Exóticas web.cdr - Rede Pró-Fauna - Estado do Paraná
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possíveis alterações no habitat e na estrutura da comunidade local já<br />
mencionadas para crustáceos em geral. Assim como o vírus acima<br />
menciona<strong>do</strong>, M. rosenbergii pode ser transmissor de outras <strong>do</strong>enças<br />
().<br />
O trabalho de GAZOLA-SILVA et al. (2007) registra a ocorrência e possível<br />
introdução <strong>do</strong> camarão de água <strong>do</strong>ce M. rosenbergii na bacia <strong>do</strong> rio<br />
Guaraguaçu (25º42' S e 48º31' W) e discute suas possíveis implicações<br />
para a conservação da região.<br />
O rio Guaraguaçu é o maior rio <strong>do</strong> litoral paranaense com área de<br />
drenagem de aproximadamente 395.5 km2, sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> pela<br />
confluência de inúmeros riachos que nascem na Serra da Prata (Parque<br />
Nacional Saint-Hilaire/Hugo Lange). Percorre um trecho extenso na<br />
planície litorânea (cerca de 60 km), sofren<strong>do</strong> influência de maré e<br />
passan<strong>do</strong> por diversos trechos de floresta bem preservada e unidades de<br />
conservação estratégicas para a manutenção da biodiversidade<br />
paranaênse, como a Estação Ecológica <strong>do</strong> Guaraguaçu (E.E.G.), até<br />
desaguar no Canal da Cotinga na Baía de Paranaguá (VITULE et al., 2008).<br />
A presença da espécie nesta bacia da Floresta Atlântica paranaense é<br />
preocupante, uma vez que se trata de uma espécie rústica e de grande<br />
porte (em relação aos crustáceos nativos), voraz e com alto potencial<br />
invasor, introduzida em uma região biodiversa e muito ameaçada por<br />
ações antrópicas (VITULE et al., 2006a; VITULE, 2008).<br />
Situação Atual da espécie no <strong>Paraná</strong><br />
A introdução de espécies é no mínimo a segunda maior ameaça para a<br />
conservação da diversidade biológica. Organismos aquáticos<br />
apresentam um histórico de casos catastróficos, com problemas de perda<br />
de biodiversidade, sócio-econômicos, entre outros (revisa<strong>do</strong> em: VITULE<br />
et al., 2006b; GHERARDI, 2007; VITULE, 2008). Conforme já menciona<strong>do</strong>,<br />
em se tratan<strong>do</strong> de percepção, controle ou erradicação, animais aquáticos<br />
encontram-se entre os organismos mais problemáticos. Neste senti<strong>do</strong>,<br />
crustáceos invasores tornam-se graves problemas, principalmente em<br />
ambientes já ameaça<strong>do</strong>s por outros tipos de problemas ambientais.<br />
Em maio de 2006, a parte anterior de uma ecdise de M. rosenbergii foi<br />
coletada em um banco lo<strong>do</strong>so com fraca correnteza, em um local<br />
denomina<strong>do</strong> Poço-<strong>do</strong>-Jacaré (25°41`47,9``S e 48°31`09,1``W), situa<strong>do</strong><br />
no trecho intermediário da bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Guaraguaçu,<br />
Paranaguá, <strong>Paraná</strong>. A carapaça encontrada mediu 15,62 cm <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong><br />
rostro até a região mediana anterior da carapaça; o rostro tinha 14 dentes<br />
<strong>do</strong>rsais e 13 ventrais e o quelípo<strong>do</strong> de coloração azul-brilhante, mediu<br />
30,88 cm, da base ao final <strong>do</strong> dáctilo (GAZOLA-SILVA et al., 2007). Este<br />
acha<strong>do</strong> denota o grande porte que a espécie poder estar atingin<strong>do</strong> no<br />
local. A partir daí surgiram inúmeros relatos de mora<strong>do</strong>res ribeirinhos,<br />
reforçan<strong>do</strong> a ocorrência da espécie na região, inclusive com envio de fotos<br />
e imagens eletrônicas (observação pessoal; Vitule, J. R. S.). Acredita-se<br />
que o registro da ecdise juntamente com os relatos da comunidade<br />
ribeirinha são informações preocupantes e de grande relevância,<br />
consideran<strong>do</strong>-se principalmente a importância <strong>do</strong>s rios da planície<br />
litorânea paranaense, que se encontram dentro de uma região de Floresta<br />
Atlântica e passam por unidades de conservação estratégicas para o<br />
<strong>Esta<strong>do</strong></strong>.<br />
A presença de M. rosenbergii em rios sem comunicação com o ambiente<br />
marinho/estuarino não implica em grandes riscos, devi<strong>do</strong> à exigência de<br />
água salobra para o desenvolvimento de suas larvas (LING, 1969). Esta<br />
espécie modifica sua capacidade osmorregulatória com o<br />
desenvolvimento ontogenético, apresentan<strong>do</strong> expressão/atividade de<br />
enzimas diferenciadas na fase larval (em água salobra) e na fase adulta<br />
(em água <strong>do</strong>ce) (WILDER et al., 1998; JASMANI et al., 2008). Neste<br />
contexto, o rio Guaraguaçu, assim como os demais rios da planície<br />
litorânea paranaense que possuem comunicação com o ambiente<br />
marinho/estuarino, proporcionam boas condições para o seu<br />
desenvolvimento, reprodução e disseminação. Além disso, os estuários<br />
podem se tornar uma via para a contaminação entre bacias hidrográficas<br />
litorâneas adjacentes (GAZOLA-SILVA et al., 2007; GHERARDI, 2007).<br />
Uma vez que, não existe nenhum registro oficial de cultivo para esta<br />
espécie nas proximidades da região <strong>do</strong> rio Guaraguaçu, e que a<br />
introdução acidental por transporte marítimo (e.g. águas de lastro) e/ou a<br />
importação de espécies exóticas para a aqüicultura são os principais<br />
mecanismos responsáveis pela dispersão <strong>do</strong>s organismos aquáticos.<br />
Acredita-se em quatro hipóteses principais para que tal introdução tenha<br />
ocorri<strong>do</strong>:<br />
1) A primeira hipótese está relacionada à presença de juvenis na água de<br />
transporte de alevinos e/ou matrizes de peixes para as pisciculturas e<br />
pesque-pagues existentes na região. Deve-se considerar que existiram,<br />
pelo menos, <strong>do</strong>is grandes centros de piscicultura associa<strong>do</strong>s a pesquepagues,<br />
instala<strong>do</strong>s nas proximidades de pequenos afluentes <strong>do</strong> rio<br />
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