19.04.2013 Views

produção estratégica de alimentos para a pecuária familiar

produção estratégica de alimentos para a pecuária familiar

produção estratégica de alimentos para a pecuária familiar

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Governo do Estado<br />

do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />

PRODUÇÃO ESTRATÉGICA DE<br />

ALIMENTOS PARA A PECUÁRIA<br />

FAMILIAR NO SEMIÁRIDO:<br />

ALTERNATIVAS PARA A<br />

FORMULAÇÃO DE RAÇÕES NA<br />

PRÓPRIA FAZENDA<br />

GUILHERME FERREIRA DA COSTA LIMA<br />

JOSÉ GERALDO MEDEIROS DA SILVA<br />

FERNANDO VIANA NOBRE<br />

HILTON FELIPE MARINHO BARRETO<br />

01<br />

ISSN 1983-280 X<br />

Ano 2009


GOVERNADORA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE<br />

WILMA MARIA DE FARIA<br />

SECRETÁRIO DA AGRICULTURA, DA PECUÁRIA E DA PESCA<br />

FRANCISCO DAS CHAGAS AZEVEDO<br />

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DO RIO GRANDE NORTE<br />

DIRETORIA EXECUTIVA DA EMPARN<br />

DIRETOR PRESIDENTE<br />

HENRIQUE EUFRÁSIO DE SANTANA JUNIOR<br />

DIRETOR DE PESQUISA & DESENVOLVIMENTO<br />

MARCONE CÉSAR MENDONÇA DAS CHAGAS<br />

DIRETOR DE OPERAÇÕES ADM. E FINANCEIRAS<br />

AMADEU VENÂNCIO DANTAS FILHO<br />

INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL DO RN<br />

DIRETORIA EXECUTIVA DA EMATER-RN<br />

DIRETOR GERAL<br />

LUIZ CLÁUDIO SOUZA MACEDO<br />

DIRETOR TÉCNICO<br />

MÁRIO VARELA AMORIM<br />

DIRETOR DE ADM. RECURSOS HUMANOS E FINANCEIROS<br />

CÍCERO ALVES FERNANDES NETO


PRODUÇÃO ESTRATÉGICA DE<br />

ALIMENTOS PARA A PECUÁRIA<br />

FAMILIAR NO SEMIÁRIDO:<br />

ALTERNATIVAS PARA A<br />

FORMULAÇÃO DE RAÇÕES NA<br />

PRÓPRIA FAZENDA<br />

GUILHERME FERREIRA DA COSTA LIMA<br />

JOSÉ GERALDO MEDEIROS DA SILVA<br />

FERNANDO VIANA NOBRE<br />

HILTON FELIPE MARINHO BARRETO<br />

ISSN 1983-280 X<br />

Ano 2009


PRODUÇÃO ESTRATÉGICA DE ALIMENTOS PARA A PECUÁRIA FAMILIAR NO<br />

SEMIÁRIDO: ALTERNATIVAS PARA A FORMULAÇÃO DE RAÇÕES NA PRÓPRIA<br />

FAZENDA<br />

EXEMPLARES DESTA PUBLICAÇÃO PODEM SER ADQUIRIDOS<br />

EMPARN - Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agro<strong>pecuária</strong> do RN<br />

UNIDADE DE DISPONIBILIZAÇÃO E APROPRIAÇÃO DE TECNOLOGIAS<br />

AV. JAGUARARI, 2192 - LAGOA NOVA - CAIXA POSTAL: 188<br />

59062-500 - NATAL-RN<br />

Fone: (84) 3232-5858 - Fax: (84) 3232-5868<br />

www.emparn.rn.gov.br - E-mail: emparn@rn.gov.br<br />

COMITÊ EDITORIAL<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Maria <strong>de</strong> Fátima Pinto Barreto<br />

Secretária-Executiva: Vitória Régia Moreira Lopes<br />

Membros<br />

Aldo Arnaldo <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />

Amilton Gurgel Guerra<br />

Leandson Roberto Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lucena<br />

Marciane da Silva Maia<br />

Marcone César Mendonça das Chagas<br />

Terezinha Lúcia dos Santos Fernan<strong>de</strong>s<br />

Revisor <strong>de</strong> texto: Maria <strong>de</strong> Fátima Pinto Barreto<br />

Normalização bibliográfi ca: Biblioteca Central Zila Mame<strong>de</strong> – UFRN<br />

Editoração eletrônica: Giovanni Cavalcanti Barros (www.giovannibarros.eti.br)<br />

1ª Edição<br />

1ª impressão (2009): tiragem - 2.500<br />

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS<br />

A re<strong>produção</strong> não-autorizada <strong>de</strong>sta publicação, no todo ou em parte,<br />

constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).<br />

Divisão <strong>de</strong> Serviços Técnicos<br />

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mame<strong>de</strong><br />

Holanda, José Simplício <strong>de</strong>.<br />

Cultivo do coqueiro no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte / José Simplício <strong>de</strong> Holanda,<br />

Maria Cléa Santos Alves, Marcone César Mendonça das Chagas. – Natal, RN:<br />

EMPARN, 2008.<br />

27 p. – (Sistemas <strong>de</strong> <strong>produção</strong>; 1)<br />

ISSN: 1983-280-X<br />

1. Cultura do coco. 2. Produção <strong>de</strong> coco. 3. Manejo do coco. 4. Sanida<strong>de</strong>.<br />

I. Alves, Maria Cléa Santos. II. Chagas, Marcone César Mendonça das. III. Titulo.<br />

IV. Série.<br />

CDD 634.6<br />

RN/UF/BCZM CDU 633.528


SUMÁRIO<br />

1. APRESENTAÇÃO .............................................................................. 7<br />

2. INTRODUÇÃO ................................................................................ 9<br />

3. PECUÁRIA LEITEIRA NO RIO GRANDE DO NORTE ....................... 12<br />

4. O PROBLEMA DO ALTO CUSTO DOS CONCENTRADOS<br />

COMERCIAIS ................................................................................... 13<br />

5. REQUERIMENTOS DE VOLUMOSOS E CONCENTRADOS ............ 14<br />

6. OS ALIMENTOS CONCENTRADOS ................................................ 18<br />

7. A MANDIOCA ................................................................................ 19<br />

8. SORGO GRANÍFERO E DE DUPLA APTIDÃO ................................. 26<br />

9. PALMA FORRAGEIRA ...................................................................... 29<br />

10. MANEJO DE CACTÁCEAS NATIVAS ............................................... 38<br />

11. GIRASSOL ...................................................................................... 42<br />

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 43<br />

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................... 45<br />

14. ANEXOS ....................................................................................... 48


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

APRESENTAÇÃO<br />

A água é um bem natural essencial a sobrevivência dos seres<br />

vivos. Trata-se <strong>de</strong> um recurso renovável em seu ciclo natural, mas<br />

um bem fi nito, pois suas reservas são limitadas. O uso irracional<br />

e irresponsável da água po<strong>de</strong> comprometer a vida no planeta.<br />

Por isso, é imprescindível a conscientização da população sobre<br />

a importância do seu uso sustentável.<br />

A agricultura é o setor que mais consome água entre todas<br />

as ativida<strong>de</strong>s humanas e é imperativo sensibilizar os produtores<br />

rurais, os técnicos, multiplicadores, estudantes, extensionistas<br />

e pesquisadores em relação ao respeito à utilização correta das<br />

reservas <strong>de</strong> água. Precisamos garantir a preservação das reservas<br />

aqüíferas <strong>para</strong> que as gerações futuras não sofram com a<br />

escassez <strong>de</strong> água.<br />

Isso se faz, entre outras ações, levando conhecimento e<br />

educação <strong>para</strong> junto da população, <strong>para</strong> que <strong>de</strong>senvolvam uma<br />

nova consciência não só da importância da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água<br />

disponível, mas também da sua qualida<strong>de</strong>. São gestos simples<br />

que precisam se transformar em práticas usuais, como evitar o<br />

<strong>de</strong>sperdício, não usar venenos nas plantações, armazenar água da<br />

chuva corretamente e proteger as nascentes e as matas ciliares.<br />

O Governo do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte através da Empresa<br />

<strong>de</strong> Pesquisa Agro<strong>pecuária</strong> do RN – EMPARN e do Instituto <strong>de</strong><br />

Assistência Técnica e Extensão Rural do RN – EMATER, afi liadas da<br />

Secretaria da Agricultura, da Pecuária e da Pesca – SAPE, contando<br />

com o apoio <strong>de</strong> diversos outros parceiros, promovem em 2009 o<br />

VI Circuito <strong>de</strong> Tecnologias Adaptadas <strong>para</strong> a Agricultura Familiar.<br />

7


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

O tema <strong>de</strong>sse ano é: Conservar os Recursos Naturais do Semiárido<br />

Gerando Renda e Mais Alimentos. Este Circuito se propõe,<br />

além <strong>de</strong> ações diretamente relacionadas com a conservação da<br />

água, disponibilizar tecnologias <strong>para</strong> a conservação do solo, outro<br />

problema <strong>para</strong> a ativida<strong>de</strong> agro<strong>pecuária</strong>, principalmente <strong>para</strong> os<br />

pequenos agricultores <strong>familiar</strong>es.<br />

Esse tema foi <strong>de</strong>senvolvido baseado na Declaração Universal<br />

dos Direitos da Água, documento <strong>de</strong> 1992 da ONU, que<br />

preconiza: “A água não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sperdiçada, nem poluída,<br />

nem envenenada. De maneira geral, sua utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser feita<br />

com consciência e discernimento <strong>para</strong> que não se chegue a uma<br />

situação <strong>de</strong> esgotamento ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração da qualida<strong>de</strong> das<br />

reservas atualmente disponíveis.<br />

Muito obrigado pela sua presença.<br />

Henrique Eufrásio <strong>de</strong> Santana Júnior<br />

Diretor Presi<strong>de</strong>nte da EMPARN<br />

Luiz Cláudio <strong>de</strong> Souza Macedo<br />

Diretor Geral da EMATER<br />

8


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

INTRODUÇÃO<br />

No semiárido nor<strong>de</strong>stino a <strong>pecuária</strong> historicamente tem<br />

representado um importante fator <strong>de</strong> segurança alimentar e<br />

econômica <strong>para</strong> os agricultores <strong>familiar</strong>es da região. A criação <strong>de</strong><br />

bovinos, caprinos, ovinos, suínos e aves, isolada ou conjuntamente,<br />

representou e representa nos sertões, uma signifi cativa forma <strong>de</strong><br />

acumulação <strong>de</strong> riqueza ou poupança <strong>de</strong>sses produtores.<br />

Em função <strong>de</strong> sua maior resistência à seca, quando<br />

com<strong>para</strong>da às explorações agrícolas, a <strong>pecuária</strong> tem se constituído<br />

num dos principais fatores <strong>para</strong> a garantia da geração <strong>de</strong> emprego<br />

e renda na região. No entanto, <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> variação na<br />

oferta <strong>de</strong> forragens nos períodos <strong>de</strong> chuva e <strong>de</strong> seca e a limitada<br />

área dos estabelecimentos rurais, o <strong>de</strong>sempenho produtivo dos<br />

rebanhos é baixo, principalmente, em função da redução da<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>alimentos</strong> no período seco.<br />

A <strong>pecuária</strong> tem condições <strong>de</strong> representar o eixo principal<br />

dos sistemas <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>familiar</strong> no semiárido, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se<br />

estruture um suporte alimentar, que garanta reservas <strong>para</strong> o<br />

período seco e, <strong>de</strong>ssa forma, permita aos criadores manejarem<br />

rebanhos maiores, mesmo em pequenas proprieda<strong>de</strong>s, gerando<br />

uma escala <strong>de</strong> <strong>produção</strong> que assegure renda e lucros.<br />

No entanto, quando se procura discutir a viabilida<strong>de</strong><br />

econômica <strong>de</strong>sses sistemas <strong>de</strong> <strong>produção</strong> pecuários, alguns<br />

problemas <strong>de</strong>vem merecer atenção especial, entre eles:<br />

• A pequena área das proprieda<strong>de</strong>s;<br />

• A escassez <strong>de</strong> <strong>alimentos</strong> no longo período seco (7 a 8<br />

meses);<br />

9


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

• A disputa por área com a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>alimentos</strong>;<br />

• O alto custo dos concentrados comerciais;<br />

• A alta participação dos <strong>alimentos</strong> na composição do custo <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong> do leite (> 50%);<br />

• As <strong>de</strong>fi ciências <strong>de</strong> gestão e assistência técnica dos sistemas;<br />

• A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção das áreas com restrição ou inaptas<br />

<strong>para</strong> a agricultura;<br />

• A garantia <strong>de</strong> estruturar sistemas <strong>de</strong> <strong>produção</strong> sustentáveis<br />

econômica, social e ambientalmente.<br />

Guanziroli et al. (2001) relatam que 88% dos estabelecimentos<br />

agropecuários do Nor<strong>de</strong>ste são <strong>de</strong> agricultores <strong>familiar</strong>es,<br />

possuindo uma área média <strong>de</strong> apenas 17 ha, cujos rebanhos<br />

representam a principal forma <strong>de</strong> poupança disponível aos<br />

produtores e constituem fator <strong>de</strong> segurança indispensável à<br />

sobrevivência da população local.<br />

De acordo com Guimarães Filho e Lopes (2001), nas áreas<br />

mais secas do semiárido são necessários pelo menos <strong>de</strong> 200 a 300<br />

hectares, <strong>para</strong> manter em condições semiextensivas, um rebanho<br />

caprino <strong>de</strong> corte com 300 matrizes. Segundo esses autores, esse<br />

número representa o rebanho mínimo estimado <strong>de</strong> matrizes <strong>para</strong><br />

viabilizar a re<strong>produção</strong> e a acumulação dos meios <strong>de</strong> <strong>produção</strong><br />

