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Concepção e imortalidade da alma em Platão ... - Mirabilia

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COSTA, Ricardo <strong>da</strong> (coord.). <strong>Mirabilia</strong> 11<br />

T<strong>em</strong>po e Eterni<strong>da</strong>de na I<strong>da</strong>de Média<br />

Ti<strong>em</strong>po y Eterni<strong>da</strong>d en la E<strong>da</strong>d Media – Time and Eternity in the Middle Ages<br />

Jun-Dez 2010/ISSN 1676-5818<br />

contrário se converte no seu oposto, a <strong>alma</strong>, como portadora <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, não<br />

pode receber <strong>em</strong> si a morte, logo, segue o raciocínio, é imortal.<br />

No tocante a forma de exposição platônica, pode-se tentar buscar qual a<br />

religião do Filósofo, se existe a postulação de uma crença religiosa por parte<br />

do Ateniense. Contudo, <strong>Platão</strong> apenas reproduziu a forma religiosa vigente,<br />

talvez elevando a reflexão sobre questões referentes a Deus, mas na<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

nível filosófico. O Filósofo propõe uma reflexão racional s<strong>em</strong> abandonar o<br />

traço religioso, de forma que <strong>em</strong> vários diálogos contém segui<strong>da</strong>s referências<br />

aos deuses, como guias ou auxiliares <strong>da</strong> discussão.<br />

Mas há um el<strong>em</strong>ento racional forte que também permeia a filosofia platônica,<br />

que torna possível a forma de abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> dos probl<strong>em</strong>as: o método <strong>da</strong><br />

dialética. <strong>Platão</strong> não apresenta uma explicação detalha<strong>da</strong> e <strong>em</strong>basa<strong>da</strong> do<br />

método, o que ele faz é utilizar-se desse procedimento para busca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de,<br />

o que acontece de forma genérica, s<strong>em</strong> plena justificação, o que não tira a<br />

vali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> forma de raciocinar. 115<br />

Contudo, por sua concepção dualista que sugere um mundo metafísico real,<br />

<strong>Platão</strong> pode ser considerado um autor idealista, <strong>em</strong>bora sua filosofia tenha um<br />

forte caráter ético. O fato de a <strong>alma</strong> constituir a essência do hom<strong>em</strong> torna a<br />

vi<strong>da</strong> terrena um exercício <strong>da</strong> virtude <strong>em</strong> vista <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de presente e futura.<br />

Assim, pois, <strong>imortali<strong>da</strong>de</strong> <strong>da</strong> psyche é, também, horizonte <strong>da</strong> ética, pois, a<br />

existência de castigos e recompensas pós-morte corpórea, implicam na<br />

necessi<strong>da</strong>de para o hom<strong>em</strong> de almejar o b<strong>em</strong> futuro e fazer com que sua <strong>alma</strong>,<br />

imortal, possa gozar de prêmios póstumos.<br />

<strong>Platão</strong> não propõe uma teoria subjetivista que reduza o indivíduo à sua<br />

vivência pessoal. O exercício <strong>da</strong>s virtudes, que se dá no Estado, é t<strong>em</strong>a<br />

corrente na filosofia do Ateniense, pois, como sua reflexão foi impulsiona<strong>da</strong><br />

por uma falha governamental, o julgamento e condenação de Sócrates, ele<br />

amplia o caráter ético para a vivência na Polis. 116 O pensamento filosófico não<br />

115<br />

“Quando se aceita um raciocínio como ver<strong>da</strong>deiro, s<strong>em</strong> conhecer a arte de raciocinar,<br />

acontece que, depois, parece falso, seja falso ou não, e totalmente diferente”. In: PLATÃO.<br />

Fédon. op. cit., p. 157.<br />

116<br />

“Em primeiro lugar, para os gregos, o hom<strong>em</strong> só podia realizar-se como tal através do<br />

conhecimento de si mesmo e de seu mundo, portanto mediante a busca <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de <strong>em</strong><br />

todos os domínios que lhe dissess<strong>em</strong> respeito. Em segundo lugar, o hom<strong>em</strong> só podia<br />

realizar-se como tal na vi<strong>da</strong> <strong>em</strong> comuni<strong>da</strong>de, na polis. A República de <strong>Platão</strong> é a expressão<br />

máxima <strong>da</strong> estreita ligação que os gregos estabeleciam entre a formação dos indivíduos e a<br />

vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de; e a afirmação de Aristóteles de que o hom<strong>em</strong> é por natureza um<br />

animal político t<strong>em</strong> o mesmo significado”. In: ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de<br />

Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998.<br />

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