentes para agir conforme o <strong>com</strong>binado,<br />

gritando peias ruas — Liberdade! — o infame Paula<br />

se trocaria em patrocinador e defensor delia de apla-<br />

cador, q*e fingia ser, desta insurreição. Alvarenga,<br />

Oliveira e Toledo, na frente de seus escravos, e outros<br />

aventureiros ou pescadores em agoas turvas, que fa-<br />

cilmente trarião ao seu partido, levarião a columna<br />

da !ibe-dade revolucionaria ó cidade de Marianna, ás<br />

villas de S. João d'Ei-Rey, de S. José, etc.. Por este<br />

modo se firmaria a Republica".<br />

A ALCUNHA DE "TIRADENTES"<br />

Joaquim José da Silva Xavier foi assim cognominado<br />

por ser habii na extracção de dentes.<br />

Também coliocava pivots <strong>com</strong> summa pericia, por elle<br />

proprio fabricados.<br />

A casa de Tiradentes estava situada á rua de S. José,<br />

em Villa-Rica. No meio do terreno desse immovel foi<br />

erguida uma columna dita da "Inconfidência" e sobre<br />

a mesma collocada uma gaiola de ferro contendo a<br />

cabeça do imperterrito heróe.<br />

O DELATOR<br />

Chamava-se Silvério dos Reis, ou, verdadeiramente,<br />

Joaquim Silvério dos Reis Lairia Genses, o delator de<br />

Tiradentes. Era Coronel de Auxiliares e occupava o<br />

cargo de arrematador dos direitos de entrada na<br />

Capitania de Minas. Moveu-o a <strong>com</strong>metter o triste<br />

acto, que o celebrisou, o ser devedor, á Fazenda Real,<br />

de 220 mil e tantos contos.<br />

A' MEMORIA DE "TIRADENTES"<br />

O conselheiro Joaquim Saldanha Marinho, Presidente<br />

da Província de Minas, mandou erigir, em 1866, na<br />

Praça da Independencia, em OuroPreto, uma columna<br />

de granito in memoriam do immorredouro heróe mi-<br />

neiro.<br />

0 alferes Joaquim José 4a Silva Xavier, o<br />

••Tiradentes". segundo uma tela de A. Oelpinc.<br />

Em fins do século passado, um pintor campista, Leo-<br />

poldino Joaquim de Faria, expoz uma tela, de sua<br />

autoria, representando o Protomartyr da nossa eman-<br />

cipação politica entre seus <strong>com</strong>panheiros.<br />

Outros artistas se têm servido do acontecimento his-<br />

torico que foi a Inconfidência e delle têm tirado ma-<br />

gníficos motivos para seus trabalhos. Eduardo Sá evo-<br />

ca em uma tela que é -uma obra primorosa o mo-<br />

mento historico da confirmação da sentença de morte<br />

Confirmação da sentença que condemnou o Tiradentes<br />

á morte infamante na fõrca. É um quadro<br />

historjco de Eduardo de Sá. e tom a data de 1897.<br />

do alferes conspirador, hoje symbolo nacional. E as-<br />

sim tantos outros.<br />

UM INCONFIDENTE POETA<br />

Não faltou a esse movimento o auxilio dos homens<br />

de pensamento. Além de Tnomaz Antonio Gonzaga,<br />

um outro poeta esteve conspirando lado a lado <strong>com</strong><br />

Tiradentes" no seu historico "Balcão" em Ouro-Preto,<br />

e curtiu <strong>com</strong> elle as agruras da prisão na "Cadeia<br />

Velha". • " *<br />

Era Alvarenga Peixoto, coronel e juiz-de-fóra. Esse<br />

patriota, ao ter noticia de sua sentença de morte,<br />

depois <strong>com</strong>mutada em degredo para terras da Afri-<br />

ca, escreveu um soneto, que 6 o que abaixo trans-<br />

crevemos, pouco conhecido e cheio de extranho sa-<br />

bor historico:<br />

A SAUDADE<br />

Não me afflige do potro a viva quina;<br />

Da ferrea maça o golpe não me offende;<br />

Sobre as chammas a mão se não extende;<br />

Não soffro do aguinete a ponta fina.<br />

Grilhão pesado os passos não domina;<br />

Cruel arrocho a testa me não prende;<br />

A' força a perna ou braço se não rendo;<br />

Longa cadéa o coiio não me inclina.<br />

Agua e pomo faminto não procuro;<br />

Grossa pedra não cansa a humanidade;<br />

O passaro voraz eu não aturo.<br />

Estes maios não sinto; é bem verdade;<br />

Porém sin+o outro mal inda mais duro:<br />

— Sinto da esposa e filhos a saudade !


Degas — A toilette<br />

IS<br />

Sisley — Ponte du Moret<br />

•iffg. --


Júnior (1916) o Henrique Cavalleiro (1918) para que<br />

a íechnica impressionista, a maior renovação que se<br />

processa, na arfe de pintar, nestes dois últimos séculos,<br />

passasse ao patrimonio da arte brasileira <strong>com</strong>o<br />

incorporada ao sentimento artistico.<br />

De \ò\ sorte, quando aquella realidade technica e<br />

esthetica se nacionaiisa, já o impressionismo, <strong>com</strong> o<br />

seu pontilhismo á Henri Martin, passou para a categoria<br />

dos clássicos. E até contra aquella disciplina<br />

artística se levantavam já outras tendencias, <strong>com</strong> forte<br />

arrojo anarchisante, derivada dos influxos desencontrados<br />

do Grande Guerra, ultrapassando o fauvismo e<br />

mesmo o cubismo, nascido este quasi ás vesperas da<br />

conflagração mundial. Seguia-se, desse feitio, embo<br />

ra um pouco mais apressado, o mesmo rythmo que<br />

vinha de um século. Não seria, assim, fora da chronologia,<br />

assignalor-se o anno de 1916, <strong>com</strong>o aquelle em<br />

que os primeiros symptomas se manifestam na sensibilidade<br />

artística brasileira, prenunciando que outros<br />

processos voo ser adoptados na andadura da arte<br />

forçando-a o uma carreira quasi precipitada, e onde<br />

muito se verá de imprevistos e sem nexo. Em <strong>1936</strong>,<br />

temos precisamente vinre annos daquelles inicioes movimentos<br />

de antecipação. Este praso, muito curto<br />

para os labores profundos do um acontecimento artistico,<br />

é, no entanto, sufficiente para o* exame de<br />

uma tendencia que procurou precisamente nada aprofundar,<br />

e tudo realisar <strong>com</strong> caracter provisorio, tão<br />

ao vivo <strong>com</strong>batido pelo critico Camille Mauclair, que<br />

chegou a denominal-o de Força de Arte Viva. Além<br />

desse livro, aquelle escriptor estampou vários artigos<br />

no G Paiz, sendo assim do conhecimento de todos<br />

que seguem <strong>com</strong> interesse as questões de arte.<br />

Por minha vez, e naquelle rnesmo grande jornal saí,<br />

algumas vezes, e quando no caso cabia, em pról das<br />

lenovaçces, convencido <strong>com</strong>o air.da estou do que a<br />

vida é uma constante renovação, o o que se nòo renova<br />

morre. Além disso, sempre senti que a natureza<br />

Monet Marinha hollandeza<br />

Signac —<br />

Saint-Tropez<br />

F I e é x a R i b e i r o<br />

Pissaro — Boul. Montmartre na primavera<br />

Renoir — Pequenina florista<br />

Prol Colhedralico do Escola Nacional de Bellas<br />

Artes — Director do Curso de Arte Decorativa


H. Cavalleiro — Mocidade<br />

Marques Junior — O repouso<br />

é infinita na sua interpretação: o que conhecemo*<br />

pela arte ou pe!a sciencia. não passa de parcellas da<br />

verdade total que procuramos. Naturalmente que semelhante<br />

conceito noc se poderá jámais confundir<br />

<strong>com</strong> os disfa r ces e inhabÜidade, nem <strong>com</strong> a impericia<br />

ou falta de aptidão dos que se utilisavam daquella<br />

liberdade de mentido da vida para mostror<br />

Tristemente o qucnlo estavam longe da realidade.<br />

Um espirito despido de preconceitos iogo ha de verificar,<br />

numa visão do synthese, que entre os homens<br />

do cassado existiram alguns grandes artistas, e que<br />

do 'presente também seria possivei admittir-se aquella<br />

verdade.<br />

A Arte é uma só: no antigo ha muitos novos, e actualmente,<br />

enrre os futuristas, ha muitos velhos, que<br />

mesmo naquellas épocas seculares já nada valeriam...


Salão de recepção<br />

Um aspecto do bar<br />

Salão<br />

de jantar<br />

vsmvxM<br />

RESIDENCIA<br />

CARIOC S<br />

Residencia do Sr. Oscar O' Neill<br />

á rua Conning, em Copacabana<br />

Photos Rembrand


òfor V<br />

Vento que enfuna as velas brancas das jangadas,<br />

Das jangadas aventureiras da minha terra !<br />

Vento que agita as grandes arvores martirisadas,<br />

Vento que espalha o fumo azul e ondulanto da serra;<br />

Vento que deita ao solo as benéficas sementes<br />

Que amanha fiorirão para a fartura alheia !<br />

Vento que se segue os géstos calmos e previdentes<br />

Do velho semeador curvado quando semeia;<br />

Vento que no aito mastaréu, perto das nuvens soltas,<br />

Desfralda ésperamente o farrapo das bandeiras !<br />

Vento ululante das tempestades revoltas<br />

Que traz de longe a voz monotona e triste das cachoeiras;<br />

Vento que despetéla as rosas agonisantes<br />

Pondo frêmitos nos jardins calmos e silenciosos.<br />

Vento que encrespa as aguas ciaras e ressonantes<br />

Dos rios sonóros e plácidos e milagrosos;<br />

Vento do sul, minuano de clamores e de gritos,<br />

Que em tropel de corcéis, nas paizagens escampas,<br />

Desgrenhando os umbús solitários e aflitos<br />

Atira para os céus as areias dos pampas;<br />

Vento do norte ! O' maldição dos rincões brasileiros<br />

Que em blasfêmias cruéis e queixas longas,<br />

Ora arrasta na fúria a copa dos joazeiros,<br />

Ora aumenta o clarim da voz das arapongas;<br />

Vento que impéle os braços mecânicos dos moinhos<br />

E as asas brancas e agitadas das pombas forasteiras.<br />

Vento que embala os berços e acalenta os ninhos,<br />

Vento que acende o fogo amortecido das lareiras;<br />

Vento que põe notas festivas e frementes de alegria<br />

Nos sinos da Pascoa e na voz deslumbrada<br />

Dos galos que cantam á gloria primeira do dia !<br />

Vento que chama o sol ! Vento da madrugada !<br />

Vento que muda em notas repassadas de saudade<br />

As palavras de amor da criatura vencida.<br />

Vento que sópra os balões fugidios <strong>com</strong>o a felicidade .<br />

Vento ! Trazes a Vida ! Vento levas a Vida ! ...<br />

O L E G Á R I O M A R I A N N O<br />

Da Academia de Letras<br />

o.o


nOR/SON<br />

^ ^ 12 do corrente, passou mais um anniversario da<br />

assignatura do decreto que deu á cidade que é,<br />

hoje, séde do governo mineiro, o nome de Bello<br />

Horizonte, Até então, o seu nome official era Cida-<br />

de de Minas. Aproveitando a opportunidade dessa<br />

ephemeride, publicamos, hoje, alguns dados sobre a<br />

hisloria da capital de Minas Geraes, que é, actual-<br />

mente, urna das mais bellas cidades do Brasil.<br />

A idéa da mudança da séde do Governo de Minas<br />

da ta da Inconfidência. Um conjurado, Domingos de<br />

Fazenda do Cercadinho, verdadeiro<br />

berço da capital de Minas Geraes.<br />

Abreu Vieira, havia dito que "a capital se havia de<br />

mudar para São João d'EI-Rey, por ser aquella villa<br />

mais bom situada e farta de mantimentos". A 25<br />

de junho de 1868, na Assembléa Provincial, Manuel<br />

Faustino C. Brandão apresentou um projecto para a<br />

transferencia da capital.<br />

Houve diversas outras tentativas no mesmo sentido,<br />

suggerindo a mudança, ora para Juiz de Fora, ora<br />

para Barbacena, ora para Jequitibá. Finalmente, as<br />

O Palacio da<br />

Liberdade, séde<br />

do Governo do<br />

Estado.