<strong>de</strong> uma família na região. Apontam ainda esses pesquisadores,<br />

que no semiárido nor<strong>de</strong>stino apenas 16% (16 milhões <strong>de</strong> hectares)<br />

das áreas apresentam bom potencial agrícola, 44% (43 milhões<br />

<strong>de</strong> hectares) têm potencial agrícola limitado e 36% (35 milhões<br />

<strong>de</strong> hectares) são áreas com<br />

fortes restrições <strong>de</strong> uso ou<br />

mesmo inaptas <strong>para</strong> a ativida<strong>de</strong><br />

agro<strong>pecuária</strong>.<br />

Áreas <strong>de</strong> caatinga <strong>de</strong>gradadas<br />

10


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Os confl itos existentes entre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incrementar a<br />

escala <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, aumentando os rebanhos e os impedimentos<br />

ou limitações da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>para</strong> formação e manejo<br />

<strong>de</strong> pastagens, só po<strong>de</strong>m ser enfrentados por intermédio da<br />

intensifi cação dos processos <strong>de</strong> <strong>produção</strong>.<br />

Para Guimarães Filho e Lopes (2001) é possível uma família<br />

viver condignamente em três hectares com cultivo irrigado. No<br />

entanto, eles lembram que apenas cerca <strong>de</strong> 2% da área total do<br />

semiárido dispõe <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> solo e água <strong>para</strong> tal.<br />

É importante também consi<strong>de</strong>rar que os sistemas <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong> da agricultura <strong>familiar</strong> no semiárido são bastante<br />

diversifi cados e, muitas vezes, a <strong>pecuária</strong> se constitui apenas<br />

em uma das ativida<strong>de</strong>s formadoras da renda <strong>familiar</strong>. Por isso,<br />

são importantes os estudos atuais sobre a integração lavoura<br />

vs. <strong>pecuária</strong>, e mesmo aqueles sistemas mais complexos que<br />

integram conjuntamente as explorações agrícolas, <strong>pecuária</strong>s e<br />

fl orestais (agrosilvipastoris). A integração e mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong><br />

vários sistemas, envolvendo animais e plantas na agricultura<br />

<strong>familiar</strong>, são fundamentais <strong>para</strong> a segurança alimentar e<br />

econômica <strong>de</strong>sses produtores, assim como são mais adaptados<br />

a um manejo ecológico e sustentável, numa região reconhecida<br />

por sua fragilida<strong>de</strong> e até por áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertifi cação.<br />

Reconhecida a importância da <strong>pecuária</strong> como ativida<strong>de</strong> capaz<br />

<strong>de</strong> gerar emprego e renda <strong>para</strong> a agricultura <strong>familiar</strong> no semiárido,<br />

conservando o meio ambiente, torna-se necessário conhecer os<br />

principais problemas que afetam a viabilida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong>sses<br />

sistemas <strong>de</strong> <strong>produção</strong>.<br />

11


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

3. PECUÁRIA LEITEIRA NO RIO GRANDE DO NORTE<br />

Os exemplos apresentados nesta apostila são, na sua maioria,<br />

voltados à <strong>pecuária</strong> leiteira, uma vez que essa é uma ativida<strong>de</strong><br />

predominante no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte.<br />

O Programa do Leite do Governo Estadual, em execução há<br />

quase 15 anos, que compra cerca <strong>de</strong> 150 mil l/dia e distribui a<br />

famílias carentes, tem proporcionado um preço <strong>de</strong> leite <strong>para</strong> os<br />

produtores do Estado da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> R$ 0,65 a 0,70/l, além <strong>de</strong> tornarse<br />

importante fator <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego e renda no meio<br />

rural. Vale salientar que esses preços variam muito em função<br />

da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pastagens (seca ou chuva), do mercado <strong>de</strong><br />

queijos artesanais e <strong>de</strong> outras <strong>de</strong>mandas.<br />

O Programa melhorou a qualida<strong>de</strong> genética dos rebanhos,<br />

os produtores adquiriram novos conhecimentos técnicos, as<br />

proprieda<strong>de</strong>s melhoraram sua estrutura e os reflexos estão<br />

expressos na <strong>produção</strong> estadual <strong>de</strong> 500 mil litros/dia. Deve ser<br />

ressaltado que a ativida<strong>de</strong> gerou a estruturação <strong>de</strong> 27 usinas <strong>de</strong><br />

leite, distribuídas nas diferentes regiões, que são responsáveis<br />

pelo processamento do produto e subprodutos da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

laticínios. O Estado tem hoje um rebanho bovino da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

900 mil cabeças.<br />

As tendências <strong>de</strong> especialização dos produtores <strong>de</strong>correm<br />

também das mudanças que estão ocorrendo no sistema <strong>de</strong> <strong>produção</strong> e<br />

captação <strong>de</strong> leite, principalmente com a implementação da Normativa<br />

51 e da obrigatorieda<strong>de</strong> da coleta a granel <strong>de</strong> produto refrigerado por<br />

parte dos maiores laticínios. Nesse contexto, as mudanças po<strong>de</strong>rão<br />

promover o <strong>de</strong>saparecimento do pequeno produtor <strong>de</strong> leite, se não<br />

lhes forem disponibilizadas as informações e o acesso ao conhecimento<br />

tecnológico <strong>de</strong> forma prática, direta e com tecnologias adaptadas aos<br />

sistemas <strong>de</strong> criação da agricultura <strong>familiar</strong> da região.<br />

12


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

4. O PROBLEMA DO ALTO CUSTO DOS CONCENTRADOS<br />

COMERCIAIS<br />

Alguns levantamentos recentes efetuados pela EMATER-RN e<br />

SEBRAE-RN apontaram <strong>para</strong> custos médios <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite<br />

no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, <strong>de</strong> R$ 0,85/l <strong>para</strong> o leite bovino e R$ 1,35/l<br />

<strong>para</strong> o leite caprino. Quando se tem conhecimento que os preços<br />

médios do leite recebidos pelos produtores nos últimos meses no<br />

Estado, têm sido <strong>de</strong>, respectivamente, R$ 0,70/l e R$ 1,00/l, constatase<br />

que esses produtores estão tendo prejuízo na ativida<strong>de</strong>.<br />

Em função da falta <strong>de</strong> planejamento na <strong>produção</strong> e<br />

armazenamento <strong>de</strong> reservas forrageiras <strong>estratégica</strong>s <strong>para</strong> serem<br />

utilizadas no período seco, gran<strong>de</strong> parte dos agricultores <strong>familiar</strong>es<br />

recorre à utilização dos concentrados comerciais <strong>para</strong> manutenção<br />

<strong>de</strong> seus rebanhos. Muitos <strong>de</strong>sses concentrados (farelo <strong>de</strong> soja, farelo<br />

e torta <strong>de</strong> algodão, milho, farelo <strong>de</strong> trigo) ultrapassaram a barreira <strong>de</strong><br />

R$ 1,00/kg e mesmo os mais baratos superaram 0,50/kg, além do que,<br />

os preços dos importantes suplementos minerais alcançaram valores<br />

superiores a R$ 2,00/kg. Dessa forma fi ca praticamente impossível<br />

formular uma ração equilibrada <strong>para</strong> vacas <strong>de</strong> leite com custo inferior<br />

a R$ 0,70/kg. Alguns estudiosos <strong>de</strong>stacam que quando o preço <strong>de</strong><br />

1 kg <strong>de</strong> concentrado supera o preço <strong>de</strong> 1 kg <strong>de</strong> leite, a utilização<br />

<strong>de</strong>sses <strong>alimentos</strong> se torna inviável economicamente. Dessa forma,<br />

restaria a esses criadores duas opções, ou trabalhar com rebanhos<br />

com menores níveis <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, cujos requerimentos nutricionais<br />

possam ser atendidos quase que integralmente por volumosos<br />

(capins, leguminosas, fenos, silagens), ou tentar produzir a maioria<br />

<strong>de</strong>sses concentrados na própria fazenda.<br />

Levando-se em conta que a alimentação representa<br />

mais <strong>de</strong> 50% do custo da <strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite, toda a atenção<br />

do produtor <strong>de</strong>ve ser voltada à máxima efi ciência na<br />

<strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>alimentos</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> na própria fazenda.<br />

13


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Martins et al. (2004) <strong>de</strong>stacam que o item alimentação é<br />

o fator <strong>de</strong> <strong>produção</strong> mais oneroso <strong>de</strong>ntre aqueles responsáveis<br />

pelo custo operacional da ativida<strong>de</strong> leiteira. Segundo os<br />

autores, <strong>para</strong> minimizar esse custo, os produtores <strong>de</strong>vem lançar<br />

mão <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> forragens e sistemas <strong>de</strong><br />

alimentação mais efi cientes, que <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m menos mão <strong>de</strong> obra,<br />

investimentos e insumos, e ainda que promovam menor impacto<br />

ao meio ambiente.<br />

Alimentação mais <strong>de</strong> 50%<br />

do custo da <strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite<br />

5. REQUERIMENTOS DE VOLUMOSOS E CONCENTRADOS<br />

Quando se consi<strong>de</strong>ra, a título <strong>de</strong> exemplo, as necessida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> <strong>alimentos</strong> <strong>para</strong> um rebanho <strong>de</strong> 25 vacas leiteiras no semiárido<br />

(sem incluir as crias), com um período <strong>de</strong> seca <strong>de</strong> seis meses<br />

e consumo médio por vaca <strong>de</strong> 12 kg <strong>de</strong> matéria seca (MS)/<br />

dia, verifi ca-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong> ou compra <strong>de</strong> 54<br />

toneladas <strong>de</strong> matéria seca. Essa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria seca<br />

<strong>de</strong>verá ser atendida por intermédio dos volumosos (capins,<br />

silagens, fenos) e concentrados. Normalmente, por ser a parte<br />

da ração mais barata, a quantida<strong>de</strong> usual <strong>de</strong> volumosos situase<br />

entre 50 e 70% da matéria seca total da dieta, enquanto<br />

o concentrado é usado na proporção <strong>de</strong> 30 a 50%. Se, como<br />

acontece atualmente, os concentrados alcançam preços muito<br />

elevados, <strong>de</strong>ve-se procurar trabalhar com uma proporção <strong>de</strong><br />

60 a 70% <strong>de</strong> volumosos na composição da dieta, <strong>para</strong> tentar<br />

viabilizar economicamente a exploração leiteira. No exemplo<br />

citado, consi<strong>de</strong>rando-se a utilização <strong>de</strong> 30% <strong>de</strong> concentrados,<br />

14


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

o produtor precisaria produzir ou comprar cerca <strong>de</strong> 16 toneladas<br />

<strong>de</strong> <strong>alimentos</strong> concentrados, a um custo <strong>de</strong> aproximadamente R$<br />

11.200,00 (R$ 0,70/kg), <strong>para</strong> garantir uma alimentação equilibrada<br />

<strong>para</strong> suas vacas nos seis meses <strong>de</strong> seca.<br />

O plantio e manejo a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> forrageiras como a palma,<br />

o capim-elefante, o sorgo, a mandioca, os capins buff el e urocloa,<br />

a cana, a leucena e outras leguminosas, associados a práticas <strong>de</strong><br />

ensilagem, fenação e utilização <strong>de</strong> resíduos da agroindústria,<br />

representam uma sólida base <strong>para</strong> a implantação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong> pecuários <strong>para</strong> agricultores <strong>familiar</strong>es no semiárido.<br />

Para aqueles que são contrários ao cultivo <strong>de</strong> espécies<br />

forrageiras exóticas ou introduzidas no semiárido, torna-se<br />

importante lembrar que a alta <strong>produção</strong> obtida com o manejo<br />

<strong>de</strong>ssas espécies é capaz <strong>de</strong> permitir uma menor utilização dos<br />

pastos nativos, que normalmente são super pastejados, com áreas<br />

inclusive em processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertifi cação.<br />

“Enquanto são necessários em média 10 a 15 hectares <strong>de</strong><br />

vegetação <strong>de</strong> caatinga <strong>para</strong> manter um bovino adulto por ano, em<br />

apenas um hectare bem manejado e irrigado <strong>de</strong> capim-elefante<br />

ou palma forrageira, o produtor po<strong>de</strong> garantir a <strong>produção</strong> <strong>de</strong><br />

forragem <strong>para</strong> alimentar 20 vacas durante seis meses <strong>de</strong> seca”.<br />

Deve fi car claro ao criador que quanto melhor a forragem<br />

oferecida aos animais na forma ver<strong>de</strong>, fenada ou ensilada, menor<br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concentrados necessária <strong>para</strong> se atingir um<br />

<strong>de</strong>terminado nível <strong>de</strong> <strong>produção</strong>. O produtor também não po<strong>de</strong><br />

esquecer que mesmo utilizando volumosos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>,<br />

<strong>para</strong> vacas ou cabras <strong>de</strong> alta <strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite, a utilização <strong>de</strong><br />

concentrados é indispensável.<br />

15


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Pesquisas da Embrapa Gado <strong>de</strong> Leite indicam a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vacas alcançarem produções <strong>de</strong> 12,5 kg <strong>de</strong><br />

leite/dia apenas consumindo pastagens. No entanto, vale<br />

salientar que esses resultados só po<strong>de</strong>m ser obtidos em<br />

pastagens <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong>, bem adubadas e manejadas.<br />

