A presença das ligas camponesas na região nordeste - USP

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12 XIX ENGA, São Paulo, 2009 SILVA, T. M. M. Croqui -1 Estado da Paraíba Fonte: http://www.santiagosiqueira.pro.br/mapas/brasil/estados_municipios/paraiba.JPG Assim como apresentado no croqui acima, Sapé situa-se na região da Zona da Mata (faixa litorânea), local onde predomína o cultivo da cana-de-açúcar. Segundo Novaes (1997), a cidade de Sapé destacava-se na região como uma das maiores produtoras de açúcar da Paraíba, sendo sede também de uma das mais influentes usina da região e do Estado, a Usina Santa Helena. Em meio a esse contexto é que João Pedro Teixeira, em 1958 juntamente com outros camponeses, fundariam a Associação de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé, conhecida como Liga Camponesa de Sapé. João Pedro de origem camponesa era filho de foreiros, quando jovem residiu nos arredores do município de Guarabira, cidade vizinha a Sapé. Nos anos posteriores sob a liderança de João Pedro a Liga Camponesa de Sapé, tornou-se um dos mais expressivos núcleos das Ligas no nordeste, desde a sua criação a Associação tinha a preocupação de conceder assistência e suporte ao camponês, conforme definia seu Estatuto:
A presença das ligas camponesas na região nordeste, pp. 1-29. A Associação de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas de Sapé tem por finalidade a prestação de assistência social aos arrendatários, assalariados, e pequenos proprietários agrícolas do município e áreas vizinhas, bem como a defesa de seus legítimos direitos de acordo com as leis do país. Estatuto da Liga Camponesa de Sapé. Capítulo I, artigo primeiro (apud NOVAES, 1997, p. 39). Como apresenta o Estatuto da Liga de Sapé, o movimento tinha um caráter assistencialista, o qual buscava atender não somente os associados da cidade , mas também, os demais associados nos arredores do município. Para Novaes (1997), essa assistência aos camponeses da região foi um dos grandes impulsores do movimento. Esse suporte concedido pela Liga do município, não restringia-se apenas a assistência médica, funerária ou alimentícia, mas também no que tange as pendência júridicas envolvendo foreiros e latifúndiários. Na comarca de Sapé (que envolve os municípios de Sapé e Mari) correm na justiça de trinta a cinquenta processos em torno de pendengas entre proprietários e camponeses. No ano de 1962 apenas uma única ação civil foi concluída, com vantangem para o proprietário (...) Mas de maneira geral, enquanto a ação não é concluída, a demora favorece o camponês, que deixa de pagar o foro ao proprietário, não pode ser expulso e, e geralmente, deposita seu foro em cartório e continua a colher os frutos da terra, sem dá o dia de trabalho ao patrão. Carneiro (apud NOVAES, 1997, p. 38). Novaes (1997), ressalta que por meio da Liga o Poder Judiciário tornou-se intermediador entre os camponeses e o Latifundiário. Portanto, sendo perceptível a evolução da área de atuação de Liga de Sapé, em meio a diferentes setores que operavam no município, expandindo assim, sua articulação não somente no campo sócio-político, mas no judiciário também. 13
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