Um bello aspecto da<br />

capital. A P r a ç a da<br />

Liberdade, vendo-se as<br />

Secretarias da Agricultura<br />

e do Interior.<br />

preferencias officiaes se fixaram na conslrucçâo do<br />

cidade que é, hoje, Bello Horizonte. Para planejar e<br />

presidir ossa grande obra, foi nomeada uma <strong>com</strong>-<br />

missão de que faziam parie os maiores engenheiros<br />

da época.<br />

Bello Horizonte foi installada cfficialmente, a 12 de<br />

dezembro de 1897, por decreto assignado, no Pala-<br />

cio da Liberdade, pelo Presidente Bias Fortes.<br />

Seu nome primitivo, "Cidade de Minas', foi trans-<br />

formado em Bello Horizonte por decreto expedido<br />

em 12 de abril de 1890.<br />

Sua consírucção foi iniciada em fevereiro de 1894,<br />

sob a gestão de Affonso Penna. As despesas <strong>com</strong><br />

esse trabalho montaram a 33.073:000$000. Bello Ho-<br />

rizonte ergue-se a 920 ms. acima do mar, pairando<br />

a I9°55'22" de íah S. e a l o l0'6" de long. O. A<br />

área que occupou, na occasião em que foi demar-<br />

cada, (1895), era de 33.746.185 metros quadrados.<br />

Actualmente, <strong>com</strong> o accrescimo de vários municípios<br />

(Sta. Quitéria, Sabará, Sta. Luzia, etc.), a área da<br />

capitai mineira é superior a 52 kilometros quadrados.<br />

Belio Horizonte, que é a cidade mais bem construida<br />

do Brasil, erigida especialmente para séde do go-<br />

verno de Minas, esta dividida nos seguintes arrabal-<br />

des: Generai Carneiro, Freitas, Marzagão, Calafate,<br />

Cardoso. Bom Successo, Engenho Nogueira, Pampu-<br />

Iha, Piteiras. Menezes. Jatobá, Barreiro. Cercado,<br />

Taquaril, Olhos d'Agua, Gamelleira. Gorduras, Teju-<br />

co, Prado, Barro Preto e Bomfim.<br />

A artéria principai tem 3.000 ms. de extensão so-<br />

bre 50 do largura: é a Avenida Affonso Penna, as-<br />

sim denominada em homenagem ao Presidente que<br />

a fez construir.<br />

Ensombram a avenida arvores gigantescas, plantadas<br />

em duas filas de cada lado e a pequenos trechos.<br />

As praças são lindíssimos jaidins, destacando-se a<br />

Praça oa Liberdade, em frente ao Palacio do Go-<br />

verne.<br />

O obelisco do Bello Horizonte é uma obra-prima de<br />

mármores po!>chromicos de Minas.<br />

Ao tempo da inauguração de Bello Horizonte, cir-<br />

culavam ali aponas dois jornaes. — "A Capital",<br />

dirigido pelo Cel. Francisco Bressane, e o "Bello Ho-<br />

rizonte", de Francisco Martins Dias.<br />

O tiaçado da capital das Alterosas mereceu do ar-<br />

chitecto francez Bouvard, que a visitou, em 1910, es-<br />

tas palavras:<br />

— Está tão bem delineada, que não ha nada a au-<br />

gmentar nem a diminuir.<br />

As bases fundamenraes do primeiro prédio edificado<br />

em Bello Horizonte foram lançadas em 24 de março<br />

de 1896, á rua de S. Paulo, e era de propriedade<br />

de Luiz Louronço Rodrigues.<br />

Outro aspecto da Praça da Liberdade


Photos Helmut<br />

O "Poconé", da frota do Lloyd,<br />

descansa sobre aguas bonançosas,<br />

ao lado de outro velho barco.<br />

Um navio da frota do Lloyd encostado ás<br />

officinas em que se têm voronoffizado<br />

tantos velhos barcos.<br />

Os poetas cantam a doçura da brisa marinha<br />

e falam, <strong>com</strong> lyrismo, do repouso dos velhos<br />

barcos sobre as aguas mansas, na hora melan-<br />

cólica do crepusculo. Mas despresam a vigo-<br />

iosa poesia do trabalho e do movimento nos<br />

estaleiros que voronoffizam os navios vencidos<br />

pelo tempo e pela fúria das aguas e dos ven-<br />

tos. Se, porém, os poetas não conhecem o en-<br />

canto lyrico das officinas que funccionam so-<br />

bre o mar, os photographos sabem colher os<br />

aspectos poéticos dessa actividade que já fez<br />

a grandeza de tantos povos, <strong>com</strong>o bem attes-<br />

tam estas paginas, em que estão fixados ins-<br />

tantâneos das officinas de Mocanguê, do Lloyd<br />

Brasileiro.


Nos estaleiros de Mocanguê, carcassas de barcos,<br />

pedaços de embarcações que parecem monstros<br />

marinhos.<br />

ii—•-<br />

V fc!<br />

n I<br />

liJ «<br />

r<br />

a<br />

*<br />

r<br />

I<br />

tr NJ<br />

w *<br />

Outro aspecto das officinas do<br />

Mocanguê, do Lloyd Brasileiro.<br />

t<br />

\<br />

Sobre as aguas inquietas, entre<br />

ferros volhos, a intensa poesia<br />

do trabalho e da paizagem.


^ ^ leitor já terá fixado os olhos nos clichés desta<br />

pagina o ja terá dito: "As mãos de Brailowsky!"<br />

Sim! Sáo os mãos de Brailowsky, as mãos do pianista<br />

gigantesco, de braços de aço e de temperamento de<br />

togo!<br />

As mãos que tantas vezes não têm feito vibrar deli-<br />

rantemente e que vão reapparecer no dia 29 deste<br />

mez, não Theatro Municipal, inaugurando a tempora-<br />

da musical, numa deliciosa promessa de óptimas sur-<br />

presas.<br />

Brailowsky volta ao Rio peia sexta vez, trazido pela<br />

empresa Viggiani — o empresário dos grandes ar-<br />

tistas e dos grandes concertos.<br />

Nessas seis temporadas, levadas a effeito em épocas<br />

diversas, pôde o publico carioca apreciar a evolução<br />

extraordinaria do artista.<br />

Romântico apenas, a principio. Agora, um romântico<br />

que também é um inegualavel pianista de bravura!<br />

Essas mãos que ahi estão deante de nossos olhos são<br />

mãos que nos fazem sofírer, reflectir, vibrar, enthu-<br />

siasmar. São mãos que transformam uma musica num<br />

sonho, numa vibração, levando á sensibilidade alheia<br />

o encaniamento ou o delírio.<br />

Dentro de poucos dias, estará elle em novo contacto<br />

<strong>com</strong> o publico carioca. E o Municipal, mais uma vez,<br />

se transformará naquelie ambiente de acclamações,<br />

em que, só os que são muito grandes na arte cos-<br />

tumam transformal-o. E Brailowsky é grande! E' dos<br />

maiores, que o Rio tem applaudido. Ha muitos an-<br />

nos, o seu nome destaca-se, inconfundivelmente, entro<br />

os poucos que gosam da proferencia do nosso pu-<br />

blico.<br />

Esperemos, pois, mais alguns dias, para rever o pia-<br />

nista diabolico, cujas mãos ahi estão, nesse cliché,<br />

<strong>com</strong>o uma promessa esplendida de grandes momen-<br />

tos de emoção e de enthusiasmo!<br />

Algumas noticias que fazem bem ao nosso orgulho<br />

de brasileiros. Da Academia de Musica e Arte, do<br />

Vienna, locebeu o maestro Villa-Lobos um convite<br />

para fazer parte do jury do grande concurso inter-<br />

nacional de canto e pianos que se realisará na capi<br />

tal austríaca, no mez de Julho deste anno.<br />

A inclusão do nome do iilustre artista brasileiro, en-<br />

tre os membros do jury, é tanto mais honrosa para<br />

nós, quanto foi lembrada em Vienna, paiz clássico da<br />

ARNALDO<br />

REBELLO<br />

musica, para figurar ao lado<br />

de Felix Weingartner, que é<br />

uma das maiores autoridades<br />

mundiaes sobre o assumpto.<br />

Assim possa Villa-Lobos cor-<br />

responder á honra do convite,<br />

e o Brasil estará brilhantemen-<br />

te representado por uma de<br />

suas mais legitimas glorias mu-<br />

sicaes de nossos dias.<br />

Uma pianista brasileira — Vitalina Brasil — que o<br />

Rio já conhece de vários concertos, apresentou-se.<br />

receníemente em Buenos Aires e Montevidéo. Agra-<br />

dou e foi applaudida. "La Prensa", de Buenos Aires,<br />

registrando a impressão que recebeu, disse que, no<br />

concerto a pianista "se revelou uma artista de fina<br />

sensibilidade, de uma eîegancia toda feminina e uma<br />

instrumentista de sonoridade poética e suave".<br />

Taes qualidades foram reveladas "em um Coral, de<br />

Bach, que interpretou <strong>com</strong> delicada emoção; na So-<br />

nata em lá bemoi, cujos quatro tempos foram ani-<br />

mados pela artista, <strong>com</strong> justa e pessoal expressão<br />

e <strong>com</strong> todos os effeitos de sonoridade, que pôde<br />

obter do instrumento".<br />

Pode-se, por essas palavras, concluir que Vitalina<br />

Brasil "alcançou verdadeiro êxito, manifestado pelos<br />

applausos de enthusiasmo e de sympathia, de que foi<br />

alvo".<br />

O critico do "Uruguay", de Montevidéo, assignalou<br />

<strong>com</strong> eiogiosas referencias a sua apresentação naquel-<br />

la Capital. "Artista de exquisita sensibilidade, dota-<br />

da de rico temperamento" — escreveu elle. E accres-<br />

centou: — "Chopin teve na joven pianista uma in-<br />

terprete emotiva. Dos modernos, gostámos de Debus-<br />

sy. Subtilissima e senhora do matiz no "Petit berger"<br />

e "La fille aux cheveux de lin" e colorista vivaz no<br />

"Cake-Wair.<br />

Vitalina Brasil fez ouvir nas duas capitaes platinas<br />

peças brasileiras de F. Mignone, H. Oswald e Villa-<br />

Lobos — facto que deve ser assignalado, <strong>com</strong>o um<br />

exemplo para as nossas artistas que têm vergonha<br />

de exhibir o que é nosso.<br />

Em Berlim, uma outra pianista brasileira se apresen-<br />

tou fazendo-se ouvir no studio da estação radio-trans-<br />

missora D. J. A.. Trata-se da pianista pernambucana<br />

Maria Luiza Vaz.<br />

Apesar da estatica, a audição permittiu-nos apreciar<br />

os progressos sempre crescente da joven artista bra-<br />

sileira.<br />

Arnaido Rebello foi a Manáos, sua terra natal, que<br />

anciava por ouvii-o depois que voltou da Europa. O<br />

sacrifício de urna excursão ao extremo norte, só o<br />

conhece quem o faz.<br />

Ir dar concertos em Manáos ou em Belém é sempre<br />

uma iniciativa temeiarla. O artista vae quasi ás ce-<br />

gas, contando quasi que exclusivamente <strong>com</strong>sigo mes-<br />

mo... e <strong>com</strong> Deus.<br />

O resultado é sempre uma surpresa, muitas vezes uma<br />

decepção.<br />

Com Arnaldo Rebello, porém, nada disso existia. Ma-<br />

náos reclamava-o, havia muito tempo. De modo que<br />

a sua presença entre os seus conterrâneos correspon-<br />

deu, em absoluto, á sua expectativa.<br />

O publico victoriou-o enthusiasticamente, guardan-<br />

do de sua presença uma recordação indelevel.<br />

Depois, o artista regressou, fazendo-se ouvir em Be-<br />

iém e em Fortaleza — sempre <strong>com</strong> o mesmo êxito<br />

de que a sua carreira está cheia. Ao chegar ao Rio,<br />

foi empossado na presidencia da Associação Brasi-<br />

leira de Musica, cargo para o qual acabara de ser<br />

eleito, em substituição de Luiz Heitor Corrêa de<br />

Azeredo.


