19.04.2013 Views

estudo de viabilidade para produção da farinha de banana verde ...

estudo de viabilidade para produção da farinha de banana verde ...

estudo de viabilidade para produção da farinha de banana verde ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Revista Brasileira <strong>de</strong> Produtos Agroindustriais, Campina Gran<strong>de</strong>, v.14, n.4, p.317-322, 2012 317<br />

ISSN 1517-8595<br />

ESTUDO DE VIABILIDADE PARA PRODUÇÃO DA FARINHA DE BANANA<br />

VERDE EM SPRAY DRYER<br />

Ricardo Kenji Oi 1 , Deovaldo <strong>de</strong> Moraes Júnior 2 e Elias Basile Tambourgi 3<br />

RESUMO<br />

A biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> é um componente que po<strong>de</strong> ser aplicado em uma gran<strong>de</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> alimentos industrializados por não interferir nos atributos sensoriais <strong>de</strong> outros ingredientes e<br />

apresentar proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s funcionais, sobretudo pela presença do amido resistente. O campo <strong>de</strong><br />

aplicação po<strong>de</strong> ser ampliado se essa biomassa for transforma<strong>da</strong> em <strong>farinha</strong>. O presente trabalho<br />

apresenta um <strong>estudo</strong> <strong>da</strong> secagem <strong>de</strong> biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> não comercial<br />

(experimental) <strong>de</strong> spray dryer com atomizador rotativo <strong>para</strong> a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>farinha</strong>. As variáveis<br />

seleciona<strong>da</strong>s no procedimento experimental foram: rotação do atomizador; temperatura <strong>da</strong><br />

alimentação e vazão <strong>da</strong> alimentação. Estabeleceu-se como resposta o tamanho dos grânulos do<br />

produto seco (<strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong>). Essas variáveis tiveram dois níveis <strong>de</strong> variação, o que<br />

correspon<strong>de</strong>u à realização <strong>de</strong> oito ensaios. Dentre as variáveis utiliza<strong>da</strong>s nos ensaios, a rotação<br />

do atomizador foi a mais significativa <strong>para</strong> a variação do tamanho dos grânulos. Neste <strong>estudo</strong><br />

ficou comprova<strong>da</strong> a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em spray dryer.<br />

Palavras-chave: biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong>; <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong>; alimento funcional; spray<br />

dryer; secagem <strong>de</strong> produtos alimentícios.<br />

FEASIBILITY STUDY FOR PRODUCTION OF GREEN BANANA FLOUR<br />

IN SPRAY DRYER<br />

ABSTRACT<br />

The green <strong>banana</strong> biomass is a component that can be industrially applied to a wi<strong>de</strong> variety of<br />

foods because do not interfere in the sensory attributes of other ingredients present and has<br />

functional properties, especially the presence of resistant starch. The scope can be exten<strong>de</strong>d if<br />

the biomass is processed into flour. This research presents a feasibility study of drying green<br />

<strong>banana</strong> biomass in a non-commercial (experimental) of spray dryer with rotary atomizer to<br />

produce flour. The variables selected in the experimental procedure were: atomizer rotation;<br />

biomass temperature and biomass flow. It was <strong>de</strong>fined as response the granule’s size. These<br />

variables had two levels of variation, which correspon<strong>de</strong>d to the completion of eight trials.<br />

Among the variables used in the tests, the atomizer speed was the most significant to the<br />

granule’s size. This study <strong>de</strong>monstrated the feasibility of producing green <strong>banana</strong> flour in spray<br />

dryer.<br />

Keywords: green <strong>banana</strong> biomass; green <strong>banana</strong> flour; functional food; spray dryer; drying of<br />

food products.<br />

Protocolo<br />

1 Departamento <strong>de</strong> Processos Químicos e Informática <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia Química -Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Campinas - UNICAMP, CP 6066, CEP 13083-970, Campinas/SP, Brasil. Doutor em Engenharia Química pela UNICAMP.<br />