Nos cálculos da Embrapa, essa pastagem permitiria a uma<br />

vaca <strong>de</strong> 500 kg, um consumo diário <strong>de</strong> 100 kg <strong>de</strong> pontas<br />

<strong>de</strong> capim (13,5 kg MS/2,7% do peso vivo (PV) na base MS),<br />

por ser uma rebrota nova e rica, com cerca <strong>de</strong> 14% PB e<br />

65% <strong>de</strong> Nutrientes Digestíveis Totais (NDT), que garantiriam<br />

quantida<strong>de</strong>s suficientes <strong>de</strong> energia e proteína, aten<strong>de</strong>ndo<br />

os requerimentos <strong>de</strong>ssa <strong>produção</strong>. Para os pesquisadores, a<br />

<strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite à pasto é limitada pelo conteúdo <strong>de</strong> NDT<br />

(Energia) da pastagem (65%), e <strong>para</strong> vacas com maiores<br />

produções, torna-se necessária a suplementação <strong>de</strong>ssa<br />

energia com concentrados.<br />

Pastagens são os <strong>alimentos</strong> mais baratos<br />

Outra questão difícil <strong>para</strong> a qual os criadores necessitam <strong>de</strong><br />

apoio da assistência técnica é a <strong>de</strong>fi nição <strong>de</strong> quando utilizar a<br />

suplementação concentrada, <strong>para</strong> que categorias animais, em<br />

que quantida<strong>de</strong>s, que formulações <strong>de</strong> rações utilizar e se esta<br />

suplementação gera lucros.<br />

16


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Segundo Deresz et al. (2006), as melhores respostas <strong>de</strong><br />

suplementação com concentrados <strong>para</strong> vacas holando x zebu,<br />

em pastagens manejadas em pastejo rotativo e adubadas<br />

a<strong>de</strong>quadamente, são <strong>de</strong> 0,5 a 0,65 kg <strong>de</strong> leite <strong>para</strong> cada 1 kg <strong>de</strong><br />

concentrado fornecido. Ressaltam os autores que sempre que o<br />

preço <strong>de</strong> 1 kg <strong>de</strong> concentrado for maior do que o preço <strong>de</strong> 0,5<br />

a 0,65 do kg do leite, fi ca inviável economicamente o uso dos<br />

concentrados, especialmente, durante a época das chuvas. Para<br />

o preço praticado no RN <strong>de</strong> R$ 0,70/kg <strong>de</strong> leite, seria necessário<br />

a aquisição <strong>de</strong> concentrados com valores inferiores a R$ 0,42 <strong>para</strong><br />

viabilizar a utilização <strong>de</strong>sses <strong>alimentos</strong>, quando na realida<strong>de</strong> os<br />

preços vigentes quase dobram esse valor.<br />

“Quanto maior for a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forragens<br />

produzidas e armazenadas e melhor a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses<br />

<strong>alimentos</strong>, menor será a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização dos<br />

concentrados comerciais.”<br />

Nos últimos anos, as diversas publicações (Maciel et al., 2004<br />

ab; Lima, 2006; Lima e Aguiar, 2007 e Lima, 2008) do “Circuito <strong>de</strong><br />

Tecnologias Apropriadas <strong>para</strong> a Agricultura Familiar” enfatizaram<br />

a importância <strong>de</strong> produzir e armazenar volumosos forrageiros<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

A publicação atual procurará discutir o manejo <strong>de</strong> plantas<br />

forrageiras capazes <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r, pelo menos em parte, a<br />

<strong>de</strong>manda dos concentrados dos rebanhos. Nesse sentido foram<br />

selecionadas plantas produtoras <strong>de</strong> grãos (milho, sorgo e girassol)<br />

ou <strong>alimentos</strong> ricos em energia e com alta digestibilida<strong>de</strong> (palma<br />

forrageira, cactáceas nativas, algaroba e mandioca) e ainda alguns<br />

subprodutos da agroindústria. O objetivo da proposta é sensibilizar<br />

os pecuaristas <strong>familiar</strong>es <strong>para</strong> a necessida<strong>de</strong> da <strong>produção</strong>,<br />

manejo e manipulação <strong>de</strong>sses <strong>alimentos</strong> na própria fazenda,<br />

17


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

produzindo rações com altas concentrações <strong>de</strong> energia e proteína,<br />

que diminuirão sensivelmente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aquisição dos<br />

concentrados comerciais.<br />

6. OS ALIMENTOS CONCENTRADOS<br />

Os <strong>alimentos</strong> CONCENTRADOS (farelos, grãos), como o próprio<br />

nome indica, são aqueles que concentram, em um pequeno<br />

volume, uma gran<strong>de</strong> riqueza em energia ou proteína ou ambos.<br />

Em geral eles possuem 85 a 95% <strong>de</strong> matéria seca. A sua fração<br />

<strong>de</strong> energia compreen<strong>de</strong>, principalmente, o amido, seguido <strong>de</strong><br />

açúcares mais simples e das gorduras. Em geral, os concentrados<br />

possuem mais <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> NDT e baixos teores <strong>de</strong> fi bra.<br />

Informações da Embrapa/Gado <strong>de</strong> Leite apontam que, <strong>para</strong><br />

cada quilo <strong>de</strong> leite produzido, uma vaca precisa comer, além do<br />

necessário <strong>para</strong> sua manutenção, 90 g <strong>de</strong> proteína e 333 g <strong>de</strong><br />

energia digestível.<br />

Observe que esses números indicam que a vaca<br />

precisa 3,7 vezes mais energia que proteína e os<br />

produtores precisam saber que <strong>alimentos</strong> vão proporcionar<br />

essa energia <strong>para</strong> suas vacas.<br />

Os concentrados po<strong>de</strong>m ser classifi cados como energéticos<br />

e protéicos.<br />

CONCENTRADOS ENERGÉTICOS – São os concentrados com<br />

16% ou menos <strong>de</strong> proteína bruta (PB), representados pelos<br />

grãos dos cereais e seus subprodutos (grão <strong>de</strong> milho, farelo<br />

<strong>de</strong> trigo, grão <strong>de</strong> sorgo, farelo <strong>de</strong> arroz). O teor <strong>de</strong> fibra é<br />

variável, sempre menor que 18% e o teor <strong>de</strong> gordura <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

do grão utilizado.<br />

18


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

CONCENTRADOS PROTÉICOS – Compreen<strong>de</strong>m os farelos e<br />

farinhas <strong>de</strong> cereais (20 a 30% <strong>de</strong> PB) e os farelos e tortas <strong>de</strong><br />

oleaginosas (30 a 50% <strong>de</strong> PB).<br />

Os concentrados protéicos <strong>de</strong> origem vegetal são os<br />

mais utilizados <strong>para</strong> a alimentação <strong>de</strong> bovinos. Em geral, são<br />

utilizados os subprodutos das agroindústrias <strong>de</strong> extração do<br />

óleo comestível, como as tortas e farelos <strong>de</strong> soja, amendoim,<br />

girassol, algodão e outros.<br />

Os <strong>alimentos</strong> chamados VOLUMOSOS (fenos, silagens,<br />

capins, palmas, palhadas), como o próprio nome já diz, englobam<br />

aqueles <strong>alimentos</strong> que apresentam gran<strong>de</strong>s volumes, com níveis<br />

<strong>de</strong> fi bra bruta (FB) superiores a 18%. Geralmente constituem<br />

a maior parte da ração e, muitas vezes, apresentam baixa<br />

digestibilida<strong>de</strong> da energia e proteína, mas <strong>de</strong>sempenham um<br />

papel fundamental no funcionamento do rúmen dos bovinos,<br />

ovinos e caprinos (Apostila, 2006).<br />

7. A MANDIOCA<br />

Mandioca raiz – importante fonte <strong>de</strong> energia <strong>para</strong> a <strong>pecuária</strong> leiteira<br />

Conhecida pela rusticida<strong>de</strong> e pelo papel social que <strong>de</strong>sempenha<br />

junto às populações <strong>de</strong> baixa renda, a cultura da mandioca tem<br />

gran<strong>de</strong> adaptabilida<strong>de</strong> aos diferentes ecossistemas, possibilitando<br />

seu cultivo em praticamente todo o território nacional. O Brasil é o<br />

19


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

segundo maior produtor mundial <strong>de</strong> mandioca.<br />

Seja na forma <strong>de</strong> raiz, raspa ou maniva, seja na forma in<br />

natura, fenada ou ensilada, a mandioca é uma planta forrageira<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância <strong>para</strong> a <strong>pecuária</strong> leiteira, não só por alcançar<br />

altos rendimentos, mas principalmente por ser um alimento com<br />

alta concentração <strong>de</strong> energia.<br />

Trabalhos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>senvolvidos pela Embrapa Mandioca<br />

e Fruticultura <strong>de</strong>stacam a riqueza <strong>de</strong>ssa planta, tanto da raiz como<br />

fonte <strong>de</strong> energia <strong>para</strong> ruminantes, como da sua parte aérea. As<br />

manivas chegam a apresentar, na matéria seca, teores <strong>de</strong> PB <strong>de</strong><br />

16 a 18%, enquanto que as folhas chegam a atingir 25%. Muitas<br />

vezes, esses recursos são <strong>de</strong>sperdiçados em vez <strong>de</strong> armazenados<br />

<strong>para</strong> utilização no período seco. Em termos <strong>de</strong> <strong>produção</strong>,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das condições climáticas, da fertilida<strong>de</strong> do solo e<br />

da cultivar plantada, po<strong>de</strong>m ser obtidas <strong>de</strong> 10 a 20 toneladas <strong>de</strong><br />

raízes e <strong>de</strong> oito a 20 toneladas <strong>de</strong> parte aérea por hectare.<br />

Mandioca folhas até 25% <strong>de</strong> PB<br />

Raspas <strong>de</strong> mandioca são pedaços ou fragmentos secos<br />

<strong>de</strong> raízes <strong>de</strong> mandioca, enquanto são chamadas <strong>de</strong> cascas os<br />

fragmentos resultantes do <strong>de</strong>scascamento das raízes <strong>para</strong> a<br />

<strong>produção</strong> <strong>de</strong> farinha.<br />

20


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Segundo o NRC (1996), a mandioca é um alimento que<br />

contém 3,04 Mcal/kg <strong>de</strong> energia metabolizável (EM), sendo<br />

portanto, muito próxima a EM do milho, com 3,25 Mcal/<br />

kg. Seu potencial <strong>para</strong> a <strong>produção</strong> animal é alto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

sua <strong>produção</strong> econômica, em larga escala, seja viabilizada<br />

(Martins et al., 2000).<br />

Em relação aos problemas <strong>de</strong> intoxicação dos animais<br />

causados pela utilização da mandioca, <strong>de</strong>ve-se tomar algumas<br />

precauções. Quando se tratar <strong>de</strong> mandioca mansa, po<strong>de</strong>-se<br />

fornecê-la fresca aos animais sem nenhum problema. Quando<br />

se tratar <strong>de</strong> mandioca brava <strong>de</strong>ve-se quebrar ou picar as raízes e<br />

a parte aérea e espalhar bem ao ar livre por 24 horas. Isto basta<br />

<strong>para</strong> eliminar gran<strong>de</strong> parte do princípio tóxico da planta (ácido<br />

cianídrico), tornando-a inofensiva <strong>para</strong> os animais. A fenação e a<br />

ensilagem também são formas <strong>de</strong> inativar esse princípio tóxico.<br />

A raiz da mandioca e seus subprodutos po<strong>de</strong>m ser<br />

utilizados com poucas restrições na alimentação animal e<br />

constituem excelente substituto <strong>para</strong> os grãos dos cereais.<br />

Diversos experimentos com<strong>para</strong>ram a substituição do<br />

milho pela mandioca na alimentação <strong>de</strong> vacas em lactação.<br />

Quando a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite foi pequena (8,35 kg/dia) ou<br />

média (12,0 kg/dia), não foram observadas diferenças entre<br />

o milho e a mandioca. No entanto, com produções maiores<br />

(média <strong>de</strong> 23,6 kg <strong>de</strong> leite/dia) a raspa <strong>de</strong> mandioca não foi<br />

capaz <strong>de</strong> substituir o milho e interferiu negativamente no<br />

<strong>de</strong>sempenho produtivo e na eficiência alimentar (Ramalho et<br />

al., 2006). As diferenças nos processos <strong>de</strong> digestão e absorção e<br />

metabolismo entre o amido do milho e o da raspa <strong>de</strong> mandioca,<br />

talvez expliquem as diferenças encontradas.<br />

21


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Deve ser ressaltada a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituição parcial, uma<br />

vez que a raspa <strong>de</strong> mandioca é mais barata que o milho, sendo<br />

consi<strong>de</strong>rada uma alternativa regional. Para que seja vantajosa essa<br />

substituição do milho pela raspa, torna-se necessária a avaliação<br />

das diferenças no custo <strong>de</strong>sses ingredientes.<br />

Entre algumas formas <strong>de</strong> utilização da mandioca incluem-se<br />

as raspas ou raízes <strong>de</strong>sidratadas ao sol, parte aérea <strong>de</strong>sidratada<br />

ao sol, na ensilagem, e mesmo na forma in natura. Vale aqui<br />

ressaltar a importância do secador solar (Lima et. al., 2004),<br />

como ferramenta <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>alimentos</strong> <strong>para</strong> a <strong>pecuária</strong><br />