BRAIIOWSKY<br />

e as mãos do<br />

genial pianista<br />

Juntamenle <strong>com</strong> o presidente, tomaram posse do seus<br />

cargos os demais membros da Directoria eleita para<br />

<strong>1936</strong>: Waldemar Navarro, secretario; Josepha Mara-<br />

nhão Guiiiayn, sub-secretaria; Angelo José dos San-<br />

tos, thesoureiío e Criando Gaudio, sub-thesoureiro.<br />

Francisco Mignone, que é uma das figuras de maior<br />

destaque da actual geração musical brasileira, apre-<br />

sentou-se, dias arraz, dirigindo o Conjuncto Coral do<br />

Instituto de Musica, creado por iniciativa de Barro-<br />

so Netto.<br />

A audição produziu óptima impressão sendo, por isso<br />

mesmo, fartamente applaudida.


Paisagem Pernambucana — Quadro a oleo, de<br />

Franz Post, 1640 — offerta da Viscondessa de<br />

Cavalcanti ao Museu do Instituto Historico.<br />

1<br />

Entre as interessantes offertes da Viscondessa de<br />

Cavalcanti ao Museu do Instituto Historico des-<br />

taca-se uma pintura a oleo de F. Post, medindo<br />

de altura 85 centímetros e de largura 113.<br />

E' uma paisagem pernambucana.<br />

No catalogo de F. Muller, de Amsterdam, vem<br />

descripto o quadro, terminando <strong>com</strong> as seguin-<br />

tes palavras: "Tableau à l'huile, signé F. Post.<br />

Un des plus precieux tableaux que nous con-<br />

naissions du peintre".<br />

Post, Franz e Pieter vieram para Pernambuco,<br />

em 1637, <strong>com</strong> o príncipe Mauricio de Nassau e<br />

<strong>com</strong> este se retiraram.<br />

Franz era pin ror e Pieter architecto.<br />

O Dr. Pedro Souto-Maior, que foi bibliotheca-<br />

rio do Instituto Historico, realizou na Escola de<br />

Beilas Artes uma conferencia sobre a Arte Hol-<br />

landeza no Brasil, a 16 de Setembro de 1916,<br />

analysando, <strong>com</strong> a segurança de observador eru-<br />

dito, os diversos aspectos da influencia hollan-<br />

deza, <strong>com</strong> especialidade no tocante ás produc-<br />

ções artísticas.<br />

No genero é o melhor resumo que temos lido.<br />

Visitou o Dr. Souto-Maior os principaes salões<br />

e bibliotnecas européas. detendo-se, por largo<br />

trecho, na Hollanda.<br />

Tratando de Franz Post disse que esse artista<br />

produziu muito e "exclusivamente sobre assumpto?<br />

do Brasii".<br />

Nasceu Post em Leyden em 1612 e fallaceu em<br />

Harlem em 1680.<br />

Tinha, pois, 43 annos quando veiu para o Brasil.<br />

A nossa natureza inspirou-lhe muitos trabalhos, e<br />

uma série de esboços e desenhos que se encon-<br />

tram na Hollanda, na Allemanha e na Inglaterra,<br />

tendo sido também admirados pelo Dr. Manuel<br />

Cicero.<br />

Conta o Dr. Souio-Maior que em suas pesquizas<br />

nos archivos hollandezes, encontrou no da casa<br />

real de Crange uma correspondência de Mauri-<br />

cio de Nassau <strong>com</strong> Luiz XIV. de França, conclu-<br />

indo-se de taes documentos terem ido para Fran-<br />

ça cerca de 40 quadros de assumptos brasileiros.<br />

De pósse de taes informações, que anteriormen-<br />

te já haviam sido vistas pelo Dr. José Hygino<br />

Duarte Pereira, partiu Souto-Maior para Paris e<br />

procurando o Sr. Leprieur, conservador do Mu-<br />

seu do Louvre, assegurou-lhe este não existirem<br />

aii quadros de Post.<br />

Dirigiu-se depois a outros museus, obtendo a<br />

mesma negativa resposta.<br />

Souto-Maior r.ão era homem para disistir; lêra<br />

a correspondência de Nassau: — encontraria os<br />

quadros.<br />

Pondo de lado os pareceres dos conservadores<br />

dos museu*, pediu ao ministro das Bellas Artes<br />

— Dujardin-Beaumetz que autorizasse o Sr. Le-<br />

prieur a permittir uma investigação nos deposi-<br />

tos de Louvre. procedida pelo nosso patricio.<br />

E dahi veiu Souto-Maior a descobrir varias telas<br />

do Post, todas de paisagens brasileiras.<br />

O quadro que hojo a lllustração Brasileira es-<br />

tampa é, de facto, primoroso e se acha em per-<br />

feito estado de conservação, embóra os seus<br />

296 annos de existencia.<br />

E' uma das jóias das galerias do Instituto His-<br />

torico.<br />

MAX FLEIUSS. do Instituto Historico


A ASSISTÊNCIA HOSPITALAR NO RIO DE JANEIRO<br />

Até a administração municipal do Dr. Pedro Ernesto,<br />

o Rio de Janeiro era uma das cidades do mundo<br />

mais desprovidas de apparelhamento de assistência<br />

hospitalar. Hoje, a Capital do Brasil pode orgulharse<br />

do numero de hospitaes e de seu moderno apparelhamento.<br />

Como medico que é o Dr. Pedro Ernesto <strong>com</strong>prehende<br />

bem a significação de uma obra de assistência,<br />

principalmente numa cidade de turismo, em cujas ruas<br />

não ficaria bem a exhibição de doentes e desamparados.<br />

Teve a felicidade de escolher, para titular da pasta<br />

de Assistência e Saúde, um scientista <strong>com</strong>o o Dr.<br />

Gastão Guimarães, dedicado de corpo e alma á sua<br />

obra e conhecendo, mais do que ninguém, graças 6<br />

sua larga experiencia, tudo quanto se relaciona <strong>com</strong><br />

o problema hospitalar.<br />

Eis porque o Rio de Janeiro pôde apresentar, em matéria<br />

de assistência, um equipamento, <strong>com</strong>o só se encontra<br />

igual nos grandes centros de civilização dos<br />

Estados Unidos e de alguns paizes da Europa.<br />

> ^<br />

Aspecto do recreio infantil do Hospital<br />

Jesus, situado no bairro de<br />

Villa Izabel, á Rua 8 de Dezembro<br />

0 "Albergue da Boa Vontade", situado á Praça da Harmonia, no Bairro<br />

oa Saúde, <strong>com</strong> capacidade para 340 leitos, fornecenoo aos albergados<br />

alimentação respectiva, bem <strong>com</strong>o tratamento medico de urgência<br />

fachada do Oispensario do Meyer, annexo ao Posto de Assistência<br />

na estacão do mesmo nome. 0 movimento de consjltas<br />

no ultimo trimestre deste anno attingiu o numero 39.023


BRASILEIRO E OUTRAS<br />

PEDRAS PRECIOSAS<br />

Tres bellos exemplares colhidos em<br />

Minas Geraes. Em baixo, uma pedra<br />

de 910 quilates, de propriedade<br />

do Dr. Guilherme Guinle.<br />

A data da descoberta do diamante do Brasil, devia ter sido a mesma<br />

do ouro, no anno de 1560, porém, a ignorancia dos pesquisadores im-<br />

pediu que assim fosse, retardando-a para • 727. As primeiras explorações<br />

tiveram logar, nos corregos do valle do alto Jequitinhonha, nos arredo-<br />

res ae Diamantina, antigo arraial do Tejuco, no Estado de Minas Ge-<br />

raes. O autor de tão deslumbrante descoberta, foi o mineiro Bernardo<br />

da Fonseca Lobo, que o achou no corrego do Caté-Mirim. Nessa época,<br />

só se conheciam no mundo, as jazidas da india, pertencentes 6 Coroa<br />

Portugueza, e a exploração das jazidas brasileiras foi prohibida pelo<br />

Governo Portuguez, que só a permiltiu em 1730, mediante o pagamento<br />

de 5$0U0 PER CAPITA. Dois anr.os mais tarde, a capitação foi elevada<br />

a 25$000, e em 1734, a 40$000, sendo porém, logo em seguida, prohi-<br />

bido terminantemente todo trabalho de exploração.<br />

A REAL EXTRACÇÃO<br />

A partir de 1739, foi novamente permittida a exploração do diamante,<br />

porém por meio de contractos, cuja base era a capitação de 260$000.<br />

para cada trabalhador, podendo o coniractante manter no máximo, 600<br />

trabalhadores. Em 1771, o Governo Portuguez resolveu explorar as jazi-<br />

das, directamente, por sua própria conta, creando a Real Extracção de<br />

Diamantes, que existiu até mesmo depois da Indeoendencia do Brasil,<br />

só desapparecendo <strong>com</strong> a Lei de 26 de Outubro de 1832. O Governo<br />

Portuguez mantinha severa fiscaiisação, mas ainda assim, havia grande<br />

exploração clandestina, no interior de Minas Geraes, ao norte de Dia-<br />

mantina, Grão Mogol e Itacambira, em Abaete, e ainda nos Estados de<br />

Matto Grosso o Go/az. Por esta razão, torna-se impossível apresentar uma<br />

boa-estatística, esclarecendo a quantidade e o valor das pedras extra-<br />

hidas. Sabe-se unicamente, que durante o tempo em que vigoraram os<br />

contractos, de 1740 a 1771, cerca de 31 annos, a extracção no Tejuco,<br />

ou Diamantina, elevou-se a 341.440.64S (341 k.444) em média, II kilos<br />

mais ou menos por anno, no valor total, naquella época de 4.644:172$588.<br />

A lavagem do cascalho na<br />

batêa, trabalho que o faisqueiro<br />

faz <strong>com</strong> admiravel<br />

perícia.<br />

r<br />

As galerias do Museu Geologico,<br />

<strong>com</strong> a sua rica collecção de pedras<br />

preciosas, vendo-se ao fundo alguns<br />

dos seus funccionarios.