E-mail: prof_oi@ymail.com<br />

2 Doutor em Engenharia Sanitária pela Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos <strong>da</strong> USP. E-mail: <strong>de</strong>ovaldo@unisanta.br<br />

3 Doutor em Engenharia Química pela Escola Politécnica <strong>da</strong> USP. E-mail: eliastam@feq.unicamp.br


318 Estudo <strong>de</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>da</strong> <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em spray dryer Oi et al.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> melhoria <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> leva<br />

os consumidores a buscar, ca<strong>da</strong> vez mais,<br />

alimentos específicos ou componentes<br />

alimentares fisiologicamente ativos, também<br />

<strong>de</strong>nominados alimentos funcionais. Nos últimos<br />

anos, o termo funcional, aplicado aos alimentos,<br />

tem assumido diferente conotação que é a <strong>de</strong><br />

proporcionar um benefício fisiológico<br />

adicional, além <strong>da</strong>quele <strong>de</strong> satisfazer as<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s nutricionais básicas (Hasler,<br />

1998).<br />

Nos últimos anos surgiram muitas opções<br />

<strong>para</strong> esse tipo <strong>de</strong> alimentos como a biomassa <strong>da</strong><br />

<strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> (<strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> cozi<strong>da</strong> e<br />

processa<strong>da</strong>, ausente <strong>de</strong> sabor e inodora), que<br />

po<strong>de</strong> ser utiliza<strong>da</strong> em substituição aos<br />

espessantes tradicionais como trigo, soja, fécula<br />

<strong>de</strong> mandioca e amido <strong>de</strong> milho, melhorando o<br />

valor nutricional e assumindo o sabor <strong>da</strong><br />

pre<strong>para</strong>ção. Além <strong>da</strong>s vitaminas A, C e<br />

complexo B (B1, B2 e niacina) essa biomassa<br />

apresenta os sais minerais indispensáveis <strong>para</strong> o<br />

bom funcionamento do organismo humano<br />

(Nascente et al., 2005).<br />

A <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> contém um alto teor <strong>de</strong><br />

amido, cerca <strong>de</strong> 20% e, <strong>de</strong>sse total, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>da</strong> espécie, até 84% po<strong>de</strong> se encontrar na forma<br />

<strong>de</strong> amido resistente, embora as estruturas<br />

químicas, físicas e morfológicas sejam<br />

específicas <strong>para</strong> ca<strong>da</strong> varie<strong>da</strong><strong>de</strong> (Freitas e<br />

Tavares, 2005; Medina et al., 1985).<br />

Diversos trabalhos foram publicados<br />

sobre as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong>, os quais<br />

abor<strong>da</strong>ram os efeitos benéficos sobre alguns<br />

males como câncer coloretal, diarréia, índice<br />

glicêmico, resposta insulínica, dislipi<strong>de</strong>mias,<br />

doenças cardiovasculares e doença celíaca<br />

(Zandonadi, 2009; Freitas & Tavares, 2005;<br />

Topping et al., 2003; Langkil<strong>de</strong> et al., 2002).<br />

Atualmente, a biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong><br />

é ain<strong>da</strong> produzi<strong>da</strong> <strong>de</strong> modo artesanal ou semiindustrial,<br />

com baixa escala <strong>de</strong> <strong>produção</strong>. Essa<br />

biomassa é obti<strong>da</strong> na forma pastosa, e mesmo<br />

que o processamento seja asséptico, persiste a<br />

constante preocupação quanto à questão<br />

microbiológica, assim como a perecibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

material. Uma opção <strong>para</strong> a <strong>produção</strong> em escala<br />

industrial é a secagem pelo processo spray<br />

drying.<br />

A secagem em spray dryer transforma<br />

esse produto pastoso em granulado, na forma <strong>de</strong><br />

<strong>farinha</strong>, facilitando o transporte e aumentando o<br />

shelf-life, conforme os resultados <strong>da</strong>s pesquisas<br />

<strong>de</strong> Oi (2011), OI, Tambourgi & Moraes Jr<br />

(2010) e Oi et al. (2009).<br />

A <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

utiliza<strong>da</strong> em substituição à <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> trigo na<br />