<strong>familiar</strong>. Além da <strong>produção</strong> <strong>de</strong> fenos triturados <strong>de</strong> diversas plantas<br />

forrageiras nativas e introduzidas, o secador presta-se à pre<strong>para</strong>ção<br />

dos farelos <strong>de</strong> raiz e raspas <strong>de</strong> mandioca, farelos <strong>de</strong> palma, farelos<br />

<strong>de</strong> resíduos da agroindústria (caju, melão), entre outros.<br />

Secador solar <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> fenos e concentrados<br />

Raízes <strong>de</strong> mandioca <strong>de</strong>sidratadas ao sol<br />

Para <strong>de</strong>sidratar as raízes ao sol é preciso seguir os seguintes passos:<br />

• Colher e lavar as raízes eliminando as que tiverem coloração escura;<br />

• Picar em pedaços <strong>de</strong> mais ou menos 5 cm <strong>de</strong> comprimento<br />

por 1,5 cm <strong>de</strong> largura;<br />

22


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

• Espalhar sobre terreiro cimentado em camadas <strong>de</strong> 8 a 10 kg/<br />

m² e <strong>de</strong>ixar ao sol;<br />

• Passar o rodo revirando o material <strong>para</strong> promover uma secagem<br />

uniforme;<br />

• Verifi car se o material está seco (14% <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>). Um método<br />

prático é tomar um pedaço da raiz e riscar no piso como se fosse<br />

giz; se <strong>de</strong>ixar risco é porque está seco;<br />

• Ensacar e empilhar os sacos em armazéns secos, sobre estrados<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, po<strong>de</strong>ndo posteriormente transformar em farelo.<br />

Parte aérea da mandioca <strong>de</strong>sidratada ao sol<br />

Para a secagem da parte aérea (manivas e folhas), o processo<br />

é o mesmo, <strong>de</strong>vendo-se tomar alguns cuidados <strong>para</strong> evitar as<br />

perdas <strong>de</strong> folhas no manuseio, já que são as partes mais ricas.<br />

Deixar <strong>de</strong> fora a haste principal, cortando a uma altura <strong>de</strong> 40 cm<br />

do solo (material <strong>para</strong> plantio), e diminuir o tamanho da picagem<br />

<strong>para</strong> 2 a 3 cm.<br />

Ensilagem da parte aérea da mandioca<br />

A parte aérea da mandioca é um aditivo que melhora a<br />

qualida<strong>de</strong> da silagem, principalmente <strong>para</strong> gado <strong>de</strong> leite. A<br />

inclusão <strong>de</strong> 25% <strong>de</strong> parte aérea da mandioca na ensilagem do<br />

capim-elefante melhora a qualida<strong>de</strong> da silagem. Esse capim<br />

quando muito novo apresenta alta umida<strong>de</strong>, o que não é bom<br />

<strong>para</strong> ensilagem. Neste caso, tanto a adição da parte aérea ver<strong>de</strong>,<br />

como <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> farelo seco <strong>de</strong> manivas e folhas, distribuídos<br />

no silo à medida que se for colocando camadas <strong>de</strong> 20 cm do<br />

material, melhora o valor nutritivo e a qualida<strong>de</strong> da silagem <strong>de</strong><br />

capim-elefante (Carvalho, 1984).<br />

23


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Na Tabela 1 Carvalho (1984) <strong>de</strong>screve a composição<br />

química da parte aérea da mandioca fresca, <strong>de</strong>sidratada ao sol<br />

e ensilada.<br />

Tabela 1. Percentuais <strong>de</strong> composição química da parte aérea da mandioca<br />

fresca, <strong>de</strong>sidratada ao sol e ensilada (com base na MS)<br />

Componentes<br />

Matéria seca<br />

Proteína bruta<br />

FDN2<br />

Gordura<br />

Cálcio<br />

Fósforo<br />

Fresca<br />

%<br />

25,95<br />

14,99<br />

42,53<br />

2,66<br />

1,34<br />

0,21<br />

Fonte: Carvalho (1984)<br />

²FDN – Fibra em <strong>de</strong>tergente neutro<br />

Parte aérea da mandioca<br />

24<br />

Desidratada ao<br />

sol %<br />

89,00<br />

10,84<br />

49,81<br />

2,44<br />

1,12<br />

0,17<br />

Ensilada<br />

%<br />

31,99<br />

11,50<br />

48,85<br />

2,96<br />

1,21<br />

0,14<br />

Na Tabela 2, Nobre (2009 - Informação pessoal) apresenta<br />

sugestões <strong>para</strong> preparo <strong>de</strong> misturas concentradas <strong>para</strong><br />

caprinos, ovinos e bovinos, utilizando a mandioca e o farelo<br />

<strong>de</strong> caju como ingredientes.


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Tabela.2. Formulação <strong>de</strong> misturas concentradas com participações <strong>de</strong> mandioca<br />

(casca, raspa, feno), farelo <strong>de</strong> caju e farelo <strong>de</strong> soja, com as respectivas<br />

composições médias<br />

Rações<br />

Mandioca<br />

Casca<br />

%¹<br />

Alimentos Sugeridos<br />

Mandioca<br />

Raspa<br />

%²<br />

Mandioca<br />

Feno<br />

%³<br />

25<br />

Caju<br />

Farelo<br />

% 4<br />

Soja<br />

Farelo<br />

% 5<br />

MS<br />

(*)<br />

%<br />

Composição<br />

Média<br />

PB<br />

(*)<br />

%<br />

NDT<br />

(*)<br />

%<br />

01 50 - - 25 25 90 16 71<br />

02 50 - - 20 30 90 17 71<br />

03 40 - - 25 35 89 20 71<br />

04 40 - - 20 40 89 22 71<br />

05 - 50 - 25 25 89 17 75<br />

06 - 50 - 20 30 90 18 75<br />

07 - 40 - 25 35 89 21 74<br />

08 70 - - - 30 89 15 69<br />

09 60 - - - 40 89 20 70<br />

10 50 - 10 - 40 90 20 69<br />

MS – Matéria seca; PB – Proteína bruta; NDT – Nutrientes digestíveis totais<br />

Fonte: Nobre (2009)<br />

Observações:<br />

(1) Casca <strong>de</strong> mandioca (bem seca) – subproduto da fabricação<br />

<strong>de</strong> farinha <strong>para</strong> uso humano;<br />

(2) Raspa integral <strong>de</strong> mandioca – produto resultante do<br />

<strong>de</strong>ssecamento da raiz com casca;<br />

(3) Feno moído da maniva com folhas (toda a parte aérea);<br />

(4) Farelo industrial do caju – subproduto da extração do suco,<br />

bem seco e moído.


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Notas:<br />

(1) Juntar a cada 100 kg das misturas listadas, <strong>de</strong> 2 a 3 kg <strong>de</strong> uma<br />

boa mistura mineral, rica em cálcio e fósforo;<br />

(2) Em todas as rações é possível substituir o farelo <strong>de</strong> soja,<br />

que tem o preço elevado, por outros farelos protéicos como os<br />

<strong>de</strong> girassol, gergelim, amendoim, nas mesmas quantida<strong>de</strong>s. A<br />

substituição por farelo <strong>de</strong> algodão (1 kg <strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> soja por 1,5<br />

kg <strong>de</strong> farelo <strong>de</strong> algodão), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também do tipo do farelo <strong>de</strong><br />

algodão e seu teor <strong>de</strong> proteína bruta.<br />

(3) As rações 05, 06 e 07 são as mais indicadas <strong>para</strong> matrizes<br />

leiteiras em lactação, crias jovens, reprodutores, por serem mais<br />

ricas em energia (NDT).<br />

8. SORGO GRANÍFERO E DE DUPLA APTIDÃO<br />

Grão <strong>de</strong> sorgo:<br />

Importante substituto do milho<br />

Como em muitas regiões do<br />

semiárido nor<strong>de</strong>stino, o milho é uma<br />

cultura <strong>de</strong> risco, o sorgo surge como<br />

um ótimo substituto <strong>para</strong> a <strong>produção</strong><br />

<strong>de</strong> silagem e grãos. Valente (1992),<br />

consi<strong>de</strong>ra o valor nutritivo da silagem <strong>de</strong> sorgo equivalente a 85<br />

a 90% da <strong>de</strong> milho, havendo, no entanto, referências mais amplas<br />

(72 a 92%). Outra vantagem da cultura do sorgo em relação ao<br />

milho é a diminuição das perdas por roubos, no entanto são<br />

frequentes perdas por ataques <strong>de</strong> pássaros.<br />

26


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

O sorgo po<strong>de</strong> substituir parcialmente o milho nas<br />

rações <strong>para</strong> aves e totalmente <strong>para</strong> ruminantes, com uma<br />

vantagem com<strong>para</strong>tiva <strong>de</strong> menor custo <strong>de</strong> <strong>produção</strong> e valor<br />

<strong>de</strong> comercialização <strong>de</strong> 80% do preço do milho. O sorgo po<strong>de</strong><br />

substituir o milho até o nível <strong>de</strong> 100% em rações <strong>de</strong> leitões<br />

<strong>de</strong> recria (10 a 30 kg), sem prejudicar a disponibilida<strong>de</strong> e o<br />

<strong>de</strong>sempenho dos animais (Fialho et al., 2002).<br />

O sorgo é uma extraordinária fábrica <strong>de</strong> energia, <strong>de</strong> enorme<br />

utilida<strong>de</strong> em regiões muito quentes e muito secas, on<strong>de</strong> o<br />

homem não consegue boas produtivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> grãos ou <strong>de</strong><br />

forragem cultivando outras espécies, como o milho. Requer uma<br />

precipitação média anual entre 375 e 625mm, mas respon<strong>de</strong> bem<br />

a irrigação suplementar. O sorgo granífero é o que tem maior<br />

expressão econômica e está entre os cinco cereais mais cultivados<br />

do mundo (Ribas, 2008).<br />

Para Tardin e Rodrigues (2008), o potencial <strong>de</strong> rendimento<br />

<strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> sorgo, po<strong>de</strong> situar-se entre 7 a 10 t/ha, em condições<br />

favoráveis <strong>de</strong> cultivo e manejo. No entanto, nas condições <strong>de</strong><br />

cultivo das lavouras brasileiras a média alcançada está em torno<br />

<strong>de</strong> 2,4 t/ha.<br />

Duarte (2008) indica produtivida<strong>de</strong>s médias da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

1,8 t/ha e informa que a <strong>produção</strong> dos grãos <strong>de</strong> sorgo tem como<br />

primeira opção o consumo interno na fazenda direcionado ao<br />

consumo animal, que chega alcançar 27% da <strong>produção</strong>.<br />

O sorgo apresenta três tipos com características distintas:<br />

o sorgo forrageiro, o misto (ou <strong>de</strong> dupla aptidão) e o granífero.<br />

Nesta apostila serão abordados principalmente as características<br />

e potenciais <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> grãos das cultivares graníferas ou <strong>de</strong><br />

dupla aptidão, como opção aos grãos <strong>de</strong> milho.<br />

27


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Sorgos do tipo granífero - são plantas <strong>de</strong> porte baixo (1,0 a<br />

1,6m), com panículas bem <strong>de</strong>senvolvidas, grãos gran<strong>de</strong>s, ciclo<br />

mais curto que os outros tipos e ponto <strong>de</strong> ensilagem entre 100<br />

a 110 dias.<br />

Sorgo misto ou <strong>de</strong> dupla aptidão - São plantas <strong>de</strong> porte<br />

médio, com altura variando <strong>de</strong> 2 a 2,3 m. A <strong>produção</strong> <strong>de</strong> massa<br />

ver<strong>de</strong> também é alta, com boa <strong>produção</strong> <strong>de</strong> grãos. Os sorgos <strong>de</strong><br />

dupla aptidão são indicados <strong>para</strong> ensilagem, pois além <strong>de</strong> uma<br />

alta <strong>produção</strong> <strong>de</strong> forragem, enriquecem a silagem <strong>de</strong>vido a uma<br />

maior participação <strong>de</strong> grãos que os sorgos forrageiros.<br />

A EMPARN, em parceria com a Embrapa Milho e Sorgo lançou<br />

recentemente, uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sorgo <strong>de</strong> dupla aptidão<br />

<strong>de</strong>nominada BRS – Ponta Negra, que apresenta, como pontos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, rendimentos potenciais <strong>de</strong> matéria ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 a 50<br />

t e <strong>de</strong> MS <strong>de</strong> 9 a 15 t/ha/corte e rendimento <strong>de</strong> grãos em sequeiro<br />

<strong>de</strong> 1,5 a 2 t e com irrigação acima <strong>de</strong> 4 t.<br />

Vale lembrar que o sorgo po<strong>de</strong>rá ser manejado <strong>para</strong> <strong>produção</strong><br />

<strong>de</strong> grãos e, se plantado cedo, po<strong>de</strong>rá ainda no fi nal das chuvas<br />

alcançar uma boa rebrota <strong>para</strong> a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> silagem. Caso seja<br />

possível a utilização da irrigação, então o sorgo po<strong>de</strong>rá promover<br />

várias rebrotas.<br />

Na Tabela 3 são apresentadas algumas formulações<br />

<strong>de</strong> concentrados utilizando grãos <strong>de</strong> sorgo e vagens <strong>de</strong><br />

algarobeira, como alternativas ao grão <strong>de</strong> milho (Nobre, 2009<br />