O diamante também se encontra<br />

no meio de schistos, veios do<br />

quartzo e outros minérios. A gravura<br />

mostra uma lavra secca.<br />

Contractos Diamantes extrahidos<br />

! ° 1740-1743 ..<br />

2° — 1744-1748 ..<br />

3 o -- 1749-1752 ..<br />

4 o — 1753-1758<br />

5 o — 1760-1762<br />

6 o — 1762-1771 ..<br />

Valor da venda<br />

l.606:272$037<br />

l.807:272$837 .<br />

1.438:015$987 .<br />

3.625:580$888 .<br />

929:476$750 .<br />

134.071 quilates<br />

I 77.570<br />

154.570<br />

390.094<br />

106.416<br />

704.209<br />

1.666.569 quilates<br />

Imposto<br />

575:864$438<br />

755:875$276<br />

609:526$465<br />

914:921 $424<br />

328:320$972<br />

6.108:579$ 163 I.358:663$563<br />

15.515:397$662<br />

34<br />

4.643:1 72$588<br />

Conglomerato de minérios,<br />

contendo diamantes. As settas<br />

brancas indicam a presença<br />

da pedra preciosa.<br />

Os garimpeiros de Minas<br />

Geraes, pesquisando o cascalho<br />

dos rios diamantiferos.<br />

A REAL EXPORTAÇÃO DE DIAMANTES extrahiu de,<br />

1772 a 1824, o total do 1.300.000 quilates.<br />

AS JAZIDAS E ALLUVIÕES<br />

Os diamantes eram encontrados em abundancia. em<br />

pequonas faixas de terrenos. Nas cabeceiras do Cae-<br />

té-K/ítrim, de um terreno de 62 metros quadrados,<br />

mais ou menos, foram retirados 333.000 quilates de<br />

diamantes. Nas marqens do Jequitinhonha, na Gru-<br />

piaba do Lavapós, num outro terreno de 50 metros<br />

quadrados, foram encontrados 87.500 quilates. Em<br />

1832, os terrenos diamantiforos foram novamente de-<br />

clarados do dominio publico, e arrendados em hasta<br />

publica, por lotes, cu;a area variava conforme se tra-<br />

tava de particular ou de sociedade. Sob este regimen,<br />

foram descobertas outras jazidas, sendo as principaes<br />

a da Bagagem e a dos Cocaes. Com a proclamação<br />

da Republica, em viriude da Constituição, as jazidas<br />

que não se achavam em torras devolutas tornaram-se<br />

propriodade do dono do solo, sendo, porém, respei-<br />

tados os contractos de arrendamento, realizados an-<br />

teriormente. Em gerai, no Brasil, os diamantes são en-<br />

contrados em deposiros de alluviões quaternários,<br />

apresentando-se as jazidas em toda parte, <strong>com</strong> os<br />

mesmos caracleres, quer nos leitos dos rios, quer em<br />

seus flancos, denominados grupiaras, e ainda em pla-<br />

naltos elevados e gargantas das montanhas. As únicas<br />

jazidas diamantinas, até agora descobertas fóra dos<br />

ailuviões, foram em Grão Mongol, ao norte de diaman-<br />

tina, onde o diamanle surge em quartzitos micaceos,<br />

nas elevações dos arredores de Diamantina, principal-<br />

mente em S. João da Chapada, a 30 kilometros a<br />

oeste da cidade. Ahi, o diamante é encontrado no<br />

meio de schistos alterados, que se transformam em<br />

verdadoiras argillas, diversamente coloridas, onde S9<br />

vêm martitos e veios do quartzo, <strong>com</strong> oxydo de titânio.


MINAS GERAES<br />

DIAMANTIFERAS<br />

E AS SUAS ZONAS<br />

No Estado de Minas Geraes, encontra-se o diamante,<br />

numa faixa de 200 kilometros d9 <strong>com</strong>primento, por<br />

algumas léguas de largura, na região de Diamantina,<br />

do valle da Conceição ao Jequitahy, pertencente ás<br />

bacias do Jequitinhonha, Rio Doce e S. Francisco. Em<br />

Grão Mogo!, nas bacias do Jequitinhonha e seu afflu-<br />

ente líacambirussú. N


0 ministro Videla tendo á direita a senhora Getúlio<br />

Vargas, no almoço offerecido pelo Presidente<br />

da Republica no Palacio Rio Negro.<br />

* * missão de carinhosa amisade desempenhada<br />

polo Exm° Snr. Almirante Eleazar Vidella, digno Ministro<br />

da Marinha da nobre Republica Argentina, entrou<br />

decisivamente no indice da historia americana,<br />

marcando um dos mais notáveis capítulos da matéria<br />

delicada politico-dipiomatica da maior approximação<br />

entre as duas grandes nações sul-americanas: Argentina-Brasil.<br />

Sulcando as aguas da Guanabara os garbosos mensageiros<br />

da cordialidade, mostraram-se exactamente <strong>com</strong>o<br />

são, na serenidade branca da faixa central onde luz<br />

o sol da inteliigencia latina, ladeada pelas azues dos<br />

mais lindos ideaes polo crescente progresso da Patria<br />

PHOTOS CARVALHO<br />

2G<br />

i<br />

m y i<br />

GALDINO PIMENTEL DUARTE<br />

Copitâo de Mor e Guerro o <strong>com</strong>mandante<br />

do encouraçodo " M i n o $ Gora cs<br />

flHONROSA VISIII l llilllllCl<br />

IFGEMTINfl HO BRASIL<br />

Por occasilo oa entrega da*<br />

espadas aos novos aspirantes<br />

da Marinha Brasileira<br />

querida, representação sublime da bandeira altamente<br />

expressiva que Beigrano hasteou pela primeira vez<br />

no forte de Rosario de Santa Fé.<br />

O honroso mandato que foi confiado ao illustre marinheiro<br />

que ó o Ministro da Marinha da pérola do<br />

Prata, officiai de valor culminante, pelo eminente estadista<br />

e insigne General, conductor de homens, e<br />

de homens da mais solida cultura que são expoentes<br />

do povo da grande nação irmã, não foi só integralmente<br />

cumprido, assumiu as proporções de uma apotheose<br />

de gloria.<br />

As palavras verdadeiramente impressionantes do alto<br />

mandatario nos discursos magistraes que pronunciou<br />

Numa festa official. os Ministros da Marinha d?<br />

Argentina e Brasil, tendo ao lado as exmas.<br />

snrs. tleazar Videla e Aristides Guilhem.<br />

cahiram fundo nos corações dos jovens afilhados e<br />

profundamente echoaram por todos os recantos do<br />

Brasil.<br />

Como artista finíssimo, <strong>com</strong> o burel duma elegantíssima<br />

inteliigencia esculpiu na estatua da amisade que<br />

erigiu em sua notável peça oratoria na Escola Naval,<br />

estas lindas affirrr.ações:<br />

"E' uma nova prova porque nos annaes do vosso instituto<br />

se fez uma excepção extraordinaria em suas<br />

tradições, convidar para padrinhar os çuardas-marinha<br />

que se incorporam ao prestigioso quadro dos officiaes<br />

da Armada, o presidente da Republica Argentina.<br />

E é valiosa porque encerra uma profunda significação<br />

espiritual o renovar sentimentos recíprocos entre as<br />

instituições militares do nossas nações, o affirmar vínculos<br />

de amizade o concordia entre nós, o oxteriorizar<br />

concordância e harmonia para melhor servirem os<br />

ideaes americanos, que buscam no trabalho, na liberdade,<br />

na justiça e na paz o bem <strong>com</strong>mum e sua grandeza<br />

morai e material".<br />

E definiu <strong>com</strong> eloquencia perfeita, <strong>com</strong> a consciência<br />

de quem sente o que profere, a profissão marinheira<br />

que tanto illustra:<br />

"Guardas-Marinha! A profissão que oscolhestes é de<br />

honrosos sacrifícios. O marinheiro offerece a sua vida<br />

e toda a sua actíviaade á patria: acceita a restricção<br />

de sua liberdade, submette-se ao severo regime militar<br />

e á prohibíção de dedicar-se a outros misteres;<br />

tudo pelo bom da patria. Ella exige o máximo de<br />

abnegação, de energia e desinteresse. Abnegação<br />

para illuminar a vossa personalidade que move o sacrifício<br />

proprio quando o interesse da patria o reclama;<br />

energia para fazer frente ós inclemências da<br />

natureza o rigores do serviço, muitas vezes penosos,<br />

duros e cegos; de desinteresse deanto das engenhosas<br />

promessas do riqueza material; só poderia accumular<br />

honras militares, único patrimonio do marinheiro.<br />

Taes condições valorizam o titulo do official da Armada,<br />

cobrindo-o da mais alta nobreza. E' a profissão<br />

mais padecida <strong>com</strong> o sacerdocio. São os marinheiros<br />

os monges desses claustros do ferro, onde só<br />

podem otficiar a religião no dever militar, ante a<br />

arma augusta da bandeira sacrosanta".<br />

Resaltar, ponto por ponto, todos os harmoniosos e<br />

sábios conceitos desse monumento de erudição, seria<br />

transcrevel-o integralmente; não o faremos porque os


O cruzador «Veinte y cinco de Mayo»<br />

quando atracava no cats do Porto.<br />

jornaos da época já o fizeram para admiração respeitosa<br />

e sincera de quantos o leram.<br />

O mais aamiravel, poróm, dessa visita, foi o conjuncto<br />

perfeito de que resultou realizar-se a grata missão,<br />

acima da melhor espoctativa da perfeição.<br />

Nada faltou para que se satisfizessem plenamente os<br />

visitantes e os que os receberam, braços e corações<br />

abertos.<br />

Por nimio gentiieza, representando as virtudes porogrinas<br />

e os dotes excelsos de suavidade, cultura, delicadeza<br />

e perfeição da mulher argentina, a Exm' !<br />

Snra. Lia Bonorino Vidella encheu os felizes e inesquecíveis<br />

dias que nos deu a honra de passar no Brasil,<br />

<strong>com</strong> a riqueza do sua graça, a finura de seu trato<br />

e o talento feminil de sua intelloctualidado.<br />

Por ondo passaram os officiaes argentinos, ficou inapagavel<br />

a esteira do cavalheirismo, do proparo intellectual<br />

e da distincção sob todos os aspectos.<br />

A impressão doixada pelos sub-officiaes e pela marujada,<br />

foi profundamente favoravel e grata — sobretudo,<br />

sincora.<br />

O eminente Embaixador Carcano que, <strong>com</strong>o diplomata,<br />

é um amigo do Brasil e <strong>com</strong>o amigo ó um diplomata<br />

argentino, e que. por sua alta cultura e<br />

grandes dotes moraes o intelloctuaes, tem todo o<br />

proito de admiração do Brasil, já terá dito ao Presidente<br />

da Republica que inconfundivelmente representa,<br />

o que sentiu nessa phaso de sua fulgurante jornada<br />

diplomatica.<br />

O grande continuador da formidável obra constructora<br />

da brilhante Argentina, sentirá ao regresso da<br />

Embaixada Única e Majostosa, no pulsar dos corações<br />

marinheiros quo a <strong>com</strong>punham, quando descreverem<br />

o successo esplendido quo alcançaram, os louros<br />

que coroam a sua augusta fronte pela victoria<br />

pacifica e triumphal, sem par, que conquistou.<br />

Dos Andes argentinos o das serras brasileiras descerão<br />

eternamente as aguas que formam o Prata em<br />

cujo ieito <strong>com</strong>mum, <strong>com</strong>o irmãs, seguem o mesme<br />