pre<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> massas, pães, bolos, biscoitos,<br />

entre outros, com a vantagem <strong>de</strong> conferir a<br />

esses alimentos os benefícios do amido<br />

resistente e <strong>de</strong> não conter glúten, permitindo o<br />

seu consumo pelos celíacos (Zandonadi, 2009).<br />

A secagem em spray dryer ocorre através<br />

<strong>da</strong> atomização, que é o processo <strong>de</strong> divisão do<br />

líquido em milhões <strong>de</strong> micro gotas formando<br />

um spray, sendo que 1 m³ <strong>de</strong> líquido produz<br />

cerca <strong>de</strong> 2 x 10¹² gotas com diâmetro<br />

aproximado <strong>de</strong> 100 m Masters (1985).<br />

Nos processos industriais <strong>de</strong> secagem são<br />

poucos os secadores que aceitam fluidos<br />

bombeáveis na entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> alimentação do<br />

material até o final do processo produzindo<br />

partículas secas, sem a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

empregar eleva<strong>da</strong> temperatura, que po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>gra<strong>da</strong>r os nutrientes do produto a ser seco<br />

Foust et al., 1982).<br />

Neste processo as proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicoquímicas<br />

dos produtos obtidos através <strong>de</strong>sses<br />

equipamentos são preserva<strong>da</strong>s (Foust et al.,<br />

1982). Dessa forma, o secador pulverizador<br />

spray dryer é a melhor opção <strong>de</strong> muitas<br />

operações industriais <strong>de</strong> secagem <strong>de</strong>vido a sua<br />

flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> (Masters, 1985).<br />

Este presente trabalho teve por objetivo<br />

geral estu<strong>da</strong>r a secagem <strong>da</strong> biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong><br />

ver<strong>de</strong> em uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental <strong>de</strong> spray<br />

dryer com atomizador rotativo. O objetivo<br />

específico do <strong>estudo</strong> foi analisar o tamanho dos<br />

grânulos <strong>da</strong> <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> através <strong>de</strong><br />

um microscópico ótico, utilizando como<br />

variáveis a rotação do atomizador, a<br />

temperatura <strong>da</strong> alimentação e a vazão <strong>da</strong><br />

alimentação. Da<strong>da</strong> as diversas variáveis<br />

envolvi<strong>da</strong>s no processo spray drying, torna-se<br />

importante analisá-las <strong>para</strong> uma melhor<br />

compreensão do fenômeno, justificando assim,<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento do presente trabalho.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

Os ensaios <strong>para</strong> o <strong>estudo</strong> <strong>da</strong> secagem <strong>da</strong><br />

biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> foram realizados em<br />

um spray dryer experimental, construído <strong>para</strong> o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho, que está<br />

representado na Figura 1. O equipamento é<br />

constituído <strong>de</strong> uma câmara <strong>de</strong> secagem com<br />

volume <strong>de</strong> 0,2 m 3 , sendo o diâmetro <strong>de</strong> 0,63 m<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> Produtos Agroindustriais, Campina Gran<strong>de</strong>, v.14, n.4, p.317-322, 2012


Estudo <strong>de</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>da</strong> <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em spray dryer Oi et al. 319<br />

e a altura <strong>de</strong> 0,91 m, fabrica<strong>da</strong> em aço carbono<br />

e revesti<strong>da</strong> internamente com resina polimérica<br />

(epóxi). O ar foi aquecido por dois aquecedores,<br />

<strong>de</strong> resistência elétrica com potência <strong>de</strong> 2.000 W<br />

ca<strong>da</strong> e instalados na câmara em lados opostos.<br />

Na biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong>,<br />

industrializa<strong>da</strong> e na forma pastosa, foi<br />

adiciona<strong>da</strong> água <strong>para</strong> evitar a obstrução do<br />

atomizador e dos dutos do equipamento. Assim,<br />

nos ensaios foi utiliza<strong>da</strong> uma suspensão <strong>de</strong><br />

pasta <strong>de</strong> <strong>banana</strong> e água na concentração <strong>de</strong><br />

