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cônego Diogo planeja friamente matar o pai de Raimundo, e assim acabaria com a<br />

única prova de adultério contra ele, saindo ileso dessa situação.<br />

O terceiro obstáculo é o pai da Ana Rosa, o Manoel Pedro, como ele pertence de<br />

uma cidade tradicionalista, e havia prometido a sua sogra a Maria Bárbara que só<br />

consentia o casamento da filha a um branco de lei, um português ou um<br />

descendente direto de portugueses, e também para dar continuidade ao negócios<br />

do comércio, era costume o patrão casar a filha com o primeiro empregado, assim<br />

prolongaria os negócios comerciais, com sucesso e o felizardo era o caixeiro Luis<br />

Dias, que o patrão o via uma criatura trabalhadora e passiva, homem que faria sua<br />

filha feliz. Queria-o como genro e para sócio. Veremos como Azevedo o descreve<br />

esse rapaz promissor no comércio:<br />

O Dias era um tipo fechado como um ovo, um ovo choco que mal<br />

denunciava na casaca a podridão interior. Todavia, nas cores biliosas<br />

do rosto, no desprezo do próprio corpo, um rapaz magro e macilento,<br />

um tanto baixo um tanto curvado, pouca barba, testa curta e olhos<br />

fundos. O uso constante dos chinelos de trança fizera-lhe os pés<br />

monstruosos e chatos quando ele andava, lançava-os<br />

desairosamente para os lados, como o movimento dos palmípedes<br />

nadando. O Mulato (2005; p.45 e 46).<br />

O autor usa de seus dons de caricaturista e descreve realmente como eram os<br />

moradores da época, diferente do romantismo que não existia o feio, mas somente o<br />

belo. Azevedo traz o contraste entre o Dias e o Raimundo, personagens que<br />

representam verdadeiramente as pessoas como são. O caixeiro não era tão bom<br />

quanto o Manoel Pescada pensava, ele tinha um único objetivo que era enriquecer<br />

e para isso seria capaz de tudo sem examinar, qualquer caminho desde que lhe<br />

parecesse mais curto; tudo servia, tudo era bom, contanto que o levasse mais<br />

rapidamente ao ponto desejado e Ana Rosa seria o caminho certo. Mas os<br />

sentimentos de Ana Rosa já estava comprometido pelo primo Raimundo:<br />

[...] Aquele rosto quente, de olhos sombrios, olhos feitos do azul do<br />

mar em dias de tempestade, aqueles lábios vermelhos e fortes,<br />

aqueles dentes mais brancos que as presas de uma fera<br />

impressionavam-na profundamente. “Que espécie de homem estaria<br />

ali...” ainda mais interessante o tornavam aos olhos dela. “Mas,<br />

afinal, quem seria certo aquele belo moço?...” E Ana Rosa deixava-<br />

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