destino as duas grandes nações americanas que se<br />

continuam no Atlântico na linha de união que estreitamente<br />

as liga por mar, <strong>com</strong>o por terra se unem,<br />

inseparavelmente !<br />

"União e liberdade", "Ordem e progresso", são lemmas<br />

que se <strong>com</strong>pletam; unidos e livres, garantidos na ordem<br />

interna e externa, o progresso crescerá ininterruptamente<br />

e conservará unidas e fortes as duas nações<br />

amigas — Brasil e Argentina.<br />

Durante o almoço ofterecido ao<br />

Presidente da Republica e altas<br />

autoridades ao Brasil, a bordo<br />

do «Veinte y cinco de Mayo»<br />

Urn gruoo de novos aspirantes da Marinha


DE MEZ A MEZ<br />

CONTINÚA O PROCESSO DE RECONSTITUCIO-<br />

NAUZAÇÂO<br />

Continuou, durante o mez passado, o lento processo<br />

de reconstítucionalização do paiz, <strong>com</strong> a realização<br />

de eleições municipaes em diversos Estados: na Ba-<br />

hia, no Paraná, em S. Catharina, São Paulo.<br />

Todos os pleitos se realizaram em bôa ordem. Em<br />

muitos municípios, as opposições locaes foram victo-<br />

riosas, o que poz fim á vergonhosa unanimidade po-<br />

litica quo tem sido a desgraça e a negação da de-<br />

mocracia no Brasil.<br />

Em tudo mais, o mez politico correu também man-<br />

samente. Continuaram as conferencias, <strong>com</strong>binações,<br />

accordos, idas e vindas de leaders e próceres da si-<br />

tuação, e entrevistas, declarações, boatos em torno<br />

da successâo presidencial. Mas de positivo — nada.<br />

Só que é muito cedo para cuidar-se desse assumpto...<br />

DESAPPARECE UMA FIGURA TRADICIONAL DA<br />

POLITICA<br />

Uma nota que se deslocou do noticiário politico para<br />

o carnet social: o fallecimento do ex-senador Antonio<br />

Azeredo, uma velha figura da poiitica nacional, pos-<br />

ta de lado pela revolução do 1930. Antigo propa-<br />

gandista da Republica, Constituinte de 90, presidente<br />

do Congresso por muito tempo, senador durante seis<br />

lustros, jornalista, tendo sido um dos fundadores da<br />

S. A. O MALHO e director durante longos annos. do<br />

vespertino "A Tribuna", pertencente a esta empresa,<br />

era um nome do forte projecção social, uma creatura<br />

amavel, lhana, de espirito conciliador, sempre gene-<br />

roso e sernpro bom.<br />

Tendo morrido cm pleno ostracismo, o seu enterra-<br />

mento foi, apesar disso, um dos mais imponentes e<br />

concorridos destes últimos tempos, o que mostra que<br />

o seu prestigio pessoal sobreviveu á sua queda po-<br />

litica.<br />

A politica brasileira perdeu, nelle, uma das suas fi-<br />

guras mais interessantes.<br />

O PETROLEO CONTINÚA NO CARTAZ<br />

O petroleo continuou no cartaz e, por certo, airda<br />

ahi permanecerá por muito tempo.<br />

Por suggestão do Ministro da Agricultura, o Presi-<br />

dente da Republica nomeou uma <strong>com</strong>missão de en-<br />

genheiros notáveis e representantes do exercito e da<br />

marinha nacionaes, para proceder a um inquérito so-<br />

bre a questão do petroleo no Brasil.<br />

Em meiados do mez passado, essa <strong>com</strong>missão princi-<br />

piou a funccionar, realizando a sua primeira sessão<br />

no gabinete do Ministro da Agricultura o as demais<br />

no edifício da Escola Polytechnica. Espera-se que,<br />

orientada por tochnicos <strong>com</strong>o os Drs. Pires do Rio.<br />

Ruy de Lima e Silva, general Paes de Andrade, <strong>com</strong>-<br />

mandante Ary Parreiras, etc., essa <strong>com</strong>misão estabe-<br />

leça, finalmente, a verdade, acerca do petroleo, en-<br />

tre nós.<br />

TRATADOS COMMERCIAES<br />

O Governo tomou uma providencia feliz, quando re-<br />

solveu designar um dos membros do Conselho Supre-<br />

mo de Commercio Exterior, para percorrer os prin-<br />

cipaes centros economicos europeus, afim de tentar<br />

negociações directas, <strong>com</strong> os principaes <strong>com</strong>pradores<br />

e fornecedores do nosso mercado.<br />

Antonio Azeredo<br />

Pires do Rio<br />

Fléxa Ribeiro<br />

Um aspecto do núcleo Sao<br />

Bento, invadido pelas aguas<br />

A escolha recahiu no Sr. Sebastião Sampaio que está<br />

perfeitamente ao par das nossas possibilidades e das<br />

nossas necessidades economicas o que tem dado as<br />

rr.olhores provas de operosidade.<br />

Por emquanto. é difficil apreciar os resultados dessa<br />

peregrinação pelos mercados europeus. Sabe-se que<br />

foram assignados alguns tratados <strong>com</strong>merciaes de im-<br />

portância, pelos quaes trocamos vantagens <strong>com</strong> os<br />

francezes, inglozes, noruoguezes, etc., mas somente de-<br />

pois que entrarem em vigor as novas condições de<br />

intercambio, é possível julgar-lhes os frutos.<br />

PÃO E TRIGO<br />

O problema do pão e do trigo foi objecto de cogi-<br />

tações e debates no mez passado. O augmento de<br />

preço do primeiro poz em fóco, novamente, a neces-<br />

sidado de produzir-se o segundo. No Conselho de<br />

Commercio Exterior, o Sr. José Maria de Lacerda<br />

apresentou um relatorio, contendo suggestões acerca<br />

do incremento da producção do trigo no Brasil e<br />

acerca das providencias que se deviam pôr em pra-<br />

tica para baratear o proço do pão. Em torno destas<br />

ultimas suggestões, generalizou-se o debate na im-<br />

prensa, emquanto que os primeiras, muito mais im-<br />

portantes e vitaes, deixaram de merecer maior atten-<br />

ção. A convicção que se vae generalizando, <strong>com</strong> o<br />

passar dos dias, é que o problema ficará no mesmo<br />

pó cm que estava, antes do trabalho do Sr. José Ma-<br />

ria de Lacerda. Infelizmente, o Brasil é isto...<br />

AS INNUNDAÇÕES<br />

O Rio de Janeiro e seus arredores soffreram seria-<br />

mente <strong>com</strong> as grandes chuvas que marcaram os úl-<br />

timos dias do verão. A Capital da Republica foi sa-<br />

cudida por tremendos temporaes, registrando-se des-<br />

abamentos de prédios, paraiyzação de trafego, graves<br />

prejuízos materiaes, além de alguns casos fataes.<br />

Os arredores foram igualmente sacrificados, notada-<br />

mente, o Núcleo Colonial S. Bento, onde as aguas<br />

venceram os obras de engenharia levantadas pelo<br />

governo, prejudicando as cultuias e ameaçando a vida<br />

dos colonos. As innundações estenderam-se a outros<br />

pontos do paiz.<br />

A ABERTURA DOS CURSOS<br />

Abriram-se os cursos da Universidade do Rio de Ja-<br />

neiro. Na Escoia Nacional de Bellas Artes, a solem-<br />

nidade da abertura teve a presença da Congrega-<br />

ção de Professores, sob a presidencia do Reitor, Dr.<br />

Leitão da Cunha. A preleção inicial foi realizada,<br />

brilhantemente, <strong>com</strong> uma aula do professor Flexa<br />

Ribeiro.<br />

Essa ceremonia repetiu-se, <strong>com</strong> igual brilhantismo e<br />

concurrencia, nas diversas escolas da Universidade<br />

do Rio de Janeiro, synthese, aliás, do que se teria<br />

passado em todo o paiz.<br />

CARDEAL COPELLO<br />

O Brasil teve a honra de receber, por algumas horas,<br />

a visita do segundo Cardeal da America do Sul, o<br />

Primaz da Argentina, arcebispo de Buenos Aires. Sua<br />

Eminência foi hospede de honra do governo brasilei-<br />

ro e, no Itamaraty, recebeu as homenagens do clero<br />

e de todo o mundo catholico brasileiro, continuando<br />

sua viagem para a capital argentina, onde foi aco-<br />

lhido <strong>com</strong> excepcionaes manifestações de carinho e<br />

apreço.


