Exóticas web.cdr - Rede Pró-Fauna - Estado do Paraná
Exóticas web.cdr - Rede Pró-Fauna - Estado do Paraná
Exóticas web.cdr - Rede Pró-Fauna - Estado do Paraná
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
aos potenciais perigos ocasiona<strong>do</strong>s por espécies não-nativas. Pelo<br />
contrário, em geral, as introduções são até favorecidas e incentivadas, a<br />
despeito de suas factíveis consequências ecológicas (e.g. GURGEL e<br />
FERNANDO, 1994; MENESCAL, 2002; AGOSTINHO et al., 2007; ATTAYDE<br />
et al., 2007; VITULE et al., 2008; VITULE, 2008).<br />
Inúmeros peixes de água <strong>do</strong>ce introduzi<strong>do</strong>s no Brasil têm si<strong>do</strong> aponta<strong>do</strong>s<br />
como importantes agentes de impacto sobre populações nativas, por<br />
interferências negativas referentes à competição e/ou predação,<br />
introdução de patógenos e parasitas, e/ou por atuarem como<br />
catalisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> processo de modificação ambiental (e.g. AGOSTINHO e<br />
JULIO JR., 1996; BIZERRIL, 1999; BIZERRIL e PRIMO, 2001; LATINI e<br />
PETRERE, 2004; MAGALHÃES et al., 2005; VITULE et al., 2006a; b;<br />
AGOSTINHO et al., 2007; VITULE, 2008).<br />
A piscicultura é a principal contamina<strong>do</strong>ra e dispersora no caso das<br />
introduções de peixes em ecossistemas aquáticos continentais<br />
brasileiros (AGOSTINHO e JULIO JR., 1996; ORSI e AGOSTINHO, 1999;<br />
BIZERRIL e PRIMO, 2001; AGOSTINHO et al., 2005; VITULE et al., 2006 a; b;<br />
AGOSTINHO et al., 2007; VITULE, 2008), uma vez que as vias de escape<br />
podem ser muitas, como o esvaziamento de tanques para manejo, o<br />
transbordamento durante cheias não previstas e, principalmente, os<br />
tanques mal planeja<strong>do</strong>s e/ou ilegais (VITULE et al., 2006a; b; AGOSTINHO<br />
et al., 2007; VITULE, 2008). Neste senti<strong>do</strong>, a introdução de peixes de água<br />
<strong>do</strong>ce em nosso país é um fato para<strong>do</strong>xal e contraditório (VITULE et al.,<br />
2005; VITULE et al., 2006b), pois se deve considerar que o Brasil é uma das<br />
regiões mais ricas <strong>do</strong> planeta em relação ao grupo, entretanto, o país<br />
mantém toda sua base de produção em aqüicultura e parte da pesca<br />
esportiva de águas interiores fundamentadas em espécies provindas de<br />
outros continentes (VITULE et al., 2005; VITULE et al., 2006a; b;<br />
AGOSTINHO et al., 2007; VITULE et al., 2008; VITULE, 2008).<br />
Como é muito mais simples e rápi<strong>do</strong> importar tecnologias de produção e<br />
pacotes de aqüicultura prontos, em geral os governantes respondem às<br />
pressões sociais e/ou de grupos com interesses econômicos volta<strong>do</strong>s a<br />
ações unilaterais, utilizan<strong>do</strong> espécies não nativas ao invés de investir em<br />
pesquisas com espécies nativas. Assim, mesmo em um país grande e rico<br />
em espécies de peixes nativos como o Brasil, as introduções de peixes são<br />
geralmente encorajadas por agências <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, setor produtivo e<br />
pesca<strong>do</strong>res esportivos. Tais atitudes podem ser facilmente comprovadas<br />
se considera<strong>do</strong> que a maior parte da produção nacional (87% da produção<br />
total) é baseada em espécies introduzidas de outros continentes (CASAL,<br />
2006) e que a produção total de tilápias vem crescen<strong>do</strong> exponencialmente<br />
desde a década de 70 até os dias atuais. Isto é ainda mais preocupante<br />
quan<strong>do</strong> verifica-se que o Brasil tem se apresenta<strong>do</strong> como o quarto país<br />
em termos de crescimento na produção total de aqüicultura (FAO, 2006).<br />
As tilápias <strong>do</strong>s gêneros Oreochromis e Tilapia (Perciformes: Cichlidae),<br />
além de suas variedades e híbri<strong>do</strong>s, têm si<strong>do</strong> amplamente difundidas na<br />
aqüicultura nacional (GURGEL e FERNANDO, 1994; MENESCAL, 2002;<br />
AGOSTINHO et al., 2007; ATTAYDE et al., 2007; VITULE, 2008), devi<strong>do</strong> a sua<br />
grande rusticidade, alta taxa de conversão e crescimento rápi<strong>do</strong>. A tilápia<strong>do</strong>-Nilo,<br />
principalmente, tem si<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tada como um “modelo ideal” para a<br />
aqüicultura no Brasil (DIAS, 2006; ZAMBRANO et al., 2006), justamente<br />
por tais peixes serem extremamente resistentes e fisiologicamente<br />
tolerantes, sen<strong>do</strong> caracterizadas por desovas múltiplas, cuida<strong>do</strong> parental<br />
e plasticidade alimentar (e.g. MENESCAL, 2002; AGOSTINHO et al., 2007;<br />
ATTAYDE et al., 2007; FISHBASE, 2007).<br />
Figura 1. Crescimento exponencial da produção total de tilápias<br />
(Oreochromis e Tilapia) desde a década de 70 até os dias atuais.<br />
A Tilapias (genera Oreochromis + Tilapia)<br />
Neste contexto, as tilápias podem ocorrer em uma ampla gama de<br />
ambientes de água <strong>do</strong>ce como riachos, rios, lagos, planícies alagadas e<br />
canais de irrigação com pouca oxigenação. Tais peixes também<br />
apresentam grande tolerância a variações de temperatura e podem<br />
ocorrer mesmo em águas salobras. Por este motivo, diversos países<br />
reportam impactos ecológicos e outros problemas resultantes da<br />
introdução de tilápias (FULLER et al., 1999; FISHBASE, 2007).<br />
80 81<br />
Total producti on (tons)<br />
300000<br />
250000<br />
200000<br />
150000<br />
100000<br />
50000<br />
0<br />
1970<br />
1972<br />
1974<br />
1976<br />
1978<br />
1980<br />
1982<br />
1984<br />
1986<br />
1988<br />
Year<br />
1990<br />
1992<br />
1994<br />
1996<br />
1998<br />
2000<br />
2002<br />
2004<br />
2006