– informação pessoal).<br />

28


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Tabela 3. Formulação <strong>de</strong> misturas concentradas com participação <strong>de</strong> grãos<br />

<strong>de</strong> sorgo, algaroba, farelo <strong>de</strong> trigo e farelo <strong>de</strong> algodão, com as<br />

respectivas composições médias<br />

Alimentos/<br />

Rações Diversas<br />

Nutrientes<br />

% 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10<br />

Sorgo grão 50,0 45,0 40,0 - - - 30,0 40,0 - 30,0<br />

Algaroba - - - 45,0 40,0 40,0 40,0 - 45,0 40,0<br />

Farelo <strong>de</strong> trigo 20,0 30,0 40,0 25,0 35,0 45,0 - 40,0 25,0 -<br />

Torta <strong>de</strong><br />

algodão<br />

30,0 25,0 20,0 30,0 25,0 29,0 30,0 20,0 30,0 30,0<br />

PB (Proteína<br />

bruta)<br />

20,8 19,7 18,5 20,5 19,5 18,3 19,4 18,5 20,5 19,4<br />

NDT (Energia) 69,5 70,3 70,6 71,5 71,5 70,0 71,0 70,6 71,5 71,0<br />

Fonte: Nobre (2009).<br />

Para Santos (2008), uma característica positiva dos<br />

grãos do sorgo é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem armazenados<br />

por longo período <strong>de</strong> tempo, sem perdas significativas<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

No site da Embrapa Milho e Sorgo (www.cnpms.<br />

embrapa.br) os produtores e técnicos po<strong>de</strong>rão encontrar<br />

informações <strong>de</strong>talhadas, não só <strong>de</strong> como controlar as pragas<br />

nos grãos armazenados, como também informações e fotos<br />

<strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências e doenças do sorgo e diversas<br />

outras informações sobre outros segmentos do sistema <strong>de</strong><br />

<strong>produção</strong> da cultura.<br />

9. PALMA FORRAGEIRA<br />

As palmas são forrageiras <strong>de</strong> longa tradição na <strong>pecuária</strong><br />

nor<strong>de</strong>stina e representam um suporte alimentar fundamental <strong>para</strong><br />

29


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

os rebanhos no semiárido. Um número restrito <strong>de</strong> espécies tem<br />

sido cultivado na região, sendo as mais conhecidas as cultivares<br />

gigante e redonda e uma cultivar miúda ou doce.<br />

Palma forrageira alta produtivida<strong>de</strong> e valor nutritivo<br />

As palmas são <strong>alimentos</strong> com alta concentração <strong>de</strong><br />

energia e boa digestibilida<strong>de</strong>, ricos em minerais, com excelente<br />

palatabilida<strong>de</strong>, ótimo potencial <strong>de</strong> <strong>produção</strong> por área e<br />

principalmente, disponíveis nos períodos mais críticos <strong>de</strong> oferta<br />

<strong>de</strong> <strong>alimentos</strong>.<br />

Consi<strong>de</strong>rando dados <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> MS <strong>de</strong> milho, sorgo e<br />

palma forrageira em Pernambuco, Ferreira (2005) aponta que essa<br />

cactácea produz mais energia por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área que essas duas<br />

gramíneas, com 6,43 t NDT/ha/ano e, respectivamente, 4,32 e<br />

5,16 <strong>para</strong> o milho e sorgo. Segundo esse autor, a palma apresenta<br />

coefi cientes <strong>de</strong> digestibilida<strong>de</strong> in vitro na MS da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 74,4;<br />

75,0 e 77,4%, <strong>para</strong> as cultivares redonda, gigante e miúda e teores<br />

<strong>de</strong> NDT <strong>de</strong> 61,1 a 65,9%.<br />

A palma representa assim, mais uma planta forrageira<br />

adaptada ao semiárido nor<strong>de</strong>stino com altas concentrações<br />

<strong>de</strong> energia e elevados rendimentos, que <strong>de</strong>ve ser utilizada<br />

nas rações <strong>de</strong> vacas e cabras <strong>de</strong> leite, visando substituir<br />

concentrados como o milho.<br />

30


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

A palma apresenta em média 64,7% <strong>de</strong> NDT, quantida<strong>de</strong> esta<br />

bastante superior à maioria dos <strong>alimentos</strong> volumosos utilizados na<br />

ração animal na região semiárida. Com essa riqueza em energia<br />

digestível e baixo nível (17%) <strong>de</strong> fi bra bruta (FB), a palma po<strong>de</strong>ria<br />

ser classifi cada como concentrado na classifi cação tradicional (><br />

60,0% NDT e < 18%FB). Por outro lado, consi<strong>de</strong>rando-se a forma<br />

<strong>de</strong> uso in natura e o fato <strong>de</strong> ocupar gran<strong>de</strong> volume, permitem<br />

também sua indicação como volumoso (Melo, 2006).<br />

Outro indicativo importante da palma como alimento <strong>para</strong><br />

a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite é a sua riqueza em carboidratos não fi brosos<br />

(CNF), com médias <strong>de</strong> 53 a 71%, que chegam a superar os níveis<br />

máximos (44%) <strong>para</strong> vacas <strong>de</strong> leite recomendados pelo NRC<br />

(2001). Os CNF são aqueles mais digestíveis e que aten<strong>de</strong>m mais<br />

prontamente as <strong>de</strong>mandas por energia.<br />

Torna-se importante com<strong>para</strong>r na Tabela 9 (anexo), quais<br />

<strong>alimentos</strong> apresentam teores tão elevados <strong>de</strong> NDT, CNF e DIVMS,<br />

com<strong>para</strong>dos com a palma, e observar que apenas <strong>alimentos</strong><br />

concentrados apresentam níveis tão altos <strong>de</strong> energia.<br />

Como restrição à sua utilização exclusiva como volumoso<br />

<strong>para</strong> ruminantes, a palma é pobre em fi bra, que é necessária <strong>para</strong><br />

manutenção das condições normais do rúmen, e não aten<strong>de</strong> às<br />

recomendações mínimas <strong>de</strong> fi bra em <strong>de</strong>tergente neutro (FDN)<br />

<strong>para</strong> vacas <strong>de</strong> leite.<br />

Dessa forma, existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> associação com fontes<br />

<strong>de</strong> fi bra (capins, fenos, silagem) a fi m <strong>de</strong> se prevenir <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns<br />

metabólicas. O teor médio <strong>de</strong> PB da palma forrageira (4,22%)<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado baixo, necessitando ser complementado<br />

com outras fontes <strong>de</strong>sse nutriente (Ferreira, 2005).<br />

31


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

A baixa percentagem <strong>de</strong> MS da palma entre 10 e 11% (cerca<br />

<strong>de</strong> 90% <strong>de</strong> água), é outro tópico bastante discutido e apontado<br />

por alguns como ponto negativo <strong>de</strong>ssa forrageira. No entanto,<br />

experimentos <strong>de</strong>senvolvidos no semiárido mostraram que<br />

vacas em dietas com gran<strong>de</strong> participação da palma gigante,<br />

praticamente tiveram suas exigências <strong>de</strong> água atendidas, sem<br />

interferência no consumo <strong>de</strong> matéria seca. Numa região on<strong>de</strong><br />

a água é um elemento escasso e muitas vezes <strong>de</strong> péssima<br />

qualida<strong>de</strong>, tal característica <strong>de</strong>ve ser enquadrada entre os aspectos<br />

positivos da forrageira.<br />

Alguns autores apontam que a palma miúda apresenta um<br />

teor <strong>de</strong> MS 50% mais elevado que a palma gigante. Essa diferença<br />

po<strong>de</strong> fazer gran<strong>de</strong> efeito, pois num balaio <strong>de</strong> palma <strong>de</strong> 30 kg,<br />

ter-se-ia então 2,93 kg <strong>de</strong> MS <strong>para</strong> a palma gigante e 4,45 kg <strong>de</strong><br />

MS <strong>para</strong> a palma miúda.<br />

Em função da baixa concentração <strong>de</strong> PB das palmas, observase<br />

uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferta conjunta com concentrados<br />

protéicos com teores <strong>de</strong> PB superiores a 30%.<br />

Outra importante informação do manejo da palma<br />

na alimentação <strong>de</strong> gado <strong>de</strong> leite é que melhores<br />

<strong>de</strong>sempenhos são alcançados quando ela é ofertada na<br />

forma <strong>de</strong> ração completa, ou seja, misturada com outras<br />

fontes <strong>de</strong> fibras (capins, silagem, feno, bagaço <strong>de</strong> cana) e<br />

com o concentrado.<br />

“ A palma sempre <strong>de</strong>ve ser ofertada juntamente com<br />

um fonte <strong>de</strong> fi bra”<br />

Melo (2004) apresenta na Tabela 4, excelentes<br />

<strong>de</strong>sempenhos <strong>de</strong> vacas com produções superiores a 30 kg<br />

32


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

<strong>de</strong> leite/dia, com a palma representando 29% da MS da ração,<br />

associada a níveis variáveis <strong>de</strong> silagem <strong>de</strong> sorgo, caroço <strong>de</strong><br />

algodão e farelo <strong>de</strong> soja.<br />

Tabela 4. Desempenho <strong>de</strong> vacas da raça Holan<strong>de</strong>sa alimentadas com caroço<br />

<strong>de</strong> algodão como fonte <strong>de</strong> fi bra e proteína, em substituição a silagem<br />

<strong>de</strong> sorgo e farelo <strong>de</strong> soja em dietas à base <strong>de</strong> palma forrageira<br />

Itens<br />

0,00<br />

Níveis <strong>de</strong> caroço <strong>de</strong> algodão<br />

6,25 12,50 18,75 25,00<br />

Palma (%) 29,00 29,00 29,00 29,00 29,00<br />

Silagem (%) 27,30 23,70 19,50 15,90 12,10<br />

Caroço <strong>de</strong> algodão (%) 0,00 6,25 12,50 18,75 25,00<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 23,90 20,90 18,70<br />

Desempenho<br />

16,00 13,00<br />

Consumo <strong>de</strong> MS (% PV) 3,30 3,28 3,37 3,66 3,59<br />

Produção <strong>de</strong> leite<br />

(kg/dia)<br />

29,50 30,24 31,25 32,67 32,27<br />

Produção <strong>de</strong> leite corrigida<br />

gordura (kg/dia)<br />

26,70 28,12 30,22 30,74 31,68<br />

Adaptado <strong>de</strong> Melo (2006)<br />

Apesar <strong>de</strong> muito produtiva, os custos <strong>de</strong> <strong>produção</strong> da palma<br />

também são elevados. Na Tabela 5, Santos et al. (2006) estimam<br />

esses custos em quatro espaçamentos.<br />

Tabela 5. Estimativa <strong>de</strong> custo (R$) <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> um hectare <strong>de</strong> palma,<br />

em quatro espaçamentos<br />

Discriminação<br />

2,0 x 1,0m<br />

Espaçamentos <strong>de</strong> plantio<br />

1,0 x 0,5m 1,0 x 0,25m 3 x1 x0,5m<br />

Preparo do solo 90,00 90,00 90,00 90,00<br />

Plantio 150,00 300,00 450,00 165,00<br />

33


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Raquetes e transporte<br />

120,00 405,00 825,00 210,00<br />

Adubação orgânica 450,00 450,00 450,00 450,00<br />

Adubação com<br />

fósforo<br />

180,00 180,00 180,00 180,00<br />

Capinas 540,00 585,00 720,00 540,00<br />

Total 1.530,00 2.010,00 2.715,00 1.635,00<br />

Salário mínimo <strong>de</strong> R$ 300,00<br />

Fonte: Santos et al. (2006)<br />

Melo (2003) procurou avaliar a substituição do farelo<br />

<strong>de</strong> soja por palma + uréia. Embora as produções <strong>de</strong> leite<br />

tenham diminuído, a inclusão da palma + uréia baixou os<br />

custos da dieta. Essas rações, combinando participações<br />

<strong>de</strong> silagem <strong>de</strong> sorgo (30% da MS), palma forrageira (31 a<br />

41% da MS), grão <strong>de</strong> milho (14%), farelo <strong>de</strong> soja (10 a 22%<br />

da MS) e uréia, não provocaram diarréias e nem problemas<br />

<strong>de</strong> ruminação.<br />

Resultados obtidos pelo IPA, em Caruaru-PE e<br />

Arcover<strong>de</strong>-PE, apontam produções no espaçamento <strong>de</strong> 1,0m<br />

x 0,5m <strong>de</strong> 170t a 200t/MV/ha, dois anos após o plantio,<br />

com teores médios <strong>de</strong> PB <strong>de</strong> 3 a 6% e <strong>de</strong> digestibilida<strong>de</strong><br />

da MS <strong>de</strong> 65 a 75%.<br />

O cultivo a<strong>de</strong>nsado da palma, com espaçamento<br />

<strong>de</strong> 1,0m x 0,25m (40 mil plantas por hectare), vem<br />

sendo bastante utilizado, principalmente, nos estados<br />

<strong>de</strong> Pernambuco e Alagoas. A tecnologia embora venha<br />

obtendo resultados expressivos em <strong>produção</strong> com 250t<br />

a 300t/MV/ha, dois anos após o plantio, requer níveis <strong>de</strong><br />

adubação mais altos, além maiores requerimentos em<br />

termos <strong>de</strong> limpas.<br />

34


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Segundo esses resultados, a <strong>produção</strong> obtida em um<br />

hectare <strong>de</strong> palma em cultivo a<strong>de</strong>nsado, associada a fenos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>, permite alimentar 30 vacas por um período <strong>de</strong> seca<br />

