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BIODANZA E O OLHAR - Pensamento Biocêntrico

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percepção no movimento, na ação do próprio corpo: “antes da ciência do corpo – que implica<br />

a relação com outrem –, a experiência de minha carne como ganga de minha percepção<br />

ensinou-me que a percepção não nasce em qualquer lugar, mas emerge no recesso de um<br />

corpo”. Para ele, a base do conhecimento é a percepção. A pessoa, ao olhar para algo que se<br />

tem em vista, primeiro o percebe e a partir da sua percepção, intui algo sobre ele, concebendo-<br />

o na sua totalidade. Após percebê-lo e “senti-lo” é que então, passa a conhecê-lo através da<br />

sua consciência. Nesse sentido, se pode concluir que o sentimento e a emoção antecedem o<br />

pensamento e a consciência e que para Rolando Toro, a vivência antecede a consciência.<br />

Ainda para Rolando Toro, a percepção do próprio corpo se dá através das experiências<br />

cotidianas, onde eu posso escolher ser o meu corpo fonte de prazer ou de sofrimento. O que<br />

difere são os tipos de estímulos oferecidos, principalmente aqueles vinculados à sexualidade.<br />

A percepção de ser diferente se dá no contato com o outro. Segundo o referido autor, “a<br />

identidade se evidencia no espelho de outras Identidades. As primeiras noções de ser<br />

diferente conduzem à consciência da própria singularidade e ao ato de pensar-se a si mesmo<br />

frente ao mundo. O pensar-se a si mesmo configura a auto-imagem”.<br />

A autoimagem, por sua vez, implicará sempre numa autoestima e uma está<br />

diretamente relacionada com a outra. Porém, se consideram as duas componentes distintos do<br />

autoconhecimento. Toro define autoimagem como a imagem mental que se tem de si próprio.<br />

Ela se constrói a partir do “pensar-se a si mesmo”, ou seja, da leitura que eu faço de mim<br />

mesma. Trata-se de um conhecimento descritivo. Por outro lado, a autoestima representa o<br />

componente valorativo. Para Rolando Toro, a vivência do próprio valor “provém da intensa<br />

sensação de estar vivo, de sentir-se a si mesmo, de sentir o corpo como fonte de prazer e de<br />

saber o que se quer”. Rolando Toro explica também que a autoestima depende da<br />

qualificação afetiva que recebemos do outro, principalmente de nossos pais. Acredito que a<br />

capacidade do vínculo afetivo se dá no pulsar entre o quanto eu me qualifico afetivamente, no<br />

quanto eu sou qualificada pelo outro e no quanto eu qualifico o outro. O gostar de mim me<br />

possibilita gostar do outro e assim, há uma retroalimentação afetiva. Essa retroalimentação<br />

influencia diretamente na intensidade da minha autoestima.<br />

No caso de Narciso, se percebe o jovem herói preso naquilo que Rolando Toro<br />

descreveu como sendo a imagem mental de si mesmo: a autoimagem. Ele só consegue ver a si<br />

próprio e por isso não consegue se vincular ao outro. Narciso e o espelho não se permitem ver<br />

em si e no outro as diferenças que expressam as suas singularidades. Eco, por sua vez, tem<br />

olhos apenas para o outro. Não consegue olhar para si como individualidade. Coloca-se a<br />

serviço do outro (Narciso) e nega a sua própria identidade. Cavalcanti explica que a voz<br />

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