19.04.2013 Views

A presença das ligas camponesas na região nordeste - USP

A presença das ligas camponesas na região nordeste - USP

A presença das ligas camponesas na região nordeste - USP

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

6<br />

XIX ENGA, São Paulo, 2009 SILVA, T. M. M.<br />

mudança no caráter do movimento, deixando este de ser um movimento ape<strong>na</strong>s<br />

assistencialista as peque<strong>na</strong>s causas locais dos camponeses, para tor<strong>na</strong>r-se um<br />

movimento de atuação e de possíveis mudanças em esfera mais representativa e<br />

influente.<br />

“Através da luta judicial, os “galileus” tor<strong>na</strong>ram-se conhecidos do grande público,<br />

ganhando espaço mesmo <strong>na</strong> imprensa <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l”. (Bastos, 1984, p. 20). O ato teve<br />

repercussão em âmbito <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, tendo um editorial no jor<strong>na</strong>l O Estado de São Paulo,<br />

em 18 de Fevereiro de 1960 com o seguinte título.<br />

Editorial: Demagogia e Extremismo:<br />

“Ao criticarmos, não faz ainda muitos dias, a absurda iniciativa do<br />

gover<strong>na</strong>dor Cid Sampaio, de desapropriar as terras do Engenho<br />

Galiléia para, num ilícito e violento golpe no princípio da propriedade,<br />

distribuí-las aos empregados daquela empresa, prevíamos o que disso<br />

poderia resultar. A violência seria como foi, considerada uma conquista<br />

<strong>das</strong> Ligas Camponesas, e acenderia a ambição dos demais<br />

campesinos assalariados, desejosos de favores idênticos (...). O<br />

movimento ganhará novas proporções, atingindo as classes proletárias<br />

<strong>das</strong> cidades, com invasão de ofici<strong>na</strong>s, com o apossamento violento <strong>das</strong><br />

fábricas, com assaltos a casas de residências, com depredações de<br />

bancos e estabelecimentos comerciais. A revolução é assim. E o que,<br />

com sua cegueira, o Governo per<strong>na</strong>mbucano incentivou foi à<br />

revolução”. (Jor<strong>na</strong>l: O Estado de São Paulo 18 de Fevereiro de 1960<br />

(primeiro caderno) apud SANTIAGO, 2001, p. 28).<br />

Neste contexto de crítica, de conquista e resistência, as Ligas Camponesas se<br />

fortaleceram dispondo agora de uma relevante vitória no plano jurídico e sócio-político<br />

frente ao latifúndio.<br />

Para Santiago (2001), a dimensão do exagero presente no editorial expressava<br />

o pensamento de muitas pessoas, pois as Ligas além de disporem agora de uma vitória<br />

no campo jurídico e político, também dispunham de uma vitória no plano simbólico, fato<br />

que expressou uma inversão de forças e de posição, entre o latifundiário e o<br />

campesi<strong>na</strong>to, sendo que nunca este último havia levado adiante suas reivindicações.<br />

Conforme Toledo (1982), no fi<strong>na</strong>l dos anos 50, houve uma intensa politização<br />

dos movimentos de trabalhadores do campo formando-se assim um novo momento da<br />

História Política do Brasil. Para Bastos (1984), alguns fatores contribuíram para que o<br />

movimento se expandisse rapidamente, não só no Engenho Galiléia, mas em outras<br />

regiões, dentre eles deve-se ao fato de sua base social – o foreiro – representar uma<br />

categoria social, ameaçada e em extinção, frente à crescente expansão do latifúndio<br />

sobre as peque<strong>na</strong>s propriedades e as produções de subsistência. De acordo com Ianni<br />

(1971), ao passo que as reivindicações dos trabalhadores rurais foram se

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!