<strong>de</strong> 180 dias, com um consumo diário <strong>de</strong> 50 kg/vaca/dia.<br />

Farelo <strong>de</strong> Palma<br />

O farelo <strong>de</strong> palma po<strong>de</strong> ser produzido por intermédio da<br />

secagem das raquetes picadas em terreiros cimentados (secador<br />

solar), por cerca <strong>de</strong> três dias (<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do sol), com posterior<br />

moagem <strong>para</strong> obtenção do farelo. É evi<strong>de</strong>nte que a forma mais<br />

fácil e menos trabalhosa <strong>de</strong> ofertar a palma é na forma ver<strong>de</strong> e<br />

suculenta, principalmente no período seco.<br />

No entanto, alguns produtores da Paraíba e do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte estão aproveitando a palma que não precisou ser<br />

cortada no período seco, <strong>para</strong> produzir o farelo <strong>para</strong> utilização<br />

durante o período das chuvas. Embora possa parecer inviável a<br />

extração <strong>de</strong> 90% da água existente nas raquetes, a qualida<strong>de</strong><br />

da matéria seca da palma, seus altos rendimentos e os altos<br />

custos dos concentrados comerciais, têm justifi cado essas ações<br />

dos produtores. Segundo alguns produtores, o farelo da palma<br />

enriquecido com uréia (2%) e fornecido a ovinos, juntamente<br />

com feno <strong>de</strong> buff el e pastos nativos, tem proporcionado ganhos<br />

diários superiores a 200 g, em pleno período seco.<br />

Os resultados da utilização do farelo <strong>de</strong> palma são ainda<br />

controversos. Veras et al. (2002) substituíram até 75% dos<br />

grãos <strong>de</strong> milho por farelo <strong>de</strong> palma em ensaios com ovinos e<br />

concluíram que o farelo mostrou gran<strong>de</strong> potencial <strong>para</strong> uso como<br />

fonte alternativa <strong>de</strong> energia <strong>para</strong> ruminantes, mas <strong>de</strong>stacam a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais estudos.<br />

35


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Palma irrigada e a<strong>de</strong>nsada<br />

A EMPARN e parceiros acabam <strong>de</strong> aprovar junto ao Banco<br />

do Nor<strong>de</strong>ste/FUNDECI/ETENE, recursos <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> pesquisa, com o cultivo irrigado e a<strong>de</strong>nsado da<br />

palma forrageira, nos municípios <strong>de</strong> Lajes, Pedro Avelino, Angicos<br />

e Cruzeta.<br />

Foto 10 – Palma irrigada no Sertão Central<br />

Nessa região têm sido conduzidos há mais <strong>de</strong> três anos,<br />

plantios <strong>de</strong> palma realizados em altas <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 50 mil<br />

plantas/ha (2,0 x 0,10 m), com irrigação por gotejamento <strong>de</strong><br />

pequena intensida<strong>de</strong> (5 litros por metro a cada 15 dias) e<br />

fertilização orgânica e química.<br />

De início po<strong>de</strong> parecer inapropriada a irrigação <strong>de</strong> uma<br />

cultura xerófila <strong>de</strong> reconhecida adaptação ao semiárido e<br />

inviáveis os altos custos <strong>de</strong> implantação da tecnologia, da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 11 mil reais por hectare. Mesmo consi<strong>de</strong>rando<br />

que diversas variáveis precisam ser pesquisadas e<br />

confirmadas, principalmente em relação à sustentabilida<strong>de</strong><br />

da tecnologia e viabilida<strong>de</strong> econômica, assim como na<br />

otimização da irrigação, fertilização, regime <strong>de</strong> cortes,<br />

entre outros, os resultados preliminares obtidos po<strong>de</strong>m ser<br />

consi<strong>de</strong>rados revolucionários em termos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>para</strong> a <strong>pecuária</strong> regional.<br />

36


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Vale ressaltar ainda, que diferentemente do semiárido <strong>de</strong><br />

Pernambuco e Alagoas, a palma tem fraquíssimo <strong>de</strong>sempenho<br />

(murcha severa) nas áreas mais secas e baixas do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Norte, como o Seridó e o Sertão Central. Mesmo os 160 cultivares<br />

introduzidos pela EMPARN oriundos <strong>de</strong> zonas <strong>de</strong>sérticas do<br />

México, não obtiveram boa adaptação nessas regiões.<br />

Outra abordagem da pesquisa <strong>de</strong>verá englobar a avaliação dos custos<br />

<strong>de</strong> <strong>produção</strong> e qualida<strong>de</strong> nutricional <strong>de</strong> concentrados energéticos produzidos<br />

a partir da <strong>de</strong>sidratação da palma. A energia da palma é comparável à energia<br />

do milho e mesmo possuindo 90% <strong>de</strong> água, com um rendimento <strong>de</strong> 300 a<br />

400 t/ha, seriam viabilizadas 30 t a 40 t <strong>de</strong> matéria seca/ha.<br />

O projeto visa avaliar sistemas <strong>de</strong> cultivo irrigado e a<strong>de</strong>nsado<br />

<strong>de</strong> palma forrageira no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, com ênfase na<br />

sustentabilida<strong>de</strong> técnica, econômica e ambiental.<br />

Entre os objetivos específi cos do Projeto a ser conduzido incluem-se:<br />

• Validar sistemas <strong>de</strong> cultivo a<strong>de</strong>nsado <strong>de</strong> palma forrageira e<br />

métodos <strong>de</strong> irrigação compatíveis com a realida<strong>de</strong> socioeconômica<br />

e ambiental da região semiárida do RN;<br />

• Caracterizar o potencial produtivo, o valor forrageiro e a<br />

composição químico-bromatológica dos genótipos da palma<br />

forrageira em avaliação;<br />

• Avaliar níveis <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento <strong>de</strong> plantio e fertilização em<br />

sistemas irrigados <strong>de</strong> palma forrageira no RN;<br />

• Avaliar frequência e intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cortes em sistemas irrigados<br />

<strong>de</strong> palma forrageira no RN;<br />

• Avaliar a viabilida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> <strong>produção</strong><br />

<strong>de</strong> palma forrageira a<strong>de</strong>nsada e irrigada, envolvendo captação<br />

da água <strong>de</strong> chuva, armazenamento em cisternas e utilização em<br />

sistemas <strong>para</strong> pequena irrigação.<br />

37


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

10. MANEJO DE CACTÁCEAS NATIVAS<br />

No Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, particularmente a mesorregião<br />

Central Potiguar, que é consi<strong>de</strong>rada uma das regiões mais secas<br />

do Estado, em épocas <strong>de</strong> secas prolongadas, a utilização das<br />

cactáceas nativas como volumosos estratégicos no arraçoamento<br />

dos ruminantes é uma realida<strong>de</strong>.<br />

Mesmo com essa realida<strong>de</strong>, essas plantas que em quase<br />

sua totalida<strong>de</strong> são originárias da caatinga, necessitam <strong>de</strong> técnicas<br />

que proporcionem maiores incrementos na <strong>produção</strong> animal,<br />

e minimizem os efeitos <strong>de</strong>sfavoráveis das secas, com manejos<br />

sustentáveis das espécies.<br />

Na caatinga, a colheita das cactáceas xiquexique e mandacaru<br />

é feita manualmente retirando-se as brotações laterais, utilizando<br />

facão e gancho próprio e tendo-se o cuidado <strong>de</strong> preservar o caule<br />

principal.<br />

O material colhido é transportado até o local <strong>de</strong> fornecimento<br />

aos animais (galpão ou aprisco), on<strong>de</strong> os espinhos são retirados<br />

ou queimados por intermédio do lança chamas a gás butano ou<br />

forno com queima a lenha<br />

Queima dos espinhos das cactáceas<br />

38


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

O método <strong>de</strong> retirada dos espinhos fica condicionado<br />

à realida<strong>de</strong> do produtor, <strong>de</strong>saconselhando-se a forma<br />

tradicional, on<strong>de</strong> a queima dos espinhos é feita diretamente<br />

sobre as touceiras da planta viva utilizando fogueira.<br />

O criador <strong>de</strong>ve priorizar os métodos <strong>de</strong> retirada dos<br />

espinhos que causem menor impacto ambiental e tenham<br />

baixo custo <strong>de</strong> <strong>produção</strong>. Além disso, <strong>de</strong>ve adotar um<br />

manejo conservacionista, que garanta a sustentabilida<strong>de</strong><br />

dos bancos naturais <strong>de</strong>ssas cactáceas, acrescido, inclusive<br />

da implantação <strong>de</strong> áreas cultivadas.<br />

Após a queima dos espinhos, a cactácea é triturada em<br />

máquina forrageira ou picada, po<strong>de</strong>ndo então ser fornecida<br />

aos animais. Como essas cactáceas contêm muita água, é<br />

recomendável fornecê-las associadas a outros <strong>alimentos</strong> ricos em<br />

fi bra e proteína como feno, silagem e concentrados. Antes <strong>de</strong><br />

fornecer aos animais, todos os <strong>alimentos</strong> <strong>de</strong>vem ser misturados<br />

(como exemplo, cacto + feno ou silagem + concentrado) e bem<br />

homogeneizados.<br />

Visando um melhor aproveitamento das cactáceas<br />

xiquexique e mandacaru no arraçoamento dos ruminantes,<br />

Silva et al. (2007; 2008) <strong>de</strong>senvolveram pesquisas <strong>para</strong><br />

avaliar o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> garrotas e vacas da raça<br />

Pardo-Suíça, ovinos Morada Nova e cabras Saanen,<br />

com diferentes combinações das referidas cactáceas,<br />

associadas a outros <strong>alimentos</strong>. Os resultados obtidos<br />

são apresentados na Tabela 5.<br />

39


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

40<br />

Experimentos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> ruminantes<br />

alimentados com cactáceas nativas<br />

Um ponto que merece <strong>de</strong>staque nesses resultados é a<br />

possibilida<strong>de</strong> do produtor ter em <strong>de</strong>terminadas áreas da caatinga<br />

potiguar, espécies forrageiras tolerantes aos períodos <strong>de</strong> seca<br />

prolongada, participando com 75% da dieta <strong>de</strong> garrotas, 50% da<br />

dieta <strong>de</strong> vacas leiteiras, 100% da dieta <strong>de</strong> ovinos e 83% da dieta<br />

<strong>de</strong> cabras leiteiras, contribuindo <strong>para</strong> uma menor <strong>de</strong>pendência<br />

do mercado <strong>de</strong> concentrados comerciais.<br />

Além <strong>de</strong> reserva <strong>estratégica</strong> <strong>de</strong> água e forragem <strong>para</strong> os<br />

ruminantes, as cactáceas xiquexique e mandacaru têm outros<br />

usos, entre os quais, plantios como cercas vivas e repovoamento<br />

<strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas, que contribuem <strong>para</strong> minimizar a<br />

<strong>de</strong>gradação da caatinga.


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Tabela 5 – Desempenho <strong>de</strong> garrotas e vacas da raça Pardo Suíça, ovinos<br />

Morada Nova e cabras Saanen em confinamento no<br />

Campo Experimental e <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Cruzeta- RN<br />

Dieta Ganho <strong>de</strong> peso/garrotas (g/dia)<br />

Xiquexique (15 kg) + Silagem <strong>de</strong><br />

400<br />

sorgo (7 kg) + Concentrado (1,7 kg)<br />

Mandacaru (11 kg) + Silagem <strong>de</strong><br />

500<br />

sorgo (7 kg) + Concentrado (1,7 kg)<br />

Xiquexique (22 kg) + Silagem <strong>de</strong><br />

300<br />

sorgo (4 kg) + Concentrado (1,7 kg)<br />

Mandacaru (17 kg) + Silagem <strong>de</strong><br />

500<br />

sorgo (4 kg) + Concentrado (1,7kg)<br />

Produção <strong>de</strong> leite/vacas (kg/dia)<br />

Xiquexique (10 kg) + Silagem <strong>de</strong><br />

14,80<br />

sorgo (30 kg) + Concentrado (5 kg)<br />

Xiquexique (25 kg) + Silagem <strong>de</strong><br />

15,26<br />

sorgo (25 kg) + Concentrado (5 kg)<br />

Xiquexique (40 kg) + Silagem <strong>de</strong><br />

14,89<br />

sorgo (20 kg) + Concentrado (5 kg)<br />

Xiquexique (50 kg) + Silagem <strong>de</strong><br />

14,72<br />

sorgo (10 kg) + Concentrado (5 kg)<br />

Ganho <strong>de</strong> peso/ovinos (g/dia)<br />

Xiquexique (1.500 g) + Feno <strong>de</strong><br />

sabiá (250 g) + Algaroba (400 g) +<br />

84<br />

Mistura mineral à vonta<strong>de</strong><br />

Xiquexique (1.500 g) + Feno <strong>de</strong> fl or<strong>de</strong>-seda+<br />

(250 g) Algaroba (400 g)<br />

95<br />

+ Mistura mineral à vonta<strong>de</strong><br />

Mandacaru (1.000 g) + Feno <strong>de</strong><br />

sabiá (250 g) + Algaroba (400 g) +<br />

76<br />

Mistura mineral à vonta<strong>de</strong><br />

Mandacaru (1.000 g) + Feno <strong>de</strong> fl or<strong>de</strong>-seda<br />