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I m Kã<br />

w. -mm. I SIJBI<br />

Í F P l l l l<br />

fc fm. i #<br />

A OCCUPAÇÃO DA RHENANIA E O FUTURO DA<br />

EUROPA<br />

O acontecimento que domina o mez, que empolga a<br />

attenção mundiai, veio da Rhenania, <strong>com</strong> a entrada<br />

das forças nazistas na região desmilitarizada. Hitler<br />

denunciou unilateralmente, o Tratado de Locarno, que<br />

recebeu a assignatura espontanea da própria Allema-<br />

r.ha, ao lado da Ingiaterra, França, Italia, Beigica.<br />

A denuncia seguiu-se de uma occupação symbolica,<br />

logo depois fortalecida por uma occupação real, dado<br />

o numero de soldados equipados. Sentindo-se ferida<br />

nos seus direitos jurídicos, a França e a Beigica re-<br />

correram á Sociedade das Nações, para que se ap-<br />

plique sancções econornicas e miiitares, contra o go-<br />

verno do Reich.<br />

Nunca, depois de 1914, os interesses convulsionaram<br />

a Europa, conto neste terrível momento de incertezas.<br />

A ATTITUDE DO FUEHRER<br />

Em fortes e ampios discursos, o Fuehrer fez sabor as<br />

razões que justificam a sua politica, em face da Rhe-<br />

nania. Para o governo gormanico, o Tratado Franco-<br />

Sovietico annula os fins do accordo de Locarno, que<br />

logo deixa de subsistir. Insiste o chanceler Adolf Hi-<br />

tler, que a Ailemanha não deseja a guerra e para con-<br />

firmar o seu sentimento, lançou uma proclamação de<br />

fé pacificista. A tudo isso, replica a França, que o<br />

Reich não pôde denunciar isolado, o Pacto de Lo-<br />

carno, que elle deveria appellar para a Corte Inter-<br />

nacional de Haya, aguardando primeiro o julgamento<br />

do Tratado Franco-Sovietico. Assim estabelecem os<br />

jurisconsuítos francezes, o problema da violação da<br />

Rhenania, cujó epilogo todos esperam <strong>com</strong> ancieda-<br />

de, tanto no Velho Mundo, <strong>com</strong>o na America.<br />

O SYSTEMA TRIBUTÁRIO NORTE-AMERICANO<br />

Dada a evolução industrial e a concorrência genera-<br />

lizada, o problema dos impostos constituo a mais se-<br />

ria preoccupação dos financistas. O presidente Roose-<br />

velt dirigiu ao Congresso, uma mensagem, que os<br />

peritos julgam de muito opportunidade. Pensa o go-<br />

verno americano, que o actual systema tributário<br />

pesa mais sobre os pequenos accionistas e preco-<br />

niza uma revisão sobro as taxas dos lucros nas gran-<br />

des corporações, de forma a não perturbar o rythmo<br />

economico.<br />

A REVOLTA JAPONEZA<br />

A revolta japoneza mostrou, que apezar de todas as<br />

confusões da hora presente, ainda reina o espirito da<br />

disciplina, no grande império do Oriente. Os revol-<br />

tosos cederam pela força da convicção, devido aos<br />

constantes appollos dos chefes. Os responsáveis sui-<br />

cidaram-se. sem aguardar o pronunciamento da jus-<br />

tiça militar. Mais do quinhentos officiaes solicitaram<br />

demissão espontaneamente, inclusive os generaes Ara-<br />

ki, Mazaki, Hongo. Os círculos officiosos admittem,<br />

que o Imperador recusará o pedido.<br />

A GREVE NO TRANSPORTE VERTICAL<br />

A vida yankee conheceu agora, uma grove muito se-<br />

ria, de enormes proporções e de aspectos novos.<br />

Ella não attingiu as usinas metallurgicas, nem o tra-<br />

fego urbano, nem as fabricas de tecido, ou qualquer<br />

outro ramo industrial. Centenas do edifícios, ficaram<br />

<strong>com</strong> os elevadores paiòlyzados. A greve estendeu-se<br />

a numerosos quarteirões, num total de quasi dois mil<br />

0 physico Stanley Livingstone e<br />

o seu apparelho. que produz o<br />

Radium e transforma o mercúrio<br />

em ouro<br />

Hitler nom curicso e recente<br />

instantaneo<br />

0 presidente Roosevelt numa aas<br />

suas recentes photographias<br />

Arlette Simon, viuva de StavisLy.<br />

acha-se em New York. onde vae<br />

apparecer em cafés-concertos<br />

prédios. A policia mobiiizou mais de cinco mil ho-<br />

mens. para manter a ordem entre os ascensoristas.<br />

Pela primeira vez, sentiram os novayorkinos, <strong>com</strong>o o<br />

transporte vertical influe na vida da cidade moderna.<br />

A VIUVA DE STAVISKY<br />

O processo de Stavísicy abalou a França e impressio-<br />

nou c mundo, pelo sensacionalismo dos episodios,<br />

<strong>com</strong>o pe!o vulto das sommas em jogo. A senhora<br />

Arlette Simon, viuva do famoso aventureiro, sahiu de<br />

Paris, <strong>com</strong> destino a Nova York, Os reis da publici-<br />

dade, que amam os factos extraordinários, offerecem<br />

propostos vantajosas para trabalhar em cafés-concer-<br />

tos. Ariette Simon declarou que não penso em casar<br />

e que ficará viuva até á morto, o que pareço indicar<br />

que ella não possuo o gosto do romonesco, quo ca-<br />

racterizou o seu marido.<br />

A PAZ PAN AMERICANA<br />

Os listados Unidos acharn-se interessados, na Confe-<br />

rencia Pan-Americana da Paz. Cordell Hull, secretario<br />

de Estado, orientará pessoalmente os trabalhos da<br />

oelegação yankee. Attribue-se grande importancia a<br />

essa assembléa, sobrotudo porque a paz européo se<br />

acha ameaçada. Em Washington, espero-se a collabo-<br />

ração acti/a do Brasil, Argentino, Chile.<br />

A INQUIETAÇÃO HESPANHOLA<br />

Desde quo a Republico se installou em Madrid, o<br />

povo hespanhol vive uma existencia agitada. As des-<br />

ordens se succedem, os motins substituem as greves,<br />

os partidos se guerreiam <strong>com</strong> uma fúria nunca vista.<br />

A Igreja dos Jesuítas em Alcala de Henares, soffreu<br />

o assalto dos extremistas, que lhe atearam fogo. O<br />

convento da Magdaleno e a Igreja do São Thiago,<br />

também arderam em criminoso incêndio, emquonto<br />

um regimento patrulhava a cidade.<br />

A INDEPENDENCIA DO LÍBANO<br />

Sobhil Bey Abulnsar, quo dirige os negocios do in-<br />

terior na Líbia, sob o protectorado francez, mandou<br />

wm<br />

dissolver o partido "Independendo Republicana". O<br />

patriarcha maronita Arica, quer a independencia do<br />

Líbano, conforme as promessas feitas successivamente,<br />

por Clemenceau, Miilerand, Poincaré. Os libanezes as-<br />

piram ser tratados <strong>com</strong> a mesma egualdade, que o<br />

Syria e solicitam da amizade da França, um gesto po-<br />

litico amigavel.<br />

A DEFESA NACIONAL DA INGLATERRA<br />

Na Camara dos Communs, os inglezes discutem o<br />

novo programma da defesa nacional, que prevê o fu-<br />

turo da frora de çuerra e da aviação militar, con-<br />

juntamente. O Partido Trabalhista accusa o governo<br />

de não se approximar bastante, do systhema de se-<br />

gurança collectiva, que dará á Gran-Bretanha uma<br />

posição tranquilía, entre as potencias européas. O<br />

primeiro ministro Baldwin, defendeu pessoalmente, o<br />

texto do Livro Branco, sobro o ormomonto, esperando-<br />

se que o Portido Liberal não <strong>com</strong>baterá o projecto.<br />

A METAMORPHOSE DO ÁTOMO<br />

A sciencia experimental, acaba de obter notáveis sue-<br />

cessos nos Estados Unidos, <strong>com</strong> a machina inventada<br />

pelo doutor Stanley Livingston, para transmutar a ma-<br />

téria, á vontade do physico. O novo apparelho con-<br />

segue produzir artificialmente, a substancia do Ra-<br />

dium, bem <strong>com</strong>o tronsformor o ouro em mercúrio e<br />

vice verso. Os átomos mudam de notureza facilmente.<br />

Para se avaliar o valor do invento, diremos que uma<br />

gramma de Radium natural, custa quatrocentos con-<br />

tos de réis.<br />

AS TROPAS VERMELHAS NA CHINA<br />

A situação chineza continua tormentoso, longo de<br />

umo paz definitivo. Combates successivos se travam<br />

em Genyang, Siiansi, Taiyuan, Hopei, Fsng-Tcheu. Tres<br />

regimentos sahidos de Pekin, num total de 25.000 ho-<br />

mens, lutom contro as tropas vermelhas, que ameaçam<br />

a fronteira de Hopei, <strong>com</strong> a Província de Shansi. Ha<br />

receios de que os japonezes intervenham na -luta, si o<br />

exercito de Pekin não vencer os <strong>com</strong>munistas.


À «Illustração Brasileira» continúa, hoje, a<br />

publicação das «Regras Práticas para bem<br />

hecrever», o paciente e erudito trabalho<br />

inédito do professor Laudelino Freire, do<br />

qual bem se pode dizer que é um pequeno<br />

mas perfeito breviário de quantos<br />

tenham em conta o culto do vernáculo.<br />

X L V Quando numa proposição <strong>com</strong> um só sujeito,<br />

houver mais que um verbo, e a forma verbal regente<br />

estiver distante da forma regida, a ponto<br />

que a distancia entre elas traga obscuridade ou<br />

ambigüidade; ou a forma verbal regida vier antes<br />

da forma regente — será preferívei o emprego<br />

do infinito pessoal.<br />

Ex: "Possas tu, descendente maldito de uma tríbu de<br />

nobres guerreiros, implorando cruéis forasteiros, seres<br />

presa de vis Aimorés" (G. Dias) — "Não te espantes<br />

de Baco nos teus reinos receberes . (Camões).<br />

Nota — Tão frequentes são as exceções que sofrem<br />

estas regras referentes ao emprêgo do infinito pessoal<br />

ou impessoal, que não seria absurdo resumi-las<br />

num só preceito, consoante apenas à harmonia e à<br />

clareza: — "Empregar-se-á indiferentemente o infinito<br />

pessoal ou impessoal" —, visto que "de uma e outra<br />

forma, realmente se valem, a seu alvedrio, os melhores<br />

escritores".<br />

X L V I Quando um dos verbos depender de outro,<br />

que ího seja auxiliar de modo, será mantido na<br />

forma impessoal.<br />

Ex: "Pudesses ouvir — Sabes dar — Queres crer".<br />

XLVII Nas orações em que o objeto direto, precedido<br />

imediatamente do verbo regente, vem imediatamente<br />

seguido do verbo regido <strong>com</strong> a prep.<br />

a — é facultativo empregar o verbo regido na<br />

forma pessoal ou impessoal do infinitivo.<br />

A clareza e eufonia, contudo, reclamam as mais das<br />

véses a forma do infinito pessoal, <strong>com</strong>o mostram estes<br />

exemplos:<br />

M Exortando-os a usarem". (F. de Castro) — Levouos<br />

a apinharem-se". (Herculano) — "Convidou-os a<br />

irem". (Camilo) — "Forçou-os a deixarem os armamentos".<br />

— "Obrigou-os a respeitarem a mãe".<br />

XLVIII Nas fráses que são ao mesmo tempo negativas<br />

o interrogativas, e nas interrogativas que <strong>com</strong>eçam<br />

por que, qual, onde, em que, o sujeito<br />

sucede ao verbo.<br />

Ex: "A Inglaterra não discutiu sempre livremente a<br />

guerra <strong>com</strong> os Estados Unidos ?" — Não é boa esta<br />

construção. Deve dizer-se: "Não discutiu a Inglaterra,<br />

sempre livremente, a guerra...?"<br />

"Que livros posso eu escolher ? — Em que consiste<br />

a virtude ? — Que razões há para que esteja um<br />

indivíduo preso ?" —<br />

X L I X Usar sempre do adjetivo todo seguido do art.<br />

o, menos quando todo é distributivo, ou tenha a<br />

significação de qualquer, cada,<br />

isto é, empregar todo o quando se quer exprimir a<br />

inteireza do uma coisa, e empregar todo (sem o o)<br />

quando se quer significar o total de muitas.<br />

A distinção entre os dois casos é inconfundível. Quan<br />

do se diz "toda a casa foi dostruida polo incêndio",<br />

deve entender-se que a casa inteira foi queimada:<br />

quando, porém, se diz toda casa deve pagar impostos,<br />

quer dizer que todas as casas são obrigadas ao pagamento<br />

do imposto. No exemplo de <strong>Dami</strong>ão de Góes:<br />

Laranjeira que todo ano tern fruto", devo entenderse<br />

que aquela árvore dá fruto todos os anos; ao passo<br />

que se a frase estivesse escrita: "Laranjeira que<br />

todo o ano tom fruto", significaria que ela frutifica<br />

durante o ano inteiro.<br />

L Só escrever porque (numa só palavra) quando porque<br />

represente uma simples conjunção causal, <strong>com</strong><br />

a significação de por causa de, pela razão que,<br />

pelo motivo do que, visto que.<br />

Ex.: 'Não fui porquo não pude", ou "Mas, porquo<br />

me não oojetou <strong>com</strong> a indelicadeza do ouvido clássico,desçamos<br />

aos modernos". (Rui: Réplica, 118). Nos<br />

demais casos, quando em lugar da conjunção porquo,<br />

se tom a loc. por que, formada da prep. por e do<br />

pronome re ! ativo ou interrogativo que, deve escreverse<br />

separadamente. Na loc. por que, este que referese<br />

sempre a um substantivo, quer subentendido quer<br />

exprosso, o qual, nesto caso, podo vir antes dele. ou<br />

depois, passando aquela locução a significar — por<br />

qual, pelo qual, pelos quais, isto é, o motivo pelo<br />

qual, por quai motivo, etc. Nas fráses interrogativas<br />

escreve-se sempre a locução por que, e não a conjunção<br />

porque. Lx.: "Por que (motivo) não conseguiremos<br />

enxergar?" (Rui: Oração aos Moços). — "E<br />

por que não as expurgar?" (Id. Répl., 58). — E por<br />

que? Porque o primeiro a se do<strong>com</strong>põe na preposição<br />

mais o artigo .. . M (Ibid., 233). Tenha o leitor<br />

atenção paro estoutro passo de Rui: "Semelhantemente<br />

ninguém diria: Pelo que tardas? Pelo que roubas?<br />

Pelo que matas? A construção portuguesa é: Por que<br />

matas? Por que roubas? Por que tardas?" (Répl., 199).<br />

LI A intercalação do i no organismo dos vocábulos<br />

devo sor feiia segundo o que em seguida se<br />

indica:<br />

Tenha-se em primeiro lugar conceito exato do que<br />

seja este metaplasmo: "Em português só há um ditongo<br />

que se pode dizer móvel: é o que se forma<br />

peia inserção de um i oufônico nas terminações em<br />

que se dá o encontro do e <strong>com</strong> o ou a, <strong>com</strong>o em<br />

passeio, receio, leio, croio, feio, meio, cadeia, etc.<br />

Êsse i suprime-se, desde que se desloca o acento, nos<br />

derivados e nas variações verbais. Assim: passeata,<br />

passeava, passeando, receoso, receamos, recearam,<br />

etc." (Franco de Sá: A Ling. Portuguesa, 37). Na<br />

conjugação dos verbos terminados em oar — atoar,<br />

passear, manusear, pleitear, estrear, etc. — a intercalação<br />

do i só tem cabimento quando, na flexão do<br />

verbo, o acento lônico cai na raiz; ex.: ateio, ateias<br />

passeio, manuseiam, etc. Em outras palavras: a epéntese<br />

do i só se taz nos tres pessoas do singular o<br />

terceira do plurai do presente do indicativo, nas mesmas<br />

pessoas do subjuntivo, o na segunda do singular<br />

do imperativo, <strong>com</strong>o se passa a ver:<br />

Formas do indicativo: ate-i-o, ate-i-as, a-te-i-a ...<br />

ate-i-am<br />

Formas do subjuntivo: ate-i-e, ate-i-es, ate-i-e ...<br />

ate-i-em<br />

Forma do imperativo: ate-i-a (tú).<br />

Em que pese à simplicidade desta regra, depara-sonos<br />

a cada momento a sua inobservância, que é de<br />

espantar os mais tolerantes <strong>com</strong> as negligências no<br />

escrever, irobservãncia praticada até por escritores<br />

exomplaríssimos, inadvertidos de que o caso está submetido<br />

à norma determinada. Embora encontradiças<br />

em Rui, Herculano, Castilho, e outros de igual tomo,<br />

não são admissíveis ostas grafias: enleiou, ateiado,<br />

peior peiorar, esteiando, branqueiada, grangeiaram,<br />

odeiavam, rodeiara, hasteiou, desenfreiada, pranteiará,<br />

baqueiar, saqueiado, aformoseiavam, recheiado, encandeiaram,<br />

aceiada, clareiou, semeiar, etc., porque nao<br />

<strong>com</strong>poriam o i.<br />

A intercalação do i, portanto, só ocorre nas formas<br />

rizotônicas, isto é, aquelas cuja acentuação tônica cai<br />

sobre a raiz ou radica!. (Rhizo, raiz; tono, acento).<br />

L I I Em todas as formas rizotônicas, em que se dá o<br />

encontro do e <strong>com</strong> a ou o, isto é, nas formas<br />

cuja acentuação tônica cai na raiz ou radical, há<br />

forçosamente a intercalação do i.<br />

Em português, diz Franco de Sá, so há um ditongo<br />

que se pode dizer movei: é o que se forma pela inserção<br />

de um i eufônico nas terminações em que se<br />

dá o encontro de e <strong>com</strong> o ou a, <strong>com</strong>o em passeio,<br />

