20.04.2013 Views

BIODANZA E O OLHAR - Pensamento Biocêntrico

BIODANZA E O OLHAR - Pensamento Biocêntrico

BIODANZA E O OLHAR - Pensamento Biocêntrico

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

transportados aos olhos a partir dos nervos ópticos, os únicos verdadeiramente ocos. Os<br />

espíritos visuais abandonam os olhos apenas para se aproximarem dos objetos e transformam<br />

o ar ao redor, que se encontra iluminado pelo sol. O ar transformado conduz as informações<br />

do objeto até o olho, alcança os espíritos visuais no cristalino que retornam aos ventrículos<br />

pelo próprio nervo ótico, levando a informação colhida. Além da explicação filosófica de<br />

como se dá a visão, Galeno (apud Bosi) foi o precursor da descrição anatômica do olho. Ele<br />

foi o primeiro a fazer referência ao humor cristalino e lhe conferir a função de principal<br />

instrumento da visão.<br />

Com relação à evolução dos estudos sobre o olhar, Quinet relata que a existência de<br />

uma ciência da visão, a ótica tal qual a conhecemos hoje, só foi possível a partir do início do<br />

século XVII, quando Kepler (apud Lent) desenvolveu pesquisas que resultaram na descoberta<br />

do mecanismo da visão pela formação de uma imagem real sobre a retina. Kepler concebeu<br />

um olho como um artefato mecânico, semelhante a uma câmera escura. Seus estudos se<br />

limitaram até a retina, sem nenhuma referência à participação do cérebro no processo da<br />

visão. Os estudos de Kepler (apud Lent) favoreceram a teoria cartesiana do sujeito que<br />

percebe e do objeto percebido, rompendo com as concepções do período clássico grego, onde<br />

a ótica caminhava lado a lado com a filosofia. Com esse prosseguimento da ciência,<br />

principalmente no campo da neurociência, a concepção do olho e do olhar, tanto no seu<br />

aspecto fisiológico quanto no seu aspecto filosófico, mudou e bastante.<br />

A partir da ótica de Kepler (apud Lent), Descartes (apud Bosi) inaugura um novo<br />

momento onde o mistério do olho desaparece para dar lugar à física da visão, baseado em<br />

cálculos geométricos. Nesse momento, o olho da razão é a nova certeza da verdade. Enquanto<br />

que para os socráticos era o bem-sol quem iluminava o conhecimento, no método cartesiano é<br />

a razão que passa a iluminar o mundo das idéias. O olhar continuará a ser empregado como<br />

metáfora do saber, iluminado agora pela razão. Agora, a única verdade segura é o cogito –<br />

penso – a consciência da própria consiência. Descartes (apud Bosi) rejeitou tudo o que fosse<br />

do mundo sensível. Os sentidos, para ele, enganavam a razão. Talvez a maior contribuição<br />

desses conceitos tenha ficado restrita ao desenvolvimento da ciência, incluindo obviamente, a<br />

fisiologia do olho.<br />

3.2 O olhar pela fisiologia<br />

32

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!