(250 g) + Algaroba (400 g)<br />

86<br />

+ Mistura mineral à vonta<strong>de</strong><br />

41


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Xiquexique (3.000 g) + Feno <strong>de</strong><br />

fl or-<strong>de</strong>-seda + (600 g) + Algaroba<br />

(500 g) + Farelo <strong>de</strong> soja (300 g) +<br />

Mistura mineral (50 g)<br />

Xiquexique (3.000 g) + Feno <strong>de</strong><br />

sabiá+ (800 g) + Algaroba (500 g)<br />

+ Farelo <strong>de</strong> soja (300 g) + Mistura<br />

mineral (50 g)<br />

Mandacaru (3.000 g) + Feno <strong>de</strong><br />

fl or-<strong>de</strong>-seda + (600 g) + Algaroba<br />

(500 g) + Farelo <strong>de</strong> soja (300 g) +<br />

Mistura mineral (50 g)<br />

Mandacaru (3.000 g) + Feno <strong>de</strong><br />

sabiá+ (800 g) + Algaroba (500 g)<br />

+ Farelo <strong>de</strong> soja (300 g) + Mistura<br />

mineral (50 g)<br />

11. GIRASSOL<br />

42<br />

Produção <strong>de</strong> leite/cabras (g/dia)<br />

1.602<br />

1.757<br />

1.688<br />

1.719<br />

O girassol é uma cultura que está em crescimento no Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Norte, fazendo parte do Programa <strong>de</strong> Agroenergia do<br />

Estado. Além <strong>de</strong> ser uma excelente alternativa <strong>para</strong> ensilagem, o<br />

cultivo do girassol <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> óleo comestível e biodiesel<br />

po<strong>de</strong>rá reativar as usinas <strong>de</strong> esmagamento <strong>de</strong> sementes, dando<br />

origem a farelos e tortas <strong>de</strong> importante utilização na dieta dos<br />

ruminantes potiguares. Entre algumas características importantes<br />

do girassol po<strong>de</strong>-se citar a boa<br />

tolerância à seca, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

adaptação a vários tipos <strong>de</strong> solo<br />

e boa produtivida<strong>de</strong>.<br />

Girassol como fonte <strong>de</strong> energia<br />

<strong>para</strong> ruminantes


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Alguns autores apontam rendimentos <strong>de</strong> MS na cultura do<br />

girassol <strong>para</strong> forragem da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 5 a 10 toneladas/hectare/<br />

ano. Em experimentos conduzidos pela EMPARN na região <strong>de</strong><br />

Touros, a cultivar Catisol apresentou rendimentos médios <strong>de</strong> 46<br />

toneladas <strong>de</strong> matéria ver<strong>de</strong>/hectare, com cerca <strong>de</strong> 23% compostos<br />

pelos capítulos/grãos.<br />

A silagem <strong>de</strong> girassol apresenta como vantagens o alto valor<br />

energético e o teor <strong>de</strong> PB entre 10 a 13%, que po<strong>de</strong> ser 35% superior<br />

ao da silagem <strong>de</strong> milho. No entanto, apresenta maior teor <strong>de</strong> fi bra<br />

e gordura, que po<strong>de</strong>m reduzir a digestibilida<strong>de</strong> e o percentual <strong>de</strong><br />

nutrientes digestíveis totais. O ponto <strong>de</strong> corte do girassol <strong>para</strong> ensilagem<br />

é muito importante <strong>para</strong> obter uma silagem <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>. A<br />

melhor época <strong>para</strong> o corte é quando a planta do girassol apresenta<br />

teor <strong>de</strong> matéria seca entre 28 e 30%, o que coinci<strong>de</strong> com a maturação<br />

fi siológica (estádio R9). Para o produtor reconhecer se as plantas estão<br />

no ponto <strong>de</strong> ensilagem, <strong>de</strong>ve-se olhar a parte posterior dos capítulos<br />

que se torna amarelada e a maioria das folhas já está ressecada. Isso<br />

ocorre em geral 85 dias após a emergência (nascimento) das plantas<br />

<strong>para</strong> as varieda<strong>de</strong>s precoces e aproximadamente aos 110 dias <strong>para</strong> as<br />

varieda<strong>de</strong>s tardias. Não se <strong>de</strong>ve colher o girassol <strong>para</strong> ensilagem antes<br />

<strong>de</strong>sse período, pois o seu conteúdo <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> será muito alto o que<br />

não é bom <strong>para</strong> o armazenamento.<br />

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A revisão apresentada permite observar a existência <strong>de</strong><br />

um número representativo <strong>de</strong> plantas forrageiras adaptadas ao<br />

semiárido, com alto rendimento, altas concentrações <strong>de</strong> energia<br />

e outros nutrientes, que po<strong>de</strong>m ser utilizadas na <strong>produção</strong> <strong>de</strong><br />

concentrados na própria fazenda. Cabe aos produtores calcular os<br />

custos <strong>de</strong> <strong>produção</strong> das diferentes opções e avaliar a viabilida<strong>de</strong><br />

econômica <strong>de</strong>ssas ações.<br />

43


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Para auxiliar produtores e técnicos na formulação <strong>de</strong><br />

rações equilibradas <strong>para</strong> a <strong>pecuária</strong> leiteira, encontram-se<br />

listadas, em anexo, algumas formulações <strong>de</strong> rações propostas<br />

por pesquisadores da Embrapa, recomendações <strong>para</strong> o bom<br />

<strong>de</strong>sempenho da ativida<strong>de</strong> leiteira, a composição bromatológica<br />

da gran<strong>de</strong> maioria das plantas mencionadas, seus nomes<br />

científi cos e os requerimentos das vacas em lactação, em termos<br />

<strong>de</strong> energia e proteína.<br />

13. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

APOSTILA <strong>de</strong> nutrição <strong>de</strong> ruminantes (Bovinos/Bubalinos). Castanhal, PA: Escola<br />

Agrotécnica Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Castanhal, 2006, 30p. Disponível em: www.ufsm.br/<br />

petagronomia/apostilas/nutricaoruminantes.pdf. Acesso em: 6 Ago. 2008.<br />

CAMPOS, O.F. <strong>de</strong>. Opções <strong>de</strong> concentrado <strong>para</strong> bezerros até 360 dias<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Juiz <strong>de</strong> Fora-MG: Embrapa/Gado <strong>de</strong> Leite, 2006. 2p. (Instrução<br />

Técnica, 39).<br />

CARVALHO, J.L.H. <strong>de</strong>. A parte aérea da mandioca na alimentação animal.<br />

Informe Agropecuário, v.10, n.119, p.29-36, 1984.<br />

DAYRELL, M.S.; CAMPOS, O.F. Opções <strong>de</strong> concentrados <strong>para</strong> vacas em<br />

lactação. Juiz <strong>de</strong> Fora-MG: Embrapa/Gado <strong>de</strong> Leite, 2000. 2p. (Instrução<br />

Técnica, 17).<br />

DERESZ, F.; CÓSER, A.C.; MARTINS, C.E. Utilização <strong>de</strong> forrageiras tropicais<br />

manejadas em pastejo rotativo <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite. In: PRODUÇÃO DE LEITE<br />

A PASTO: TÉCNICAS DE ALIMENTAÇÃO E DE MANEJO DA PROPRIEDADE. Juiz <strong>de</strong><br />

Fora-MG: Embrapa/Gado <strong>de</strong> Leite, 2006. P.24-44.<br />

DUARTE, J.<strong>de</strong> O. Cultivo do sorgo: Mercado e comercialização. Sete<br />

Lagoas, EMBRAPA-CNPMS, 1991, 85. (EMBRAPA/CNPMS, Circular Técnica, 14).<br />

FERREIRA, M. <strong>de</strong> A. Palma forrageira na alimentação <strong>de</strong> bovinos leiteiros. Recife:<br />

UFRPE, Imprensa Universitária, 2005. 68p.<br />

FIALHO, E.T.; LIMA, J.A.F.; OLIVEIRA, V. et al. Substituição do milho pelo sorgo<br />

sem tanino em rações <strong>de</strong> leitões: Digestibilida<strong>de</strong> dos nutrientes e <strong>de</strong>sempenho<br />

animal. Revista Brasileira <strong>de</strong> Milho e Sorgo, v.1., p.105-111, 2002.<br />

GUANZIROLI, C.; ROMEIRO, A.; BUAINAIN, A.M. et al. Agricultura <strong>familiar</strong> e<br />

reforma agrária no século XXI. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Garamound, 2001. 288p.<br />

44


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

GUIMARÃES FILHO, C.; LOPES, P.R.C. Subsídios <strong>para</strong> formulação <strong>de</strong> um<br />

programa <strong>de</strong> convivência com a seca no semi-árido brasileiro. Petrolina-<br />

PE: Embrapa/Semi-árido, 2001. 22p. (Documentos, 171).<br />

LIMA, G.F. da C.; AGUIAR, E.M. <strong>de</strong>.; MACIEL, F.C. et al. Secador solar – A fábrica<br />

<strong>de</strong> feno <strong>para</strong> a agricultura <strong>familiar</strong>. In: Armazenamento <strong>de</strong> forragens <strong>para</strong><br />

agricultura <strong>familiar</strong>. Natal: Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agro<strong>pecuária</strong> do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte, 2004, p.9-13.<br />

LIMA, G.F. da C. Reservas <strong>estratégica</strong>s <strong>de</strong> forragem: Uma alternativa <strong>para</strong><br />

melhorar a convivência dos rebanhos <strong>familiar</strong>es com a seca. Natal: EMPARN,<br />

2006, 83p. (Série Circuito <strong>de</strong> Tecnologias Adaptadas <strong>para</strong> a Agricultura Familiar,<br />

1).<br />

LIMA, G.F. da C.; AGUIAR, E.M. Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forragem. Natal: EMPARN, 2007,<br />

62p. (Série Circuito <strong>de</strong> Tecnologias Adaptadas <strong>para</strong> a Agricultura Familiar, 1).<br />

LIMA, G.F. DA C. Reservas <strong>estratégica</strong>s <strong>de</strong> forragem <strong>para</strong> a bovinocultura<br />

leiteira potiguar. In: LIMA, G.F. da C.; PEREIRA NETO, M. (Org.) BOVINOCULTURA<br />

DE LEITE. Natal, RN: EMPARN, 2008. p. 8-54. (Série Circuito <strong>de</strong> Tecnologias<br />

Adaptadas <strong>para</strong> a Agricultura Familiar, v.1).<br />

MACIEL. F.C..; LIMA, G.F. da C.; GUEDES, F. X.; MEDEIROS, h.r.; GARCIA, L. R.<br />

U. C. Silo <strong>de</strong> superfície – Segurança alimentar dos rebanhos na seca. In:<br />

Armazenamento <strong>de</strong> forragens <strong>para</strong> agricultura <strong>familiar</strong>. Natal: Empresa<br />

<strong>de</strong> Pesquisa Agro<strong>pecuária</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, 2004a, p.19-23<br />

MACIEL. F.C..; LIMA, G.F. da C.; GUEDES, F. X.; MEDEIROS, h.r.; GARCIA, L. R.<br />

U. C. Silo <strong>de</strong> superfície – Segurança alimentar dos rebanhos na seca. In:<br />

Armazenamento <strong>de</strong> forragens <strong>para</strong> agricultura <strong>familiar</strong>. Natal: Empresa<br />

<strong>de</strong> Pesquisa Agro<strong>pecuária</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, 2004b, p.19-23<br />

MARTINS, A.S.; PRADO, I.N.; ZEOULA, L.M. et al. Digestibilida<strong>de</strong> aparente <strong>de</strong><br />

dietas contendo milho ou casca <strong>de</strong> mandioca como fonte energética e farelo<br />

<strong>de</strong> algodão ou levedura com fonte protéica em novilhas. Revista Brasileira<br />

<strong>de</strong> Zootecnia, v.32, n.3, p.727-736, 2000.<br />

MARTINS, C.E.; CÓSER, A.C.; DERESZ, F. Formação e utilização <strong>de</strong> pastagem<br />

maneja em sistemas intensivos <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> leite. Juiz <strong>de</strong> Fora-MG:<br />

Embrapa/Gado <strong>de</strong> Leite, 2004. 10p. (Circular Técnica, 79).<br />

MELO, A.A.S.; FERREIRA, M.A; VERAS, A.S.C. et al. Substituição parcial do farelo <strong>de</strong><br />

soja por uréia e palma forrageira (Opuntia fícus indica Mill) em dietas <strong>para</strong> vacas<br />

em lactação. Revista Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia, v.32, n.3, p.727-736, 2003.<br />

MELO, A.A.S.M. Palma forrageira na alimentação <strong>de</strong> vacas leiteiras. In:<br />

CONGRESSO NACIONAL DE ZOOTECNIA, 16. Recife-PE: SBZ, 2006. CD-<br />

ROM.<br />

45


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of beef<br />

cattle, Washington, D.C. National Aca<strong>de</strong>my Press. 1996. 242p.<br />

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle –<br />

NRC. Washington, D.C.: National Aca<strong>de</strong>my Press. 1989. 157p.<br />

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle –<br />

NRC. Washington, D.C.: National Aca<strong>de</strong>my Press. 2001. CD-ROM.<br />

RAMALHO, R.P.; FERREIRA, M. <strong>de</strong> A.; VERAS, A.S.C. et al. Substituição do milho<br />

pela raspa <strong>de</strong> mandioca em dietas <strong>para</strong> vacas primípiras em lactação. Revista<br />

Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia, v.29, n.1, p.269-277, 2000.<br />

