A presença das ligas camponesas na região nordeste - USP
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XIX ENGA, São Paulo, 2009 SILVA, T. M. M.<br />
A linha do partido (PCB) – que definira isso no seu V Congresso (...)<br />
era a de conquistar a reforma agrária por etapas,sem radicalismos.<br />
Fazia parte de sua nova estratégia de “frente única”, que estimulava a<br />
aliança com a burguesia e até com latifundiários. O inimigo, entendia o<br />
PCB, era o “imperialismo americano”. A nova estratégia dos<br />
comunistas descartava a revolução pelas armas; clamava, agora, pela<br />
chamada “via pacífica”. (SANTIAGO, 2001, p. 30).<br />
Tor<strong>na</strong>-se evidente, assim, um dos pontos que enfraqueceram não somente o<br />
PCB, e as Ligas Camponesas, mas, boa parte dos movimentos de esquerda no Brasil<br />
nesse período, seus intensos debates de como deveria ser a Revolução Brasileira, bem<br />
como suas etapas, ou seja, seu caráter. O sociólogo Marcelo Ridenti, em seu livro “O<br />
Fantasma da Revolução Brasileira”, síntetiza muito bem esse contexto no título de um<br />
de seus capítulos o qual denomi<strong>na</strong> de “A constelação <strong>das</strong> esquer<strong>das</strong> brasileira”, a qual<br />
existe diversos movimentos que ao se fragmentarem em debates ideológicos,<br />
tor<strong>na</strong>ram-se cada vez mais suscetíveis a uma iminente derrota.<br />
Segundo Santiago (2001), as Ligas foram combati<strong>das</strong> por vários setores, e<br />
sofrendo agressões impunes por parte dos latifundiários <strong>na</strong> tentativa de obter a<br />
hegemonia sobre os camponeses, as Ligas entraram numa escalada de radicalização<br />
política e ideológica que as isolou ainda mais, criando assim uma dissidência ainda<br />
maior no movimento, e posteriormente o seu enfraquecimento, que ia de encontro aos<br />
interesses tanto da esquerda como da direita. “A partir de 1962, quando Goulart<br />
estimula a sindicalização no campo, numa tentativa de controlar a mobilização agrária,<br />
vamos assitir a um enfraquecimento cada vez maior <strong>das</strong> “<strong>ligas</strong>”. (Bastos, 1984, p. 104).<br />
A sindicalização rural foi o último acontecimento político importante no<br />
processo de transforamação do camponês em proletário. Entretanto,<br />
depois da fase excepicio<strong>na</strong>l <strong>das</strong> <strong>ligas</strong>, quando o proletariado parecia<br />
empenhado em definir um projeto político mais próximo de seus<br />
interesses, a sindicalização rural teve o caráter de uma reação<br />
moderadora. (IANNI, 1971, p. 143).<br />
Fragmenta<strong>das</strong> e enfraqueci<strong>das</strong> frente as diversas dissidências existentes em<br />
torno de si, o golpe militar de 1964 veio contextualizar a derrota efetiva deste<br />
movimento campesino. Estabelecendo-se assim, uma diminuição no ritmo dos debates<br />
que vinham desenvolvendo-se em torno da questão agrária no país, bem como <strong>das</strong><br />
relações que encontravam-se presentes no campo e as quais permeavam aquele<br />
cenário de luta contra a exclusão social, política e econômica imposta ao campesi<strong>na</strong>to<br />
brasileiro em especial, <strong>na</strong> <strong>região</strong> <strong>nordeste</strong>.