50%.<br />

A suspensão foi armazena<strong>da</strong> em um tanque<br />

cilíndrico contendo um agitador <strong>para</strong><br />

homogeneização <strong>da</strong> alimentação e aqueci<strong>da</strong>,<br />

antes <strong>de</strong> ser atomiza<strong>da</strong>, em um trocador <strong>de</strong> calor<br />

composto <strong>de</strong> tubo duplo e resistência elétrica.<br />

Uma bomba peristáltica constituí<strong>da</strong> <strong>de</strong> um rotor<br />

<strong>de</strong> alumínio com quatro roletes e acionado por<br />

um motor elétrico com controle <strong>de</strong> rotação<br />

injetou a suspensão no atomizador rotativo,<br />

construído em alumínio com 30,25 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro e 162,88 mm 2 <strong>de</strong> área dos orifícios. O<br />

atomizador foi movimentado por um motor<br />

elétrico <strong>de</strong> potência 127 W, com controle <strong>de</strong><br />

rotação e arrefecido por um cooler. Para o<br />

acionamento e comando do equipamento foi<br />

utilizado um painel <strong>de</strong> controle.<br />

Figura 1. Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental <strong>de</strong> spray dryer<br />

1) Câmara <strong>de</strong> secagem; 2) Motor elétrico e estrutura com função <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento vertical; 3) Bomba peristáltica; 4) Indicador <strong>de</strong><br />

temperatura; 5) Mangueiras <strong>de</strong> silicone <strong>para</strong> o transporte <strong>da</strong> suspensão; 6) Tanque <strong>de</strong> alimentação <strong>da</strong> suspensão com agitador; 7) Controlador<br />

<strong>de</strong> vazão volumétrica; 8) Aquecedor <strong>de</strong> ar; 9) Trocador <strong>de</strong> calor <strong>para</strong> pré-aquecimento <strong>da</strong> suspensão.<br />

No experimento foram utiliza<strong>da</strong>s três<br />

variáveis controla<strong>da</strong>s, em dois níveis <strong>de</strong><br />

variação, o que correspon<strong>de</strong>u à realização <strong>de</strong><br />

oito ensaios (2 3 ). Definiu como resposta o<br />

tamanho dos grânulos. A Tabela 1 apresenta as<br />

variáveis controla<strong>da</strong>s e fixa<strong>da</strong>s.<br />

A partir <strong>da</strong> regulagem do spray dryer nas<br />

condições <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ensaio, coletou-se o produto<br />

durante 15 minutos. Em segui<strong>da</strong> as amostras<br />

foram pesa<strong>da</strong>s, registrando-se a massa, e<br />

coloca<strong>da</strong>s em uma estufa, sendo aferido o peso<br />

até atingir um valor constante, <strong>para</strong> se obter a<br />

umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa na base úmi<strong>da</strong>. Em um<br />

microscópico ótico foram <strong>de</strong>terminados os<br />

tamanhos dos grânulos.<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> Produtos Agroindustriais, Campina Gran<strong>de</strong>, v.14, n.4, p.317-322, 2012


320 Estudo <strong>de</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>da</strong> <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em spray dryer Oi et al.<br />

Variáveis<br />

controla<strong>da</strong>s<br />

Variáveis<br />

fixa<strong>da</strong>s<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

A Tabela 2 apresenta os oito ensaios<br />

realizados no spray dryer experimental, em<br />

que: R é a rotação do atomizador; T é a<br />

Tabela 1. Valores <strong>da</strong>s variáveis utiliza<strong>da</strong>s nos ensaios.<br />

Descrição Valores<br />

Rotação do atomizador<br />

23.000 rpm<br />

27.000 rpm<br />

Temperatura <strong>de</strong> alimentação<br />

30ºC<br />

40ºC<br />

Vazão <strong>de</strong> alimentação<br />

40 mL/min<br />

60 mL/min<br />

Concentração <strong>da</strong> suspensão 50%<br />

Vazão <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> ar 1,5 kg/s<br />

Temperatura <strong>da</strong> câmara <strong>de</strong> secagem 160ºC<br />

temperatura <strong>de</strong> alimentação; Q é a vazão <strong>de</strong><br />

alimentação; UR é a umi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa na base<br />

