20.04.2013 Views

Sétima Edição - Junho / 2009 - MGA

Sétima Edição - Junho / 2009 - MGA

Sétima Edição - Junho / 2009 - MGA

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

não representa o movimento, mas<br />

vamos para a realidade que, eleita,<br />

estamos apoiando. Mas os candidatos<br />

que ofereciam propostas e projetos<br />

e um histórico de militância, Marcelo<br />

Cerqueira e Valquírima, do grupo<br />

Palavra de Mulher Lésbica, eram<br />

os candidatos sintonizados com a<br />

militância baiana.<br />

_V _Vocês _V ocês fizeram fizeram a a famosa famosa lista lista lista dos<br />

dos<br />

100 100 gays gays mais mais impor impor importantes impor impor tantes para para a<br />

a<br />

história história do do Brasil, Brasil, que que tem tem nomes nomes<br />

nomes<br />

como como Zumbi Zumbi e e Santos Santos Dumont. Dumont. Qual<br />

Qual<br />

é é a a relevância relevância de de uma uma lista lista como como essa,<br />

essa,<br />

por por por que que divulgar divulgar essa essa questão questão seria<br />

seria<br />

impor importante? impor tante?<br />

Os gays, lésbicas e travestis são<br />

vítimas de um complô do silêncio da<br />

historiografia oficial que nega a existência<br />

da homossexualidade entre<br />

VIPs ou que heterossexualiza VIPs<br />

homossexuais, como por exemplo a<br />

omissão da homossexualidade de<br />

Santos Dummont, o nosso grande<br />

herói nacional, ou a heterossexualização<br />

das cartas de Shakespeare. Isso<br />

mostra que sempre houve esse complô.<br />

E nós achamos que quanto mais<br />

homossexuais de destaque na sociedade<br />

se assumirem, estão fornecendo<br />

modelos para jovens homossexuais<br />

se inspirarem, e vai mostrar para a<br />

sociedade que é preconceito achar<br />

que gay é marginal, que é inferior, etc.<br />

É uma política de visibilidade para resgatar<br />

nossa história. Dai aos gays o<br />

que é dos gays. Estimulo que mais e<br />

mais pessoas saiam do armário, estimulo<br />

que mais e mais pesquisas históricas<br />

descubram quem pertence ao<br />

grupo daqueles que praticam o amor<br />

que não ousavam dizer o nome. Já<br />

que homossexualidade não é crime,<br />

não é doença e não é pecado, não é<br />

nenhum crime revelar a orientação<br />

sexual das pessoas. Perguntar não<br />

ofende, afirmar não ofende, sobretudo<br />

havendo pistas, rumores persistentes<br />

ou provas de que tais pessoas<br />

praticavam a homossexualidade.<br />

_Estava _Estava lendo lendo uma uma entrevista entrevista entrevista sua<br />

sua<br />

em em que que o o senhor senhor afirmou afirmou que que os os VIP VIPs VIP<br />

enrustidos enrustidos acabam acabam sendo sendo cúmplices<br />

cúmplices<br />

do do sofrimento sofrimento e e até até mor mor morte mor mor te de de jovens jovens<br />

jovens<br />

que que não não se se assumem. assumem. Não Não há há uma<br />

uma<br />

cer cer certa cer ta militância militância excessiva excessiva para para as as pespes-<br />

soas soas se se assumirem? assumirem? Isso Isso não não fere fere a<br />

a<br />

liberdade liberdade de de cada cada um um decidir decidir sair sair sair do<br />