receio, leio, creio, feio, meio, cadeia, etc.<br />

Deve ter-se em atenção que quando, <strong>com</strong> a deslocação<br />

do acento, as formas passam a arrizotônicas, não<br />

ocorre a epêntese do i. Assim, escreve-se passeio, mas<br />

passeata, passear, passeando, passeamos, etc; receio,<br />

mas receando, reosar, recearam, etc; meio, mas mea-<br />

da, meação, etc; cadeia, mas cadeado; idéia mas ideal;<br />

aldeia, mas aldeamento, etc.<br />

LIN Nas frases construídas <strong>com</strong> as expressões ainda<br />

que, bem que, posto que, conquanto e outras<br />

equivalentes, o verbo da oração subordinada tan<br />

to pode estar no subjuntivo <strong>com</strong>o no indicativo.<br />

Do emprêgo do verbe no subjuntivo, <strong>com</strong>o se vê nos<br />

te passo de Vieira — "E ainda que pareça matéria<br />

de riso ... é matéria de toda a tentação" — dispen<br />

sam-se abonaçoos, por ser a forma mais usual.<br />

Com o verbo no indicativo: — "ainda que Deus era<br />

imenso e invisive!" (Vieira) — "posto que o mesmo<br />

Espirito desceu sobre todos" (Id.) — "posto que parece<br />

fundado em igualdade." (Id.) — E, bom que<br />

os acoiheu parte dos olhos" (Castilho).<br />

L I V Nas frases em que o verbo haver vem seguido<br />

de infinitivo, ó facultativo interpor entre ambos<br />

— auxiliar e infinitivo — a partícula de.<br />

Ex.: — Por que... havia preferir eu (ou havia de<br />

proferi» ) a de cunho talvez espúrio à de genuíno<br />

cunho? (Rui) — "Nem sua alteza havia de crer tal<br />

palavra, nem se havia fiar de tal seguro" (Vieira).<br />

— "Foi sabor o conhecer o fim onde havia parar 1<br />

(Id.). — "Nessa opinião o na contrária se havia prosseguir<br />

o assunto" (Id.). — "Exéquias havia ter quinze<br />

anos". — "Haviam os grandes viver à custa dos poquenos"<br />

— "Havias ver o fogo" (Castilho)*.<br />

L V No uso da expressão haver mister, que tem força<br />

do vorbo transitivo, significando precisar, necessitar,<br />

desejar, é licito, sem mudar-lhe o sentido,<br />

fazê-la a<strong>com</strong>panhar da prep. de, ou interpor esta<br />

mesma partícula entre haver e mister.<br />

Os exempios em seguida transcritos mostram o emprego<br />

da expressão haver mister e das suas variantes<br />

haver de mister e haver mister de:<br />

"Muitos dos enfermos bem haviam mister um hospital '<br />

— "êstes são os que hão mister o remédio" — "essa<br />

esplêndida... filha de Satã que havia mister domar".<br />

(Vieira).<br />

"Mas o seu amor da ciência e da pátria não havia<br />

mister de outros incentivos". (Rui).<br />

"Hei mister de falar a linguagem débil e defeituosa<br />

dos homens". (Castilho).<br />

"Haveis de mister favor alheio" — "Hoide mister o<br />

teu conselho". (Morais).<br />

LVI A expressão haja vista, que equivale a veja, pe-<br />

de <strong>com</strong>plemento direto.<br />

Ex>: — "Haja vista os acontecimentos — Haja vista<br />

as fábulas. — Haja vista Plutarco e Xonefonte".<br />

LVII Empregar o adv. onde, que significa no lugar<br />

em que, no qual lugar, <strong>com</strong> os verbos ditos de<br />

quietação, e o adv. aonde, que significa para o<br />

lugar que, para o qual lugar, para que parte, para<br />

que lugar, <strong>com</strong> os verbos que exprimem movimento.<br />

Não escreveria correto quem não discriminasse, diz<br />

Rui, nitidamente, no uso dêsse advérbio, o lugar donde,<br />

o lugar onde, o lugar aonde ou para onde, <strong>com</strong>o<br />

Alexandre Horculano os discriminou noste passo: "Lò<br />

no céu, aonde eia subiu, e onde nosso pai acolheu<br />

no soio a sua filha".<br />

Som embargo do que diz Rui, pode admitir-se que<br />

é hoje quási indistinto o emprêgo do onde e do<br />

aonde.<br />

LVI II E' indiferente, nas frases <strong>com</strong>parativas, usar<br />

a simples conj. que ou a loc. do que.<br />

A escolha ficará apenas na dependência do bom ou-<br />

vido, ou necessidade de tornar mais clara a expres-<br />

são.<br />

Ex. de Vieira: — "ainda há outro juizo mais estreito<br />

que o juizo do Deus". — "Davi era mais valente que<br />

Saui". — "Muito mais disso S. João só nestas duas<br />

regras do que disse em todo o livro" — "deu mais<br />

heroicamente a vida a seu pai do que dêle a rece-<br />

bera".<br />

Ex. do Rui: "ninguém duvidaria mais da minha <strong>com</strong>-<br />

petência que eu mesmo". — "sem mais bandeira que<br />

a do seu apetite". — "Fazer menos do que fiz...<br />

não mo não consentia o meu natural". — "Mais alta<br />

coisa do quo um código em elaboração legislativa é<br />

um código em uso".<br />

LIXA <strong>com</strong>binação da prep. em <strong>com</strong> os demonstra-<br />

tivos este, esta, êstes, estas não pode dar as for-<br />

mas n'este, n'esta, etc, o sim, neste, nesta, etc.<br />

O apóstrofo indica geralmente a supressão da vogal,<br />

de modo que escrevendo n'este, etc, parece que se<br />

teria escrito ne este, o quo mostra que a forma exa-<br />

ta é neste, etc, <strong>com</strong>o escrevemos no, na, nos, nas.<br />

^Conclue no proximo numero)


OS N O V O S POSTOS DE S A L V A M E N T O<br />

DAS PRAIAS CARIOCAS<br />

rf<br />

Copacabana, o lindo bairro praieiro que é um dos<br />

mais elegantes e ma : s belios balneários' do mundo,<br />

acaua de ser dotado de um r.ovo melhoramento, <strong>com</strong><br />

a inauguração aos modernos postes de salvamento<br />

que, além de constituírem um bonito ornamento locai,<br />

PHOTO VOLTAIRC<br />

otferecem aos que o frequentam uma garantia de se<br />

gurança peia efficiencia de sua apparelhagem.<br />

Vemos aqui um aspecto da Avenida Atlantica <strong>com</strong><br />

um dos novos arranha-céus que se levantam por todos<br />

os pontos da linda praia carioca.<br />

MAPPIN & WEBB<br />

RECEBEMOS MENSALMENTE AS<br />

ULTIMAS NOVIDADES EM BOLSAS,<br />

DA MAIS FINA QUALIDADE, DE<br />

PARIS, LONDRES E VIENNA.<br />

OU VI DO R 100


W P Wá<br />

c^OOO-<br />

w<br />

Visconde de Mauá —<br />

(Irineu Evangelista)<br />

<strong>ABRIL</strong> DE 193Ô<br />

A NOSSA PRIMEIRA ESTRADA<br />

DE FERRO<br />

Até i 852, não só o Brasil, mas todo<br />

o Continente, era desprovido de<br />

meios de transporte sobre trilhos.<br />

Coube a um engenheiro de inestimável<br />

valor e coragem, a Irineu<br />

Evangelista de Souza, depois visconde<br />

de Mauá, o pyramidal emprehendimento<br />

de crear, na America<br />

antarctica, a sua primeira via<br />

ferrea. O acontecimento verificouse<br />

áquella data, tendo o testemunho<br />

do Imperador D. Pedro II, que<br />

premiou o valioso trabalho de Evangelista<br />

de Souza, nomeando-o barão<br />

de Mauá.<br />

A estrada de ferro inaugurada partia<br />

do porto de Mauá (E. do Rio)<br />

e terminava na raiz da serra da<br />

Estrella (Petropolis).<br />

A Republica, que também sabe<br />

homenagear seus pró-homens, não olvidou os desinteressados serviços do viscoi.<br />

de de Mauá. Ella fez perpeluar no bronze eterno o vulto do immortal polytechnico<br />

numa das praças mais bonitas e concorridas da Capital e que fica justamente<br />

á vista dos navios que aqui arribam: a Praça Mauá.<br />

O SALARIO DOS OPERÁRIOS EM 1571<br />

Um Alvará, datado de i7 de abril de 1571 e passado nesta Capital, nomeava<br />

Simão f-ernanaes e João Gomes carpinteiros nas obras das fortificações da cida-<br />

de. Seus serviços seriam pagos á razão de 36$000 por anno, no Almoxarifado.<br />

O Estado, além dos salarios, propinar-lhes-ia mantimento, isto é casa e <strong>com</strong>ida.<br />

O DESBRAVADOR DA AMAZÔNIA<br />

Deve-se a Pedro Teixeira a iniciativa do desbravar as nossas florestas e de abrir<br />

o Amazonas ás explorações regulares.<br />

O bandeirante do norte chefiou uma expedição, <strong>com</strong>posta de mais de 2.000 pessoas,<br />

entro mulheres e creanças, no proposito do explorar o rio-mar em todo o<br />

seu percurso. A partida da expedição effectuou-se no porto do Belém, ao findar<br />

outubro de 1637. Os dois mil e tanto bandeirantes reaiisaram a viagem em setenta<br />

canoas, e a cruzada foi extenuante e longa, durando um anno. Teixeira e<br />

seus <strong>com</strong>panheiros passaram por Quito e por Lima, regressando ao Pará. Os<br />

colonisadores portuguezes ficaram devendo a Pedro Teixeira, que permanece<br />

quasi ignorado, o favor de lhes facilitar o caminho á expansão colonial para o<br />

occidento, fundando no Pará um vasto entreposto maritimo, e em todos os affluentes<br />

do Amazonas feitorias regulares.<br />

QUEM DEU NOME A CORREIAS<br />

Toda gente ouve falar em Correias, localidade de Petropolis, mas não sabe porque<br />

lhe deram essa denominação. Eiia vem de que ali residia, nos principios do século<br />

transacto, uma familia veneranda, a dos Correias, proprietária de um solar<br />

colonial. Entre os membros mais illuslres daquelia casa contava-se um sacerdote,<br />

o padre Thomaz Antonio Correia. Em 1829, a vetusta herdade asylou a princezinha<br />