úmi<strong>da</strong> e D é o tamanho dos grânulos do produto<br />

seco.<br />

Tabela 2. Ensaios realizados na uni<strong>da</strong><strong>de</strong> experimental <strong>de</strong> spray dryer.<br />

Ensaio<br />

R<br />

(rpm)<br />

T<br />

( o C)<br />

Q<br />

(mL/min)<br />

UR<br />

(%)<br />

D<br />

(µm)<br />

1 23000 30 40 4,23 545<br />

2 23000 30 60 3,76 595<br />

3 23000 40 40 8,10 520<br />

4 23000 40 60 5,19 570<br />

5 27000 30 40 10,92 370<br />

6 27000 30 60 59,26 410<br />

7 27000 40 40 50,91 335<br />

8 27000 40 60 59,40 385<br />

Os <strong>da</strong>dos coletados do experimento<br />

foram tratados estatisticamente no software<br />

Minitab 14 <strong>para</strong> analisar as influências <strong>da</strong>s<br />

variáveis no tamanho dos grânulos. A Figura 2<br />

ilustra a variação do tamanho dos grânulos<br />

pelas variáveis rotação do atomizador,<br />

temperatura <strong>da</strong> alimentação e vazão <strong>de</strong><br />

alimentação. A linha horizontal presente nos<br />

três gráficos representa o tamanho médio dos<br />

grânulos (466 µm).<br />

Os ensaios realizados com a rotação <strong>de</strong><br />

27.000 rpm apresentaram amostras com menor<br />

tamanho <strong>de</strong> grânulos, variando entre 335 µm e<br />

410 µm, quando com<strong>para</strong>do com a outra<br />

rotação ensaia<strong>da</strong>, cuja dimensão registrou<br />

valores <strong>de</strong> 520 µm a 595 µm.<br />

O <strong>de</strong> tamanho dos grânulos encontrados<br />

nesta pesquisa está <strong>de</strong>ntro dos padrões obtidos<br />

nos <strong>estudo</strong>s <strong>de</strong> Oi (2011), OI, Tambourgi e<br />

Moraes Jr. (2010) e Oi et al. (2009). Como<br />

referência, o tamanho médio dos grânulos <strong>de</strong><br />

<strong>farinha</strong> <strong>de</strong> trigo situa-se em torno <strong>de</strong> 250 µm,<br />

portanto, é possível empregar a biomassa <strong>de</strong><br />

<strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> na forma <strong>de</strong> <strong>farinha</strong> <strong>para</strong><br />

<strong>produção</strong> <strong>de</strong> massas e outras pre<strong>para</strong>ções.<br />

A rotação <strong>de</strong> 27.000 rpm proporcionou<br />

maior veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> à suspensão atomiza<strong>da</strong>,<br />

contribuindo <strong>para</strong> uma pulverização mais<br />

eficiente, o que resultou na obtenção <strong>de</strong> <strong>farinha</strong><br />

com menor tamanho <strong>de</strong> grânulos, em<br />

com<strong>para</strong>ção com o outro nível ensaiado.<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> Produtos Agroindustriais, Campina Gran<strong>de</strong>, v.14, n.4, p.317-322, 2012


Estudo <strong>de</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>da</strong> <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em spray dryer Oi et al. 321<br />

Mean of Tamanho<br />

550<br />

500<br />

450<br />

400<br />

350<br />

550<br />

500<br />

450<br />

400<br />

350<br />

Main Effects Plot (<strong>da</strong>ta means) for Tamanho<br />

23000<br />

40<br />

Rotação Temperatura<br />

Vazão<br />

27000<br />

60<br />

Figura 2. Efeitos <strong>da</strong>s variáveis <strong>para</strong> o tamanho dos grãos<br />

