20.04.2013 Views

BIODANZA E O OLHAR - Pensamento Biocêntrico

BIODANZA E O OLHAR - Pensamento Biocêntrico

BIODANZA E O OLHAR - Pensamento Biocêntrico

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

3 O QUE NOS PERMITE <strong>OLHAR</strong>?<br />

A primeira vista, o que nos permite olhar é o olho, órgão principal da visão.<br />

Entretanto, quando olhamos, outros sentidos participam desse processo. O olhar humano não<br />

se prende apenas aos fenômenos fisiológicos. O olhar humano é o resultado de toda uma<br />

trajetória humana que envolve a história do saber e as transformações culturais. Mesmo antes<br />

de o homem ter instrumentos que possibilitassem conhecer de forma profunda o<br />

funcionamento do olho humano, os filósofos já teorizavam, empiricamente, a respeito do seu<br />

funcionamento. Para os gregos, o fogo foi um dos principais elementos associados ao ato do<br />

olhar. E essa ideia grega é plena de sentido. Até hoje se sabe que, para o tipo de composição<br />

do olho humano, a presença da luz é fundamental para o procedimento da visão humana.<br />

3.1 O olhar pela fenomenologia<br />

“Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar...” Esta<br />

frase da famosa canção composta por Tom Jobim representa a concepção dos gregos a<br />

respeito da visão humana. Para eles, a visão se dava a partir da existência de “um fogo<br />

interno” emanado dos nossos olhos, iluminando tudo ao seu redor. A ideia da existência do<br />

fogo interior como provocador da visão, surgiu da noção de que somente o semelhante é<br />

percebido pelo semelhante. Alcmaeon (apud Lent), no século V a.C., acreditava que a visão<br />

necessitava da presença de “fogo” nos olhos e por isso, comparava o olho a uma lanterna<br />

acesa que, quando golpeado, uma “luz” se acendia no seu interior.<br />

Sócrates (apud Quinet), um século adiante, vem introduzir a distinção entre dois tipos<br />

de olho: o olho que vê o mundo sensível, iluminado pelo sol e o olho da alma que possui<br />

inteligência. O olho da alma se caracteriza pelo uso da razão, aquele que vê o mundo<br />

inteligível, guiado pelo bem. Inaugura-se o conceito do olhar como metáfora do saber. Para<br />

Sócrates (apud Quinet), o sol, que representa a luz, ilumina o mundo visível, enquanto que o<br />

bem ilumina o mundo das ideias. Na concepção do olho da alma, o olho como órgão não tem<br />

nenhum sentido. A visão é o saber, o conhecimento. Esse sentido está bem claro no Mito da<br />

Caverna, descrito por seu mais famoso discípulo, Platão (apud Quinet), no livro A República,<br />

que apresenta o indivíduo no estado inicial da ignorância, quando não vê nada mais do que<br />

30

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!