Paula, convalescente de cravo enfermidade. D. Pedro I, pouco depois, adquiriu<br />

o immovol, por 50.000 cruzados, isto é por I3:994$800.<br />

Correias, que tem progredido bastante, é, actualmente, por seu esplendido clima<br />

e bellezas naluraes, uma óptima villegiatura.<br />

A BANDEIRA BRASILEIRA<br />

O nosso pavilhão foi creado peio Decreto<br />

vembro de 1889, na residencia do general<br />

ficio actualmente occupado<br />

pelo Prytaneu Militar. O<br />

modelo da bandeira, cuja<br />

idéa e projecto se devem a<br />

Toixeira Mendes e ao Prof.<br />

Pereira Reis, foi lithographa-<br />

do no estabelecimento typo-<br />

graphico de Paulo Robin, á<br />

rua da Assembléa. O pri-<br />

meiro exemplar da lithogra-<br />

phia representando a nossa<br />

bandeira foi offerecido co-<br />

mo lembrança a Benjamin<br />

Constant.<br />

O modelo esteve exposto<br />

recentemente numa vitrine<br />

da Avenida Rio Branco.<br />

n° 4, lavrado na noite de 19 de no-<br />

Deodoro da Fonseca, que era o edi-<br />

Bandeira do Brasil. Segundo o modelo do Decr.<br />

N. 4 de 19 de Novembro de 1889 do Governo<br />

Provisorio.


lî.L'JSTRAÇÂO BRASILEIRA<br />

A SERICICULTURA EM GOYAZ<br />

C governo goyano pretende<br />

inaugurar no progressista Estado<br />

mais uma fonte de rendas,<br />

oue • é o cultura intensiva e me-<br />

•hodisada do bicho da sêda. Já<br />

o!i se tem ensaiado, em vorios<br />

municípios, essa cultura, <strong>com</strong><br />

resultados satisfactorios e agora<br />

o Sr. Pedro Ludovico acaba<br />

de convidar o Sr. Mario Vilhe- Cultura do bicho da soda<br />

na. funccionario da Estação Se- em Barbacena,<br />

ricicola de Barbacena, e professor<br />

da Escola Superior de Agricultura<br />

o Veterinaria de Viçosa, para ir a Goyania, nova capital do Estado, afim<br />

de orientar a r.ova cultura. A esse respeito aquelle governador passou ao Ministro<br />

da Agricultura o seguinte teiegramma:<br />

"Govania, 7.2 de fevereiro de I93ó. Sr. ministro Agriculturo. — Rio — Numero<br />

563. Nota-se reste Estado que conta varias regiões propicias criação bicho sêda,<br />

apreciável interesse essa lucrativa industria. Esta, entretanto, apresenta ainda aspecto<br />

embryonario, processando-se meios rudimentares, justamente porque interessados<br />

carecem ensinamentos technicos. Doonte disso, tomo resolução solicitar<br />

vossencia que permitta vinda este Estado Dr. Mario Vilhena, professor Sericicultura<br />

Escola Viçosa, afim de que, conhecendo meios, examinando possibilidades,<br />

desenvolvendo racionalmente aquelia cultura habilite governo orientor convenientemente<br />

quantos queiram occupar-se. Saudações ottenciosas. — Pedro Ludovico,<br />

governador Estadc".<br />

O MOVIMENTO BANCARIO NACIONAL<br />

E-n 31 do dezembro, do anno findo era de 23.830.500 contos o total dos activos<br />

de todos os Bancos nacionaes.<br />

Para conhecimento dos nossos leitores que se interessam pelos questões financeiras<br />

do paiz e pelo movimento dos capitaes nos estabelecimentos de credito bancario<br />

nacionaes e estrangeiros, aqui divulgamos um quadio <strong>com</strong>parativo succinto de<br />

cujo estudo e anaiyse se pedem tirar conclusões e observações bastante interessantes:<br />

Activo Nacionaes Estrangeiros<br />

Empréstimos: 1934 1935 1934 1935<br />

Em letros descontadas 2.502.422 2.736.240 455.537 468.147<br />

Em contas correntes 3.458.243 3.4Ó4.989 990.234 1.083.302<br />

Total dos emprestimos ! 5.960.665 6.201.229 1.445.771 1.551.449<br />

Caixa em moeda corrente nos Bancos 566.607 538.181 208.562 221.567<br />

Outros títulos do Activo 16.391.236 17.091.090 5.507.298 6.377.967<br />

Total do Activo 22.918.510 23.830.500 7.161.631 8.150.983<br />

O + oial desse movimento foi assim apurado:<br />

empréstimos:<br />

Aotivo 1934 193o<br />

Em letras descontadas 2.957.959 3.204.387<br />

Em contas correntes 4.448.477 4.548.291<br />

Total dos emprostimos: 7.406.436 7.752.6/8<br />

Caixa em moeda corrente nos Bancos 775.171 759.748<br />

Outros tiiuios do Activo 21.898.534 23.468.057<br />

Total do Aciivo 30.080.141 31.981.483<br />

NOSSA PRODUCÇÃO DE BANHA CONTINUA A AUGMENTAR<br />

Uma criação de porcos no Rio<br />

Grande do Sul.<br />

IO M ICO<br />

E' bastante alviçareira a situação<br />

da industria da banha<br />

no paiz, pois os dados estatísticos<br />

de exportação accusam<br />

constante augmento.<br />

No anno passado, até 30 de<br />

Novembro, as remessas para<br />

o exterior ottingiram a 12.830<br />

toneladas, no valor de 31.643<br />

contos, contra 4.387 toneladas<br />

e 6.376 contos, em egual período<br />

do onno anterior.<br />

Obtivemos, portanto, um accrescimo<br />

nos negocios de ...<br />

8.443 toneladas e 27.267 contos.<br />

No preço houve também<br />

grande differença para mais.<br />

r<br />

J é d ^ m A ^ y t ë r<br />

Ov* -- VC )<br />

SEBES m<br />

land*<br />

O TICO-TICO iniciou no seu numero<br />

de I do corrente mez um<br />

sensacional concurso para as creanças<br />

de todo o Brasil, certamer»<br />

de finalidade civica e educativa<br />

que consta da publicação de uma<br />

série de quadros coloridos de factos<br />

da historia patria. Taes quadros<br />

serão colleccionados pelos<br />

concurrentes num artístico album,<br />

que O TICO-TICO distribuiu gratuitamente.<br />

No final do concurso,<br />

os concurrentes terão, por sorteio,<br />

probabilidade de conquistar um<br />

dos quinhentos maravilhosos prêmios,<br />

no valor total de 50:000$000.<br />

Entre esses prêmios destacam-se:<br />

1.° PREMIO — Valor I5:000$000 — Uma<br />

matricuia r;o internato do Departamento<br />

Masculino, ou do Departamento Femini<br />

no do Instituto La-Fayette, durante cinco<br />

annos, em qualquer dos cursos man<br />

tidos por este grande estabelecimento<br />

de ensino, inclusive taxas de laboratorios,<br />

de inspecção, de. matricula e do<br />

promoção, e ainda enxoval <strong>com</strong>pleto, do<br />

interno, para o primeiro anno de fre<br />

quencia do premiado.<br />

2.° PREMIO — Valor I0:000$000 — Uma<br />

Apólice dotal do valor de dez contos<br />

de réis, resgatavel na maioridade do<br />

conlempíado, ou seja aos 21 annos, não<br />

podendo o sorteado ter no presente<br />

mais de 14 annos de edade. Este valiosíssimo<br />

premio é offerecido pela "Sul<br />

America", a mais importante e solida<br />

Companhia de Seguros da America do<br />

Sul.<br />

i ^<br />

— - - -<br />

Miniatur« da artística capa<br />

qua O TICO-TICO ait* distribuindo<br />

antra os concurrantas<br />

do Granda Concurso<br />

Patriotico — Quadros da<br />

Nossa Patria.


toilcrm<br />

Santo<br />

Antonio<br />

Restaurações<br />

de quadros a<br />

oleo. Molduras<br />

de E s t y I o .<br />

Exposição<br />

permanente de<br />

quadros a oleo<br />

de artistas<br />

nacionaes.<br />

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TELEPHONE 22-2605<br />

Via CONDOR-LUFTHANSA<br />

BRASIL-EUROPA<br />

A MALA FECHA<br />

| E M 2 DIAS<br />

TODAS AS 5. as FEIRAS AS 15 HORAS<br />

INSUPERADO NA SUA<br />

SEGURANÇA • RAPIDEZ • PONTUALIDADE<br />

Km I934, o valor médio de uma tonelada de banha<br />

foi do 1:453$000, em I935, do 2:466$000 ou mais ..<br />

1:0I3$000.<br />

Os nossos maiores exportadores de banha são Rio<br />

Grande do Sul e São Paulo, seguidos depois do Pa-<br />

raná e Santa Catharina.<br />

0 ESTADO DA BAHIA E A EXPORTAÇÃO DE<br />

MAMONA<br />

Dos 190.660 saccos de semente de mamona que o<br />

Brasil exportou em I935, o Estado da Bahia forneceu<br />

1 14.900, dislribuindo-se entre as demais unidades da<br />

federação os outros 75.760 saccos.<br />

Os maiores <strong>com</strong>pradores dessa oleaginosa á Bahia<br />

foram a Bélgica e os Estados Unidos, sendo que só<br />

este paiz <strong>com</strong>prou i 36.362 saccos.<br />

Durante este anuo, só no mez de janeiro a Bahia ex-<br />

portou 37.687 saccos dessas sementes, pensando ......<br />

2.267.094 Icilos ou sejam 35.075 saccos a mais do que em<br />

ogual periodo do anno passado, quando foram expor-<br />

tados 2.6I2 apenas.<br />

A semente de mamona é vendida ao preço-base de<br />

$650 réis o kilo, na Bolsa de Mercadorias da Bahia,<br />

fc" esre o resumo do movimento estatistico:<br />

Entradas durante o anno de I935, saccos 367.204<br />

Peso em kilos 22.032.240<br />

Sahidas durante o anno de 1935, saccos . . 303.465<br />

Peso em kilos 18.207.900<br />

Industriaiisados no Estado, saccos 27.556<br />

Peso em Icilos 1.653.360<br />

Stock em 31 de Dezembro de I935, saccos 36.183<br />

Peso em kilos 2.170.980<br />

VISITE AS NOSSAS EXPOSIÇÕES<br />

A S A<br />

MARCA<br />

NOSSA EXPORTAÇÃO<br />

E' curiosa e bastante animadora a synthese agora di-<br />

vulgada do movimento geral de nossa exportação,<br />

englobando os principaes productos. Os algarismos<br />

falam eloquentemente e attestam a procura que vêm<br />

tendo, no estrangeiro, os fructos do trabalho dos nos-<br />

sos patricios:<br />

De janeiro a novembro de I935 os artigos principaes<br />

da exportação do Brasil para o exterior foram os I5<br />

seguintes:<br />

Café, 13.814.686 saccas, r.o valor de 1.945.304 contos;<br />

Algodão, 127.453 toneladas, no valor de 602.150 con-<br />

tos:<br />

Cacáo, 95.787 toneladas, no valor de 139.186 contos;<br />

Couros, 46.634 toneiadas, no valor de 96.456 contos;<br />

Fumo, 31.685 toneladas, no valor de 62.866 contos;<br />

Laranjas, 2.567.493 caixas, no valor de 60.166 contos;<br />

Arroz, 88.781 toneladas, no valor de 60.040 contos:<br />

Herva-matte, 54.1 16 toneladas, no valor de 58.715<br />

contos;<br />

Carnes congeladas, 51.025 toneladas, no valor de ..<br />

56.689 contos;<br />

Pelles, 3.794 toneiadas. r,o valor de 45.914 contos;<br />

Carnes em conserva, 13.584 toneladas, no valor de ..<br />

39.715 contos;<br />

Cera de carnaúba, 5.789 toneiadas, no valor de 39.432<br />

contos;<br />

Castanhas <strong>com</strong> casca, 27.352 toneladas, no valor de<br />

33.436 contos;<br />

Baga de mamona, 59.379 toneiadas, no valor de ....<br />

36.566 conlos;<br />

Assucar, 60.582 toneladas, no valor de 34.621 contos.<br />

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