A temperatura <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> 40ºC<br />

gerou amostras com menor dimensão <strong>de</strong><br />

grânulo, quando com<strong>para</strong><strong>da</strong> com a outra<br />

temperatura utiliza<strong>da</strong> no experimento. Essa<br />

maior temperatura contribuiu <strong>para</strong> uma<br />

secagem mais eficiente <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> câmara e,<br />

portanto, a obtenção <strong>de</strong> amostras com menor<br />

tamanho dos grânulos.<br />

O melhor resultado <strong>da</strong> resposta foi obtido<br />

com a vazão <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> 40 mL/min. Um<br />

menor volume <strong>de</strong> suspensão por uni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tempo atomizado permitiu melhor pulverização<br />

em com<strong>para</strong>ção com a vazão <strong>de</strong> 60 mL/min,<br />

Term<br />

Rotação<br />

Vazão<br />

Temperatura<br />

0<br />

Pareto Chart of the Stan<strong>da</strong>rdized Effects<br />

(response is Tamanho, Alpha = ,05)<br />

2,78<br />

10<br />

30<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> Produtos Agroindustriais, Campina Gran<strong>de</strong>, v.14, n.4, p.317-322, 2012<br />

40<br />

produzindo <strong>de</strong>ssa forma <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong><br />

ver<strong>de</strong> com menor dimensão <strong>de</strong> grânulos.<br />

No gráfico <strong>de</strong> Pareto do efeito <strong>da</strong>s três<br />

variáveis <strong>para</strong> a resposta tamanho dos grânulos,<br />

obtido no MINITAB 14 e representado pela<br />

Figura 3, a linha vertical na cor vermelha se<br />

refere ao nível <strong>de</strong> significância estatística <strong>para</strong><br />

α = 0,05. Dentre as três variáveis do<br />

experimento, a rotação do atomizador foi<br />

aquela que mais influenciou na variação <strong>da</strong><br />

dimensão dos grânulos do produto seco no<br />

spray dryer. Ressalta-se que to<strong>da</strong>s as variáveis<br />

apresentaram significância estatística no<br />

fenômeno.<br />

20<br />

30<br />

Stan<strong>da</strong>rdized Effect<br />

Figura 3. Gráfico <strong>de</strong> Pareto <strong>para</strong> os efeitos <strong>da</strong>s variáveis no tamanho dos grânulos<br />

40


322 Estudo <strong>de</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>da</strong> <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em spray dryer Oi et al.<br />

O disco atomizador cumpre o papel <strong>de</strong><br />

dispersar o líquido na câmara <strong>de</strong> secagem em<br />

um campo centrífugo, através do movimento<br />

rotativo. O fluido <strong>de</strong>ixa o disco na forma <strong>de</strong><br />

uma película líqui<strong>da</strong> que se fragmenta em<br />

gotículas, ou então em filamentos e <strong>de</strong>pois em<br />

gotículas, que serão secas com o fluxo <strong>de</strong> ar<br />

quente introduzido na câmara. Assim, a rotação<br />

torna-se relevante no processo <strong>de</strong> secagem,<br />

influenciando na dimensão <strong>de</strong> grânulos do<br />

produto seco.<br />

CONCLUSÃO<br />

O <strong>estudo</strong> <strong>de</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em spray dryer com<br />

atomizador rotativo concluiu que:<br />

I. O ensaio n o 7 foi aquele que apresentou a<br />

amostra com a menor dimensão <strong>de</strong> grânulos<br />

(335 µm), sendo obtido com os seguintes<br />

valores <strong>da</strong>s variáveis: rotação do disco <strong>de</strong><br />

27.000 rpm; temperatura <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong><br />

40 o C e vazão <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> 40 mL/min;<br />

II. A rotação do disco atomizador foi aquela<br />

que mais influenciou na variação do tamanho<br />

dos grânulos <strong>da</strong> <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong><br />

produzia pelo spray dryer e apresentou<br />

significância estatística no experimento, assim<br />

como as outras variáveis;<br />

III. Em todos os ensaios foi possível obter a<br />

<strong>farinha</strong> <strong>da</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong>, comprovando-se a<br />

viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir a <strong>farinha</strong> <strong>de</strong> <strong>banana</strong><br />

ver<strong>de</strong> em spray dryer, assim como nos<br />

trabalhos <strong>de</strong> Oi (2011), Oi, Tambourgi e<br />

Moraes Jr (2010) e Oi et al. (2009).<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

