A presença das ligas camponesas na região nordeste - USP
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XIX ENGA, São Paulo, 2009 SILVA, T. M. M.<br />
intensa influência no cenário político. As Ligas Camponesas em meados de 1961,<br />
assumiam de forma efetiva uma postura mais radical no que diz respeito a questão e a<br />
sua percepção quanto a situação agrária no país.<br />
Para Bastos (1984), desde a desapropriação do Engenho Galiléia em 1959,<br />
principal vitória da Liga, sobretudo simbolicamente, mas nenhuma ação efetiva no que<br />
tange a conquista de novas terras ou no que implicasse <strong>na</strong> diminuição da<br />
concentração fundiária e a redistribuição de terras aos camponeses, se concretizou.<br />
Essa radicalização passou a tomar corpo sobretudo a partir do I Congresso<br />
Nacio<strong>na</strong>l de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas em 1961 (Congresso de Belo-<br />
Horizonte-MG). Azevêdo (1982), caracteriza esse momento entre 1960 e 1961 <strong>na</strong><br />
dissidência <strong>das</strong> Ligas Camponesas com o PCB, como um processo de<br />
amadurecimento ideológico <strong>das</strong> Ligas frente as questões políticas e estruturais que<br />
permeavam o cenário <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, havendo como palavra de ordem a reforma agrária<br />
radical e uma outra leitura acerca do cenário agrário presente no país.<br />
Ainda conforme Azevêdo, o PCB e a União dos Lavradores e Trabalhadores<br />
Agrícolas do Brasil-ULTAB, organizadores do evento, durante o congresso tiveram<br />
alguns desentendimentos políticos e ideológicos com a Liga Camponesa, saindo o PCB<br />
e a ULTAB derrotados neste congresso, frente ao apoio conquistado pelas Ligas<br />
Camponesas, no que se refere a uma maior radicalização em detrimento de uma<br />
posição mais moderada e institucio<strong>na</strong>l adotada pelo PCB. “Desses atritos resulta que,<br />
desde 1961, rompe-se a unidade tática do movimento camponês, unidade proposta<br />
pela ULTAB e buscada durante anos de trabalho e arregimentação camponesa”.<br />
(Bastos, 1984, p. 100).<br />
No documento declarado em Belo-Horizonte apresentam-se alguns pontos<br />
relevantes da situação agrária do país e, sobretudo acerca do posicio<strong>na</strong>mento<br />
ideológico tomado pela Liga, como destacado a seguir:<br />
As massas <strong>camponesas</strong> oprimi<strong>das</strong> e explora<strong>das</strong> de nosso país reuni<strong>das</strong><br />
em seu I Congresso Nacio<strong>na</strong>l, vêm, por meio desta Declaração,<br />
manifestar a sua decisão i<strong>na</strong>balável de lutar por uma reforma agrária<br />
radical. Uma tal reforma <strong>na</strong>da tem a ver com as medi<strong>das</strong> paliativas<br />
propostas pelas forças retrógra<strong>das</strong> da Nação, cujo objetivo é adiar por<br />
mais algum tempo a liquidação da propriedade latifundiária. A bandeira<br />
da reforma agrária radical é a única bandeira capaz de unir e organizar<br />
as forças <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is que desejam o bem-estar e a felicidade <strong>das</strong> massas<br />
trabalhadoras rurais e o progresso do Brasil.