do<br />

armário armário ou ou não? não? É É como como se se todos<br />

todos<br />

44<br />

tivessem tivessem tivessem que que levantar levantar bandeiras...<br />

bandeiras...<br />

Os negros querem até que a Cleópatra<br />

tenha sido negra. Uma pessoa<br />

que tenha 10% de fenótipo negro<br />

hoje em dia tem que se afirmar<br />

como afrodescendente. Eu quero<br />

trabalhar por uma sociedade futura<br />

em que a raça, o gênero, a orientação<br />

sexual sejam irrelevantes, que as<br />

pessoas valham pelo que são, pela<br />

sua honestidade, competência, simpatia.<br />

Mas nessa fase, considero que<br />

é muito importante que os negros<br />

que foram considerados feios digam<br />

que “Black is beautiful”, que os gays<br />

que foram considerados inferiores<br />

digam que têm orgulho de ser gay,<br />

e as mulheres tratadas como o sexo<br />

frágil, tenham a afirmação da sua<br />

condição de mulher. É uma estratégia<br />

temporária, provisória, assim<br />

como as cotas raciais. Eu inclusive<br />

defendo as cotas para homossexuais,<br />

porque se é para resgatar e para<br />

compensar injustiças históricas, ninguém<br />

mais que os homossexuais<br />

foram discriminados. Ser negro nunca<br />

foi crime, mas ser homossexual<br />

até o fim da Inquisição era considerado<br />

um crime de lesa-majestade.<br />

Até hoje nenhum negro ou deficiente<br />

físico é insultado em casa, ou<br />

expulso do lar devido à sua condição<br />

de minoria, mas os homossexuais<br />

vivem na clandestinidade e o<br />

preconceito e a violência começam<br />

em casa. Considero que é fundamental<br />

que mais e mais pessoas se<br />

assumam, e vou continuar nessa<br />

minha cruzada, resgatando a história<br />

dos homossexuais célebres e<br />

estimulando os vivos para que saiam<br />

do armário.<br />

_As _As cotas cotas que que o o senhor senhor defende<br />

defende<br />

seriam seriam implantadas implantadas nos nos mesmos mesmos<br />

mesmos<br />

moldes moldes que que as as as raciais? raciais? E E E seguiriam seguiriam o<br />

o<br />

padrão padrão de de 10%, 10%, que que é é a a média média média de<br />

de<br />

homossexuais homossexuais na na na população?<br />

população?<br />

Isso. Considero que nada justifica<br />

que as cotas sejam apenas para indíos<br />

e pobres e negros sendo que outras<br />

minorias sociais, como obesos e<br />

albinos e homossexuais, que sofrem<br />

igual discriminação, sejam discriminados<br />

em políticas afirmativas. Quanto<br />

à dificuldade de estabelecer quem é<br />

gay ou lésbica - travesti é fácil - é a<br />

mesma questão dos negros. Autoidentificação<br />

é suficiente para que a<br />

pessoa seja beneficiada.<br />

_V _Você _V _Você<br />

ocê já já já quis quis ser ser padre padre e e hoje<br />

hoje<br />

combate combate a a igreja igreja e e a a discriminação<br />

discriminação<br />

queque ela ela ela alimenta, alimenta, alimenta, tanto tanto a a igreja igreja cacatólicatólicatólica<br />

quanto quanto à à evangélica. evangélica. Há Há avanavan-<br />

ços ços nesse nesse segmento? segmento?<br />

segmento?<br />

Até os 18 anos meu ideal de vida<br />

era ser padre. Fui seminarista, noviço,<br />

estudante de filosofia na ordem<br />

dominicana, a mais intelectual e<br />

moderna, que se opôs ao golpe<br />

militar e foi até perseguida por conta<br />

disso. Ao entrar na universidade,<br />

na Faculdade de Filosofia da USP,<br />

conheci o marxismo. Ao ler o livro<br />

“A ideologia Alemã”, me tornei ateu,<br />

entendendo que o certo é que os<br />

homens criam os deuses à sua imagem<br />

e semelhança, e não o contrário,<br />

como nos era ensinado. E sobretudo<br />

quando me tornei um militante<br />

homossexual constatei que<br />

as igrejas, o judaísmo, o cristianismo,<br />

o islamismo e o protestantismo,<br />

sobretudo religiões fundamentalistas<br />

evangélicas, são a principal<br />

fonte de manutenção da homofobia.<br />

Nos púlpitos e nas televisões<br />

evangélicas é onde mais se divulga<br />

a intolerância e o preconceito contra<br />

os homossexuais. Sou incansável<br />

lutador contra o papa anterior e<br />

o Bento 16, que são os maiores inimigos<br />

dos homossexuais na modernidade,<br />

e contra os evangélicos que<br />

continuam associando homossexualidade<br />

ao diabolismo. Mesmo no<br />

candomblé - que embora seja uma<br />

religião muito aberta aos orixás hermafroditas,<br />

homossexuais, bissexuais<br />

- não tem um discurso explícito de<br />

defesa dos homossexuais, considerando<br />

que grande parte dos pais-desanto,<br />

mães-de-santo e filhos-desanto<br />

têm uma sexualidade aberta<br />

inclusive ao homoerotismo. Apesar<br />

de não ser anti-clerical sou fundador,<br />

em 1995, do grupo ateísta latino-americano.<br />

Meu manifesto ateísta<br />

foi o primeiro documento de militância<br />

de ateísmo no Brasil. Infelizmente,<br />

o grupo ateísta não cresceu<br />

tanto quanto o grupo gay. Ainda é<br />

um tema muito tabu, mas eu considero<br />

que é fundamental que as pessoas<br />

cresçam intelectualmente em<br />

relação ao ateísmo, porque eu vejo<br />

marxistas, doutores em filosofia e ciências<br />

humanas que são moderníssimos<br />

na questão da ciência e continuam<br />

infantis, acreditando em<br />

Deus, no diabo e na feitiçaria.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!