Foust, A. S.; Wenzel, L. A.; Clump, C. W.;<br />

Maus, L.; An<strong>de</strong>rsen, L. B. Princípios <strong>da</strong>s<br />

Operações Unitárias. 2ª ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Ed. Guanabara Dois, 1982.<br />

Freitas, M. C. J.; Tavares, D. Q.<br />

Caracterização do grânulo <strong>de</strong> amido <strong>de</strong><br />

<strong>banana</strong> (Musa AAA-Nanicão e Musa<br />

AAB Terra). Revista Ciência e Tecnologia<br />

<strong>de</strong> Alimentos, Campinas, 2005.<br />

Hasler C. M. Functional Foods for Health<br />

Program, Department of Food Science and<br />

Human Nutrition - University of Illinois,<br />

Urbana, Food Technology, p. 52-62, 1998.<br />

Langkil<strong>de</strong>, A. M.; Champ, M.; An<strong>de</strong>rson, H.<br />

Effects of high-resistant starch <strong>banana</strong><br />

flour (RS2) on in vitro fermentation and<br />

small- bowel excretion of energy,<br />

nutrients and sterols: an ileostomy study.<br />

American Journal Clinical Nutrition, v. 75,<br />

p. 104-111, 2002.<br />

Masters, K. Spray Drying Handbook. 4th. ed.<br />

London: George Godwin, 1985.<br />

Medina, J.C.; et al. Banana: <strong>da</strong> cultura ao<br />

processamento e comercialização. 2a ed.<br />

Campinas, ITAL: pp. 1-131/198-264, 1985.<br />

Nascente, A. S.; Costa, J. N. M.; Costa, R. S. C.<br />

Cultivo <strong>da</strong> <strong>banana</strong> em Rondônia. Embrapa<br />

Rondônia, Sistemas <strong>de</strong> Produção, 2005.<br />

Disponível em: . Acesso em:<br />

18/05/2010.<br />

Oi. R. K. Secagem <strong>da</strong> biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong><br />

ver<strong>de</strong> em spray dryer. Tese (Doutorado em<br />

Engenharia Química), Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Engenharia Química, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Estadual<br />

<strong>de</strong> Campinas – UNICAMP), 2011.<br />

Oi, R. K.; Tambourgi, E. B.; Moraes Jr., D.<br />

Estudo <strong>de</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> secagem <strong>da</strong><br />

biomassa <strong>da</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong> em spray dryer<br />

rotativo. Exacta, São Paulo, v. 8, n.2, p.<br />

185-191, 2010.<br />

Oi, R. K. et al. Projeto <strong>de</strong> secador do tipo spray<br />

dryer <strong>para</strong> secagem <strong>de</strong> biomassa <strong>de</strong> <strong>banana</strong><br />

ver<strong>de</strong>. In: IX Congreso Iberoamericano <strong>de</strong><br />

Ingeniería Mecânica, 2009, Las Palmas <strong>de</strong><br />

Gran Canária: Airexpress.<br />

Topping, D. L.; Fukushima, M.; Bird, A. R.<br />

Resistant starch as a prebiotic and<br />

synbiotic: state of the art. Proceedings of<br />

the Nutrition Society, v. 62, p. 171-176,<br />

2003.<br />

Zandonadi, R. R. Massa <strong>de</strong> <strong>banana</strong> ver<strong>de</strong>:<br />

uma alternativa <strong>para</strong> exclusão do glúten.<br />

2009. 74f. Tese (Doutorado em Ciências <strong>da</strong><br />

Saú<strong>de</strong>), Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>da</strong> Saú<strong>de</strong>,<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília - UnB, Brasília.<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> Produtos Agroindustriais, Campina Gran<strong>de</strong>, v.14, n.4, p.317-322, 2012

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!