Linguagem e sentido na Educação Infantil: uma ... - TV Brasil
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se ativamente <strong>na</strong> relação com a realidade,<br />
recriando-a, construindo <strong>sentido</strong> sobre ela.<br />
A brincadeira é um espaço onde a criança<br />
pode agir por conta própria, tomar decisões,<br />
transgredir, reverter a ordem e dar novo sen-<br />
tido às coisas. Para o autor, <strong>na</strong> brincadeira<br />
os objetos perdem sua força determi<strong>na</strong>dora<br />
(p.110), pois a criança age sobre eles dife-<br />
rente daquilo que ela vê, ressignificando-os<br />
através de seus gestos, que ganham função<br />
de signo. Pelo gesto, transforma os objetos,<br />
indicando os novos significados atribuídos.<br />
A brincadeira supõe um sujeito que brin-<br />
ca, um “objeto”, um tempo, um espaço e<br />
um conjunto de mecanismos que regulam<br />
as ações. Quando a criança toma o lugar<br />
de mãe n<strong>uma</strong> brincadeira de casinha, por<br />
exemplo, age a partir de um conjunto de<br />
comportamentos aprendidos no cotidiano.<br />
Embora alguns autores atribuam à brinca-<br />
deira <strong>uma</strong> liberdade total de regras e ausên-<br />
cia de objetivos fora da atividade em si, não<br />
há brincadeira sem regras. As brincadeiras<br />
são orientadas por regras que vão sendo es-<br />
tabelecidas e negociadas enquanto se brin-<br />
ca, seguindo o rumo da fantasia. Mas para<br />
exercer um determi<strong>na</strong>do papel social é ne-<br />
cessário que a criança aja de acordo com o<br />
que se espera do exercício daquele papel.<br />
Portanto, faz uso de regras sociais, assumin-<br />
do discursos e posturas. Vygotsky (idem)<br />
considera a brincadeira <strong>uma</strong> grande fonte<br />
de desenvolvimento pois, ao separar obje-<br />
to e significado, a criança comporta-se de<br />
forma mais avançada do que <strong>na</strong>s atividades<br />
da vida real. Brincar é <strong>uma</strong> atividade funda-<br />
mental <strong>na</strong> vida das crianças.<br />
LEITURA E ESCRITA<br />
Bartolomeu Campos de Queirós, defensor<br />
da leitura literária <strong>na</strong> escola, nos seus tex-<br />
tos literários memorialísticos traz a leitura<br />
e a escrita como <strong>uma</strong> experiência marcan-<br />
te <strong>na</strong> infância. Experiência que remonta à<br />
primeira infância, antes da entrada para a<br />
escola que, à época, se fazia aos sete anos<br />
de idade. Aquele olhar devagar do menino<br />
curioso mirava o entorno e via os pais, len-<br />
do e escrevendo. Eram três os cadernos da<br />
mãe, eram poucos os livros do pai, ainda as-<br />
sim era visível a leitura e a escrita. A cultura<br />
escrita, assim como as brincadeiras, faziam<br />
parte das práticas sociais da família. Ler e<br />
escrever faziam <strong>sentido</strong> para o menino:<br />
Minha mãe guardava com cuidado de<br />
sete chaves, sobre a cômoda do quarto,<br />
três cadernos. No primeiro ela copiava<br />
receitas de amorosos doces: suspiros,<br />
amor em pedaços, baba de moça, casa-<br />
dinho, e fazia olho de sogra de cor. No<br />
segundo caderno, ela anotava riscos de<br />
bordado, com nomes camuflados em<br />
pesares: ponto-atrás, ponto de sombra,<br />
ponto de cruz, ponto de cadeia, laçadas<br />
e nós. No terceiro, ela escondia longas<br />
poesias, boiando em sofrimentos (...). Eu<br />
reparava seus cadernos, encardidos pelo<br />
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