Linguagem e sentido na Educação Infantil: uma ... - TV Brasil
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Edição EspEcial<br />
LINGUAGEM E SENTIDO NA EDUCAÇÃO<br />
INFANTIL: UMA HOMENAGEM A<br />
BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS Patrícia Corsino 1<br />
Esta edição especial do programa Salto para<br />
o Futuro tem como proposta discutir lin-<br />
guagem e <strong>sentido</strong>s <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> e,<br />
simultaneamente, fazer <strong>uma</strong> home<strong>na</strong>gem a<br />
Bartolomeu Campos de Queirós, escritor fa-<br />
lecido em janeiro de 2012, autor de diversos<br />
livros de literatura, cujos textos, com ima-<br />
gens e ritmos muito peculiares, em geral fo-<br />
ram rotulados como “literatura para crian-<br />
ças”, mas por vezes é difícil enquadrá-los em<br />
tal categorização. Em várias de suas obras,<br />
como Indez; Por Parte de Pai; Ler, escrever e fa-<br />
zer conta de cabeça; Antes do depois e Verme-<br />
lho Amargo, o autor mergulha <strong>na</strong>s suas me-<br />
mórias de infância. O vigor da/<strong>na</strong> linguagem<br />
em que ele deixa aflorar os sentimentos do<br />
menino – perso<strong>na</strong>gem que, em várias obras,<br />
assume a <strong>na</strong>rração em primeira pessoa –<br />
evidencia que as crianças, desde bem pe-<br />
que<strong>na</strong>s, são sensíveis ao mundo, percebem<br />
e significam intensamente o que está ao seu<br />
redor. Nos relatos de infância, o autor tece<br />
o que anuncia no poema Os cinco <strong>sentido</strong>s:<br />
“em cada <strong>sentido</strong> moram outros <strong>sentido</strong>s”.<br />
As memórias de menino trazem as miude-<br />
zas do cotidiano, contextos de vida de um<br />
tempo histórico situado, mas a linguagem<br />
poética que arremata as emoções ultrapas-<br />
sa tempo e espaço e toca nossas memórias,<br />
remexe e deixa transbordar o que nem sus-<br />
peitávamos por que:<br />
Memória não tem filtro e armaze<strong>na</strong><br />
tudo. Memória a gente não rasga, não<br />
joga no lixo, não lava com sabão. Me-<br />
mória é sentinela, e nos vigia sempre. A<br />
memória não vê mas não tira o olho. Vai<br />
somando vida afora. Tudo que a gente<br />
olha, ouve, toca, come, cheira, a memó-<br />
ria não esquece. E, de repente, transbor-<br />
da mais rápido que enchente. Coisas que<br />
a gente só imaginou, a memória guarda.<br />
1 Doutora em <strong>Educação</strong> pela PUC-Rio, professora adjunta da Faculdade de <strong>Educação</strong> da UFRJ, professora<br />
do Programa de Pós-Graduação em <strong>Educação</strong> da UFRJ e integrante do LEDUC (Laboratório de <strong>Linguagem</strong>, leitura,<br />
escrita e educação). Consultora da edição especial.<br />
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