RIBAS, P.M. Cultivo do sorgo: importância econômica In: SISTEMA DE<br />

PRODUÇÃO SORGO, 2, 4 ed. Sete Lagoas-MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2008.<br />

3p.<br />

SANTOS, D. C. dos; FARIAS, I.; LIRA, M. A. et al. Manejo e utilização da palma<br />

forrageira (Opuntia e Nopalea) em Pernambuco. Recife: IPA, 2006. 48p.<br />

(IPA. Documento, 30).<br />

SANTOS, J.P. Cultivo do sorgo: colheita e pós-colheita. In: SISTEMA DE<br />

PRODUÇÃO SORGO, 2, 4 ed. Sete Lagoas-MG: Embrapa Milho e Sorgo, 2008.<br />

6p.<br />

SILVA, J.G.M.; LIMA, G.F.C.; MACIEL, F.C. et al. Utilização e manejo do<br />

xiquexique e mandacaru como reservas <strong>estratégica</strong>s <strong>de</strong> forragem.<br />

Natal : EMPARN, 2007. 35p. (Documentos, 33).<br />

SILVA, J.G.M.; MACIEL, F.C.; MELO, A.A.S. et al. Xiquexique e Mandacaru<br />

Associados a Fenos <strong>de</strong> Flor-<strong>de</strong>-Seda e Sabiá na Alimentação <strong>de</strong> Cabras<br />

Leiteiras. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,<br />

45, Lavras, 2008. Anais... Lavras : Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia, 2008. CD-<br />

ROM.<br />

TARDIN, F.D.; RODRIGUES, J.A.S. Cultivo do sorgo: cultivares In: SISTEMA<br />

DE PRODUÇÃO SORGO, 2, 4 ed. Sete Lagoas-MG: Embrapa Milho e Sorgo,<br />

2008. 3p.<br />

VALADARES FILHO, S.C.; MAGALHÃES, K.A.; ROCHA JÚNIOR, V.R. et al. Tabelas<br />

brasileiras <strong>de</strong> composição <strong>de</strong> <strong>alimentos</strong> <strong>para</strong> bovinos. 2 ed. Viçosa: UFV, DZO,<br />

2006. 329p.<br />

VALENTE, J <strong>de</strong> O. Milho <strong>para</strong> silagens, tecnologias, sistemas e custos<br />

<strong>de</strong> <strong>produção</strong>. Sete Lagoas, EMBRAPA-CNPMS, 1991, 85. (EMBRAPA/CNPMS,<br />

Circular Técnica, 14).<br />

VERAS, R.M.L., FERREIRA, M. <strong>de</strong> A., CARVALHO, F.R. <strong>de</strong>. et al. Farelo <strong>de</strong> palma<br />

forrageira (Opuntia fícus indica Mill) em substituição ao milho. 1. Digestibilida<strong>de</strong><br />

46


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

aparente <strong>de</strong> nutrientes. Revista Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia, v.31, n.3, p.1302-<br />

1306, 2002.<br />

VERAS, R.M.L.; FERREIRA, M. <strong>de</strong> A.; VERAS, A.S.C. et al. Substituição do milho por<br />

farelo <strong>de</strong> palma forrageira em dietas <strong>para</strong> ovinos em crescimento. Consumo e<br />

digestibilida<strong>de</strong>. Revista Brasileira <strong>de</strong> Zootecnia, v.34, n.1, p.351-356, 2005.<br />

ZOCCAL, R. Cem recomendações <strong>para</strong> o bom <strong>de</strong>sempenho da ativida<strong>de</strong><br />

leiteira. Juiz <strong>de</strong> Fora-MG: Embrapa/Gado <strong>de</strong> Leite, 2004. 17p. (Comunicado<br />

Técnico, 39).<br />

14. ANEXOS<br />

Embrapa Gado <strong>de</strong> Leite – Recomendações <strong>para</strong> o bom<br />

<strong>de</strong>sempenho da ativida<strong>de</strong> leiteira.<br />

• Novilhas gestantes <strong>de</strong>vem receber 20% a mais <strong>de</strong> nutrientes<br />

em relação as suas exigências <strong>de</strong> mantença, por ainda estarem<br />

em crescimento;<br />

• As vacas <strong>de</strong>vem ser se<strong>para</strong>das e alimentadas em lotes baseados<br />

na <strong>produção</strong> do leite, período <strong>de</strong> lactação, re<strong>produção</strong>, e escore<br />

corporal, o que garantirá mais leite durante a vida produtiva da<br />

vaca, com menor custo;<br />

• Para permitir o aumento do consumo <strong>de</strong> <strong>alimentos</strong>, <strong>de</strong>ve-se:<br />

• Oferecer uma dieta balanceada em termos <strong>de</strong> energia, proteína,<br />

fi bra, vitaminas e minerais;<br />

• Utilizar <strong>alimentos</strong> <strong>de</strong> boa palatabilida<strong>de</strong>;<br />

• Não dar mais do que 3 a 4 kg <strong>de</strong> concentrado <strong>de</strong> uma só<br />

vez;<br />

• Para vacas <strong>de</strong> alta <strong>produção</strong>, <strong>de</strong>ve-se fazer vários tratos por<br />

dia, fracionando o fornecimento do concentrado. Assim a vaca<br />

produzirá mais leite e correrá menos riscos <strong>de</strong> adoecer;<br />

• Volumosos <strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> são mais consumidos e<br />

disponibilizam mais nutrientes <strong>para</strong> os animais. Por isso, um bom<br />

produtor <strong>de</strong> leite <strong>de</strong>ve ser, antes <strong>de</strong> tudo, um bom agricultor;<br />

47


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

• Forneça os concentrados misturados ao volumoso <strong>para</strong> as<br />

vacas. Isso permite consumo mais constante e ajuda a prevenir<br />

distúrbios metabólicos, principalmente acidose;<br />

• É importante fi car atento ao correto fornecimento <strong>de</strong> minerais<br />

<strong>para</strong> o rebanho. A ingestão forçada (misturado com o concentrado)<br />

<strong>para</strong> vacas em lactação garante as quantida<strong>de</strong>s necessárias <strong>para</strong><br />

o bom <strong>de</strong>sempenho produtivo e reprodutivo;<br />

• O uso diário da uréia não prejudica a re<strong>produção</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nitrogênio não protéico não ultrapasse um terço<br />

da proteína da dieta;<br />

• A suplementação com cana-<strong>de</strong>-açúcar e uréia <strong>de</strong>ve ser fornecida<br />

na seguinte proporção: 100 kg <strong>de</strong> cana picada + 1 kg <strong>de</strong> uréia<br />

com enxofre (sendo nove partes <strong>de</strong> uréia e uma <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong><br />

amônia). No período <strong>de</strong> adaptação a mistura <strong>de</strong>ve conter apenas<br />

meta<strong>de</strong> da uréia (500 g);<br />

• O caroço <strong>de</strong> algodão é alimento rico em energia e não é<br />

preciso <strong>de</strong>sintegrá-lo antes <strong>de</strong> fornecê-lo às vacas em lactação.<br />

Recomenda-se o fornecimento <strong>de</strong> 1 a 3 kg/vaca/dia, não<br />

exce<strong>de</strong>ndo a 20% da matéria seca da dieta (Zoccal, 2004).<br />

48


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Nomes vulgares e científi cos das forrageiras citadas<br />

Nomes Vulgares Nomes Científi cos<br />

Algaroba Prosopis julifl ora D.C.<br />

Caju Anacardium occi<strong>de</strong>ntale L.<br />

Cana-<strong>de</strong>-açúcar Sacharum offi cinarum L.<br />

Capim-buff el Cenchrus ciliaris L.<br />

Capim-elefante Pennisetum purpureum Schum.<br />

Capim-urocloa ou capim corrente<br />

Urocloa mosambicensis<br />

Car<strong>de</strong>iro ou mandacaru Cereus jamacaru DC.<br />

Girassol Helianthus annuus L.<br />

Leucena<br />

Leucaena leucocephala (Lam.) <strong>de</strong><br />

Wit.<br />

Mandioca Manihot esculenta Crantz<br />

Melão Cucumis melo L.<br />

Milho Zea Mays L.<br />

Palma gigante e redonda Opuntia fícus-indica Mill.<br />

Palma miúda ou doce Nopalea cochenilifera Salm. Dick.<br />

Sorgo Sorghum bicolor (L.) Moench.<br />

Xiquexique<br />

Pilosocereus gounellei (A. Wrber ex<br />

K. Schum.) Byl ex Rowl.<br />

49


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Tabela 6. Opções <strong>de</strong> concentrados <strong>para</strong> vacas em lactação<br />

Alimentos/Nutri<br />

Rações Diversas<br />

entes<br />

%<br />

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10<br />

Milho grão - - 84,50 74,50 79,00 50,00 85,00 80,00 65,00 75,00<br />

MPDS (*) - 78,00 - - - - - - - -<br />

Farelo <strong>de</strong><br />

soja<br />

Farelo <strong>de</strong><br />

algodão<br />

Farelo <strong>de</strong><br />

trigo<br />

23,00<br />

-<br />

-<br />

19,00<br />

-<br />

-<br />

10,00<br />

-<br />

-<br />

8,00<br />

-<br />

12,00<br />

-<br />

15,00<br />

-<br />

-<br />

10,00<br />

35,00<br />

10,00<br />

-<br />

-<br />

-<br />

15,00<br />

-<br />

-<br />

10,00<br />

20,00<br />

8,00<br />

-<br />

12,00<br />

Mandioca 72,00 - - - - - - - - -<br />

Uréia 2,00 1,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00<br />

Calcário<br />

calcítico<br />

- - 1,00 0,50 1,00 - - - - -<br />

Minerais<br />

PB<br />

1,00 1,00 1,50 1,50 1,50 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00<br />

(Proteína 20,00 18,00 19,20 19,10 18,40 19,20 19,70 18,60 18,60 19,50<br />

bruta)<br />

NDT<br />

(Energia)<br />

75,80 70,00 75,20 73,00 73,00 79,00 77,00 74,90 77,30<br />

Ca (Calcio) 1,20 0,60 0,92 1,00 1,07 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00<br />

P (Fósforo) 0,33 0,40 0,62 0,60 0,64 0,80 0,36 0,45 0,56 0,45<br />

(*) MDPS – Milho <strong>de</strong>sintegrado com palha e sabugo<br />

Fonte: Dayrell e Campos ( 2000)<br />

Embrapa Gado <strong>de</strong> Leite – Pasta do Produtor<br />

Segundo Nobre (2009 – Informação pessoal) o milho po<strong>de</strong>rá ser substituído,<br />

total ou parcialmente, nas mesmas proporções por produtos<br />

como a algaroba e o sorgo.<br />

50


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

Tabela 7. Opções <strong>de</strong> concentrados <strong>para</strong> bezerros<br />

Ingredientes (%) 01 02 03 04 05 06 07 08<br />

Milho grão 45,7 60,5 62,0 34,5 43,5 66,0 52,0 75,0<br />

Farelo <strong>de</strong> soja - - - - 13,5 5,0 10,0 22,0<br />

Farelo <strong>de</strong> algodão 28,0 37,0 14,0 22,5 - 26,0 10,0 -<br />

Farelo <strong>de</strong> trigo 24,0 - 20,0 40,0 40,0 - 25,0 -<br />

Uréia - - 1,5 - - - - -<br />

Minerais 0,5 0,5 1,0 0,5 1,0 1,0 1,0 1,0<br />

Calcário calcítico 1,8 2,0 1,5 2,5 2,0 2,0 2,0 2,0<br />

PB (Proteína bruta) 16,0 16,4 17,8 15,7 16,5 16,1 16,2 17,4<br />

NDT<br />

(Energia)<br />

71,6 72,6 73,4 70,8 75,2 74,7 74,9 80,6<br />

Ca (Cálcio) 0,91 0,99 0,83 1,21 1,06 1,05 1,05 1,05<br />

P (Fósforo)<br />

Fonte:Campos (2006)<br />

0,67 0,56 0,58 0,75 0,68 0,55 0,63 0,40<br />

Embrapa Gado <strong>de</strong> Leite – Pasta do Produtor<br />

O autor recomenda colocar concentrado à disposição dos<br />

bezerros a partir da segunda semana <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Após o <strong>de</strong>saleitamento<br />

precoce (60 dias), a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concentrado a ser<br />

fornecida é <strong>de</strong> 1 ou 2 kg /animal/dia, até seis meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da qualida<strong>de</strong> do volumoso disponível. Dos seis<br />

meses até um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, a quantida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 1 kg/animal/<br />

dia. Deve-se renovar com frequência o concentrado no cocho,<br />

principalmente nas primeiras semanas <strong>de</strong> vida dos bezerros. Alimentos<br />

molhados e mofados são menos consumidos e po<strong>de</strong>m<br />

provocar doenças.<br />

51


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR . . . .<br />

Requerimentos diários da vaca em lactação e em gestação (NRC,<br />

1989)<br />

52


PRODUÇÃO . . . ESTRATÉGICA . . . . . . DE . . ALIMENTOS . . . . . PARA . . . A PECUÁRIA . . . . . FAMILIAR . . . . NO . . SEMIÁRIDO . . . . . . . . .<br />

53


. . . . . . . . VI . CIRCUITO . . . . . DE . TECNOLOGIAS . . . . . . . ADAPTADAS . . . . . PARA . . . A . AGRICULTURA . . . . . . FAMILIAR<br />

. . . .<br />

54

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!