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Concepção e imortalidade da alma em Platão ... - Mirabilia

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COSTA, Ricardo <strong>da</strong> (coord.). <strong>Mirabilia</strong> 11<br />

T<strong>em</strong>po e Eterni<strong>da</strong>de na I<strong>da</strong>de Média<br />

Ti<strong>em</strong>po y Eterni<strong>da</strong>d en la E<strong>da</strong>d Media – Time and Eternity in the Middle Ages<br />

Jun-Dez 2010/ISSN 1676-5818<br />

fun<strong>da</strong>mental para as primeiras teorias do pensar humano, como <strong>em</strong> Tales,<br />

Anaxímenes, Heráclito, Pitágoras e Empédocles. Contudo, um ponto áureo de<br />

desenvolvimento conceitual <strong>da</strong> <strong>alma</strong> foi trazido por Sócrates e desenvolvido<br />

sist<strong>em</strong>aticamente no platonismo.<br />

<strong>Platão</strong> 4 nasceu na ci<strong>da</strong>de grega de Atenas, no ano 427 a.C, filho de Aríston,<br />

um nobre grego, o que possibilitou que pudesse receber uma educação de alta<br />

quali<strong>da</strong>de para os padrões <strong>da</strong> época. Foi discípulo de Crátilo, Heráclito (que o<br />

iniciou na Filosofia) e depois Sócrates. Após a condenação e morte de<br />

Sócrates, <strong>em</strong> 399 a. C., <strong>Platão</strong> fez muitas viagens, conheceu pensadores e<br />

elaborou obras que tratam de vários âmbitos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do ser humano e se<br />

voltou ao estudo do hom<strong>em</strong>, visto que este é a sua <strong>alma</strong>. Faleceu por volta de<br />

347 a. C.<br />

Sócrates delineou seu pensar <strong>em</strong> torno do hábito de reconhecer sua ignorância<br />

e, nesse ponto, de busca <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de do conhecimento, <strong>Platão</strong> formula a<br />

tese central de sua teoria, de que o conhecer é, para a <strong>alma</strong>, uma r<strong>em</strong>iniscência<br />

<strong>da</strong>s Idéias já conheci<strong>da</strong>s antes de encarnar no corpo. Para tanto, o Ateniense<br />

usa de alguns mitos que visam explicitar que as <strong>alma</strong>s conhec<strong>em</strong> fora do<br />

corpo, ao cont<strong>em</strong>plar os modelos perfeitos, as Idéias 5 . Segundo o modo de<br />

cont<strong>em</strong>plação, existe a possibili<strong>da</strong>de de as <strong>alma</strong>s encarnar<strong>em</strong>, de forma que se<br />

esquece o que foi cont<strong>em</strong>plado no mundo ideal, o que torna o conhecimento<br />

humano uma busca interior pelo saber, uma tentativa <strong>da</strong> <strong>alma</strong> de l<strong>em</strong>brar o<br />

que já fora cont<strong>em</strong>plado.<br />

Além de aderir e aprimorar a teoria <strong>da</strong> met<strong>em</strong>psicose 6 , <strong>Platão</strong> formula a<br />

necessi<strong>da</strong>de de o hom<strong>em</strong> exercer o cui<strong>da</strong>do <strong>da</strong> <strong>alma</strong>. Para ele, o corpo é uma<br />

4<br />

“Seu ver<strong>da</strong>deiro nome era Aristocles. O apelido ‘<strong>Platão</strong>’, sob o qual o filósofo adentrou a<br />

<strong>imortali<strong>da</strong>de</strong>, ele recebeu <strong>em</strong> razão de sua avantaja<strong>da</strong> condição física [...] De sua índole,<br />

Aristóteles nos conta que ele teria sido melancólico”. In: KELSEN, Hans. A ilusão <strong>da</strong> justiça.<br />

São Paulo: Martins Fontes, 1998, p. 69. No presente trabalho tratarmos de <strong>Platão</strong>, além do<br />

nome próprio, como Filósofo ou também como Ateniense, devido a ci<strong>da</strong>de <strong>em</strong> que nasceu.<br />

5<br />

“De modo algum as idéias para o autor dos Diálogos representam noções abstratas<br />

meramente intencionais. Até ali a questão se encontra hoje fora de dúvi<strong>da</strong>; efetivamente, as<br />

idéias de <strong>Platão</strong> foram entendi<strong>da</strong>s por ele como reais. Assim como Deus é entendido como<br />

uma espécie de idéia real, <strong>Platão</strong> concebeu a to<strong>da</strong>s as idéias como reais, com a diferença<br />

que elas são muitas, ain<strong>da</strong> que tendo uma certa hierarquia”. In: PAULI, Evaldo. O Divino<br />

<strong>Platão</strong>. Florianópolis: Fun<strong>da</strong>ção Cultural Simpozio, 1997, p. 59.<br />

6<br />

“Existe stricto sensu uma diferença sensível entre reencarnação e met<strong>em</strong>psicose. A primeira<br />

diz-se <strong>em</strong> grego (enzomátosis), ‘enzomatse’, é a reassunção pela <strong>alma</strong> de um novo corpo<br />

humano; a segun<strong>da</strong> (met<strong>em</strong>psykhosis), ‘met<strong>em</strong>psicose’, é a transmigração <strong>da</strong> <strong>alma</strong> para um<br />

outro corpo, humano, animal ou até mesmo vegetal”. In: BRANDÃO, Junito de Souza.<br />

Mitologia Grega: Vol II. Petrópolis: Vozes, 1991, p. 160.<br />

19

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